segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Fixação - Primeiro Capítulo



Cena 1/ Estrada/ Dia
(Toca Promises – The Cramberries. Luana está pilotando sua moto em alta velocidade. Ela passa por uma placa que diz “Dourados a cinco quilômetros”)

Cena 2/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Dia
(Tiago acorda e vê Amanda do seu lado, com uma bandeja de café da manhã nas mãos)
AMANDA: Bom dia, amor da minha vida.
TIAGO: Hum, que coisa boa. Receber café da manhã da mão da noiva. Tem coisa melhor do que isso?
(O casal se beija)

Cena 3/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Dia
(Estão reunidos ao redor da mesa Caio, Marta e Luiza. Amanda e Tiago descem as escadas)
LUIZA: Até que enfim o casal 20 resolveu descer para tomar o café da manhã.
TIAGO: Na verdade, eu já tomei. Amanda fez uma surpresa maravilhosa me trazendo um banquete na cama.
CAIO: Deu sorte na escolha da noiva, hein, filho?
AMANDA: Que é isso, doutor Caio? Assim eu fico constrangida.
LUIZA: Bom, gostaria de participar mais dessa conversa, mas tenho um encontro com o Vitor agora. Beijinhos família.
(Luiza sai)
MARTA: Não gosto dessa relação da Luiza com esse Vitor.
TIAGO: Deixa a minha irmã se divertir, mãe.
MARTA: Ainda bem que você soube escolher sua esposa, filho.
AMANDA: Obrigada pelos elogios, gente.
CAIO: Estão de saída?
TIAGO: Sim, vamos para o Balneário de Águas Cristalinas.
AMANDA: Iremos fazer um piquenique, mais especificamente.
MARTA: Que romântico. Você nunca fez um piquenique para mim, Caio.
CAIO: Mas eu continuo te amando do mesmo jeito.
(Caio e Marta dão um selinho)
TIAGO: Bom, é melhor irmos.
AMANDA: Até mais tarde, gente.
(Tiago e Amanda saem)

Cena 4/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta. Raimunda atende)
RAIMUNDA: Luana.
(Raimunda e Luana se abraçam)
LUANA: Oi, tia.
RAIMUNDA: Quanta saudade de você. A última vez que você veio a Dourados era só uma garotinha.
LUANA: Agora, terei que me acostumar à rotina dessa cidade. A senhora sabe que vim para ficar, não é?
RAIMUNDA: Claro. Deixe suas malas aí no canto, depois eu pego e te levo até o quarto onde você vai ficar. Como você se sente com esse baque?
LUANA: Ainda não me acostumei com essa idéia, tia. Foi horrível ver minha mãe se debatendo daquela maneira até a morte.
RAIMUNDA: Que triste, Luana. Mas, eu prometo a você que serei uma nova e boa mãe para você.
LUANA: Eu sei disso, tia. E obrigada por tudo que está fazendo por mim.

Cena 5/ Balneário de Águas Cristalinas/ Dia
(Tiago e Amanda terminam de montar a barraquinha, próxima a cachoeira. Amanda tira a roupa, ficando só de maiô)
TIAGO: Já vai banhar?
AMANDA: Claro. E vem comigo. Quero entrar na água junto com você.
(Tiago tira a roupa, ficando de calção. Ele e Amanda entram na cachoeira juntos. Amanda fica abraçada com Tiago)
AMANDA: Sempre que venho a esse lugar, fico encantada desse mesmo jeito.
TIAGO: É lindo mesmo.
AMANDA: É espetacular. Me dá uma sensação de alívio.
TIAGO: A mim também.
AMANDA: E fico mais feliz de estar aqui com você. Obrigada por fazer parte da minha vida. Eu te amo mais do que tudo, Tiago.
(O casal se beija)

