quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Fixação - Capítulo 8
Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
TIAGO: Mas o que é isso, Amanda?
AMANDA: Eu não quero o Alexandre como padrinho do nosso casamento. Não quero.
TIAGO: E por que não?
AMANDA: Por que eu acho uma péssima idéia.
TIAGO: Amanda, o que está acontecendo?
AMANDA: Não quero. Respeita a minha opinião. O casamento é nosso, as coisas a serem decididas têm que ser escolhidas através de um consenso entre nós dois. Se eu não quero o Alexandre como padrinho do casamento, ele não será.
TIAGO: Por quê? Amanda, por quê?
AMANDA: Eu já tenho outra pessoa em vista para ocupar esse lugar.
TIAGO: Quem?
AMANDA: Não sei. Mas o que eu sei é que não vai ser o Alexandre.
(Amanda sai.)
TIAGO: Alexandre, eu não sei o que aconteceu. Não sei por que a Amanda agiu assim. Desculpa.
ALEXANDRE: Tudo bem. Não tem problema.
(Tiago sai)
Cena 2/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Luana está enxugando as panelas. Vivian está apoiada em uma mesa de mármore que fica no meio da cozinha. O celular de Luana está em cima da mesa)
VIVIAN: Gostou do primeiro dia de trabalho?
LUANA: Gostei. Só em saber que todo mundo gostou da minha comida, já valeu a pena.
VIVIAN: Percebi que você é bastante otimista.
LUANA: No mundo de hoje, tem que ser otimista mesmo.
VIVIAN: Então, aproveita esse teu otimismo para quadruplicar o teu poder de fazer comida, viu? Daqui a pouco, essa mansão vai ficar pequena comparada ao tanto de gente que vem se hospedar aqui por causa do casamento de Tiago.
(O celular de Luana toca)
LUANA: Meu celular.
VIVIAN: Pode deixar. Eu pego.
(Vivian pega o celular, vê o nome que está escrito na tela de chamada e entrega para Luana)
VIVIAN: Solano.
LUANA: Obrigada. Com licença.
(Luana atende e sai)
VIVIAN (para si): Para mim, tem caroço nesse angu e eu vou descobrir.
Cena 3/ Paisagens de São Paulo/ Noite
(Toca Beautiful Place – Good Charlotte)
Cena 4/ Restaurante/ Interno/ Noite
(Lara e Celso estão em uma mesa)
CELSO: Está gostando?
LARA: Estou sim. Está tudo ótimo.
CELSO: Fecha os olhos.
LARA: Como assim?
CELSO: Fecha os olhos.
LARA: Ok.
(Lara fecha os olhos. Celso pega o arranjo de flores e o ajeita em suas mãos)
CELSO: Pode abrir.
(Lara abre os olhos)
CELSO (entregando as flores para Lara): Para você.
LARA (segurando as flores): Celso, que lindo. Ah, obrigada. Obrigada mesmo, de verdade.
CELSO: Escolhi rosas vermelhas porque eu acho essas flores as mais bonitas. Bonitas como você.
LARA: Obrigada pelo elogio, Celso. Fiquei tão emocionada. Sabe que eu nunca havia recebido flores antes? Onde você aprendeu a ser tão cavalheiro?
CELSO: Acho que com meu pai. Ele sempre foi muito romântico com a minha mãe. Eu o via entregando flores para ela, fazendo serenata, essas coisas, e acabei me inspirando também. Acredita que meus pais permanecem casados ainda hoje? Depois de 30 anos.
LARA: Eles devem se amar muito.
CELSO: Se amam. Como se amam. Tanto é que tiveram três filhos, contando comigo. Além de mim, têm a Luiza e o Tiago.
LARA: É tão bom saber que a família a qual você pertence é estruturada.
CELSO: Por que você está dizendo isso, Lara?
LARA: Porque eu não tenho família. Eu sou sozinha no mundo, Celso. Sozinha.
Cena 5/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Pumped Up Kicks – Foster the People)
Cena 6/ Sorveteria/ Interno/ Noite
(Vitor, furioso, entra. Cíntia o intercepta)
CÍNTIA: Eles estão bem ali.
VITOR: Eu já vi.
(Vitor se dirige à mesa de Luiza e Felipe)
VITOR: Então é aqui onde você está, Luiza? Na sorveteria? Pensei que estava estudando na biblioteca da cidade?
LUIZA: Mas o que é isso, hein? Vitor, você está atrapalhando eu e o Felipe a estudar, sabia?
VITOR: Deixa de ser cínica, Luiza. Você não está estudando coisa nenhuma. Está se divertindo com esse nerdzinho ridículo.
LUIZA: Já disse para não falar assim do Felipe.
FELIPE: Calma, Vitor.
VITOR: Cala a boca, seu verme. O papo aqui é entre mim e a minha namorada.
LUIZA: Chega. Para com isso, Vitor. Vê se cresce. Eu não agüento mais esse seu comportamento de moleque. Vamos embora daqui, Felipe.
