domingo, 26 de outubro de 2014

As Desesperadas - PILOTO

Cena 1 / Rua Principal/ Manhã

Câmera desce e segue um ônibus escolar que passa pela casa dos Van de Camp, João Lucas sobe no ônibus. Paulina Solis corre e passa pelo ônibus, os garotos assoviam. Ela passa pela casa de Glaucia que coloca o lixo na frente. Paulina acena, Glaucia sorri e caminha de volta para dentro. 

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Cena 2 / Residência dos Young / Int. / Manhã 
Glaucia entra, encara uma fotografia dela e do marido sob um móvel da sala e sorri de leve.

GLAUCIA - Meu nome é Glaucia Beatriz Young, quando você assistir ao jornal hoje ao meio dia vai se deparar como uma matéria sobre mim. Não que a minha vida seja interessante a ponto de sair nos noticiários, ou pelo menos parte dela, mas estarei estampando uma matéria no jornal por causa de um fato incomum que aconteceu comigo semana passada. Naquele dia tudo parecia normal, normal como qualquer outro dia de minha vida na pacata Twisteria Line. 

(Corta para: Glaucia com uma bandeja de café entrando no quarto, Téo está se espreguiçando na cama, ele a vê e sorri) 
GLAUCIA - Bom dia meu bem! 
GLAUCIA NARRAÇÃO - Eu fiz o café da manhã! 

(Corta para: Glaucia lavando a louça, Téo se despede com um beijo em seu cangote) 
GLAUCIA - Fiz meus afazeres! 

 (Corta para: Glaucia colocando as roupas para lavar, fechando a máquina e apertando o botão de ligar, em seguida ela vai até a secretária eletrônica e checa os recados) 

GLAUCIA - Na verdade eu fiz tudo que eu sempre fiz durante os muitos anos em que vivi aqui e foi justamente ai que eu me surpreendi, foi quando decidi ir ao meu quarto pegar um revólver que nunca tinha sido usado. 

Na sala Glaucia segura o revólver, o olhar preocupado e perturbado, trêmula ela coloca o revólver na têmpora. Encarando o porta retrato em que está sorrindo ao lado do marido ela aperta o gatilho e um tiro forte é ouvido. 

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Cena 3 / Residência Chica Huber / Cozinha / Int. / Manhã. 

GLAUCIA - Chica Huber estava mexendo um molho vermelho que lembrava muito sangue, quando provava o molho na ponta dos dedos, ela escutou o tiro do revólver que eu acabara de disparar, imediatamente ela virou aquela cabeça gigante para o lado da minha casa. Ela ficou muito intrigada com o barulho, precisava saber o que estava acontecendo, era mais forte do que ela. 

Chica caminha em direção ao armário da cozinha, olha para um liquidificador, sorri e o pega. Sai andando apressada. 

GLAUCIA - No liquidificador constava um nome: Glaucia Young, emprestei a ela no natal passado e até hoje a ordinária ainda não tinha me devolvido. 

Chica caminhou até a porta dos Young e tocou a campainha, ninguém atendeu. Curiosíssima ela da à volta até os fundos e na ponta dos pés olha pela janela da cozinha que dava vista a sala e lá ela viu o corpo desfalecido de Glaucia Young. 

Chica - OH MEU DEUS! 

Ela pega o telefone e liga para a emergência:

Chica - É minha vizinha, eu escutei um barulho e vim até a casa dela, ela está caída no chão da sala! 

GLAUCIA - De volta a sua casa, Chica com lágrimas nos olhos deixou sobre o balcão o liquidificador e ficou ali parada por alguns instantes, não mais que trinta segundos.

Chica arranca o rótulo que continha o nome de Glaucia do liquidificador e o guarda em seu armário, sorrindo. 

GLAUCIA - Se tinha uma coisa pelo qual a dona Chica era conhecida era por sua capacidade de olhar as coisas sempre pelo lado positivo. 

Chica fecha o armário. 

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Cena 4 / Residência dos Young / Sala / Int. / Tarde

GLAUCIA - Fui sepultada na segunda e agora meus amigos e vizinhos, vinham até minha casa prestar as condolências, como era de costume nessas horas e curiosamente como fazem os americanos meus amigos trouxeram um prato de comida. 

Pilar segurando um prato de frango frito. 

GLAUCIA - Essa é Pilar Scavo, frango frito é o prato preferido dos Scavo, nas reuniões que fazíamos esse era sempre o prato que Pilar trazia. Na verdade não é o preferido, é o mais prático para minha fazer...

