terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Fixação - Capítulo 52


Cena 1/ Funerária/ Interno/ Dia
LUANA: Você está maluco, Lucrécio?
LUCRÉCIO: Eu não estou maluco. Estou bastante consciente. Foi você que matou a Raimunda. Eu sei que foi.
LUANA: Como você pode dizer uma coisa dessas, Lucrécio? Ela era a minha tia. Eu nunca seria capaz de cometer uma barbaridade como essa com ninguém.
(Luana se solta de Lucrécio)
LUCRÉCIO: Mentirosa. Você está mentindo, sua assassina. Assassina.
TIAGO: Lucrécio, você está sendo injusto com a Luana. Ela não fez nada. A Luana passou o dia inteiro ao meu lado.
LUANA: Isso mesmo. Eu não saí de casa ontem. Você me decepcionou, Lucrécio, mas eu te perdôo. Perdôo você porque eu entendo a sua dor e sofrimento.
LUCRÉCIO: Eu não me conformo com isso. Não me conformo.
LUANA: Mas isso tudo é culpa dela, da delegada Isadora. Desde que ela apareceu em nossas vidas, várias confusões começaram a acontecer. Eu não quero essa mulher aqui.
LUCRÉCIO: Ela é minha convidada, Luana.
LUANA: Pouco me importa. Depois dessas acusações grotescas, você não tem nenhuma moral comigo, Lucrécio. Aqui é o funeral da minha tia. Eu escolho quem é bem vindo e a delegada Isadora não é. Portanto, fora daqui.
ISADORA: Poupe sua saliva, Luana. Eu já estava de saída. Com licença.
(Isadora sai)

Cena 2/ Rua/ Dia
(Isadora caminha pela rua. Lucrécio aparece atrás dela e a alcança)
LUCRÉCIO: Delegada Isadora. Por favor, volte para o funeral.
ISADORA: Acho melhor não, Lucrécio. Não quero mais provocar confusão.
LUCRÉCIO: Eu estava crente que tinha sido a Luana a culpada pela morte da Raimunda. Aí veio o Tiago se servindo de álibi para ela.
ISADORA: Bom, existe ainda a possibilidade de que o Solano tenha matado a Raimunda.
LUCRÉCIO: Claro. Foi o Solano. Foi aquele verme que matou a Raimunda a mando da Luana.
ISADORA: É algo que precisamos investigar. Bom, hoje a noite eu passarei na mansão para conversar com o Tiago e saber se ele encontrou a lista de convidados da festa de casamento. Precisamos também encontrar as fantasias usadas pela dupla de assassinos.
LUCRÉCIO: Eu lembro que você disse que a Luana havia levado para a festa de casamento da Amanda uma sacola transparente e que dentro dela havia um conteúdo preto.
ISADORA: Isso. Foi a dona Raimunda que comentou comigo sobre isso.
LUCRÉCIO: Nada me tira da cabeça que esse conteúdo preto é a fantasia de mulher gato que a assassina da Amanda estava usando.
ISADORA: Lucrécio, essas fantasias poderão revelar os verdadeiros assassinos da Amanda. Eu só espero que elas se encontrem intactas.
LUCRÉCIO: Onde você acha que a Luana deve tê-las escondido?
ISADORA: Na mansão Bertolin, com certeza não deve estar. Vai ver essas fantasias estejam de posse do Solano, na casa da Raimunda.
LUCRÉCIO: Eu tenho uma cópia da chave da casa.
ISADORA: Perfeito. Você entra na casa quando ninguém estiver lá e vasculha tudo em busca dessas fantasias.
LUCRÉCIO: Pode deixar, delegada Isadora. Nós iremos colocar aquele casal de assassinos na cadeia.