Cena 6/ Casa de Raimunda/ Quarto de Luana/ Interno/ Dia
(Raimunda coloca as malas de Luana ao lado da escrivaninha. Luana entra, atrás da tia)
RAIMUNDA: Aqui é seu quarto. Não é nada comparado ao seu quarto de antes, lá em São Paulo, mas tem o seu valor.
LUANA: Não se preocupa com isso, tia. A senhora sabe que eu não me importo com bens materiais, riqueza, luxo. Aqui está ótimo.
RAIMUNDA: A viagem deve ter sido longa. Vou deixar você descansar um pouco. Qualquer coisa é só chamar.
(Raimunda sai e fecha a porta do quarto, deixando Luana sozinha)
LUANA (olhando para o quarto como um todo): Que quartinho mais xexelento. Eu merecia coisa melhor. Merda.

Cena 7/ Sorveteria/ Interno/Dia
LUIZA: Obrigada por pagar o sorvete.
VITOR: Namorado é para essas coisas.
(Luiza dá um beijo em Vitor)
LUIZA: Sabe o que eu estava pensando? Que tal ficarmos juntinhos hoje à noite no seu quarto?
VITOR: Como assim, Luiza?
LUIZA: Vitor, não se faça de bobo. Você sabe muito bem do que estou falando. Eu acho que já estou preparada.
VITOR: Jura?
LUIZA: Sim.
VITOR: Que coisa maravilhosa, meu amor. Que coisa boa. Adorei a idéia. Hoje, só nós dois, no meu quarto, juntinhos. Juntinhos e felizes.
(Vitor e Luiza se beijam)

Cena 8/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Raimunda está sentada, fazendo tricô. Luana entra.)
LUANA: Tia, que tal sairmos um pouco?
RAIMUNDA: Sair?
LUANA: Claro. Para a senhora me mostrar a cidade. Vamos.

Cena 9/ Praça de Dourados/ Interno/ Dia
(Luana e Raimunda passeiam pela praça. Elas atravessam uma avenida, depois entram várias ruas, cumprimentam pessoas, até que param na frente da Mansão Bertolin)
LUANA: Nossa, que casa linda.
RAIMUNDA: Sim. É a casa da família mais rica de Dourados.
(Um carro passa do lado das duas. Ele é estacionado na frente da mansão e dele saem Tiago e Amanda)
LUANA: Quem são eles?
RAIMUNDA: Esses são Tiago Bertolin, o herdeiro de tudo isso e aquela é a noiva dele, Amanda.
LUANA: Noiva?
RAIMUNDA: Sim. Já estão de casamento marcado e tudo. Daqui a um mês será a festa de noivado deles. Uma festa que promete parar a cidade.
LUANA: A senhora foi convidada?
RAIMUNDA: Eu? Imagina. Claro que não. Eles com certeza nem sabem que eu existo.
LUANA: Hum, pensei que aqui todo mundo conhecia todo mundo, mas me enganei. É uma impressão errada que nós temos das cidades pequeninas.
(Raimunda dá um sorriso)
LUANA: Tia, só por curiosidade, para eles serem ricos dessa maneira, a família deve ter outras posses, não é? Tipo, uma empresa, um grupo empreendedor.
RAIMUNDA: Ah, sim. O doutor Caio Bertolin é o maior empresário de agronegócio da região. Ele tem uma cooperativa empresarial que trabalha com soja e outros grãos.
LUANA: Que interessante.

Cena 10/ Paisagens de Dourados/ Anoitece

Cena 11/ Casa de Raimunda/ Quarto de Luana/ Interno/ Noite
(Luana está ao celular, andando de um lado para o outro)
LUANA: É o que estou te dizendo, Solano. Rico. O homem é rico. O futuro herdeiro de toda essa fortuna que eu acabei de te dizer. É a oportunidade que eu pedi a Deus para subir na vida.
...
LUANA: É claro que eu não vou deixar essa chance passar. Eu vou ser rica, Solano. Eu vou conquistar esse Tiago Bertolin e ser rica, porque eu posso, eu mereço. O único problema é que ele está noivo.
...
LUANA: Não, eu ainda não sei como me aproximar dele. Espera aí, acabou de me passar uma idéia mirabolante pela minha cabeça. Claro, é a idéia perfeita.
...
LUANA: Nada disso, Solano. Só apareça aqui quando eu der o sinal. Deixa eu me estabilizar primeiro aqui, ok?
(Luana ouve umas batidas na porta)
LUANA: Tchau, amor. Vou ter que desligar. Beijo.
(Luana coloca o celular no bolso e abre a porta)
LUANA: Oi, tia. Estava tirando um cochilo.
RAIMUNDA: Não precisa se explicar, querida. Eu entendo o seu cansaço. Só passei para avisar que o jantar está pronto.
LUANA: Claro. Só vou tomar um banho. Em minutos, estarei na sala.
(Luana fecha a porta)
LUANA (para si): Velha chata.

Cena 12/ Apartamento de Vitor/ Quarto/ Interno/ Noite
(Luiza e Vitor entram aos beijos. Eles se deitam na cama. Vitor tira a sua camisa e a blusa de Luiza. Ele tenta tirar o sutiã da namorada, mas Luiza se esquiva.)
VITOR: O que é isso, Luiza? Não é isso o que você quer?
LUIZA: É. Ai, não sei, Vitor. Pelo menos, era. Eu pensava que estava segura de si, mas não sei se estou mesmo.
VITOR: Confia em mim.
LUIZA: Mas eu confio, Vitor. Não sei se posso confiar em mim.

Cena 13/ Mansão Bertolin/ Externo/ Noite
(Luana está parada, em cima da moto, no início da rua da mansão)
VIVIAN: Oi, tudo bem?
LUANA: Oi. Está falando comigo?
VIVIAN: Sim. Eu vi você aí, parada, em cima dessa moto, parecendo uma estátua. Está tudo bem?
LUANA: Ah, claro, está tudo bem sim. Só estou encantada com a arquitetura dessa casa. Sou encantada por traços arquitetônicos.
VIVIAN: A casa é linda mesmo. Pelo visto, você é nova da cidade.
LUANA: Sim, cheguei hoje. Estou tentando me adaptar à rotina de Dourados.
VIVIAN: Mas você vai se acostumar rapidinho. Veio para morar?
LUANA: Sim.
VIVIAN: Então, boa sorte. Bom, agora tenho que entrar.
LUANA: Você trabalha aí, nessa mansão?
VIVIAN: Sim. Sou a governanta da casa.
LUANA: Deve ser o máximo viver aí.
VIVIAN: É maravilhoso. E trabalhar para a família Bertolin, então? É sensacional. Não existem patrões melhores que eles.
LUANA: Eu acredito.
VIVIAN: Mas, falando sério, tenho que entrar mesmo. O dever me chama. Até mais ver.
LUANA: Até.
(Vivian sai)
LUANA (para si): Eu preciso morar nessa casa. Eu preciso fazer parte dessa família.
(Tiago sai da mansão e para no meio da rua. Luana vê)
LUANA (para si): É agora, Luana. Calma. Vai que é tua, garota.
(Luana liga a moto e a acelera em direção a Tiago. Tiago, perplexo, vê a moto indo a sua direção. Bem próximo a Tiago, Luana dobra a moto, que se choca em muro e cai. Tiago corre em direção à mulher)
LUANA: Ai, minha perna, ai.
TIAGO: Você está bem?
LUANA: Acho que não. Minha perna está doendo muito. Acho que quebrei.
TIAGO: Calma, eu te levo para o hospital.
LUANA: Não precisa. A cidade é pequena, o hospital deve ser perto daqui. Eu vou sozinha.
TIAGO: Nada disso. Se eu não estivesse parado no meio da rua, esse acidente não teria acontecido. Eu faço questão. Vem.
(Tiago segura Luana no colo. Ela o envolve com seus braços e apóia seu rosto no ombro de Tiago. A CAM foca no rosto de Luana, que dá um sorriso irônico.)
(Congela em Luana. Toca Silhouettes – Avicii)

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