quinta-feira, 6 de março de 2014
Fixação - Capítulo 69
Cena 1/ Cais/ Interno/ Noite
(Com muita dificuldade, Isadora levanta-se e caminha pelo cais)
Cena 2/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Noite
LUANA: O que você está me pedindo é ridículo. A Isadora foi embora porque quis.
TIAGO: Mas você culminou com essa ida, Luana. Você infernizou tanto a vida da Isadora, que ela achou mais prudente sair da cidade.
LUANA: Isso só prova que ela nunca te amou, pois se te amasse, ela teria passado por cima das minhas provocações para lutar por você.
(Luana se solta de Tiago)
LUANA: E quer saber de uma coisa? Eu estou satisfeitíssima pela saída da Isadora. Menos uma para atrapalhar o nosso casamento.
(Luana sai)
Cena 3/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Noite
VERA: Velha doente?
SOLANO: Velha doente, sim. Você acha que eu nasci para ser babá de gente doente, Vera?
VERA: Eu pensei que você me amava, Solano.
VITOR: Será que a senhora não percebe que esse vagabundo nunca te amou?
SOLANO: Vagabundo, não. Olha como você fala comigo, moleque.
VITOR: Mãe, se o Solano realmente te amasse, ele não estava tendo esse comportamento absurdo. Ele estaria te apoiando, dando força.
VERA: Por que você se aproximou de mim, Solano?
SOLANO: Dinheiro. Só dinheiro que faz um homem de bom gosto como eu se aproximar de uma velha fedorenta como você, Vera.
VITOR: Não fala assim da minha mãe.
(Vitor dá um soco em Solano)
VITOR: Você não é ninguém para falar assim dela, seu cretino.
SOLANO: Velha fedorenta, sim. Era uma tortura constante ter que me deitar com você. Já basta você ser velha, tem que ser cancerígena também? Eu dispenso.
VITOR: Sai dessa casa agora.
VERA: Calma, Vitor.
VITOR: Como calma, mãe? Esse canalha está humilhando a senhora.
VERA: Você não precisa ir embora agora, Solano. Já é noite, não é mesmo? Saia dessa casa amanhã de manhã.
SOLANO: A velha doente ainda é otária a ponto de me dar um teto.
VITOR: Mãe, a senhora tem noção do que está dizendo?
VERA: A gente tem que ter compaixão com as pessoas, Vitor, mesmo que elas não mereçam. É uma pena, Solano, eu ter que descobrir o seu desprezo por mim dessa maneira, ter que saber que você não passa de um aproveitador oportunista.
SOLANO: E você ainda me deu um carro. Não acredito que caiu mesmo na história de que ter um carro era meu sonho de criança?
VERA: Fora do meu quarto. Vai se malocar no quarto de hóspedes antes que eu mude de idéia e deixe você passar a noite ao relento.
SOLANO: Otária. Doente otária.
(Solano sai, às gargalhadas)
VITOR: Por que a senhora teve compaixão desse idiota, mãe? Por que não o mandou ir embora agora?
VERA: Amanhã você terá a resposta, filho.
(Lágrimas caem dos olhos de Vera e Vitor a abraça)
Cena 4/ Mansão Bertolin/ Quarto de Luiza e Felipe/ Interno/ Noite
(Luiza e Felipe entram, aos beijos. O casal deita na cama aos beijos)
LUIZA: Adorei jantar com você.
FELIPE: Foi uma ótima idéia para esquecer os problemas, não?
LUIZA: Pelo menos por essa noite.
(Luiza olha para Marquinhos e Felipe segue seu olhar)
LUIZA: Olha para ele, Felipe.
FELIPE: Tão dorminhoco. Não dar trabalho nenhum.
LUIZA: Eu não quero perdê-lo.
FELIPE: Isso não vai acontecer e vamos esquecer os problemas, hein?
