Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
(muito ritmo nos diálogos)
João e Antunes um a frente do outro se encaram como
inimigos.
João – O que eu teria para contar?
Antunes – Não sei, talvez que você tenha vendido a canga,
que o meu funcionário descobriu e por isso você deu cabo da vida dele?
João – Como é que é? Você é um hipócrita! Você aproveitou
essa situação que armaram para mim e vendeu a pedra para ficar com todo o
dinheiro!
Antunes – Eu sou hipócrita? Você está mentindo na cara
dura!
João – Eu pensei que você meu amigo, mas a sede pelo
dinheiro falou mais alto!
Antunes – Eu fui seu amigo, coisa que você não foi! Eu
estive ao seu lado em todos os momentos ruins da sua vida!
João – E ai no melhor momento você me trai dessa forma,
roubando a única chance que eu tinha de me reerguer!
Antunes – Você é muito cínico! Como é que eu nunca
percebi isso antes?
João – Eu sou cínico? Olha a barbaridade que você está
dizendo?
Antunes – Você matou por dinheiro João, você roubou...
Roubou de mim que sempre fui seu amigo!
João – Você nunca foi meu amigo e se alguém aqui roubou
alguma coisa foi você! E agora tá aqui dando uma de coitadinho enganado!
Policial – Acabou o tempo da visita!
Antunes – Eu não vou poupar esforços para que você pague
pelo que fez, pela morte do Gumercindo e pelo roubo da pedra!
João – Hipócrita!
Antunes sai. João transtornado bate com força sobre a
mesa.
Cena 2 / Cobertura Ávila do Amaral / Sala / Interior /
Tarde
Adalberto – Arquivado por falta de provas doutor?
...
Adalberto – Como?
Maria Célia entra na sala.
Adalberto – Eu ligo para o senhor mais tarde!
Maria Célia – Falando com o advogado do Rafael? Espero
que esse inútil já tenha conseguido o habeas corpus, não quero que meu filho
passe mais uma noite naquele lugar!
Adalberto – Você sabia que o caso do ciclista foi
arquivado... Por falta de provas?
Maria Célia – Não, mas ótimo, meu filho era inocente!
Adalberto - O que
você foi fazer no Rio de Janeiro Maria Célia?
Maria Célia – Visitar umas.../
Adalberto – O que você realmente foi fazer no Rio de
Janeiro Maria Célia?
Maria Célia – Você sabe muito bem!
Adalberto – Eu não to acreditando que você comprou o
juiz!
Maria Célia – Eu não podia ver o meu filho ser preso e
ficar de braços cruzados!
Adalberto – Você é louca? Você podia ter sido presa, você
subornou uma autoridade!
Maria Célia – E faria de novo se fosse preciso, ao
contrario de você eu amo o meu filho!
Adalberto – Enquanto você estava lá comprando a liberdade
dele, ele estava aqui aprontando de novo, ele quase matou outro!
Maria Célia – Ele é um adolescente, é normal!
Adalberto – Normal? Normal? Você só pode estar brincando!
Maria Célia – Eu não vou discutir com você, eu tenho que
tirar o meu filho daquela pocilga!
Corta para:
Cena 3 / Praça / Tarde
Sérgio e Tony estão tomando sorvete e conversando. Os
dois muito próximos.
Tony – E o seu pai?
Sérgio – Eu sinceramente não acredito que ele tenha
cometido esse crime!
Tony – Tão dizendo por ai que foi por dinheiro!
Sérgio – Que dinheiro? O Gumercindo não tinha dinheiro
nenhum e o meu pai não é um bandido!
Tony – Tudo vai se resolver, fica calmo!
Três garotos passam pelos dois e começam a encarar.
Tony – Vamos sair daqui?
Sérgio – Por quê?
Tony – Esse cara é um mala!
Garoto 1 – Ai Tony arrumou uma namoradinha?
Os três começam a rir. Tony e Sérgio ignoram.
Garoto 2 – “Vamo” embora, deixa os frutinhas ai!
Os garotos saem deixando Sérgio e Tony novamente
sozinhos.
Sérgio – Que saco isso!
Tony – Eu nem ligo, essa cara é um babaca!
Cena 4 / Fazenda de Antunes / Casa / Sala / Interior /
Noite
Tereza, Anabele, Ricardo e Rayssa estão na porta.
Acabaram de chagar do enterro de Gumercindo.
