Cena 1/ Penitenciária/ Sala de visita/ Interno/ Dia
ISADORA: A Luana? Por que você desconfia dela, Alexandre?
ALEXANDRE: Como eu disse, ela não vale nada, delegada Isadora. A Luana planeja aplicar um golpe na família Bertolin e ela está usando o Tiago para que isso aconteça. Sem falar, que ela já tentou matar a Amanda diversas vezes antes de ela ser assassinada.
ISADORA: Ok. Você poderia me relatar como foram essas tentativas de homicídio que a Luana tentou praticar na Amanda?
ALEXANDRE: A Luana trabalhava como cozinheira na mansão Bertolin. Devido a isso, ela já ofereceu um suco envenenado para Amanda e também já trocou os remédios dela, quando ela passou mal durante um almoço na mansão.
ISADORA: Bom saber. A sua colaboração foi de perfeita ajuda, Alexandre. Nossa conversa está terminada.
ALEXANDRE: Antes de a senhora ir, será que eu poderia fazer uma pergunta?
ISADORA: Você já está fazendo uma, não é mesmo? Diga lá.
ALEXANDRE: Com o depoimento dessa testemunha ocular que surgiu, eu posso ser liberado dessa penitenciária?
ISADORA: Caso seja provada a sua inocência, você será liberado daqui, sim.
ALEXANDRE: Isso vai demorar?
ISADORA: Depende. Se surgir alguma prova que mostre a ausência da sua participação ou envolvimento na morte da Amanda, você já poderá ser considerado inocente e, por conseqüência, ser liberado da cadeia.
Cena 2/ Paisagens de São Paulo/ Dia
(Toca Pumped Up Kicks – Foster the People)
Cena 3/ Restaurante/ Interno/ Dia
LARA: Celso?
CELSO: Será que nós podemos conversar?
LARA: Acho melhor não, Celso. Por favor, vai embora daqui.
CELSO: Lara, eu quero me dar bem com você novamente.
LARA: Celso, será que eu não fui clara quando nos vimos pela ultima vez? Eu disse que queria esquecer você e a sua família. Por favor, não estrague a minha pretensão.
CELSO: Lara, eu acho que a gente deve se entender. O que aconteceu entre a gente foi muito forte e significativo.
LARA: Vá embora, Celso. Estou te pedindo.
CELSO: A gente precisa conversar.
LARA: Eu vou chamar a policia, caso você não saia daqui agora.
CELSO: Você seria capaz?
LARA: Não duvide de mim, Celso. Eu não quero te ver nunca mais. Eu quero esquecer tudo o que ocorreu entre a gente. Tudo. Saia daqui.
CELSO: Tudo bem.eu vou embora, Lara, mas eu sei que nossa história não termina por aqui. O futuro nos reserva grandes surpresas.
LARA: Não haverá nosso futuro, Celso.
CELSO: Veremos.
(Celso sai)
Cena 4/ Dourados/ Delegacia/ Interno/ Dia
(Luana entra)
LUANA: Bom dia, delegado Andrade.
ANDRADE: Olá, Luana. Deseja alguma coisa?
LUANA: Na verdade, desejo sim. Eu acredito que, pelo fato de sermos amigos, você poderia me ajudar com alguns esclarecimentos sobre essa nova delegada que aterrissou na nossa cidade.
ANDRADE: Desde quando somos amigos?
LUANA: Ah, delegado Andrade, nós nunca assumimos uma amizade, mas eu sempre considerei o senhor como um verdadeiro amigo, já que foi o responsável por investigar o assassinato da Amanda e colocar o verdadeiro culpado na cadeia.
ANDRADE: Atualmente, isso é questionável.
LUANA: Delegado Andrade, eu só quero que o senhor me tire algumas dúvidas sobre essa reviravolta que houve no caso da morte da Amanda. Tudo isso ainda não ficou muito claro para mim.
(Isadora entra)
ISADORA: Luana?
LUANA: Delegada Isadora.
ISADORA: Veio fazer alguma denúncia?
LUANA: Eu? Ah, não. Só vim ver como está o delegado Andrade. Ele é uma pessoa muito importante para mim.
ANDRADE: Na verdade, ela veio me perguntar sobre essa reviravolta que houve em relação ao assassinato da Amanda.
ISADORA: Não me diga, Luana.
LUANA: Eu só queria saber o que houve de fato, já que a Amanda era uma grande amiga minha.
ISADORA: Tão amiga sua que você acabou pegando o noivo dela, não é mesmo?
(Isadora dá um sorriso sarcástico e Luana permanece séria)
ISADORA: Não fique acanhada, Luana. Pode perguntar o que você quiser.
LUANA: Deixa para outra hora. Lembrei que tenho um compromisso inadiável agora. Com licença.
(Luana sai)
Cena 5/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Solano está deitado no sofá. Raimunda entra)
RAIMUNDA: Solano? Não era para você estar no posto de gasolina?
SOLANO: Decidi faltar o trabalho hoje, dona Raimunda. Não estou me sentindo bem.
RAIMUNDA: É triste ver um homem que tinha tudo para ter um futuro brilhante se comportando como um verdadeiro fracassado.
