segunda-feira, 17 de março de 2014

Fixação - Capítulo 76



Cena 1/ Cais/ Interno/ Dia
(Luana e Alexandre entram)
ALEXANDRE: Chegamos. É aqui onde você ficará escondida.
LUANA: No cais?
ALEXANDRE: Qual o problema? Saiba que a Isadora estava malocada aqui quando você pensava que ela estava morta.
LUANA: E quanto aos mantimentos? Comidas, bebidas...
ALEXANDRE: Não se preocupe. Eu providenciarei tudo, inclusive um colchão, para você não dormir nesse chão duro.
LUANA: Menos mal.
(Luana faz um giro de 360 graus, analisando o local. De repente, ela se volta para Alexandre, apontando uma faca para ele)
ALEXANDRE: Mas o que é isso? Vai me matar? Pensei que tínhamos um acordo.
LUANA: Não se preocupe, Alexandre. Eu vou cumprir com a minha palavra. A única coisa que eu quero é um novo combinado, com novas condições.
ALEXANDRE: Como assim?
LUANA: Eu só vou te ajudar a recuperar a amizade do Tiago, se você me ajudar a destruir a Isadora.
ALEXANDRE: O quê?
LUANA: E se você não aceitar esse meu acordo, eu te mato com essa faca. O que você prefere?
ALEXANDRE: Luana, eu entendo que...
LUANA: Aceita ou não?
ALEXANDRE: Tudo bem, eu aceito. Eu vou te ajudar a acabar com a Isadora, mas você vai ter que limpar a minha imagem perante a família Bertolin.
LUANA: Fique tranqüilo. Eu vou.
(Luana põe a faca no bolso e dá um sorriso sarcástico para Alexandre)

Cena 2/ Rua/ Dia
FELIPE (frente a frente com Francisca): Você está assim, por quê? O Vitor te negou ajuda ou você não teve coragem de pedir auxílio para ele?
FRANCISCA: Eu pedi, mas ele negou.
FELIPE: Você achou mesmo que tinha total apoio dele, Francisca? Ele te usou para atingir os objetivos dele. Você foi apenas uma peça manipulada no tabuleiro que ele costuma jogar.
FRANCISCA: Se eu soubesse que ele iria me menosprezar quando eu precisasse de ajuda, não teria o ajudado. Teria recusado a proposta dele. Eu estou bastante arrependida, seu Felipe.
FELIPE: Mas o que você fez é um erro que ainda dá tempo de consertar.
FRANCISCA: Como assim?
FELIPE: Eu tenho uma proposta para te fazer, Francisca. O que você acha de contar para o juiz que o vídeo foi uma armação do Vitor, que foi ele quem divulgou a filmagem na Internet e que você o ajudou nisso tudo?
FRANCISCA: E o que eu ganho em troca?
FELIPE: O emprego que você tinha na mansão de volta. E então? O que acha?

Cena 3/ Penitenciária masculina/ Frente/ Externo/ Dia
(Rua erma. Um carro da polícia. Andrade e Isadora encostados no carro. Do presídio, sai Solano. Isadora e Andrade se aproximam dele)
ANDRADE: Eu não disse que as chances de você responder o processo em liberdade eram grandes?
SOLANO: Fico aliviado por terem cumprido a promessa de protegerem.
ISADORA: Solano, é importante que você saiba que, no seu julgamento, o juiz não te absolverá. Afinal, você cometeu crimes graves.
SOLANO: Eu já estou ciente disso, delegada Isadora. Só espero que o juiz dê uma sentença razoável para mim, com poucos anos na prisão.
ANDRADE: Vamos?
ISADORA: Onde você vai ficar, Solano?
SOLANO: Na casa da Raimunda.
(Os três entram no carro da polícia)