Cena 3/ Mansão Amorim/ Sala/ Interno/ Dia
(Toca a campainha e Vera atende)
VERA: Solano? O que você está fazendo aqui? Não era para você estar no funeral da dona Raimunda?
SOLANO: Eu preciso de uma companhia, Vera. Estou sofrendo bastante com tudo isso.
VERA: Entre, por favor.
(Solano entra e Vera fecha a porta)
SOLANO: Ah, Vera, eu não me conformo com a morte da dona Raimunda. Ela era uma mulher tão especial. Não merecia ter esse fim. Eu tenho muita gratidão por ela, Vera. Ela me acolheu sem ao menos saber o meu nome. Tenho certeza que muitas pessoas não teriam esse comportamento que ela teve.
VERA: Você quer alguma coisa para beber?
SOLANO: Não. Por que as coisas acontecem dessa maneira, Vera? Por que as pessoas que mais amamos são tiradas da gente? É tão difícil encontrar respostas para esses questionamentos.
VERA: Eu sei o que você está sentindo, Solano. A dor da perda é algo difícil de superar. Por isso temos que ser fortes, provar que temos garra para enfrentar as adversidades que a vida nos impõe. Eu perdi duas das pessoas mais importantes da minha vida: o meu marido Ernesto e minha única irmã Amanda. Foi difícil encontrar uma maneira de superar esse sofrimento. Por isso fui parar naquela clínica para depressivos. Não estava sabendo lidar com toda essa dor que estava me corroendo. Mas agora que eu aprendi, eu quero te ajudar.
SOLANO: Obrigado, Vera.
VERA: Não vou deixar você passar a noite sozinho naquela casa. Solano, eu quero que você venha dormir aqui. Eu peço para a Mirna arrumar um quarto de hóspedes e você passa a noite aqui. Você aceita o meu convite?
SOLANO: Você tem certeza, Vera?
VERA: Eu aprendi que passar por tudo isso sem nenhum apoio aumenta ainda mais o sofrimento. E como eu disse, eu quero te ajudar.
SOLANO: Então, eu aceito.
(Vera abraça Solano)

Cena 4/ Funeral/ Interno/Dia
(Maura entra e se aproxima de Tiago)
TIAGO: Maura. Que surpresa em vê-la aqui.
MAURA: Surpresa? Você não sabia que eu estava na cidade?
TIAGO: Minha mãe comentou comigo. Eu estou surpreso por ver você aqui no funeral.
MAURA: Vim, porque achava que sua mãe estava aqui, mas vejo que não.
TIAGO: Ela preferiu ficar em casa, arrumando algumas coisas para o meu pai, que está no hospital.
MAURA: Eu soube disso. Como ele está?
TIAGO: Bem, na medida do possível. Foi descoberto um tumor próximo ao coração dele, mas dá para ser retirado por meio de uma cirurgia.
MAURA: Que bom. Melhoras para o Caio.
(Luana se aproxima de Maura e Tiago)
LUANA: Com licença.
TIAGO: Luana, esta é Maura, mãe do Alexandre.
LUANA: Mãe do Alexandre? Prazer.
TIAGO: Dona Maura, eu quero que a senhora conheça minha esposa Luana.
MAURA: Tudo bom, Luana? Que bom que finalmente fomos apresentadas. O Alexandre me falou muito de você.
(Maura encara Luana)

Cena 5/ Hospital/ Quarto de Caio/ Interno/ Dia
(Caio acorda. Marta entra)
CAIO: Bom dia.
MARTA: Como eu odeio você, Caio.
CAIO: Bela maneira de visitar seu marido doente.
MARTA: Cala a boca. Quem você pensa que é para infiltrar aquela bastardinha na minha mansão?
CAIO: Nossa mansão, caso você não esteja lembrada. Eu ponho lá dentro quem eu quiser, inclusive a minha filha.
MARTA: Filha. (soltando uma gargalhada): Você está fazendo isso para me afrontar.
CAIO: Eu só quero passar um tempo ao lado da Lara, para conhecê-la melhor. Eu sou o pai dela, portanto eu tenho esse direito.
MARTA: Isso se você tiver tempo suficiente, visto que você prefere viver com esse tumor no seu organismo. E não me venha dizer que recusou a cirurgia por causa de trauma, porque eu sei que isso é mentira.
CAIO: Você quer saber mesmo porque eu recusei a cirurgia?
MARTA: Óbvio que eu quero.
CAIO: Eu neguei a operação porque eu queria convencer a Lara a passar esse tempo comigo.
MARTA: Ótimo. A Lara já está aqui. Agora, por que você não muda de idéia?
CAIO: Por que eu tenho medo. Medo de fazer a cirurgia e voltar a ficar saudável e, por conta disso, a Lara ir embora para sempre da minha vida.
MARTA: Essa é a idéia mais estúpida que eu já ouvi em toda a minha vida. Mas, vindo de você, nada me surpreende. Eu só quero saber se, com esse tumor dentro de ti, você terá tempo suficiente para curtir a vida ao lado da sua bastardinha.
(Marta sai)

Cena 6/ Casa de Salete/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Felipe e Salete estão ao redor de uma mesa. A mulher põe café na xícara de ambos)
SALETE: Que bom que você arranjou um espaço na sua agenda para vim me visitar.
FELIPE: Mãe, sem chantagem emocional, por favor. A senhora sabe como meu tempo anda corrido ultimamente. É faculdade, depois filho, ainda tem meu escritório de advocacia.
SALETE: Escritório de advocacia?
FELIPE: Sim. Usei aquele dinheiro que entrava na minha poupança para montar um escritório de advocacia. Estou cursando direito e já é importante que eu pense no amanhã.