SOLANO: O que a senhora quer dizer com isso?
RAIMUNDA: Foi apenas a constatação de uma análise que eu venho fazendo há tempos. Uma espécie de comparação entre você e a Luana. E sabe o que eu concluí? Concluí que você não tem ambição, vontade nenhuma em querer crescer na vida. Parece que se contenta com esse emprego de frentista. Se fosse a Luana no seu lugar, ela estaria lutando por algo melhor.
SOLANO: E por que a senhora resolveu nos comparar?
RAIMUNDA: Ah, Solano. Você e a Luana chegaram à cidade na mesma época. E veja o que aconteceu com vocês nove meses depois? A Luana agora é uma mulher rica, com uma vida estabilizada. E você não passa de um frentista terceirizado. A Luana só chegou aonde chegou por ambição, coisa que parece que você não tem o costume de cultivar.
SOLANO: A senhora está insinuando que eu não tenho capacidade de ter uma vida parecida com a que a Luana arranjou?
RAIMUNDA: Não é isso, Solano. Estou apenas comentando que você e minha sobrinha são tão próximos intimamente, mas, ao mesmo tempo, tão distantes financeiramente. Coisa que não aconteceria se vocês andassem nas mesmas trilhas. Aceita um café?
SOLANO: Aceito.
(Raimunda sai)
Cena 6/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Never Let Me Go – Florence and The Machine)
Cena 7/ Hospital/ Quarto de Luiza/ Interno/ Noite
(Luiza está deitada na cama e Felipe está sentado ao lado dela. Luiza acorda e vê Felipe)
LUIZA: Felipe
FELIPE: Boa noite, meu amor.
LUIZA: Onde está o nosso filho?
FELIPE: Na incubadora, mas não se preocupe. Ele está bem. Foram feitos todos os exames necessários no Marquinhos e a médica me garantiu que ele nasceu saudável.
LUIZA: Ah, que bom.
(A médica entra, com Marquinhos no colo)
MÉDICA: Luiza e Felipe, aqui está o filhote de vocês. É a coisa mais linda desse mundo.
(A médica entrega Marquinhos para Luiza, que pega o filho no colo)
LUIZA: Ele é lindo mesmo.
FELIPE: Puxou a você, meu amor.
MÉDICA: Bom, gente, desculpe interromper esse momento família de vocês, mas tenho que dar um aviso. Amanhã, você, Luiza, e o bebê já podem ir para a casa.
LUIZA: A senhora está falando sério, doutora?
MÉDICA: Claro. Você está ótima e o bebê, melhor ainda. Amanhã pela manhã, eu voltarei para atestar a alta de vocês. Enquanto isso, terei que levar o Marquinhos para a incubadora novamente.
LUIZA: Doutora, me deixa ficar com ele mais um pouquinho.
MÉDICA: Apenas uns cinco minutinhos, viu? Volto daqui a pouco para pegá-lo. Com licença.
(A médica sai. Felipe, Luiza e Marquinhos se “abraçam”)
Cena 8/ Supermercado/ Interno/ Noite
(Vera entra em uma fileira e se depara com Marta)
VERA: Olá, Marta. Tudo bem com você?
MARTA: Estava ótima, antes de me deparar com você.
VERA: Marta, eu sei que nós temos nossas diferenças, mas já faz tanto tempo. Não é legal ficar guardando mágoa. Eu sei bem o que é isso, tanto que parei em uma clínica para depressivos.
MARTA: Soube que nessa clínica você deu mais trabalho do que criança mimada. É verdade?
VERA: Não estava dando trabalho propositalmente. Eu estava sob tratamento. Aquelas reações de recusa eram normais.
MARTA: Vera, sinceramente, eu não me importo com o que acontece ou deixa de acontecer na sua vida. Eu tenho mais com o que me preocupar.
VERA: Soube que seu netinho nasceu. Parabéns.
MARTA: Dispenso suas felicitações, Vera. Dispenso tudo o que venha de você. Agora, com licença, que eu tenho mais o que fazer.
(Marta sai)
Cena 9/ Casa de Lucrécio/ Sala/ Interno/ Noite
(Raimunda e Lucrécio estão sentados lado a lado)
RAIMUNDA: Fiz aquilo que você me pediu. Tentei instigar o Solano contra a Luana. Agora, não entendi por que você quis tanto que eu fizesse isso.
LUCRÉCIO: Você sabe que eu nunca fui com a cara do Solano, Raimunda. Tenho motivos suficientes para desconfiar do caráter dele. Sem falar, que eu sempre achei estranho essa relação que ele tem com a Luana.
RAIMUNDA: Eles são primos, Lucrécio. Normal que eles criem certa relação de intimidade.
LUCRÉCIO: A deles é exagerada demais.
RAIMUNDA: Onde você está querendo chegar com tudo isso, Lucrécio? De onde vem tanta desconfiança?
LUCRÉCIO: Raimunda, eu vou te contar, porque eu te amo e confio em você.
RAIMUNDA: Contar o quê?
LUCRÉCIO: Eu vi a Amanda sendo assassinada.