Cena 4/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Tiago sentado em um dos sofás, lendo um livro. Isadora chega.)
TIAGO: Onde estava? Eu acordei e estranhei não te ver ao meu lado na cama.
ISADORA: Fui acompanhar a liberação do Solano da cadeia.
TIAGO: Não acredito que ele vai responder o processo em liberdade.
ISADORA: Tiago, o Solano contribuiu para que a Luana fosse desmascarada e presa, e para que isso acontecesse, eu tinha que dar uma garantia para ele.
(A campainha toca. Tiago atende)
TIAGO: Doutor Santana? Entre, por favor.
(Santana entra e Tiago fecha a porta)
TIAGO: Veio falar comigo ou com a Luiza?
SANTANA: Hoje, meus assuntos são com você, Tiago. Trouxe duas notícias, uma boa e outra ruim. Por qual você quer que eu comece primeiro?
TIAGO: Pela boa.
SANTANA: A Luana assinou as papeladas do divórcio. Agora, você é um homem oficialmente separado, Tiago.
TIAGO: Graças a Deus.
(Tiago abraça Isadora)
ISADORA: E a outra notícia, doutor?
SANTANA: Eu fui informado que a Luana fugiu da cadeia hoje cedo.
ISADORA e TIAGO: O quê?

Cena 5/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta e Caio/ Interno/ Dia
(Marta e Caio deitados lado a lado na cama. O telefone dela, que está em cima do criado mudo ao lado, toca. Marta levanta-se e atende)
MARTA: Alô?
...
MARTA: Ótimo. Já estou indo para aí.
(Marta desliga a chamada)
CAIO: Quem era?
MARTA: Em breve, você saberá.
(Marta pega sua bolsa – em cima do criado mudo - e sai)

Cena 6/ Hospital/ Sala da médica/ Interno/ DIa
(A médica e Vera sentadas frente a frente)
MÉDICA: Só tenho boas notícias para você, Vera. Esse novo exame comprova que você está completamente curada do câncer.
VERA: Ah, que bom, doutora. Pena que para isso eu tive que pagar um preço altíssimo.
MÉDICA: Você está falando do valor da cirurgia?
VERA: Não. Eu serei sincera com a senhora, doutora. Eu não estou bem, não estou mais me enxergando como uma mulher completa desde que meu seio esquerdo foi retirado. É difícil eu ter que ficar nua na frente do espelho e perceber que tem algo faltando no meu corpo. Um seio.
MÉDICA: Vera, muitas mulheres tendem a ter essa dificuldade de se aceitar novamente depois que passam por uma cirurgia que necessita a retirada do seio. Mas eu acho que tenho uma solução para você.
VERA: Que solução?
MÉDICA: Por que você não tenta uma prótese.
VERA: Prótese?
MÉDICA: Isso. Pode ajudar a levantar sua autoestima.
VERA: Não sei se uma prótese vai adiantar, doutora. Não vai ser a mesma coisa, sabe? Eu prometo que pensarei na sugestão com carinho.
MÉDICA: Qualquer dúvida, pode vim me procurar, Vera.
VERA: Obrigada, doutora.
(Vera levanta-se e sai)

Cena 7/ Cabana/ Interno/ Dia
(Marta entra e vê Ludmila sentada e amarrada a uma cadeira. Um homem se encontra em pé, posicionado ao lado de Ludmila.)
MARTA: Ludmila.
LUDMILA: Eu quero sair daqui, Marta.
MARTA: Bom trabalho, detetive Assis.
ASSIS: Precisando é só chamar, dona Marta. Com licença.
(Assis sai)
MARTA: Onde foi que o Assis te encontrou?
LUDMILA: Eu não acredito que você mandou um detetive atrás de mim.
MARTA: Mandei e mandaria de novo, se fosse necessário.
LUDMILA: Não vá me dizer que isso tudo tem a ver com a história do exame de DNA do Caio e da Lara que eu falsifiquei?
MARTA: Claro que sim. O Caio precisa saber da verdade, saber que ele não é pai da Lara.
LUDMILA: E por que você mesma não conta? Por que precisa de mim?
MARTA: O Caio não vai acreditar em nada do que eu disser. Ele vai achar que é implicância, que eu estou querendo abalar a relação dele com a Lara. Agora, com você já é diferente. Ele pode dar ouvidos às suas palavras. Ele pode acreditar que não é pai da Lara se você confessar que falsificou o exame de DNA.
LUDMILA: Marta, não é fácil contar para alguém...
MARTA: Cala a boca. Eu confiei em você e olha o que aconteceu? Você me enrolou. Eu não vou cair no mesmo joguinho, Ludmila. Você vai contar a verdade para o Caio, sim. E vai ser agora.
(Marta encara Ludmila)

