terça-feira, 18 de março de 2014

Fixação - Capítulo 77



Cena 1/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
(Luana levanta-se e se afasta de Solano)
LUANA: Como isso foi acontecer?
(Luana roda pela sala, desesperada)
LUANA: Vão desconfiar de mim. Vão achar que eu matei o Solano. Ninguém pode saber que ele está morto, ou que ele foi assassinado. Ninguém.
(Luana sai, entrando no corredor que dá para a cozinha. Sala vazia por alguns minutos. Luana volta, segurando um galão de gasolina e uma caixa de fósforos. Luana espalha a gasolina no corpo de Solano e pela sala. Ela acende o fósforo e joga-o no chão. As chamas se espalham na casa. Luana sai)

Cena 2/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta e Caio/ Interno/ Noite
(Caio sentado na cama. Marta e Ludmila em pé, lado a lado)
CAIO: Você falsificou o exame de DNA?
LUDMILA: Falsifiquei, Caio. Você não é pai da Lara. Nunca foi.
CAIO: Por que você fez isso, Ludmila? Por quê?
MARTA: Tá aí. Eu também quero saber o que fez você falsificar esse exame, Ludmila.
LUDMILA: Por vingança. Eu queria me vingar da Lara e de você, Marta, por terem me humilhado, me constrangido, me tratado como se eu fosse uma cachorra sarnenta. Eu queria ver vocês sofrerem.
MARTA: Mas você é uma vagabunda mesmo.
(Marta dá um tapa na cara de Ludmila)
CAIO: Acalme-se, Marta.
MARTA: Caio, eu fui a primeira a descobrir que você não é pai da Lara.
CAIO: E como você descobriu?
MARTA: O médico, quando foi dar o resultado daquele exame de compatibilidade, me garantiu que a Lara não é sua filha, Caio, pelo fato de o sangue de vocês não terem sido compatíveis.
LUDMILA: E eu fiquei sabendo da verdade porque eu escutei a conversa entre a Marta e o médico.
CAIO: Então a Lara não é minha filha?
LUDMILA: Não. Agora eu posso ir embora?
MARTA: Rala daqui, sua mandada.
(Ludmila sai)
CAIO: Eu não acredito, não pode ser verdade. Eu fiquei tão feliz em saber que ela era a minha filha, Marta. Vai ver, a Ludmila está errada. Pode ter uma chance de que a Lara seja minha filha. Tem que haver essa chance.
MARTA: Caio, não seja burro. Você não ouviu a confissão da Ludmila? A Lara não é sua filha, o exame foi falsificado, aquele resultado “positivo” no teste é uma mentira.
CAIO: Eu não me conformo.
MARTA: Caio, se você ainda tem dúvidas, por que não faz um novo exame de DNA?
CAIO: É isso que eu vou fazer.

Cena 3/ Mansão Bertolin/ Quarto de Luiza e Felipe/ interno/ Noite
(Luiza e Felipe sentados na cama, lado a lado)
LUIZA: Pela primeira vez, eu estou otimista, Felipe. A confissão da Francisca pode fazer com que o Marquinhos volte para a gente.
FELIPE: Nós precisamos encontrar mais gente disposta a depor a nosso favor.
LUIZA: Você acha que o depoimento da Francisca não será suficiente para recuperarmos a guarda do nosso filho?
FELIPE: É um fator de peso, mas nós precisamos se precaver. O juiz precisa ser convencido de que o Vitor é um rapaz irresponsável. E a Cíntia pode provar isso.
LUIZA: A Cíntia?
FELIPE: Não tinha um tempo em que ela estava do nosso lado?
LUIZA: Tinha, mas agora que ela se separou do Vitor, não sei se estará disposta a nos ajudar.
FELIPE: Nós precisamos tentar. Se eu não me engano, ouvi alguns boatos de que ela está hospedada na pousada. Por que você não vai lá amanhã para conversar com ela?
LUIZA: Será que ela vai me receber?
FELIPE: Tente.

