quinta-feira, 13 de março de 2014
Fixação - Capítulo 74
Cena 1/ Penitenciária feminina/ Sala de visitas/ Interno/ Dia
TIAGO: Será que podemos conversar?
LUANA: Não sabia que ainda tínhamos assuntos a tratar. Veio terminar a surra que você começou?
TIAGO: Eu quero conversar civilizadamente.
LUANA: E quem disse que eu não quero? Você que foi troglodita comigo, partindo para cima de mim com essas duas mãos pesadas. Eu poderia ter morrido por levar tanto tapa, sabia?
TIAGO: Você queria que eu agisse como, Luana? Eu tinha acabado de descobrir que você só esteve comigo para colocar um golpe em prática, que você vitimou pessoas, que você enganou diversas pessoas, que você matou a Amanda. Você fez tudo isso, mas ficou mantendo uma pose que não era sua, usando uma máscara para esconder a sua verdadeira face.
LUANA: Otário. A verdade é que você, Tiago, é um verdadeiro otário. Você viveu uma vida ao meu lado por meses e sempre acreditou nas minhas palavras, nas minhas mentiras, nos meus argumentos, sem questionar, duvidar ou ao menos discordar. Você baixava a cabeça para tudo o que eu falava, dizendo um sim como resposta. Você nunca foi capaz de se perguntar se havia segundas intenções por trás das minhas atitudes. Deve ter sido por isso que foi fácil matar a Amanda. Ela só vivia cercada por pessoas tolas, bobas, idiotas, otárias. Pessoas como você e a Vera.
TIAGO: Isso não é verdade.
LUANA: Como não? Vai negar a sua burrice, Tiago? Você descobriu que eu tinha me agredido para colocar a culpa na Isadora, descobriu que eu estava subornando seu advogado e o que você fez? Nada. Você permitiu que eu continuasse na mansão e usufruísse seu dinheiro. Você só foi capaz de tomar uma atitude radical, quando me flagrou tentando matar a Vera. E, mesmo assim, você foi incapaz de chamar a polícia ou me denunciar por tentativa de homicídio.
TIAGO: Luana, tudo o que aconteceu era uma mentira?
LUANA: Tudo. Você se lembra daquela época que eu disse que estava grávida? Eu nunca estive grávida, Tiago. Foi uma mentira, assim como aquela que eu disse que você abusou de mim. Outra mentira lavada que você acreditou. Tudo fez parte do meu plano. Tudo.
TIAGO: E você se orgulha disso?
LUANA: Não. Só não me orgulho, porque infelizmente eu não atingi o meu objetivo. É uma pena.
TIAGO: Você é triste, Luana. Eu espero que você apodreça na cadeia. Eu vou me assegurar de que você não saia daqui nunca mais. Você vai pagar por todos os crimes que cometeu. Pode apostar que vai.
(Tiago sai)
Cena 2/ Mansão Bertolin/ Quarto de Celso/ Interno/ Dia
(Batidas na porta. Lara entra)
LARA: Posso entrar?
CELSO: Fique à vontade
(Lara entra e fecha a porta)
LARA: Percebi que você anda me evitando esses últimos dias.
CELSO: Impressão sua.
LARA: Verdade? Tem alguma coisa a ver com o resultado do teste de DNA, Celso?
CELSO: Tem tudo a ver, Lara. Eu ainda não me conformei com o fato de você ser filha do meu pai, de sermos irmãos.
LARA: Eu ainda estou me acostumando com essa idéia.
CELSO: Eu não vou me acostumar nunca.
LARA: Nunca?
CELSO: Nunca. E sabe por quê? Porque eu ainda te amo, Lara.
(Celso beija Lara.)
Cena 3/ Mansão Amorim/ Sala de estar/ Interno/ Dia
LUIZA: Você não acha que o Vitor está demorando muito para descer?
CAMILA: Acalme-se, Luiza. A sua ansiosidade está fazendo com que o tempo passe devagar.
(Mirna desce a escada)
MIRNA: O Vitor vai levar um tempo para descer. Ele acabou de acordar.
LUIZA: Mas são dez horas da manhã. Isso não é hora de um pai decente acordar. Onde ele está, Mirna?
MIRNA: No quarto dele.
LUIZA: Então é para lá que eu vou.
(Luiza e Camila sobem a escada)
Cena 4/ Mansão Amorim/ Quarto de Vitor/ Interno/ Dia
(Luiza e Camila entram e se deparam com Vitor deitado no chão e, Vera ao lado dele, com Marquinhos no colo)
LUIZA: Mas o que é isso?
VITOR: Luiza?