Ricardo – Eu vou levar a Rayssa para casa!
Rayssa – Muito obrigada por tudo, só Deus sabe como está
sendo difícil tudo isso!
Tereza – Minha querida, ninguém deveria passar pelo que
você está passando!
Tereza abraça Rayssa que chora em seu ombro.
Anabele – Vamos entrar?
Ricardo – Vão entrando enquanto eu levo a Rayssa para
casa!
Rayssa – Não precisa Ricardo, eu vou sozinha!
Tereza – Tem certeza que quer ir para lá? Depois de tudo
que houve?
Rayssa – O assassino do meu está preso, não...
Ela olha imediatamente para Anabele, percebendo a mancada
que acabará de dar.
Rayssa – Me desculpe Anabele!
Anabele – Não há do que se desculpar, mas o meu pai vai
provar que não assassinou ninguém!
Ricardo – Vamos?
Tereza – Acho melhor você ficar aqui, pelo menos essa
noite, é tudo tão recente!
Anabele – A vida continua, ela tem que superar isso, e
nada melhor que encarando aquela casa de frente!
As duas se encaram. Uma mais furiosa que a outra, mas
mantendo a calma e a pose.
Rayssa – Se a senhora insiste eu fico dona Tereza!
Tereza – ótimo, eu vou mandar arrumar o quarto de
hóspedes!
Anabele – Eu vou para casa, depois a gente se fala
Ricardo!
Ela sai, os outros três entram.
Cena 5 / Fazenda de João / Sala / Interior / Noite
Letícia entra, larga a bolsa e senta-se tranquilamente.
Rosimar entra com um buquê de rosas vermelhas.
Letícia – Que isso criatura?
Rosimar – Flores!
Letícia – Isso eu to vendo estrupício, quem mandou isso?
Rosimar – Não sei senhora, chegou hoje à tarde para a
senhora!
Ela levanta-se animada, mas sem demonstrar.
Letícia – Me da isso aqui! – arrancando as flores das
mãos da empregada. –
Ela abre o cartão: “Nossos caminhos não se cruzaram por acaso.
Juntos aprenderemos a voar em direção ao infinito”. Adalberto Ávila do Amaral.
Ela apenas sorri e joga o
buquê nos braços da empregada.
Letícia – Coloca isso em um
vaso antes que murchem!
Rosimar – De que eram?
–sorrindo-.
Letícia – Como é que?
Rosimar – Nada não, já to
levando as flores!
Letícia – Ótimo!
Anastácia desce as escadas,
já encarando Letícia e voltando os olhos para as flores nas mãos de Rosimar.
Anastácia – Flores?
Letícia – Sim!
Anastácia – Quer dizer que
presidiários agora mandam flores?
Letícia – Você sabe que não
são do João e também sabe que eu não lhe direi de quem são!
Anastácia – E você
provavelmente sabe que eu vou descobrir!
Sem responder Letícia se
encaminha as escadas, sorrindo ironicamente.
Cena 6 / Mansão do Prefeito
/ Escritório / Interior / Noite
Mascarias está sentado lendo
alguns documentos, Leia entra.
Leia – Que papeis são esses?
Mascarias – Que susto!
Leia – Então?
Mascarias – Documentos da
licitação da nova escola!
Leia – E quanto vai desviar?
Mascarias – Não fala isso
alto, tá louca?
Leia – Só estamos nós em
casa Mascarias... Quero ir para Alemanha, preciso de férias em um lugar
refinado, não aturo mais essa cidade e essa gente burra!
Mascarias – Gente burra que
banca o seu luxo!
Leia – Pois é... Como eu
disse, gente burra!
Mascarias – Acho que a sua
viagem vai ficar pra próxima obra!
Leia – Nem pensar!
Mascarias - Quero construir
uma pousada... Algo que essa cidade nunca viu!
Leia – Pousada tem aos
montes por aqui, pelo amor de Deus!
Mascarias – Não como essa.
Ele abre uma gaveta e tira
de lá o projeto de sua pousada. Leia fica perplexa.
Leia – Mas é quase um
residencial!
Mascarias – Exatamente, mas
com o nome de pousada para esse povo não encher o saco!
Leia – E onde vai construir
essa monstruosidade?
Mascarias – No bairro das
ostras!
Leia – Nas Ostras... Mas
isso aqui é quase o bairro inteiro!
Mascarias – Eu sei!
Leia – E as pessoas?