Flashback: Pilar em uma sala de reunião, usando um terninho Armani, vários homens envoltos da mesa.

GLAUCIA - Pilar era presidente de uma grande empresa antes de conhecer Claudio, era a manda-chuva, conhecida como a dama de ferro. Hoje em dia, ela tem um brechó e toma todo seu tempo cuidando dele, do marido e do filho. 

Pilar larga o prato de frango frito sobre o balcão da cozinha.

GLAUCIA: Ela é feliz é claro, ama o marido e dos filhos, apesar de todos os percalços! Sim, Pilar tem mais dois meninos, mais jovens que Paulão, na verdade foi quando eles nasceram que tudo em sua vida mudou...

Bruno, um dos gêmeos passa correndo. Ricardo, o outro vem logo atrás, Pilar o segura pela gola da camiseta.

Pilar – Pode parar! Hoje vocês dois vão se comportar, eu não serei humilhada em frente à vizinhança... (ela se abaixa e tira de dentro do sutiã um papel e mostra a Ricardo)

Ricardo – Que isso?

Pilar – Isso? Isso é o número do celular do papai Noel, e se vocês não se comportarem eu vou ligar para ele agora mesmo!
Ricardo arregala os olhos.

Pilar – Isso mesmo, agora vai atrás do seu irmão e tratem de se comportar!
José Pedro e Paulina Solis estão entrando, Ricardo passa correndo por eles. José Pedro sorri para o menino, Paulina sorri para Pilar.

GLAUCIA – Paulina Solis, linda, ex miss Hitler, casou-se com José Pedro há pouco mais de 5 anos, viram a cara que ela fez pro gêmeos? Tem pavor de criança. Não quer em hipótese alguma estragar seu corpo de top model.
Paulina – Pilar, eu juro que esses pestinhas fossem meus, eu já os teria afogado na privada!
José Pedro – Ela fala isso, mas quando tivermos os nossos ela vai se derreter!
Pilar – Eu tenho certeza!
Paulina lança um olhar fulminante a José Pedro.
Na porta da frente, com uma linda cesta entra Branca Van de Camp, acompanhada do marido e do filho.
GLAUCIA – Branca! Tenho certeza que o melhor prato está nas mãos dela, uma dona de casa eximia! Ao lado do marido, um dedicado médico.
Branca – Olá meninas! Ainda não consigo acreditar!
Paulina – Não preguei os olhos essa noite!
Pilar – Eu não preguei também, mas foi por outra razão... (ela lança um olhar para os gêmeos que estão no sofá, comportados).
GLAUCIA – E lá vem Maria Marta Mayer, certamente aquele prato que ela traz em mãos não foi feito por ela, até por que se fosse, amanhã teríamos outro funeral!
Maria Marta acena para as amigas e caminha em direção a elas, quando esbarra em Lucas Delfino.
GLAUCIA – Ah ai está ele... Lucas Delfino chegou aqui semana passada, parece ser um bom vizinho, pena que não terei o prazer de conhecê-lo melhor!
Lucas – Você está bem?
Maria Marta – Me desculpe!
Lucas – Não foi nada!
Ela olha para os salgados que trouxe esparramados no chão.
Lucas – Bom, quase nada!
Maria Marta – Oh isso? Não se preocupe, foi até bom acontecer... Fui eu quem fez e bom... Eu não posso dizer que sou a melhor cozinheira do mundo!
Beatriz – Com isso ela quer dizer que é a pior! Prazer, Beatriz Britt e você é quem bonitão?
GLAUCIA – Beatriz Britt, nunca fomos muito chegadas, mas tirando o fato dela andar ou tentar andar com todos os homens do bairro é uma excelente vizinha!
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Cena 5 / Residência dos Mayer / Sala / Int. Noite
Maria Marta está na janela olhando por entre a cortina para a casa de Lucas.
Cristina – Mãe?  
Maria Marta – Sim querida!
Cristina – O que você ta fazendo?
Maria Marta – Eu ouvi a Beatriz convidando o Lucas para jantar na casa dela... Essa vaca não esperou nem ele se mudar direito e já ta querendo colocar as unhas nele!
Cristina – Se você está afim dele faça alguma coisa e rápido!
Maria Marta – Você tem razão... Eu tenho que fazer algo!
Ela caminha até a cozinha, pega uma jarra.
Cristina – O que você vai fazer com isso?
Maria Marta – Você verá!

