Cena 1/ Galpão/ Interno/ Noite
SOLANO: Matar? Luana, você sabe que eu não gosto de resolver os problemas usando a morte como principal solução.
LUANA: Você já foi menos frouxo, Solano. A morte da Isadora é necessária. Só assim, nós nos livraremos dela definitivamente. E você vai me ajudar nisso.
SOLANO: O que nós vamos fazer?
LUANA: A partir de amanhã, nós iremos seguir todos os passos daquela desgraçada maldita. No momento mais oportuno, nós...
(A conversa segue fora de áudio)
Cena 2/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Noite
(Vera está sentada em uma poltrona, com os olhos marejados. Mirna entra, segurando uma bandeja que contém um copo de água com açúcar. Ela põe a bandeja em cima do criado mudo e entrega o copo para Vera)
MIRNA: A senhora está se sentindo melhor?
VERA: Estou com tanto medo, Mirna. Medo de que esse nódulo seja realmente um câncer.
MIRNA: Acalme-se, dona Vera. Não sofra por antecipação. A senhora fez a biópsia e segundo sua médica, o resultado sai só amanhã. Pense positivo. Eu tenho certeza que esse carocinho não é nada demais.
VERA: Você está dizendo isso só para me agradar.
MIRNA: Não, dona Vera. Estou dizendo isso porque eu acredito que a senhora não tem nada.
VERA: Mirna, você promete que não me abandonará, caso seja comprovado que esse nódulo seja um câncer?
MIRNA: Nunca irei abandoná-la, dona Vera. Estou aqui para ajudá-la no que for preciso.
VERA: Você é mais do que uma governanta. É uma verdadeira amiga.
(Vera abraça Mirna)
Cena 3/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Noite
TIAGO: Você é ainda apaixonado pela Lara?
CELSO: Sou. Eu nunca superei esse fato de eu e ela sermos irmãos. Nós vivemos momentos tão lindos, Tiago.
TIAGO: A vida adora pregar umas peças na gente, não é mesmo?
CELSO: Você está falando isso por causa do seu relacionamento com a Isadora?
TIAGO: Sim. Ela não viajou para São Paulo.
CELSO: Como não?
TIAGO: Disse que ainda tinha assuntos para tratar na cidade. E um desses assuntos, me incluía.
CELSO: Ela te ama, Tiago. Por que você não sai fora desse casamento e vai viver um romance com ela?
TIAGO: Eu já dei inicio ao processo de divórcio, mas as papeladas estão demorando a sair e eu não sei por que. Sem falar que a Isadora deu uma surra humilhante na Luana na frente da cidade inteira.
CELSO: Isso acontece, Tiago.
TIAGO: Mas eu não sabia que a Isadora era tão violenta ao ponto de fazer o que fez com a Luana. Quando eu vi aquela surra, eu senti que não conhecia de fato a Isadora.
CELSO: A Isadora é um ser humano, como nós dois, Tiago. Ela está passível de erros e acertos. E quer saber o que eu acho? A Isadora sempre foi muito ética ao trabalho que ela exercia. Para ela ter dado uma surra daquelas na Luana, a sua esposa deve ter dado motivos. E tem outra coisa, eu sei que você ama a Isadora. Não pode desperdiçar esse amor por uma coisa que você nem sabe explicar direito como aconteceu.
TIAGO: Você acha que eu devo lutar pela Isadora?
CELSO: Eu não acho, eu tenho certeza.
TIAGO: Você tem razão, Celso.
Cena 4/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Royals – Lorde)
Cena 5/ Supermercado/ Interno/ Dia
(Alexandre está caminhando por uma fileira, quando se depara com Luana)
ALEXANDRE: Luana?
LUANA: O que você quer comigo, Alexandre? Se você está pensando em me socar...
ALEXANDRE: Deixa de ser ridícula. Eu não farei isso, apesar de que a vontade é enorme. Só te aviso uma coisa. Você vai pagar por ter me acusado pela morte da Amanda.
LUANA: Isso é uma ameaça?
ALEXANDRE: É. É mais do que uma ameaça, acredite.
LUANA: Ui, que medinha.
(Luana sai)
Cena 6/ Carro de Solano/ Interno/ Dia
(Carro parado. Solano está no banco do motorista. Luana entra)
LUANA: Eu perdi a Isadora de vista no supermercado. Acabei me deparando com o Alexandre e ele me atrapalhou, como sempre.
SOLANO: E agora?
LUANA: Vamos ficar de tocaia na pousada.
(O carro parte)
Cena 7/ Hospital/ Sala da médica/ Interno/ Dia
(Vera e a médica estão sentadas frente a frente. A médica segura em suas mãos o exame da biópsia de Vera)
VERA: E então, doutora? O que deu a biópsia?