LUIZA: Até quanto tempo eu tinha que esperar lá embaixo para você poder me atender, Vitor?
VITOR: O tempo que eu quiser. A casa é minha.
LUIZA: Isso é cheiro de cerveja, Vitor? Você bebeu, seu canalha.
(Luiza dá um tapa em Vitor)
LUIZA: Você acha que pode cuidar de um bebê assim, bêbado? Deixa eu segurar o meu filho, dona Vera.
VITOR: Não dá o Marquinhos para ela, mãe.
LUIZA: Cala a boca, seu delinqüente.
(Vera entrega Marquinhos para Luiza, que se emociona ao segurar o filho)
LUIZA: Meu filho. Como eu sinto saudade de você.
VITOR: Pelo menos, você teve a decência de não trazer o Vitor.
LUIZA: Mas trouxe a assistente social Camila, que, com certeza, não está nada satisfeita com o seu comportamento, Vitor.
CAMILA: Luiza, veja esses carocinhos no Marquinhos.
LUIZA: Por que meu filho está todo picado desse jeito, Vitor? Você jogou um enxame de mosquitos nele?
VITOR: Óbvio que não.
LUIZA: Eu não vou permitir que o meu filho viva nessas condições deploráveis. Ele volta para a mansão comigo.
VERA: Você não pode fazer isso, Luiza.
VITOR: O juiz determinou que o Marquinhos ficasse comigo.
LUIZA: Se as coisas continuarem do jeito que estão, o Vitor vai matar o Marquinhos com essa irresponsabilidade que ele carrega.
CAMILA: Eu sei que dói para você ter que ver tudo isso, Luiza, mas você não pode levar o bebê.
LUIZA: Camila, você tem que fazer alguma coisa. O marquinhos não pode continuar sofrendo desse jeito.
(Vitor levanta-se)
VITOR: Dá meu filho para mim.
LUIZA: Para você derrubá-lo no chão, Vitor? Você mal se segura em pé.
VITOR: Então, dê o Marquinhos para minha mãe, mas você não sai dessa casa com ele no colo.
CAMILA: Dê o bebê para a Vera, Luiza.
(Luiza dá Marquinhos para Vera)
LUIZA: Mas isso não vai ficar assim. O juiz vai ficar sabendo disso. Eu vou recuperar o meu filho.
(Luiza e Camila saem)
DIAS DEPOIS
Cena 5/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Toca a campainha e Francisca atende)
FRANCISCA: Com quem deseja falar?
LUDMILA: Com a dona da casa, por favor.
(Marta desce a escada)
MARTA: Ludmila? A que honra eu devo sua visita?
(Marta encara Ludmila)
Cena 6/ Casa de Salete/ Sala/ Interno/ Dia
(Batidas na porta. Salete atende)
SALETE: Filho. Que saudade de você.
(Salete abraça Felipe)
SALETE: Já faz um tempo que não me vem fazer uma visita.
FELIPE: Eu sei, mãe, desculpe. Minha vida anda muito complicada ultimamente.
SALETE: Já soube do que houve. Como está a Luiza?
FELIPE: Ela ainda não se conforma com o fato do juiz ter dado a guarda provisória para o Vitor. Nem eu me conformo. O importante é que haverá uma segunda sessão judicial em breve, e eu e Luiza estamos correndo contra o tempo para provar que aquele vídeo é armação do Vitor.
SALETE: E vocês vão conseguir.
FELIPE: Além de te ver, eu vim fazer outra coisa aqui, mãe.
SALETE: O quê?
FELIPE: Pedir sua ajuda. Eu preciso que a senhora deponha contra o Vitor nessa segunda sessão judicial. Que a senhora relate ao juiz como era o comportamento do Vitor na época do ensino médio.
SALETE: Se for para ajudar você e a Luiza, pode deixar que eu deponho sim.
FELIPE: Eu te amo tanto, mãe.
SALETE: Eu também, filho.
(Salete e Felipe se abraçam)
SALETE: Vai querer um café? Está quentinho.
FELIPE: Não posso. No caminho para cá, eu recebi uma ligação do delegado Andrade. Ele quer me ver.
SALETE: Algo grave?
FELIPE: Espero que não.
Cena 7/ Delegacia/ Sala de Andrade/ Interno/ Dia
(Felipe e Luiza, sentados, lado a lado. Andrade sentado de frente para eles)
FELIPE: E então, delegado? Algum problema?
ANDRADE: Chamei vocês dois apenas para avisar que o vídeo intimo de vocês já foi removido da internet.
LUIZA: Graças a Deus.
(Luiza e Felipe se abraçam)
Cena 8/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
MARTA: Você poderia me deixar a sós com a Ludmila, Francisca?
FRANCISCA: Sim senhora. Dona Marta, eu só queria pedir permissão para dar uma saída mais tarde.
MARTA: Se seus afazeres já tiverem terminados, você pode sair, sim.
FRANCISCA: Com licença.
(Francisca sai)
MARTA: A que devo o prazer da sua visita, Ludmila?
LUDMILA: Eu estou passando por dificuldades, Marta.
MARTA: E o que eu tenho a ver com isso?
LUDMILA: Porque tudo o que está acontecendo comigo é culpa sua.
MARTA: Culpa minha?
LUDMILA: Desde quando eu fui demitida do...
MARTA: Demitida? Mas você não foi afastada do cargo de faxineira?
LUDMILA: Inicialmente, eu fui afastada. Mas houve um dia em que eu voltei ao hospital para cobrar explicações e o diretor se irritou comigo e me demitiu. O que importa é que desde esse dia, eu não engato emprego nenhum nessa cidade e eu tenho certeza que por trás disso, tem dedo seu.
MARTA: E tem mesmo. Você acha que algum empresário decente vai empregar uma pessoa que não teve respeito e ética com o próprio emprego e falsificou um exame de DNA?
LUDMILA: Mas eu preciso trabalhar, Marta, para ganhar algum dinheiro. Daqui a pouco, eu não terei grana nem para comprar o pão da padaria da esquina.
MARTA: Pensasse nisso antes de se meter comigo. Mas eu estou disposta a te ajudar, Ludmila. Mas você terá que me ajudar também.
LUDMILA: O que você quer dizer com isso?
MARTA: Você conta para o Caio que falsificou o teste de DNA e eu arrumo um emprego para você. O que você prefere?
LUDMILA: Eu posso pensar?
MARTA: Não. Quero a resposta agora.
LUDMILA: Tudo bem, eu conto. Mas pode ser amanhã? Eu preciso me preparar para contar do jeito certo.
MARTA: Amanhã sem falta.
(Ludmila sai)
Cena 9/ Penitenciária feminina/ Cela de Luana/ Interno/ Dia
(Uma carcereira aparece na frente da cela de Luana, na qual ela divide com mais três detentas)
CARCEREIRA: Comida. Comida.
(A carcereira entrega as quentinhas para as detentas e sai. Luana se recosta em um canto, abre sua quentinha e põe uma colherada na boca)
LUANA: Eu não agüento mais comer essa lavagem.
(Luana joga a quentinha longe, que acaba atingido Berenice, outra detenta)
BERENICE: Você está louca? Olha o que você fez, sua imprestável.
LUANA: Pensa que está falando com quem, vagabunda?
BERENICE: Você está doida para levar uns socos nessa cara de pau, não é?
LUANA: Vem, baranga, vem.
(Berenice dá um tapa em Luana, que revida. As duas se atracam no chão e as outras detentas a separam)
BERENICE: Dentro dessa cela, você não se cria, ouviu bem? Eu vou acabar com você.
LUANA: Antes disso, eu acabo com a tua vida.
(Luana e Berenice se encaram)
Cena 10/ Pousada/ Quarto de Ludmila/ Interno/ Dia
(Ludmila entra e se posiciona na frente de um espelho, olhando fixamente para o seu reflexo)
(INÍCIO DE FLASHBACK - Cena 8 do presente capítulo)
LUDMILA: Mas eu preciso trabalhar, Marta, para ganhar algum dinheiro. Daqui a pouco, eu não terei grana nem para comprar o pão da padaria da esquina.
MARTA: Pensasse nisso antes de se meter comigo. Mas eu estou disposta a te ajudar, Ludmila. Mas você terá que me ajudar também.
LUDMILA: O que você quer dizer com isso?
MARTA: Você conta para o Caio que falsificou o teste de DNA e eu arrumo um emprego para você. O que você prefere?
(FIM DE FLASHBACK)
LUDMILA: Ainda bem que eu tenho um dinheiro guardado na poupança. Se a Marta acha que eu vou confessar que falsifiquei aquele exame de DNA para o Caio, ela está muito enganada. Eu vou fugir de Dourados antes que ela possa imaginar.
(Ludmila dá um sorriso sarcástico)
Cena 11/ Sorveteria/ Interno/ Dia
(Luiza e Felipe sentados frente a frente)
LUIZA: Você precisava ver como ele estava, Felipe. O Marquinhos estava cheio de caroços, por conta das picadas dos insetos. O traste do Vitor passou a noite fora e deixou nosso filho sozinho naquele quarto sem ventilação. Ainda bem que eu levei a assistente social.
FELIPE: Nós vamos recuperar o nosso filho, Luiza.
LUIZA: Amo quando você se refere ao Marquinhos como seu filho.
FELIPE: Mas ele é, Luiza. Ele é e sempre será. Nós vamos conseguir provar que aquele vídeo é armação do Vitor, que ele não foi publicado por mim, que nós não somos um casal de pervertidos. Confia em mim.
LUIZA: Eu confio, meu amor.
(Luiza vê Francisca e Vitor entrarem no local e sentarem uma mesa)
LUIZA: Eu não estou acreditando no que eu estou vendo.
FELIPE: Do que você está falando?
LUIZA: Olha para trás.
(Felipe vê Francisca e Vitor sentados e conversando)
LUIZA: Foi a Francisca quem ajudou o Vitor a filmar nossa relação sexual. Foi ela.
FELIPE: Calma, Luiza.
(Luiza levanta-se e se aproxima da mesa de Vitor e Francisca)
LUIZA: Francisca? Vitor?
FRANCISCA: Dona Luiza?
LUIZA: Eu não sabia que vocês se conheciam.
(Luiza encara Francisca e Vitor)
Cena 12/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Tiago e Isadora estão sentados lado a lado)
TIAGO: Quando você vai trazer suas coisas para a mansão, Isadora?
ISADORA: Tiago, eu tenho que ser bem sincera com você.
TIAGO: Aconteceu alguma coisa?
ISADORA: Mesmo continuando afastada do cargo de delegada, o que me coube já foi cumprido. A Luana e o Solano estão na cadeia.
TIAGO: E?
ISADORA: E que, em breve, eu terei que voltar para São Paulo. Eu tenho uma vida lá também.
TIAGO: Você vai me deixar, Isadora? E o nosso romance, o nosso amor?
ISADORA: Por que você não vem passar um tempo comigo em São Paulo?
Cena 13/ Pousada/ Quarto de Maura e Alexandre/ Interno/ Dia
(Maura está sentada, lendo um livro. Alexandre passa por ela e se direciona a porta)
MAURA: Vai sair, Alexandre?
ALEXANDRE: Sim.
MAURA: Vai para onde?
ALEXANDRE: Vou dar inicio ao meu plano de vingança.
(Alexandre sai)
Cena 14/ Penitenciária feminina/ Sala de visita/ Interno/ Dia
(Luana entra e vê Alexandre sentado. Ela senta-se, ficando frente a frente com ele)
LUANA: Veio debochar da minha cara, assim como eu fiz com você?
ALEXANDRE: Não, Luana.
LUANA: Veio passar recado?
ALEXANDRE: Também não.
LUANA: Então, o que você veio fazer aqui?
ALEXANDRE: Ver você.
LUANA: Isso só pode ser uma piada.
ALEXANDRE: Saber como você está se saindo nas suas primeiras semanas de presidiária.
LUANA: Alexandre, por mais que eu aprecie a sua companhia, eu tenho mais o que fazer.
ALEXANDRE: Aqui na prisão?
LUANA: Fala logo o que você quer.
ALEXANDRE: Tudo bem. Como eu disse anteriormente, eu vim te ver, saber como você está lidando com esse novo ambiente.
LUANA: E para quê você veio fazer isso?
ALEXANDRE: Porque eu tenho uma proposta para te fazer, Luana.
LUANA: Proposta?
ALEXANDRE: Luana, eu sei o que é viver em um presídio. Isso aqui é pior do que um Inferno.
LUANA: Você tem razão. Viver nesse lugar é a pior coisa do mundo.
ALEXANDRE: Eu estou disposto a te tirar daqui.
LUANA: O quê?
ALEXANDRE: Mas óbvio que tem uma condição.
LUANA: Eu acho que não entendi direito. Você está me oferecendo um plano de fuga em troca de um favor?
ALEXANDRE: Exatamente.
LUANA: Você acha que eu sou idiota, Alexandre? Que eu vou cair nessa história para boi dormir? Eu te enfiei em uma penitenciária, eu armei para que você fosse preso. E de repente você me aparece querendo me ajudar?
ALEXANDRE: Confesso que isso é estranho, mas eu preciso de você aqui fora, Luana. Eu te tiro da cadeia, mas você terá que limpar o meu filme perante a família Bertolin. Você terá que me ajudar a reconquistar a amizade do Tiago.
LUANA: isso é ridículo.
ALEXANDRE: Não. Isso é uma proposta. O que você me diz? Vai aceitar ou vai recusar?
(Congela em Luana. Toca Silhouettes – Avicii)
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