Cena 7/ Penitenciária/ Solitária/ Interno/ Dia
(Alexandre está deitado e encolhido no chão. A porta da solitária é aberta e um guarda entra)
GUARDA: Levanta.
(Alexandre levanta-se)
ALEXANDRE: Vocês irão me tirar dessa solitária?
GUARDA: Sim. Você irá voltar para sua cela. Vem.
(Alexandre sai e o guarda fecha a porta)

Cena 8/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Silhouettes – Avicii)

Cena 9/ Galpão/ Interno/ Noite
LUANA: Não consigo parar de pensar no ataque que o Lucrécio fez no funeral da minha tia.
SOLANO: Isso só mostra que devemos sair dessa cidade o mais rápido possível. Luana, se o Lucrécio provocou aquela confusão, é porque ele desconfia da gente. Vai chegar o dia em que seremos desmascarados e presos.
LUANA: Eu sei disso, Solano. Eu sei.
SOLANO: Então, vamos fugir dessa cidade antes que seja tarde demais, Luana. Aplica logo o golpe na família Bertolin e vamos se mandar daqui.
LUANA: Mas eu não quero nenhum policial na minha cola, Solano.
SOLANO: Não adianta, Luana. Se não colocarem uma viatura atrás da gente por causa do golpe, irão fazer isso por conta da morte da Amanda. Escuta o que eu estou te dizendo. Essa delegada vai descobrir toda a verdade. Não podemos mais ficar nessa cidade.
LUANA: Você não disse que podemos utilizar um bode expiatório nessa história do golpe? Nós precisamos montar um esquema, Solano.
SOLANO: Esquema?
LUANA: Sim. Um esquema na qual a gente roube a família Bertolin, mas que a Ludmila seja acusada pelo crime, ou você se esqueceu que ela foi o bode expiatório escolhido?
SOLANO: Não. Mas como iremos fazer isso? Como iremos culpar a Ludmila?
LUANA: Eu ainda não sei. E ainda tem mais outra coisa para nos preocuparmos. O Lucrécio e aquela delegada maldita pediram para o Tiago encontrar a lista de convidados da festa de casamento dele com a Amanda.
SOLANO: Olha aí. Se eles fizeram isso, é porque eles desconfiam que os responsáveis pela morte da Amanda estavam freqüentando a festa. Será questão de dois tempos para os dois descobrirem a verdade. Luana, nós precisamos montar esse esquema rapidamente, antes que seja tarde demais.

Cena 10/ Sorveteria/ Interno/ Noite
(Celso e Lara estão sentados em uma das mesas, tomando sorvete. Ludmila entra, vê o casal e se aproxima dos dois)
LUDMILA: Lara? Não sabia que estava aqui.
LARA: Eu que deveria entoar essa afirmação. É surpreendente saber que depois de nove meses, você continua aqui. Pensei que você tinha voltado para os Estados Unidos.
LUDMILA: E voltar a viver aquela vidinha horrenda? Jamais. Estou alugando um quarto na pousada. E você? Também está hospedada na pousada?
LARA: Não. O Celso e o seu Caio fizeram questão de me acolher na mansão.
(Lara dá um sorrisinho para Ludmila, que fica séria)

Cena 11/ Mansão Amorim/ Sala/ Interno/ Noite
(Toca a campainha e Vera atende)
VERA: Que bom que você veio. Entra.
(Solano entra e Vera fecha a porta)
SOLANO: Já que você me convidou, eu vim.
VERA: Eu quero te ajudar a enfrentar essa dor, Solano.
SOLANO: Não sei como agradecer pelo o que você está fazendo por mim, Vera. Você está sendo uma mulher maravilhosa. Melhor dizendo, você é uma mulher maravilhosa.
VERA: AH, Solano, não precisa falar assim. Desse jeito, você me deixa sem graça.
(Mirna entra)
MIRNA: Com licença. Boa noite, Solano.
SOLANO: Boa noite, Mirna.
MIRNA: Dona Vera, o jantar está servido.
VERA: Vamos jantar?
SOLANO: Vamos.