(Felipe e Luiza beijam-se. Close na microcâmera, que grava tudo)
Cena 5/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Ships – Umbrellas)
Cena 6/ Mansão Amorim/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Vera sentada. Solano desce a escada)
SOLANO: Estava te procurando. Já estou indo embora.
VERA: Acordei cedo para testemunhar a sua saída. E não precisa se dar ao trabalho de ir ao meu quarto pegar suas roupas. Elas já estão guardadas dentro do seu carro, na garagem.
SOLANO: No meu quarto? Mas como você abriu o meu carro se a chave esteve o tempo todo comigo?
VERA: Veja você mesmo.
Cena 7/ Mansão Amorim/ Garagem/ Interno/ Dia
(Solano entra, acompanhado de Vera. Ele se desespera com o que vê: seu carro quebrado e suas roupas rasgadas)
SOLANO: Então era por isso que você queria que eu fosse embora só hoje? Para destruir o meu carro e as minhas roupas?
VERA: Isso mesmo, Solano. Você me extorquiu, me humilhou e achou que iria sair dessa história ileso?
SOLANO: Você me paga, Vera.
(Solano se aproxima de Vera e levanta a mão para agredi-la, mas é imobilizado por Vitor, que dá um soco no parceiro de Luana)
VITOR: Fora daqui.
VERA: E vai a pé com a roupa do corpo, canalha.
SOLANO: Vocês me pagam.
(Solano sai)
VERA: Ainda bem que você chegou a tempo, filho. O Solano iria me bater.
VITOR: Não fala mais o nome desse desgraçado, mãe. Acabou.
(Vera e Vitor se abraçam)
Cena 8/ Pousada/ Quarto de Maura e Alexandre/ Interno/ Dia
(Maura sentada. Alexandre caminhando de um lado para o outro)
ALEXANDRE: Tem uma coisa muito estranha nessa história da Isadora. A senhora precisava ver o quarto, mãe. Estava vazio, como se fosse receber um hóspede novo.
MAURA: Vai ver ela voltou para São Paulo sem se despedir de ninguém.
ALEXANDRE: Não. A Isadora tem uma consideração enorme pela gente. Ela teria se despedido.
(O telefone de Alexandre toca e ele atende)
ALEXANDRE: Alô. Isadora?
(Alexandre olha para Maura, que se levanta)
Cena 9/ Cais/ Interno/ Dia
(Isadora sentada. Maura e Alexandre entram e se aproximam dela)
ALEXANDRE: Isadora.
MAURA: Como você está?
ISADORA: Calma, gente, eu estou bem.
ALEXANDRE: O que aconteceu?
ISADORA: A Luana tentou me matar.
ALEXANDRE: O quê? Que história é essa?
ISADORA: Ela me seqüestrou, depois me torturou com uma faca, me embrulhou em um saco e me jogou no mar.
MAURA: Que sádico.
ALEXANDRE: E como você conseguiu se salvar?
ISADORA: Eu sempre carrego um canivete dentro de um bolso por precaução. Como era saco plástico, eu consegui rasgar com o canivete e atingir a superfície.
ALEXANDRE: Que bom que você está viva, Isadora.
ISADORA: Mas a Luana deve acreditar que eu estou morta.
MAURA: Está correndo na cidade que você voltou para São Paulo.
ISADORA: Então, eles devem continuar achando que eu voltei para a capital. Eu cheguei a conclusão que para destruir a Luana, eu preciso estar imperceptível.
MAURA: E onde você vai ficar?
ISADORA: Aqui mesmo, no cais.
MAURA: E você acha seguro? Se alguém te ver?
ISADORA: Isso não vai acontecer. O cais está abandonado desde a morte do Lucrécio.
ALEXANDRE: Não se preocupa, Isadora. A gente vai trazer comida e bebida para você.
MAURA: E vamos te ajudar no que for para acabar com a Luana.
ISADORA: Eu vou mesmo precisar da ajuda de vocês.
ALEXANDRE: E o que teremos que fazer?