Mascarias – Sairão de lá,
por bem ou por mal!
Ele sorri para ela, que
ainda está boquiaberta com o projeto que acabara de ver.
AMANHECE
Cena 7 / Delegacia / Cela de
visita / Interior / Manhã
Letícia entra. João a
abraça. Ela sorri, ao abraçá-lo sua feição muda, nota-se sua cara de
repulsa pelo marido.
João – Eu não aguento mais!
Letícia – Calma querido!
Os dois se soltam e
sentam-se.
João – O Antunes esteve aqui
ontem!
Letícia – O Antunes? O que
ele queria?
João – Ele é um desgraçado!
Letícia – Calma!
João – Eu nem sei como pude
pensar que ele era meu amigo!
Letícia – O que aconteceu
João?
João – O infeliz veio aqui me
acusar de ter vendido a canga e por consequência ter matado o Gumercindo!
Letícia – Como ele pode ser
tão cretino?
João – Eu o considerava como
irmão!
Letícia – E se foi ele?
João – Se foi ele o que?
Letícia – Não... Nada!
João- Letícia me fala,
qualquer coisa pode me ajudar a sair daqui, a provar a minha inocência!
Letícia – Não, é bobagem, eu
não quero por mais lenha na fogueira!
Ele pega na mão dela e
acaricia.
João – Me fala!
Letícia – Me passou uma
bobagem, que o Antunes possa ter assassinado o Gumercindo para por a culpa em
você e ficar com a pedra só para ele... Mas é bobagem, ele não armaria para
você!
João – É claro! É isso,
agora tudo faz sentido!
Cena 8 / Delegacia /
Interior / Tarde
Maria Célia sai da sala do
delegado com seu advogado.
Maria Célia – Se não sou eu
o Rafael apodrece aqui!
Advogado – Foi difícil
convencer o juiz a dar o habeas corpus, só conseguimos por que aquele processo
foi arquivado!
Maria Célia – É incrível como o Adalberto não move
uma palha para ajudar o filho!
Um carcereiro vem trazendo
Rafael, que ao ver a mãe a abraça de imediato.
Rafael – Eu achei que nunca
mais fosse sair daqui!
Maria Célia – Eu nunca
permitiria isso!
Cena 9 / Fazenda de João /
Sala / Interior / Tarde
Anabele ao telefone com
Ricardo.
Anabele – Não, enquanto essa
garota estiver hospedada na sua casa eu não vou ai!
Anastácia que também está na
sala observa a conversa, balançando a cabeça negativamente a cada palavra da
neta.
Anabele – Não, mais tarde a
gente se fala!
Ela desliga.
Anastácia – Você está
fazendo tudo errado!
Anabele – Como é?
Anastácia - Dessa maneira
você só vai afastar o seu noivo!
Anabele – Eu não vou ficar
frequentando a mesma que uma mulher que acusa meu pai de assassinato está!
Anastácia – É exatamente
isso que ela quer... Que você abra uma brecha, para que ali ela possa se
enfiar!
Anabele – Por favor, o
Ricardo jamais me trairia!
Anastácia – Ele é homem
Anabele, é da natureza dele!
Anastácia levanta-se e sai
da sala, deixando Anabele pensativa.
ANOITECE
Cena 10 / Restaurante /
Interior / Noite
André e Cristina entram e
sentam-se em uma mesa já reservada.
Cristina – Você fez
reservas?
André – Sim! O melhor para
comemorar o seu aniversário!
Cristina – Eu só espero não
ter que lavar pratos para pagar a conta!
André – Que isso?
Cristina – Desculpa André,
mas isso tudo vindo de você... É no mínimo estranho!
André – Sabe... Se você não
fosse esposa do meu irmão eu casaria com você!
Cristina cora, mas não fala
nada.
André – Vamos pedir?
Do lado de fora Lobato
estaciona o carro, Pelo vidro André observa o irmão descer e já pega em uma das
mãos de Cristina, alisando-a.
Cristina – Que isso?
André – Eu não sei como você
vai reagir a isso, mas... Eu estou perdidamente apaixonado por você!
Cristina – André.../
Sem que ela possa responder
ele lhe tasca um beijo. Lobato entra e vê tudo, em passos ele caminha até a
mesa dos dois.
Lobato – Eu posso saber o
que está acontecendo aqui?
André solta Cristina, os
dois encaram Lobato.
Fim do Capítulo.
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