(Luiza levanta-se. Vitor pega no braço dela)
VITOR: Você veio me enganando esse tempo todo, não é? Dizendo que ia estudar com essa lombriga ambulante e na verdade, está se divertindo com ele, como se você não fosse comprometida.
LUIZA: Larga o meu braço.
VITOR: Sua cachorra.
FELIPE: Larga o braço dela, Vitor. Por favor, seja homem pelo menos uma vez na vida e saiba como tratar uma mulher de verdade.
(Vitor larga Luiza)
VITOR: Eu já mandei você calar a tua boca.
(Vitor dá um soco em Felipe, que cai sobre a mesa)
LUIZA: Felipe.
VITOR: Vamos embora, Luiza. Eu não quero você com esse cara.
LUIZA: Vai embora você, traste. Sai daqui. Some da minha frente.
(Cíntia se aproxima de Vitor)
CÍNTIA: É melhor você ir embora, Vitor.
VITOR: Você é minha namorada, Luiza.
LUIZA: Não tenho mais certeza sobre isso. Agora, sai daqui.
CÍNTIA: Vitor vem. É o melhor a fazer.
(Vitor, furioso, sai. Cíntia o acompanha)
LUIZA: Felipe, você está bem?
FELIPE: Estou. Não precisa se preocupar.
LUIZA: Mas eu me preocupo. Você é meu amigo. Eu gosto de você.
(Luiza abraça Felipe)
LUIZA: Desculpa pelo comportamento troglodita do Vitor. Desculpa.
Cena 7/ Mansão Bertolin/ Depósito/ Interno/ Noite
(Luana entra no local, com o celular ao ouvido)
LUANA: Solano, você é surdo ou o quê? Burro? Eu disse para você não me ligar a todo o momento.
(Vivian, do lado de fora, se aproxima da porta e espicha o ouvido para escutar a conversa de Luana)
LUANA: Agora eu estou morando aqui na mansão. Ninguém pode saber do nosso contato. Ninguém. Eu tomo tanto cuidado para nada dar errado. Então, por favor, não me liga mais.
...
LUANA: E só apareça aqui quando eu der o sinal, ouviu bem? Agora eu tenho que desligar.
(Vivian sai de perto da porta e volta para a cozinha)
LUANA: Tchau. (bem baixinho): Amo você, seu safado.
(Luana sai)
Cena 8/ Mansão Bertolin/ Externo/ Noite
(Amanda para nos degraus da fachada da mansão. Tiago para trás dela)
TIAGO: Amanda.
AMANDA: Tiago, se você quer continuar batendo naquele assunto do Alexandre ser padrinho do nosso casamento, melhor desistir.
TIAGO: Não vou desistir não. Que atitude agressiva foi aquela? Qual é o seu problema com o Alexandre?
AMANDA: Nenhum. Só não quero que ele interfira no nosso casamento.
TIAGO: Por quê?
AMANDA: Ah, Tiago, eu não queria dizer isso na frente do Alexandre, mas ele é seu melhor amigo e tenho medo que ele dê palpites demais no nosso casamento. É isso.
TIAGO: Amanda, você acha mesmo que o Alexandre vai fazer isso?
AMANDA: Tenho certeza. Por favor, amor. Qualquer um, mas o Alexandre não. Eu te imploro.
TIAGO: Está bem. Você venceu.
Cena 9/ Praça de Dourados/ Interno/ Noite
(Vitor está reunido com seus amigos, que estão dispostos em círculo)
VITOR: Entenderam? Eu quero ver aquele frangote do Felipe longe da Luiza. Então, amanhã nós vamos preparar uma surpresa bem legal para ele.
Cena 10/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta/ Interno/ Noite
(Alguém bate na porta)
MARTA: Entra.
(Vivian entra)
VIVIAN: Com licença. A senhora está sozinha?
MARTA: Estou. Por quê?
VIVIAN: Eu tenho uma informação nova sobre a Luana.
MARTA: Informação? Então, diga. Que informação é essa?
VIVIAN: Hoje, a Luana atendeu uma ligação de um rapaz chamado Solano e ela ficou bem nervosa. Eu também ouvi um pouco da conversa deles. A Luana disse que ele não podia ligar tanto para ela, pois se alguém daqui descobrir o contato entre eles, alguma coisa pode dar errado.
MARTA: Estranho. Muito estranho. Eu quero conhecer esse Solano. Saber quem ele é.
Cena 11/ SP/ Restaurante/ Interno/ Noite
CELSO: Como assim não tem família?
LARA: Minha mãe morreu quando eu tinha 17 anos. Daí para frente, tive que batalhar pelas coisas. Sozinha.
CELSO: E seu pai?
LARA: Nunca conheci meu pai. Ele abandonou minha mãe quando ela estava grávida de mim e nunca mais tive notícias dele. Eu cresci sem saber quem ele é.
CELSO: Que horrível. Me conta um pouco mais disso, se não for um assunto que te incomode.