Cena 4/ Pousada/ Quarto de Maura e Alexandre/ Interno/ Noite
(Maura e Vera, sentadas no sofá, frente a frente)
MAURA: Sinceramente falando, eu sou a favor da prótese, Vera. Ela pode melhorar a sua autoestima, levantar o seu astral.
VERA: Maura, mas uma prótese não é a mesma coisa de um seio natural.
MAURA: Eu sei, Vera, mas ela pode te ajudar. Bom, é a minha opinião. Por que você não faz o seguinte? Aceita a prótese e, se você não gostar, abandona.
VERA: O Vitor disse a mesma coisa.
MAURA: Não custa tentar, não é?
VERA: Gostei de ter vindo aqui, Maura. Você não mudou quase nada desde a época da nossa juventude.
MAURA: Aqueles tempos eram tão bons. Eu, você e a Marta éramos tão próximas. Mas a vida passou, nós amadurecemos e tivemos que comandar nossas próprias vidas.
VERA: É verdade. Durante essa nossa conversa, me veio em mente cada momento que passamos juntas no passado. Pena que aquela época se tornou apenas uma boa lembrança.
MAURA: Está falando do seu distanciamento com a Marta?
VERA: Desde o meu casamento com o Ernesto, ela rompeu comigo. Eu até tentei remontar uma cordialidade entre mim e ela quando o neto dela nasceu, mas foi em vão.
MAURA: A Marta sempre foi rancorosa. Ela roubou o Caio de mim e eu a perdoei. Ela deveria fazer o mesmo com você, Vera.
(Batidas na porta)
MAURA: Só um instante.
(Maura levanta-se e atende)
MAURA: Marta?
MARTA (entrando): Maura, você não acredita. A vadiazinha da Ludmila... (percebe a presença de Vera): Eu não sabia que você tinha visita. Volto outra hora.
MAURA: Nada disso.
MARTA: Vai impedir a minha saída, Maura?
VERA (levantando-se): Maura, eu já vou indo. Não avisei para o Vitor onde...
MAURA: Nada disso. Você fica, Vera. Já está mais do que na hora de você e a Marta terem uma conversa franca.
(Marta e Vera entreolham-se)

Cena 5/ Cais/ Interno/ Noite
(Alexandre sentado em um dos bancos. Luana entra e ele levanta-se)
ALEXANDRE: Eu posso saber onde você foi.
LUANA: Não estou com paciência para conversa, Alexandre.
ALEXANDRE: Luana, você não pode sair desse cais e mostrar a cara na rua. Vai que alguém te vê e resolva te denunciar. Se isso acontecer, a fuga terá sido em vão.
LUANA: Isso não vai mais acontecer, Alexandre. Eu só sairei desse cais quando for para limpar a sua imagem perante a família Bertolin.
ALEXANDRE: Eu te aconselho a banhar, viu? Você está cheirando fortemente a fumaça.
LUANA: Alexandre, por que você não vai embora, hein?
ALEXANDRE: Porque eu quero saber onde você estava.
LUANA: Eu não te devo satisfações.
ALEXANDRE: Você tem certeza?
LUANA: Eu fui até a casa da minha tia Raimunda para ver o Solano e quando eu cheguei lá, acabei tomando uma baita surpresa.
ALEXANDRE: Não vá me dizer que ele não estava lá, que ele fugiu?
LUANA: Ele estava morto.
ALEXANDRE: O quê?

Cena 6/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta e Caio/ Interno/ Noite
(Caio sentado na cama. Celso e Lara em pé, de frente para ele)
CAIO: Eu chamei vocês aqui porque eu tenho um assunto muito importante para falar.
LARA: Pai, se é sobre o beijo...
CAIO: Não tem nada a ver com o beijo. Quer dizer, tem.
CELSO: O senhor está me deixando preocupado. Diga logo.
CAIO: O exame de DNA foi falsificado.
LARA: Como?
CAIO: A Ludmila me confessou que falsificou o exame de DNA que nós fizemos, Lara. O resultado consta como positivo, mas a verdade é que você não é minha filha.
LARA: O senhor tem certeza?
CELSO: Isso é sério?
CAIO: Claro que é sério, Celso. Você acha que eu brincaria com um assunto desses? Amanhã, a Marta marcará um novo exame de DNA.
LARA: Nossa. Que reviravolta.
CAIO: Ninguém esperava isso. Ninguém.