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Cena 6 / Residência dos Van de Camp / Quarto / Int. Noite
Branca lendo um livro, André se aproxima e a beija.
Branca – Boa noite querido!
André – Boa noite?
Branca – Eu estou cansada André, acabei de perder uma das minhas melhores amigas!
André – E ontem? E anteontem? Eu to ficando cansado da sua frieza!
André vira para o lado furioso e apaga a luz. Branca acende. Ele apaga.
Branca – Eu estou lendo!
André – Eu quero dormir!
Ela se aproxima e o beija bravo ele a empurra.
Branca levanta puxa a roupa de cama e a joga no chão. André a encara.
Branca – Desce!
André – Hã?
Branca – A sala será o quarto hoje, querido!
André – Você só pode estar ficando louca!
Branca – Desce e rápido que eu quero continuar minha leitura!
André pega a roupa de cama e desce.
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Cena 7 / Residência dos Solis / Sala / Noite
José Pedro entra carregando um buquê de flores e uma caixinha de anel, Paulina de toalha desce as escadas.
Paulina – Que isso?
J. Pedro – Um presente para minha linda esposa!
Paulina – Presente? Adoro!
Ela pega as flores e joga sobre sofá e puxa a caixa do anel das mãos de José Pedro.
Paulina – XEEEEEENU!
Dentro da caixa um anel Bulgari diamante azul. Sorrindo Paulina beija José Pedro, de repente ela para e o empurra.
J. Pedro – O que houve?
Paulina – Eu que pergunto! O que é isso? Por que esse presente tão caro, assim de uma hora para outra?
J. Pedro – Nada, apenas um agradinho para melhor esposa do mundo!
Paulina – Eu não nasci ontem, José Pedro!
Ele a encara. Ela se aproxima, ele dá passos para atrás até tropeçar e cair sobre o sofá, Paulina chega até ele.

J. Pedro – Minha mãe ligou!
Paulina – Ah... E?
J. Pedro – E ela vai passar uma boa temporada aqui!
Paulina – QUERIA ESTAR MORTA!

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Cena 8 / Residência dos Scavo / Sala / Noite
Claudio assistindo ao futebol, uma cerveja nas mãos, Os gêmeos correndo. Paula na janela olhando para a casa dos Solis. Pilar entra na sala com uma caderneta em mãos.
Pilar – Não tem jeito, vamos ter que vender o carro!
Claudio – O que?
Pilar – É isso ou a faculdade do Paulo!
Paulo – Pode cancelar minha faculdade, eu não vou ir!
Pilar – Como não?
Paulo – Eu quero ficar aqui!
Pilar – E trabalhar para sempre como jardineiro?
Paulo – Se for para ser, será!
Pilar – Você não falar nada, Claudio?
Claudio – GOL!! Ah, você falou alguma coisa amor?
Pilar o encara, enfurecida ela sai da casa batendo a porta.
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Cena 9 / Residência de Beatriz / Frente / Ext. / Noite
Beatriz sai em seu conversível. Maria Marta se aproxima da porta, olhando para os lados. Ela entra e vê a casa toda decorada. Flores e velas na mesa. A sala com som ambiente. Velas na sala também.
Maria Marta – VACA!
Ela corre até o quarto e vê uma lingerie nova sobre a cama. Ela se aproxima segura o em frente ao seu corpo.
Maria Marta – Como é que eu vou vencer dela? Ah meu Deus!
Ela escuta o carro de Beatriz estacionando.
Maria Marta – Ah meu Deus! Ah meu Deus! Ah meu Deus! Ah meu Deus!
Ela desce as escadas apressadas e sai pela porta dos fundos, ao chegar à rua ela sente falta de algo.
Maria Marta – Minha jarra!
Beatriz sobe as escadas e vai pro quarto. Maria Marta entra e vê a jarra em cima do sofá. Na mesa da cozinha agora tem uma garrafa de champanhe francês!
Maria Marta – Ela ta jogando baixo!
Beatriz (off) Lucas? Você já chegou?
Maria Marta – Ah meu Deus!
Maria Marta pega a jarra e tropeça ao no sofá derrubando uma vela que cai na cortina.
Maria Marta – MEU DEUS! O que foi que eu fiz!
A casa começa a pegar a fogo. Maria Marta sai correndo.
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FIM DO EPISÓDIO 
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