LARA: Não. Imagina. Às vezes, é bom compartilhar essa história com alguém. Minha mãe era muito jovem quando conheceu meu pai. Ela trabalhava na cantina de uma escola, enquanto ele fazia faculdade de administração.
CELSO: Eles tinham condições financeiras diferentes?
LARA: Isso é bem visível, não é? Sim. Eles tinham. Só, que de acordo com a minha mãe, isso não impediu de eles viverem uma tórrida e bonita paixão. Segundo ela, foi um amor tão intenso e, ao mesmo tempo, tão sublime.
CELSO: E por que ele a abandonou?
LARA: Na verdade, ele não era natural de São Paulo. Ele veio de uma cidade do interior e estava aqui mesmo apenas para concluir a faculdade e assumir os negócios da família. Só que minha mãe nunca escondeu nada a respeito dele para mim. Ela até me deixou uma caixa, com tudo que ela sabia sobre ele, para que eu pudesse encontrá-lo, caso eu queira conhecê-lo.
CELSO: E você quer?
LARA: Não sei. Tenho medo que isso mude os rumos da minha vida, sabe? E a minha vida está tão bem do jeito que está.
CELSO: E o que você tanto sabe sobre ele? O nome, a cidade de onde ele veio, essas coisas. Você sabe como ele está hoje?
LARA: Não. As poucas fotos que eu tenho dele mostram ele como jovem e bem novinho. Eu sei que ele é natural de Dourados.
CELSO: Dourados?
LARA: Isso.
CELSO: Minha família é de lá. Que coincidência. Como é o nome dele? Talvez eu o conheça.
LARA: Josivaldo. Ele se chama Josivaldo.
Cena 12/ Dourados/ Mansão Amorim/ Jardim/ Interno/ Noite
(Amanda abre o portão, entra e fecha. Ela se dirige para mansão, quando ouve a voz de Alexandre)
ALEXANDRE: Amanda.
(Amanda vira-se para ele)
AMANDA: Alexandre? O que você está fazendo aqui? Vai embora.
ALEXANDRE: A gente precisa conversar. Abre aqui, por favor.
(Amanda se dirige ao portão e abre. Alexandre entra e, logo depois, Amanda fecha o portão)
AMANDA: O que você quer aqui?
ALEXANDRE: Conversar.
AMANDA: Isso eu percebi. Conversar sobre o quê?
ALEXANDRE: Sobre a gente.
AMANDA: Sobre a gente, uma pinóia. Não existe “a gente”. Nunca existiu.
ALEXANDRE: Existiu sim e você sabe disso. Desde aquela noite, no ano passado, eu nunca consegui te esquecer, Amanda.
AMANDA: Esquece aquilo, Alexandre. Eu estava fora de mim. Estava carente, frágil por causa da briga feia que eu e Tiago tivemos.
ALEXANDRE: E você decidiu se entregar a mim?
AMANDA: Aconteceu. E aquilo foi insignificante. Um erro.
ALEXANDRE: Amanda, você está errada. Você se entregou a mim, porque você nutria sentimentos por mim, da mesma forma que eu também nutria alguns por você.
AMANDA: Para com isso. Por favor, para.
ALEXANDRE: Desde aquela noite, eu percebi o quanto você é importante para mim. Você é a mulher da minha vida, Amanda. Você despertou em mim uma vontade de casar, de se prender a um relacionamento, coisa que mulher nenhuma conseguiu fazer isso comigo.
AMANDA: Chega. Você tem que esquecer isso. Eu amo o Tiago. Ele é tudo para mim. Nós vamos nos casar em breve e a gente vai ser muito feliz juntos. Eu amo o Tiago.
ALEXANDRE: E eu amo você.
AMANDA: Mas não deveria. O Tiago é seu melhor amigo. Você deveria ter pelo menos um pingo de consideração pela amizade que vocês compartilham juntos. Isso é errado e aquela noite, só para constar, não marcou em nada a minha vida.
ALEXANDRE: Será que não marcou mesmo? Sabe o que eu acho? Que você sente algo por mim, mas tem medo de assumir esse sentimento.
AMANDA: Isso é ridículo. O único sentimento que eu tenho por você é raiva. Raiva por se interferir na minha vida desse jeito. Vai embora daqui, Alexandre. Some da minha vida.
ALEXANDRE: Eu sei que tudo isso que você está falando é da boca para fora. Eu só saio quando você assumir que me ama.
AMANDA: Eu não te amo. Você não significa nada para mim.
ALEXANDRE: Será que não significo mesmo? Não é isso que eu sinto. O que eu vejo nos seus olhos é justamente o contrário. Seus olhos estão brilhando para mim, Amanda. Estão se enchendo de amor.
AMANDA: Isso é ridículo.
ALEXANDRE: Eu vou provar para você e para mim mesmo que eu estou certo sobre o que você sente por mim. Eu te amo e eu vou provar que você me ama também.
(Alexandre, de surpresa, beija Amanda, que retribui)
(Congela no casal aos beijos. Toca Love me Again – John Newman)
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