Cena 12/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Toca a campainha e Tiago, que está descendo a escada, atende)
TIAGO: Delegada Isadora. Entre, por favor.
(Isadora entra e Tiago fecha a porta)
TIAGO: Desculpe pelo comportamento da Luana no funeral.
ISADORA: Eu não me importo com isso. Tiago, eu preciso falar com você. A Luana está?
TIAGO: Sim, ela está. Mas não se preocupe. Ela não irá aparecer tão cedo. Acabou de pegar no sono.
ISADORA: A conversa que eu tenho para ter agora com você é altamente sigilosa. Será que podemos conversar no jardim?

Cena 13/ Mansão Bertolin/ Jardim/ interno/ Noite
(Isadora e Tiago estão passeando pelo jardim)
ISADORA: Eu vim falar sobre a lista de convidados do seu casamento com a Amanda. Acho que o Lucrécio já comentou sobre isso com você.
TIAGO: Sim, ele comentou. Pediu para que eu encontrasse a lista, mas não me disse por que.
ISADORA: Tiago, a verdade é que o Lucrécio omitiu alguns detalhes de você quando ele veio te contar o que viu na noite da morte da Amanda.
TIAGO: Mas omitiu por quê?
ISADORA: Ele ficou preocupado que a Luana podia estar ouvindo o depoimento dele por meio das câmeras de segurança do escritório. Bom, o que importa é que o Lucrécio conseguiu reconhecer as fantasias da dupla de assassinos que matou a Amanda e eu preciso dessa lista para associar a fantasia à pessoa que a estava usando. Assim, a verdade sobre os responsáveis pela morte da Amanda pode ser revelada.
TIAGO: Eu não acredito. Que notícia maravilhosa. O problema é que eu ainda não consegui encontrar a lista, delegada Isadora. Revirei o meu quarto inteiro, mas nada. Mas eu tenho a impressão de que minha mãe possa estar de posse dessa lista. Eu irei falar com ela.
ISADORA: Que bom, Tiago, pois essa lista é importantíssima para saber quem matou de fato a Amanda.

Cena 14/ Mansão Amorim/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
(Solano e Vera estão sentados à mesa)
SOLANO: Obrigado mais uma vez pela ajuda. Espero retribuir à altura toda essa generosidade.
VERA: Solano, eu não estou fazendo isso só para ser gentil. Estou fazendo isso por que quero ajudar alguém que eu gosto.
SOLANO: Você gosta de mim?
VERA: Claro. Quem não gostaria de você?
(Vera abre um sorriso para Solano, que revida. Solano pega na mão de Vera)
SOLANO: Agradeço por tudo.
(Toca a campainha)
SOLANO: Você não vai atender?
VERA: Pode deixar que a Mirna faz isso.
(Mirna entra)
MIRNA: Dona Vera, a senhora não imagina quem chegou.
(Vitor e Cíntia entram)
VITOR: Boa noite, m... (reparando no jantar e em Solano): Mas o que significa isso? Quem é esse homem?

Cena 15/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Interno/ Noite
(Tiago e Isadora estão sentados lado a lado em um banco)
ISADORA: Bom, já vim dar o meu recado. Boa noite, Tiago.
(Isadora levanta-se e Tiago pega no braço dela. Ela vira-se para ele)
TIAGO: Obrigado pelo que está fazendo, delegada Isadora.
ISADORA: É apenas o meu trabalho, Tiago.
TIAGO: De qualquer maneira, eu percebo que você faz isso com muito empenho. Obrigado por essa disposição em querer encontrar os verdadeiros assassinos da Amanda.
ISADORA: Faço isso porque pessoas como você, Tiago, merecem saber da verdade. É visível o quanto você amava a Amanda. Não é justo que você termine essa história sem saber da verdade.
TIAGO: A senhora sempre gentil.
ISADORA: Senhora não, por favor. Assim, me sinto até velha demais. Eu fico feliz em saber que você está aprovando o meu trabalho. Pode ter certeza que eu encontrarei os responsáveis pela morte da Amanda. Eu juro, Tiago.
(Tiago se aproxima de Isadora)
TIAGO: Delegada Isadora, eu espero que você não interprete isto como um desacato, mas eu acho que vou te beijar.
(Tiago beija Isadora)
(Congela em Tiago e Isadora, aos beijos. Toca Young And Beautiful – Lana Del Rey)
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