Cena 7/ Restaurante/ Interno/ Noite
(Tiago entra e vê Isadora, sentada sozinha à mesa. Ele se aproxima e senta-se, ficando frente a frente com ela)
ISADORA: Como você demorou.
TIAGO: Desculpe. Estava resolvendo um problema.
ISADORA: Não vamos falar sobre problemas, por favor.
TIAGO: Claro que não vamos. O objetivo principal desse jantar é esquecer os problemas pelo menos por esta noite.
ISADORA: Concordo.
TIAGO (pegando na mão de Isadora): Estou tão feliz por ter encontrado você, Isadora. Por você fazer parte da minha vida.
ISADORA: Faço das suas palavras as minhas, Tiago. Eu te amo.
(Isadora beija Tiago)
TIAGO: Eu também, meu amor. Cheguei à conclusão de que não consigo viver sem você.
ISADORA: Que romântico.
(Tiago levanta-se. Ele e Isadora se entreolham por minutos. Tiago se aproxima da cadeira onde ela está sentada e se ajoelha)
ISADORA: Tiago, mas o que é isso? Levante-se, por favor.
TIAGO: Não antes de fazer isso.
(Tiago tira do bolso uma caixinha e abre-a, expondo um anel)
TIAGO: Quer se casar comigo, Isadora?
ISADORA: Tiago...
TIAGO: Diga sim. É a única coisa que eu te peço.
ISADORA: Não.
TIAGO: Não?
ISADORA: Não direi sim. Direi aceito. Eu aceito se casar com você, Tiago. Eu aceito.
(Eles se beijam. Tiago tira o anel da caixinha e põe no dedo de Isadora. Eles se beijam novamente)

Cena 8/ Cais/ Interno/ Noite
(Alexandre e Luana em pé, frente a frente)
ALEXANDRE: Como o Solano morreu?
LUANA: Eu não sei explicar. Quando eu cheguei, ele já estava estirado no chão, com uma faca cravada no meio do peito. Alexandre, irão me culpar pela morte do Solano.
ALEXANDRE: E você acha que eu não sei? Luana, a sua fama de assassina corre solta pela cidade, assim como a notícia da sua fuga. Só espero que você faça direito o que tem de fazer.
LUANA: Já disse para não se preocupar. Eu irei limpar a sua imagem.
ALEXANDRE: E já sabe como vai fazer isso?
LUANA: Irei invadir a mansão Bertolin.
ALEXANDRE: O quê?
LUANA: É a única alternativa.
ALEXANDRE: E quando você fará isso?
LUANA: Quando você me trouxer uma idéia espetacular para matar a Isadora.
(Luana encara Alexandre)

Cena 9/ Pousada/ Quarto de Maura e Alexandre/ Interno/ Noite
(Marta, Maura e Vera em pé)
VERA: Conversa franca?
MARTA: Maura, o que eu tenho para te falar é sigiloso. Quando a sua visita for embora, eu volto e nós conversamos.
MAURA: Já disse que nenhuma das duas sai daqui antes de conversarem.
VERA: Eu aceito conversar, caso alguém que me garanta que eu não serei ofendida.
MARTA: Você duvida?
MAURA: Marta...
MARTA: Eu não tenho nada para conversar com essa mulher. A Vera roubou o Ernesto de mim.
MAURA: E você roubou o Caio de mim e, mesmo assim, eu te perdoei. Por que você não faz o mesmo com a Vera? Isso já faz tanto tempo. Para quê guardar rancor?
VERA: Perdão se eu te causei sofrimento, Marta, mas eu amava o Ernesto e ele me amava também.
MARTA: Eu não sei se tenho estômago para essa conversa.
MAURA: Você acha saudável continuar com esse rancor, Marta? A Vera está disposta a fazer as pazes e por que você não?
MARTA: Porque eu não tenho sangue de barata.
MAURA: Eu te perdoei quando você se casou com o Caio, o homem que eu amava. Perdoe a Vera. Você não se lembra da nossa juventude, Marta? De quando éramos eu, você e a Vera? O trio de Dourados. Será que o nosso passado não vale o seu perdão? Vocês duas, façam as pazes.
(Vera e Marta entreolham-se)

Cena 10/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Isadora e Tiago entram e vêem Andrade sentado em um dos sofás. Ele levanta-se)
TIAGO: Delegado Andrade.
ANDRADE: Boa noite. Eu estava esperando vocês chegarem.
ISADORA: Aconteceu alguma coisa?
ANDRADE: Aconteceu.
TIAGO: O quê?
ISADORA: Diga logo, delegado Andrade.
ANDRADE: O Solano morreu.
ISADORA: Mas como isso foi acontecer?
ANDRADE: A minha equipe ainda não possui o laudo completo de como ele morreu, mas o que se sabe é que a casa onde ele estava morando pegou fogo e o incêndio foi criminoso.
ISADORA: Foi a Luana. Aquela bandida mal fugiu da cadeia e já fez mais uma vítima. Foi a Luana que matou o Solano.
(Close alternado entre os personagens. Congela em Isadora. Toca Young And Beautiful – Lana Del Rey)



Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário