quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Superação - Capítulo 4


Continuação imediata do capítulo anterior.
Cena 1. Hospital de Clínicas – Saguão – Dia
TONHÃO – (pensando) Claro! Se eu me disfarçar de médico, vai ser mais fácil transitar por aqui sem que desconfiem. Onde é que fica a sala de roupas desse hospital?
Tonhão caminha determinado pelos corredores, sempre com o olhar atento pra não ser visto por algum policial.

Cena 2. Porto – Exterior – Dia
Um navio desembarca, vindo de Fluminimaggiore, Itália. Vários passageiros saem. Dentre eles, Franchesco e Mariana, recém-chegados de uma viagem de lua-de-mel.
Mariana – Meu amor, que viagem maravilhosa!
Franchesco – “Si, belissima!”, como diziam lá.
Os dois riem e se beijam.
Mariana – Pena que acabou.
Franchesco – Hora de voltar pra vida, meu amor. Trabalho, estudos...
Mariana – De dar os primeiros passos pra realização dos nossos sonhos...
Franchesco – Isso mesmo, meu amor! Eu ainda quero ser dono de um jornal.
Mariana – E eu quero trabalhar em uma escola, como diretora.
Franchesco – Vamos conseguir tudo isso, juntos! Agora vamos?
Mariana – Vamos!
Eles caminham em direção à saída pra voltarem pra casa.

Cena 3. Rua – Exterior – Dia
Edvaldo, após abandonar seu filho no hospital, sai chorando pela rua.
EDVALDO – O que eu fiz, meu Deus? E agora? Como vai ser minha vida? E Fábio? O que direi a ele?
No momento, um taxista, colega de Edvaldo, passa e dá uma buzinada. Edvaldo não dá a mínima e segue em direção à sua casa.

Cena 4 – Hospital de Clínicas – Rouparia – Dia
O bebê deixado por Edvaldo tá deitado em meio aos lençóis. Tonhão entra apressado.
TONHÃO – Hahaha. Consegui! Otários! Como foi fácil!
Tonhão comemora sua entrada na rouparia. Ninguém o viu.
TONHÂO – Metade do plano feito!
Tonhão começa a vasculhar as coisas em busca de uma roupa de médico pro disfarce.
TONHÃO – Cadê essa maldita roupa? Droga!
Ele revira um pouco mais e encontra o bebê.
TONHÃO – Não acredito!

Cena 5. Casa de Edvaldo – Sala – Dia
Enquanto a vizinha prepara um lanche, Fábio brinca na sala, esperando o pai.
FÁBIO – Tia, cadê o papai?
VIZINHA – Calma, Fábio. Já já ele vem. To fazendo um lanche bem gostoso pra você.
FÁBIO – Oba!
Nesse instante, Edvaldo entra em casa. Fábio vem correndo em sua direção.
FÁBIO – Papai, papai! Que saudade! Titia disse que vou ganhar um presente. Cadê?
A vizinha estranha ao ver Edvaldo sozinho.
VIZINHA – O que aconteceu, Edvaldo? Que cara é essa?
FÁBIO – Cadê meu presente, papai?
Edvaldo começa a chorar.
VIZINHA – Fábio, vá pro quarto!
FÁBIO – Mas tia...
VIZINHA – Vá, Fábio!
Fábio vai correndo pro quarto, inconformado.
VIZINHA – Ed, o que aconteceu? O bebê ainda não teve alta, é isso?
Edvaldo abraça a vizinha, chorando.
EDVALDO – (chorando) Meu filho... ele... também não resistiu!

CENA 6. Casa da Família Bertollo – Sala – Dia
Mariana e Franchesco terminam de arrumar as coisas.
Mariana – Muito boa essa casa, meu amor!
Franchesco – Bem simples, mas pelo menos fica perto da nossa faculdade.
Mariana – Nunca fui dada a luxo, você sabe. Pra mim tá ótimo!
Franchesco – Fico feliz que tenha gostado.
Mariana – Amanhã vou até a faculdade, pra resolver algumas pendências.
Franchesco – Eu vou até aquele jornal pra ver se consigo alguma coisa.
Mariana – Vai conseguir, meu amor. Você ainda vai ser o dono de um jornal.
Franchesco – E você, diretora de uma escola!
Os dois riem e se beijam.

Cena 7. Casa de Edvaldo – Sala – Dia
Edvaldo não teve coragem de contar o que fez e inventou que o bebê havia morrido também. Como sempre teve uma excelente reputação, não levantou nenhuma suspeita.
EDVALDO – E agora? Como vou contar pro Fábio?
VIZINHA – Eu te ajudo. Tudo vai se resolver. Essa turbulência toda vai passar.
EDVALDO – Não sei nem como agradecer...

Cena 8. Hospital de Clínicas – Rouparia – Dia
Tonhão pega o bebê no colo.
TONHÂO – Quem pode ter deixado um bebê aqui? Já fiz tanta coisa errada, mas isso eu não teria coragem de fazer!
O bebê começa a sorrir. Tonhão começa a pensar.

Cena 9. Flashback 1 - Favela – Casa de Tonhão – Interior - Dia
TONHÃO - Isso não vem ao caso! E nossa filha, cadê? To louco pra ver minha menina!
Catarina começa a chorar ainda mais.
TONHÃO – Calma, Catarina! O que houve? Isso tudo é saudade?
CATARINA – A nossa filha...
TONHÃO – O que tem nossa filha, Catarina? Cadê ela?
CATARINA – Levaram! Roubaram a nossa filhinha, Tonhão! Foram eles!
Fim do Flashback.

Cena 10. Flashback 2 – Favela – Casa de Tonhão – Interior - Dia
CATARINA – E foi assim... pelo que fiquei sabendo por aquela vizinha gorda lá do beco.
TONHÃO – Pobre destino teve nossa filha... Mas, Deus sabe o que faz e agora ela tá lá com Ele, como um anjinho.
CATARINA – É... Por que que tem que ser assim? Por que?
Fim do flashback.

Cena 11. Hospital de Clínicas – Rouparia – Dia
Tonhão fica perdido em meio às lembranças.
TONHÂO – Pobre Catarina! Já sofreu tanto com a perda da nossa filha... E agora, nem filhos mais poderá ter!
Ele olha pro bebê.
TONHÃO – E esse bebê? Que destino pode ter?
O olhar do bebê e de Tonhão se cruzam.
TONHÃO – Catarina não merece sofrer assim. Ela merece ser mãe. Quer saber? Tonelada, meu amigo, volto outro dia! Agora tenho que levar esse bebê daqui!

Congela no rosto do bebê.

Fim de Capítulo.
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