Cena 8/ Mansão Bertolin/ Quarto de Celso/ Interno/ Dia
(Batidas na porta. Lara abre-a discretamente e vê Celso em pé, na frente do guarda roupa)
LARA: Posso entrar?
CELSO: Claro.
(Lara entra e fecha a porta)
LARA: Eu pensei em fazermos um programa de lazer agora. O que acha?
CELSO: Para mim, tudo bem. Eu estou livre mesmo.
LARA: Eu queria velejar, Celso. Sempre tive essa vontade. Eu chamei o nosso pai, mas ele disse que não queria ir. Então, me indicou você.
CELSO: Nosso pai. Você lembra quando me disse que nunca iria se referir ao meu pai como nosso pai?
LARA: Lembro, mas as coisas mudaram, Celso. Eu encontrei o meu pai. Tenho que me acostumar com isso.
CELSO: Eu nunca vou me acostumar com o fato de sermos irmãos, Lara.
LARA: Eu acho melhor a gente não falar sobre isso, Celso. Voltando ao assunto inicial, podemos velejar agora?
CELSO: Claro, mas antes eu queria fazer isso.
(Celso beija Lara. Ela tenta se afastar, mas não resiste e acaba cedendo ao beijo. Um beijo verdadeiramente apaixonado. Caio entra e vê a cena)
CAIO: Celso? Lara?
(O casal vira-se para Caio)
CAIO: Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
LARA: Pai, não é nada disso que o senhor está pensando.
CAIO: É o quê, então? Vocês são irmãos e irmãos não se beijam dessa forma.
LARA: Nós sabemos, pai.
CAIO: Eu sei que vocês tiveram um romance antes de descobrirem a verdade, mas agora as coisas mudaram. Vocês precisam apagar aquele período da memória de vocês e se acostumarem com o fato de serem irmãos.
LARA: Eu prometo que isso nunca mais irá se repetir, pai.
CAIO: E você, Celso?
CELSO: Eu não prometo nada, e sabe por quê? Porque eu amo a Lara e eu nunca vou me acostumar com isso. Nunca.
(Celso sai, furioso)

Cena 9/ Mansão Amorim/ Quarto de Vitor/ Interno/ Dia
(Vitor e Vera sentados lado a lado na cama. Ao lado, está o berço de Marquinhos, com o bebê dentro, dormindo)
VITOR: Uma prótese? E porque a senhora não aceitou?
VERA: Eu ainda não dei uma resposta concreta para a médica, Vitor.
VITOR: Eu conheço a senhora, mãe. Quando a senhora diz que vai pensar, é porque não quer aceitar a sugestão, mas tem vergonha de recusar. Por que a senhora não quer a prótese?
VERA: Não vai ser a mesma coisa, Vitor. Essa prótese é uma “cópia” do meu seio, uma cópia mecânica, artificial. E eu queria meu seio de volta, meu seio natural, que nasceu comigo, entende?
VITOR: Um pouco. Mas se a senhora está insatisfeita com o corpo, não custa tentar a prótese. Vai ver sua autoestima melhora.
VERA: Eu estou com muita dúvida sobre isso.
(Marquinhos chora)
VITOR: Ai que garoto chato. Não há um segundo que esse bebê pare de chorar. A senhora acredita que eu passei a noite em claro por causa do choro maldito dessa criança infernal? Que saco. Se eu soubesse que bebê dava tanto trabalho assim, eu teria deixado para disputar a guarda dessa criança quando ela tivesse cinco, seis anos de idade. Quem sabe assim daria menos trabalho.
VERA: Como você tem coragem de dizer uma coisa dessas, Vitor? É seu filho. Sinceramente, eu achava que você estava disputando a guarda do Marquinhos porque o amava, mas agora vejo que não. Você só armou esse escarcéu para atingir a Luiza.
VITOR: Mas eu amo o meu filho, mãe.
VERA: Ama nada. Um pai que ama verdadeiramente seu filho nunca falaria o que você acabou de dizer. O Marquinhos deveria ter continuado com a Luiza. Tenho certeza que, com ela, ele estaria recebendo mais amor e carinho.
VITOR: Mas o que é isso, mãe? Resolveu passar para o lado da Luiza e da corja dela?
VERA: Eu sempre estive do seu lado, Vitor, mas tem algumas coisas que não dá para torcer por você.
(Vera levanta-se e pega Marquinhos no colo. O bebê para de chorar)