MÉDICA: Eu ainda não abri o exame, Vera. Estava esperando você entrar, para fazermos isso juntas.
VERA: Seja o que Deus quiser.
(A médica abre o exame da biópsia e lê com os olhos o resultado)
VERA: E então?
MÉDICA: Eu sinto muito, Vera. O nódulo encontrado no seu seio é um tumor. Um tumor maligno, mais especificamente.
VERA: Câncer?
MÉDICA: Isso mesmo. Precisamos retirar esse tumor o mais rápido possível do seu seio, antes que seja tarde demais.
(Vera não se contém e começa a chorar)
Cena 8/ Mansão Amorim/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Vitor está sentado. Mirna entra)
MIRNA: Já tomou café, Vitor?
VITOR: Ainda não. Estou esperando uma visita muito importante. Não tenho tempo para tomar café da manhã.
MIRNA: E a Cíntia?
VITOR: Você não soube, Mirna? A Cíntia saiu de casa. Eu me separei dela.
MIRNA: Mas como isso foi acontecer?
VITOR: Não é da sua conta.
MIRNA: Você voltou dessa viagem bastante diferente, Vitor. Agora está ignorante, arrogante, se sentindo superior a todos. Oxford fez muito mal a você. Nem com a sua mãe você se preocupa mais.
VITOR: Eu estou no meio de uma guerra judicial, Mirna. Você acha isso pouco?
MIRNA: Eu só acho que você deveria saber que...
(A campainha toca. Vitor levanta-se e atende)
VITOR: Doutor Ferreira. Entre, por favor.
(Ferreira entra e Vitor fecha a porta)
VITOR: Mirna, por favor, você poderia nos dar licença?
MIRNA: Com licença.
(Mirna sai)
VITOR: Então, doutor Ferreira? O senhor trouxe o que eu pedi?
(Ferreira pega uma embalagem pequena da sua maleta e entrega-a para Vitor, que abre o pacote e pega a microcâmera que está dentro)
VITOR: A microcâmera.
FERREIRA: Você já sabe como vai instalar essa microcâmera no quarto da Luiza?
VITOR: Acabou de me passar uma idéia na cabeça que pode dar certo. Obrigado pela microcâmera, doutor Ferreira. Esse aparelho vai me ajudar e muito a ganhar a guarda do Marquinhos.
Cena 9/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Luiza, Felipe e uma assistente social, chamada Camila, estão no local)
CAMILA: Eu sou a assistente social Camila Soares. Fui enviada para analisar as condições financeiras, sociais e ambientais que vocês criam o garoto Marcos Bertolin Couto.
FELIPE: Pode ficar a vontade.
CAMILA: Vocês poderiam me apresentar todos os cômodos da casa?
LUIZA: Claro.
(Os três passam pela sala de jantar e caminham em direção à cozinha)
Cena 10/ Hospital/ Quarto de Caio/ Interno/ Dia
(Caio deitado. Marta entra)
MARTA: Bom dia.
CAIO: Olá, Marta.
MARTA: Está melhor?
CAIO: Creio que sim. Pena que o médico ainda não veio me dar uma previsão de alta.
MARTA: Confesso que não agüento mais vir para esse hospital.
CAIO: Você não é obrigada a me visitar todos os dias, Marta.
MARTA: Faço isso porque você é o meu marido.
CAIO: Deixa de ser falsa. Quando eu sofri aquele infarto, você queria me jogar fora daquela mansão por meio da janela, que eu sei.
MARTA: Claro. Eu estava furiosa com você naquele momento. Eu tinha acabado de descobrir que eu era corna pela segunda vez. O que me consola é o fato de você não ter engravidado a Ludmila. Aí, eu não precisaria aturar mais um bastardo na minha vida. Quer dizer, a Lara é bastarda até que se prove o contrário.
CAIO: Sabia que, no final das contas, você iria acabar mencionando a Lara. Se você veio aqui para dizer que eu devo fazer um teste de DNA...
MARTA: Faça esse teste, Caio. Eu te imploro.
CAIO: Eu já disse que não, Marta.
MARTA: Por favor, faça. Eu juro que deixarei de implicar com a Lara, independentemente do resultado desse teste.
CAIO: Você está falando sério?
MARTA: Estou.
CAIO: Tudo bem. Eu farei esse exame de DNA, só para esfregar na sua cara que eu estive certo esse tempo inteiro. Eu sou pai da Lara e é isso que esse teste vai provar.
Cena 11/ Mansão Amorim/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Vera e Mirna sentadas e abraçadas em um dos sofás. Vera está chorando)
VERA: Câncer, Mirna. Estou com câncer na mama.
MIRNA: Acalme-se, dona Vera. Eu irei pegar um copo de água com açúcar para a senhora.
VERA: Eu não quero água com açúcar, Mirna. Eu quero a companhia de alguém, de uma amiga. Você já chegou a comentar o meu estado de saúde com o Vitor ou com o Solano?
MIRNA: Ainda não.
VERA: Algum deles está em casa?
MIRNA: Não. O Solano saiu antes de a senhora ir ao médico e nunca voltou. Já o Vitor, saiu minutos antes da senhora chegar.
VERA: Que bom. Eu não quero que eles me vejam nesse estado. E eu preciso tomar coragem para falar sobre a minha doença para eles. Estou com tanto medo das reações dele. Se o Solano decidir me abandonar por causa desse maldito câncer? Eu o amo tanto.
MIRNA: Se ele fizer isso, é porque ele nunca a amou, dona Vera. A senhora já marcou a cirurgia para retirar o tumor?
VERA: Sim. E a médica me disse que essa operação também será muito importante para verificar se houve metástase.
MIRNA: Metástase?
VERA: Sim. É quando o câncer se espalha para outras partes do corpo.
MIRNA: E essa metástase é boa?
VERA: Claro que não, Mirna. O melhor é que o câncer fique isolado no local onde ele se originou.
MIRNA: Desculpe minha ignorância em relação a isso, dona Vera.
VERA: Tudo bem, Mirna. Ai, me abraça novamente.
MIRNA: Claro.
(As duas se abraçam. Olhos de Vera lacrimejando)
Cena 12/ Carro de Solano/ Interno/ Dia
(Carro parado e estacionado na frente da pousada onde Isadora está hospedada. Luana está sozinha no veículo e sentada no banco do passageiro. Solano entra)
SOLANO: Pronto. Eu fiz algumas modificações no carro da Isadora.
LUANA: Ótimo. Eu espero que isso nos ajude.
SOLANO: O que houve? Você está pálida. Quando eu tinha saído do carro, você não estava assim.
LUANA: Eu recebi uma ligação do delegado Andrade. Ele disse que daqui a dois dias, receberá o resultado do meu exame de corpo e delito. Solano, você realmente falsificou o exame?
(Solano tenta disfarçar a preocupação)
SOLANO: Errr... Claro que falsifiquei, Luana. Alguma vez eu te deixei na mão? Ainda bem que ninguém me pegou.
LUANA: E como você fez isso?
SOLANO: Eu me inspirei em você. Eu provoquei algumas escoriações no meu corpo e, depois, fui direto ao IML, fazer uma denúncia de agressão. Na hora, eles decidiram fazer o exame de corpo e delito em mim.
LUANA: Estranho. Eu não vi nenhuma escoriação no seu corpo quando transamos ontem no galpão.
SOLANO: Elas já sumiram.
LUANA: Bom, de qualquer forma, eu confio na sua palavra.
(Ao longe, o casal vê Isadora sair da pousada e entrar no carro. O carro dela parte)
LUANA: Ela já está indo. Vamos segui-la. Mete o pé no acelerador, Solano.
(Solano liga o carro e ele parte)
Cena 13/ Floricultura/ Interno/ Dia
(Tiago está em pé, próximo a algumas flores. A floricultura, que está com um buquê de rosas na mão, se aproxima dele e o entrega o arranjo)
FLORICULTURA: Aqui está o buquê. Vai dar para a namorada?
TIAGO: Sim.
FLORICULTURA: E como a sortuda se chama?
TIAGO: Isadora.
Cena 14/ Rua/ Dia
(O carro de Isadora entra na rua e, de repente, o veículo para. Isadora sai do carro e abre o capô.)
LUANA: Será que meu carro pifou?
(Discretamente, Luana, segurando uma barra de ferro em uma das mãos, aparece atrás de Isadora. Com a barra de ferro, Luana atinge Isadora, que cai, desacordada, no chão. Solano se aproxima das duas e ajuda Luana a carregar Isadora até o carro deles. Luana e Solano põe Isadora no banco de trás do veículo)
LUANA: Você dirige. Eu fico com a Isadora aqui no banco traseiro.
SOLANO: Certo.
(Solano e Luana entram. O carro parte)
Cena 15/ Carro de Solano/ Interno/ Dia
(A CAM passa lentamente pelo rosto de Isadora, que está desacordada. Após, o rosto de Luana é mostrado, e, em seguida, a face de Solano. O rapaz dá um sorriso vencedor para a vilã, que revida. Luana olha fixamente para Isadora)
(Congela em Isadora, desacordada. Toca I Don’t Want To Be – Gavin DeGraw)
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