Cena 10/ Galpão/ Interno/ Dia
(Solano encostado na parede. Luana entra)
LUANA: Posso saber por que você me ligou de forma tão desesperada?
SOLANO: A Vera está com câncer na mama.
LUANA: E daí?
SOLANO: Daí que eu não vou ficar cuidando de uma cancerígena, Luana. Para tudo, tem um limite. E, antes que você fale qualquer coisa, a Vera já me expulsou da mansão, além de destruir o meu carro e rasgar todas as minhas roupas.
LUANA: Não conhecia esse lado vingativo da Vera.
SOLANO: E você ainda debocha, Luana? Eu estou sem nada.
LUANA: E o que você quer que eu faça?
SOLANO: Quero que você me dê um auxílio. Encontra um espaço na família Bertolin que possa ser preenchido por mim.
LUANA: Você está louco? Eu estou em processo de divórcio e você ainda quer que eu te empurre para a família Bertolin?
SOLANO: Eu não tenho nada a perder.
LUANA: Mas eu tenho. Nós temos.
SOLANO: O quê? O golpe? Que golpe? Ou você me coloca na família Bertolin ou eu conto para todos a história do nosso golpe. E eu espero que você saiba que eu não estou brincando. Ah, já que eu saí da mansão da Vera, me procure na casa da Raimunda.
(Solano sai)
Cena 11/ Sorveteria/ Interno/ Dia
(Vitor e Ferreira sentados frente a frente)
VITOR: O senhor acha que eu posso perder a guarda do Marquinhos pelo fato de eu não ter atendido a assistente social?
FERREIRA: Isso não é tão relevante, Vitor. Mas é óbvio que o juiz levantará questionamentos quando a assistente social relatar a ele que você não estava presente na avaliação dela. Bom, eu vim te entregar essa notificação.
(Ferreira entrega a notificação para Vitor)
VITOR: Que notificação é essa?
FERREIRA: Uma requisição para você fazer o teste de DNA.
(Francisca entra, vê Vitor e se aproxima dele)
FRANCISCA: Vitor.
VITOR: Francisca? O que você está fazendo aqui?
FRANCISCA: Vim te entregar isso.
(Francisca entrega a microcâmera para Vitor)
FRANCISCA: Esse aparelho gravou tudo o que você queria.
VITOR: Tem certeza?
FRANCISCA: Absoluta.
DIAS DEPOIS
Cena 12/ Delegacia/ Sala de Andrade/ Interno/ Dia
(Andrade sentado. Tiago e Luana em pés, na frente dele)
ANDRADE: Chamei vocês aqui para anunciar o resultado do exame de corpo e delito feito pela Luana.
LUANA: Exame esse que era para ter sido entregue quatro dias atrás.
ANDRADE: Confesso que houve um atraso, mas o que importa é que ele já está em minhas mãos.
TIAGO: Diga logo o resultado, delegado Andrade.
LUANA: Isso mesmo, delegado. Prove ao Tiago que a Isadora me agrediu naquela primeira vez, na mansão.
(Andrade abre o exame)
TIAGO: E então?
ANDRADE: Aqui diz que as marcas, arranhões e feridas estavam concentradas no rosto da Luana.
LUANA: Isso mesmo.
ANDRADE: Justamente no lugar onde não foram encontradas as digitais da Isadora.
LUANA: O quê?
TIAGO: Como? Eu acho que não entendi direito.
ANDRADE: As digitais da Isadora foram encontradas apenas nos braços da Luana, onde praticamente não havia machucados.
TIAGO: Mas você disse que esses machucados estavam concentrados nos rosto dela.
ANDRADE: Exatamente. As digitais encontradas no rosto da Luana eram dela mesma.
(Tiago, surpreso e furioso, encara Luana)
LUANA: Isso é ridículo. Esse exame está errado. Errado. Eu nunca seria capaz de me agredir. Nunca.
TIAGO: A Isadora sempre falou a verdade. Ela nunca encostou em você. Nunca.
LUANA: Tiago, você não pode acreditar no resultado desse exame. Ele está errado.