Cena 10/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Luiza, Francisca e Felipe na sala)
LUIZA: O que essa traidora está fazendo aqui?
FELIPE: Calma, Luiza.
LUIZA: Calma? Como calma, Felipe? A Francisca instalou aquela maldita microcâmera no nosso quarto. Ela ajudou o Vitor a ficar com a guarda do Marquinhos. Como você quer que eu filme calma com essa mulher? E como você teve coragem de trazê-la para cá, Felipe?
FELIPE: Ela está arrependida, Luiza.
LUIZA: Arrependida?
FRANCISCA: Isso mesmo, dona Luiza. Hoje eu percebo que cometi um erro ao ajudar o Vitor, a ir contra a senhora.
LUIZA: E está arrependida por quê? Por que o Vitor te negou ajuda quando você foi despedida daqui? Por que você não tinha dinheiro para se sustentar? Por que estava dormindo ao relento? Me poupe, Francisca.
FELIPE: Luiza, a Francisca está disposta a consertar o erro que cometeu.
LUIZA: Como assim?
FRANCISCA: Eu quero contar para o juiz que o vídeo é uma armação do Vitor.
LUIZA: Você está falando sério?
FRANCISCA: Sim.
FELIPE: Mas ela quer o emprego dela de volta.
LUIZA: Não tem problema. Francisca, você está recontratada.
FELIPE: Francisca, eu te acompanho ao seu quartinho de empregada. Vamos.
(Felipe, Francisca e Luiza caminham em direção à cozinha.)

Cena 11/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Ships – Umbrellas)

Cena 12/ Pousada/ Quarto de Maura/ Interno/ Noite
(Batidas na porta. Maura atende)
MAURA: Vera?
VERA: Oi, Maura. Tudo bem? Será que a gente poderia conversar?
MAURA: Claro.
(Vera entra e Maura fecha a porta)
MAURA: Estou surpresa com a sua visita. Desde o dia em que eu cheguei, essa é a primeira vez que nos reencontramos.
VERA: É verdade. Eu estive passando por problemas, Maura.
MAURA: Não precisa se explicar. Eu sei o que anda acontecendo com você.
VERA: E eu vim falar com você justamente sobre o câncer que eu sofri.
MAURA: O que houve?

Cena 13/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ interno/ Noite
(Luiza sentada no sofá. Marta entra, puxando Ludmila pelo braço)
LUIZA: Mãe, eu... O que a Ludmila está fazendo aqui?
LUDMILA: Saiba que eu não queria estar aqui.
LUIZA: Como?
MARTA: Depois conversamos, Luiza. Depois.
(Marta e Ludmila sobem na escada)

Cena 14/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta e Caio/ Interno/ Noite
(Caio deitado. Marta e Ludmila entram)
CAIO: Marta, ainda bem que... Ludmila? O que a Ludmila está fazendo aqui?
MARTA: Você já vai entender.
CAIO: Eu pensei que você tinha ido embora de Dourados, Ludmila.
LUDMILA: Eu fui, mas a sua mulher colocou um detetive atrás de mim.
CAIO: Detetive? Por que você fez isso, Marta?
MARTA: Conta para ele, Ludmila.
LUDMILA: Dona Marta, quem sabe outra hora. Eu preciso me preparar...
MARTA: CONTA!
CAIO: Mas o que está acontecendo?
MARTA: A Ludmila vai esclarecer tudo, Caio. Conta para ele, Ludmila.
LUDMILA: Caio, o resultado do teste de DNA que você e a Lara fizeram está errado.
CAIO: Como?
LUDMILA: Ele foi falsificado.
CAIO: O quê? Mas como? Impossível.
LUDMILA: Não é impossível, porque eu mesma falsifiquei o exame. A verdade, Caio, é que você não é pai da Lara.
CAIO: O quê?

Cena 15/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
(Batidas na porta. Ninguém atende. Luana abre a porta e entra)
LUANA: Sola...
(Luana se depara com Solano, ensangüentado e morto, caído no chão, com uma faca cravada no seu peito)
LUANA: Mas como?
(Luana se agacha e se aproxima de Solano)
LUANA: Solano? Fala comigo, Solano. Ele está morto. Mas como isso foi acontecer? Quem matou o Solano?
(Congela em Luana. Toca Baiya – Delphic)
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