RAIMUNDA: O quê?
LUCRÉCIO: Eu estava no cais quando mataram a Amanda.
RAIMUNDA: E por que você nunca disse antes, Lucrécio?
LUCRÉCIO: E arriscar minha vida? Não, Raimunda. Eu tenho medo que as pessoas que mataram a Amanda venha atrás de mim querendo dar cabo da minha vida também.
Cena 10/ Pousada/ Quarto de Ludmila/ Interno/ Noite
(Ludmila está deitada na cama e coberta por um lençol. Caio está em pé, pondo a calça)
LUDMILA: Adorei esse tempo que passamos juntos.
CAIO: Também gostei, meu amor. Mas temos que ter cuidado. A Marta não pode desconfiar que estamos tendo um caso.
LUDMILA: Por mim, ela nunca saberá. Eu juro. Aquele telefonema foi um descuido que não irá mais se repetir.
CAIO (pondo a camisa e pegando a maleta): Ótimo. Agora, tenho que ir. Até qualquer hora.
(Caio e Ludmila se beijam. Caio sai. Ludmila levanta-se e se aproxima de uma câmera fotográfica embutida na parede. Ela dá um sorriso)
Cena 11/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Celso entra. Marta, que vem da cozinha, entra)
MARTA: Filho.
(Marta abraça Celso)
MARTA: Como foi a viagem?
CELSO: Foi ótima.
MARTA: Conseguiu novas filiais para a cooperativa?
CELSO: Claro, mãe. Bom, vou subir para o meu quarto. Preciso descansar.
(Celso sobe a escada. Tiago, que vem do escritório, entra)
TIAGO: Ouvi a voz do Celso. Ele chegou de viagem?
MARTA: Sim. Acabou de ir para o quarto.
(A campainha toca)
MARTA: Filho, atende para mim, por favor. Tenho que verificar como a nova cozinheira está se saindo no segundo dia de trabalho.
(Marta sai. Tiago atende)
TIAGO: Delegada Isadora?
ISADORA: Boa noite, Tiago. Podemos conversar?
Cena 12/ Penitenciária/ Cela de Alexandre/ Interno/ Noite
(Tonhão sai do buraco. Ele e Alexandre empurram o colchão, que esconde o tal buraco)
TONHÃO: Terminei de cavar o túnel. Em breve, sairemos daqui. É só esperar um horário oportuno.
ALEXANDRE: Tonhão, eu acho que não irei mais fugir.
TONHÃO: Como é?
ALEXANDRE: Ocorreu uma reviravolta no caso da morte da Amanda. Surgiu uma testemunha ocular do assassinato que afirma que eu não matei a Amanda. Se provar que o depoimento dessa testemunha é verdadeiro, eu sairei desse inferno de cara limpa, sem dever nada a ninguém.
TONHÃO: E você vai esperar isso acontecer para sair daqui?
ALEXANDRE: Acho que sim.
TONHÃO: É uma pena, porque passamos meses juntos cavando esse túnel. Alexandre, eu não vou deixar de fugir por tua causa.
ALEXANDRE: Nem quero que você faça isso. Fica tranqüilo, Tonhão. A tua fuga está protegida.
Cena 13/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
TIAGO: Claro que sim. Entre, por favor.
(Isadora entra)
TIAGO: A que devo sua presença?
ISADORA: Eu preciso te contar algo bastante importante.
(Luana desce a escada)
LUANA: Delegada Isadora? Que bom revê-la.
ISADORA: Digo o mesmo, Luana. Sinto muito não ter tirado suas dúvidas quando você foi à delegacia hoje mais cedo.
TIAGO: Você foi à delegacia, Luana?
LUANA: Fui. Confesso que não estava muito crente nessa história de reviravolta e tudo mais. Fui à delegacia para tentar saber se isso era verdade ou um golpe qualquer.
ISADORA: Garanto a você que existe uma testemunha ocular, sim. Isso aqui não é golpe coisa nenhuma. Bom, Luana, será que você poderia me dar licença? Eu quero conversar com o Tiago em particular.
LUANA: Por que em particular? O Tiago não esconde nada de mim, delegada Isadora.
ISADORA: Pois ele terá que aprender a esconder.
LUANA: Por que eu não posso participar dessa conversa?
TIAGO: Delegada Isadora, pode deixar a Luana participar da conversa. Ela é uma mulher de confiança.
ISADORA: Mas eu não confio na sua esposa, Tiago.
LUANA: Por que não confia em mim, delegada Isadora?
ISADORA: Luana, por favor, se atenha ao fato de nos dar licença.
LUANA: Eu exijo uma explicação.
ISADORA: Ah, então você quer uma explicação? Ok. Eu darei a você uma explicação. Eu não quero que você participe dessa conversa, porque eu te vejo como uma suspeita, Luana.
LUANA: Suspeita?
ISADORA: Isso mesmo. Suspeita de ter matado a Amanda.
LUANA: Mas é um absurdo.
ISADORA: Será mesmo que é um absurdo, Luana? Algo me diz que eu posso estar no caminho certo.
(Congela em Luana. Toca Promises – The Cramberries)
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