ANDRADE: É raro um exame de corpo e delito estar errado, Luana.
LUANA: Mas não é impossível.
TIAGO: Você é um monstro, Luana. Como você teve coragem de jogar tão baixo a ponto de se agredir e por a culpa em uma inocente? Eu tenho nojo de você.
(Tiago sai. Luana o acompanha)
Cena 13/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(A campainha toca e Francisca atende)
MAURA: Bom dia.
FRANCISCA: Bom dia. Deseja falar com quem?
MAURA: Com a Marta. Ela está?
FRANCISCA: Não. Ela foi ao hospital acompanhar o exame de DNA entre a Lara e o seu Caio. Para falar a verdade, ninguém da família está em casa.
MAURA: Será que posso esperá-la?
FRANCISCA: Ela pode demorar um pouco, mas se você preferir.
(Maura entra e Francisca fecha a porta)
FRANCISCA: Eu estou preparando o almoço. Você não se importa de ficar sozinha?
MAURA: Não.
FRANCISCA: Com licença.
(Francisca sai. Maura, discretamente, sobe a escada)
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Quarto de Luana/ Interno/ Dia
(Maura entra. Ela tira da bolsa uma microcâmera em forma de baleia e põe em cima da estante. Maura sai)
Cena 15/ Hospital/ Sala de coleta/ Interno/ Dia
(Caio e Lara sentados em uma cadeira, retirando o sangue.)
ENFERMEIRA: Pronto.
CAIO: Não se preocupe, Lara. Eu já sei o resultado desse exame. Ele só vai comprovar o que já sabemos.
LARA: Eu sei, pai.
CAIO: Pai?
LARA: Sim. Meu pai.
(Lara e Caio se abraçam)
Cena 16/ Hospital/ Sala de espera/ Interno/ Dia
(Marta, Felipe, Celso e Luiza estão sentados)
MARTA: Calma, Luiza. Tenho certeza que o Vitor não vai fugir com o Marquinhos. Eles estão acompanhados de uma enfermeira e de um policial na sala.
LUIZA: Eu sei, mãe, mas é duro saber que meu filho e aquele desgraçado estão fazendo um teste de DNA, um teste que vai comprovar que eles apresentam um vínculo parental.
FELIPE: Não se preocupe, Luiza. Não é um exame que vai fazer o Marquinhos reconhecer o Vitor como um pai.
LUIZA: O Vitor não é pai de ninguém, independente desse exame. Você, Felipe, que é o pai do Marquinhos. Você.
CELSO: É isso aí.
(Lara entra e se aproxima deles)
LARA: Podemos ir?
CELSO: Como foi o teste?
LARA: Foi tranqüilo.
Cena 17/ Mansão Bertolin/ Quarto de Luana/ Interno/ Dia
(Luana, com um telefone ao ouvido, entra)
LUANA: Chega, Solano. Eu já disse que não vou me encontrar com você.
...
LUANA: Tchau.
(Luana desliga a chamada e joga o celular na cama)
LUANA (para si): Droga. O Solano não me deixa mais em paz. Fica insistindo nessa ameaça de que ou entra pra a família Bertolin ou conta toda a verdade. Mas chega. Acabou. O Solano ultrapassou todos os limites da minha paciência. Já está na hora de ele morrer.
Cena 18/ Cais/ Interno/ Dia
(Isadora sentada, com um notebook à sua frente, que mostra Luana andando de um lado para o outro no seu quarto. Alexandre entra, se aproxima da ex-delegada e senta-se ao lado dela)
ALEXANDRE: Bom dia. Está curtindo o brinquedinho novo?
ISADORA: Está sendo gratificante espionar a Luana. Você não sabe o que ela está tramando.
ALEXANDRE: O quê?
ISADORA: Ela quer matar o Solano.
ALEXANDRE: O quê?
ISADORA: E nós temos que impedir.
(Congela em Isadora. Toca Radioactive – Imagine Dragons)
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