Continuação imediata do
capítulo anterior.
Cena 1. Hospital de
Clínicas – Saguão – Dia
TONHÃO – (pensando)
Claro! Se eu me disfarçar de médico, vai ser mais fácil transitar
por aqui sem que desconfiem. Onde é que fica a sala de roupas desse
hospital?
Tonhão caminha
determinado pelos corredores, sempre com o olhar atento pra não ser
visto por algum policial.
Cena 2. Porto –
Exterior – Dia
Um navio desembarca,
vindo de Fluminimaggiore, Itália. Vários passageiros saem. Dentre
eles, Franchesco e Mariana, recém-chegados de uma viagem de
lua-de-mel.
Mariana – Meu amor, que
viagem maravilhosa!
Franchesco – “Si,
belissima!”, como diziam lá.
Os dois riem e se beijam.
Mariana – Pena que
acabou.
Franchesco – Hora de
voltar pra vida, meu amor. Trabalho, estudos...
Mariana – De dar os
primeiros passos pra realização dos nossos sonhos...
Franchesco – Isso
mesmo, meu amor! Eu ainda quero ser dono de um jornal.
Mariana – E eu quero
trabalhar em uma escola, como diretora.
Franchesco – Vamos
conseguir tudo isso, juntos! Agora vamos?
Mariana – Vamos!
Eles caminham em direção
à saída pra voltarem pra casa.
Cena 3. Rua –
Exterior – Dia
Edvaldo, após abandonar
seu filho no hospital, sai chorando pela rua.
EDVALDO – O que eu fiz,
meu Deus? E agora? Como vai ser minha vida? E Fábio? O que direi a
ele?
No momento, um taxista,
colega de Edvaldo, passa e dá uma buzinada. Edvaldo não dá a
mínima e segue em direção à sua casa.
Cena 4 – Hospital de
Clínicas – Rouparia – Dia
O bebê deixado por
Edvaldo tá deitado em meio aos lençóis. Tonhão entra apressado.
TONHÃO – Hahaha.
Consegui! Otários! Como foi fácil!
Tonhão comemora sua
entrada na rouparia. Ninguém o viu.
TONHÂO – Metade do
plano feito!
Tonhão começa a
vasculhar as coisas em busca de uma roupa de médico pro disfarce.
TONHÃO – Cadê essa
maldita roupa? Droga!
Ele revira um pouco mais
e encontra o bebê.
TONHÃO – Não
acredito!
Cena 5. Casa de
Edvaldo – Sala – Dia
Enquanto a vizinha
prepara um lanche, Fábio brinca na sala, esperando o pai.
FÁBIO – Tia, cadê o
papai?
VIZINHA – Calma, Fábio.
Já já ele vem. To fazendo um lanche bem gostoso pra você.
FÁBIO – Oba!
Nesse instante, Edvaldo
entra em casa. Fábio vem correndo em sua direção.
FÁBIO – Papai, papai!
Que saudade! Titia disse que vou ganhar um presente. Cadê?
A vizinha estranha ao ver
Edvaldo sozinho.
VIZINHA – O que
aconteceu, Edvaldo? Que cara é essa?
FÁBIO – Cadê meu
presente, papai?
Edvaldo começa a chorar.
VIZINHA – Fábio, vá
pro quarto!
FÁBIO – Mas tia...
VIZINHA – Vá, Fábio!
Fábio vai correndo pro
quarto, inconformado.
VIZINHA – Ed, o que
aconteceu? O bebê ainda não teve alta, é isso?
Edvaldo abraça a
vizinha, chorando.
EDVALDO – (chorando)
Meu filho... ele... também não resistiu!
CENA 6. Casa da
Família Bertollo – Sala – Dia
Mariana e Franchesco
terminam de arrumar as coisas.
Mariana – Muito boa
essa casa, meu amor!
Franchesco – Bem
simples, mas pelo menos fica perto da nossa faculdade.
Mariana – Nunca fui
dada a luxo, você sabe. Pra mim tá ótimo!
Franchesco – Fico feliz
que tenha gostado.
Mariana – Amanhã vou
até a faculdade, pra resolver algumas pendências.
Franchesco – Eu vou até
aquele jornal pra ver se consigo alguma coisa.
Mariana – Vai
conseguir, meu amor. Você ainda vai ser o dono de um jornal.
Franchesco – E você,
diretora de uma escola!
Os dois riem e se beijam.
Cena 7. Casa de
Edvaldo – Sala – Dia
Edvaldo não teve coragem
de contar o que fez e inventou que o bebê havia morrido também.
Como sempre teve uma excelente reputação, não levantou nenhuma
suspeita.
EDVALDO – E agora? Como
vou contar pro Fábio?
VIZINHA – Eu te ajudo.
Tudo vai se resolver. Essa turbulência toda vai passar.
EDVALDO – Não sei nem
como agradecer...
Cena 8. Hospital de
Clínicas – Rouparia – Dia
Tonhão pega o bebê no
colo.
TONHÂO – Quem pode ter
deixado um bebê aqui? Já fiz tanta coisa errada, mas isso eu não
teria coragem de fazer!
O bebê começa a sorrir.
Tonhão começa a pensar.
Cena 9. Flashback 1 -
Favela – Casa de Tonhão – Interior - Dia
TONHÃO
- Isso não vem ao caso! E
nossa filha, cadê? To louco
pra ver minha menina!
Catarina começa a chorar
ainda mais.
TONHÃO – Calma,
Catarina! O que houve? Isso tudo é saudade?
CATARINA
– A nossa
filha...
TONHÃO – O que tem
nossa filha, Catarina? Cadê ela?
CATARINA – Levaram!
Roubaram a nossa filhinha, Tonhão! Foram eles!
Fim do Flashback.
Cena 10. Flashback 2 –
Favela – Casa de Tonhão – Interior - Dia
CATARINA – E foi
assim... pelo que fiquei sabendo por aquela vizinha gorda lá do
beco.
TONHÃO – Pobre destino
teve nossa filha... Mas, Deus sabe o que faz e agora ela tá lá com
Ele, como um anjinho.
CATARINA – É... Por
que que tem que ser assim? Por que?
Fim do flashback.
Cena 11. Hospital de
Clínicas – Rouparia – Dia
Tonhão fica perdido em
meio às lembranças.
TONHÂO – Pobre
Catarina! Já sofreu tanto com a perda da nossa filha... E agora, nem
filhos mais poderá ter!
Ele olha pro bebê.
TONHÃO – E esse bebê?
Que destino pode ter?
O olhar do bebê e de
Tonhão se cruzam.
TONHÃO – Catarina não
merece sofrer assim. Ela merece ser mãe. Quer saber? Tonelada, meu
amigo, volto outro dia! Agora tenho que levar esse bebê daqui!
Congela no rosto do bebê.
Fim de Capítulo.
0 comentários:
Postar um comentário