Previously on Pânico na Mata:
Eduarda é assassinada no acampamento de 10 anos atrás. Patrícia convida a turma para um novo acampamento e todos aceitam. João Lucas flagra Paloma e Lucas aos beijos. Todos chegam ao camping. Cristina e José Pedro selam um pacto. Beatriz é perseguida por alguém na floresta.
ATO 01
Cena 1/ Reserva Florestal/ Trilha/ Interno/ Noite
(Continuação da última cena do episódio anterior. Beatriz continua a correr desesperadamente na trilha. Pés descalços de alguém misterioso também correm. Muito ritmo. Beatriz olha rapidamente para trás e seu rosto expressa pavor. Ela volta a olhar para frente, sempre correndo. Câmera subjetiva olhando Beatriz correr em sua frente.)
BEATRIZ: Socorro!
(Beatriz olha para trás mais uma vez e, acidentalmente, esbarra em Téo, que veio em sua direção)
BEATRIZ: Ai Téo. Quer me matar de susto?
TÉO: Desculpa. Algum problema? Até parece que viu assombração.
BEATRIZ: Vi coisa pior. Tinha alguém me perseguindo.
TÉO: Como?
BEATRIZ: Eu estava na Cachoeira Cristalina quando comecei a ouvir uns barulhos estranhos, a me sentir observada por alguém. Fiquei até arrepiada no momento. Não pensei duas vezes em sair de lá e vir para a trilha. Quanto mais eu caminhava, eu tinha a impressão que os barulhos estavam aumentando, até que comecei a correr. E parece que esse alguém correu também para me alcançar.
TÉO: Isso deve ser coisa da sua cabeça. Afinal, o que me consta é que você foi a única do grupo que não descansou quando chegou.
BEATRIZ: Tinha alguém atrás de mim sim, Téo. Eu não sou louca.
TÉO: Ninguém aqui te chamou de louca, querida. Se realmente tinha alguém atrás de você, por que não apareceu ainda? Já faz um tempo considerável que nós estamos parados aqui.
BEATRIZ: Você não acredita em mim, não é?
TÉO: Sou cético, querida. Só acredito quando se tem evidências, coisa que me parece que você não tem a respeito desse certo alguém. Vamos voltar para o pátio.
BEATRIZ: Mas eu vi, Téo.
TÉO: Viu o quê? Rosto? Corpo? Mãos? Pés? Não me diga que viu coisa mais íntima também.
BEATRIZ: Vi nuances, silhuetas.
TÉO: Você viu uma ilusão que sua cabecinha precária criou, isso sim. Agora chega dessa balela. Vamos sair daqui.
(Beatriz e Téo caminham pela trilha. Câmera subjetiva a olhar os dois caminhando)
Cena 2/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Noite
(Todos, exceto Maria Marta, Cláudio, Pilar, Félix, Beatriz e Téo, sentados ao redor da fogueira)
PATRÍCIA: Alguém viu a Beatriz?
PALOMA: E o Téo?
PAULINA: Paulina foi à Cachoeira Cristalina. Acho que Téo foi atrás dela.
ANDRÉ: Olha os dois ali.
(Beatriz e Téo chegam e se aproximam da turma. Patrícia levanta-se, ficando frente a frente com eles)
PATRÍCIA: Vocês perderam quando o Lucas acendeu a fogueira. Mas não se preocupem. Todos nós temos ainda seis dias aqui. Vocês estão bem?
TÉO: Na verdade, aconteceu uma coisa bem esquisita com a Beatriz.
PATRÍCIA: Ah é? O que aconteceu, Beatriz?
Cena 3/ Reserva Florestal/ Camping/ Barraca Pilar e Félix/ Interno/ Noite
FÉLIX: Aqui é o inferno. Onde estava com a cabeça quando aceitei participar desse programa de índio?
PILAR: Posso saber o motivo desse piti?
FÉLIX: A senhora ainda pergunta? Passar uma semana no meio dessa mata é o mesmo que assinar sua própria sentença de morte. Ah, mamy poderosa, não vou agüentar ver minha pele de pêssego ser atacado por esses malditos insetos. Se eu passar mais um dia aqui, minha macia pele vai ficar mais esburacada que a Lua, com aquelas crateras.
PILAR: Eu tenho certeza que você agüenta.
(Félix solta um grito)
PILAR: Mas o que foi isso?
FÉLIX: Uma picada de inseto.
PILAR: Não sei por que está reclamando tanto. Pensei que você adorava uma picada, filho.
FÉLIX: Mamy, não estou com tempo para ambigüidades.
(Paloma entra na barraca)
FÉLIX: Mas o que é isso? Por acaso, essa barraca virou a barraca da mãe Joana? Isso é jeito de entrar, pamonha?
PALOMA: Só vim dar uma informação. Parece que a Beatriz foi perseguida na floresta.
PILAR: O quê?
Cena 4/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Noite
(A CAM foca em um grupo formado por Cristina, José Pedro, Paulina e Rafael)
PAULINA: Vocês acham mesmo que a Beatriz foi perseguida na mata?
JOSÉ PEDRO: Sei lá. Ela me parece meio perturbada.
PAULINA: Ela me pareceu tão verdadeira.
CRISTINA: Não acredito que vamos perder a noite falando nisso. Ta na cara que ela inventou isso pra ganhar a atenção de todos.
PAULINA: Não acho.
RAFAEL: Acho que tudo isso não passa de uma...
(A CAM vai para Patrícia, André, Téo e Beatriz)
TÉO: ...maluquice da cabeça dela.
BEATRIZ: Não é maluquice, eu juro. Tinha alguém atrás de mim.
TÉO: Ela só viu nuances da pessoa que supostamente estava a perseguindo. Isso é ridículo. Ela só viu um vulto que não prova nada.
BEATRIZ: Se não acredita em mim, o problema é seu.
TÉO: Já cansei de dar crédito para esse absurdo. Com licença.
BEATRIZ: Isso. Vai pintar sua barraquinha de rosa, que é o melhor que você faz.
(Téo sai)
ANDRÉ: Acalme-se, Beatriz.
PATRÍCIA: Beba a água que eu te trouxe.
BEATRIZ: Vocês acreditam em mim, não acreditam?
PATRÍCIA: Bia, talvez o Téo esteja com a razão. Você não descansou quando chegou e talvez isso tenha provocado alguma perturbação na sua cabeça.
ANDRÉ: Isso mesmo. Vá descansar, Beatriz.
BEATRIZ: Eu acho que é melhor a gente ir embora daqui antes que seja tarde demais.
PATRÍCIA: Não exagera, por favor.
BEATRIZ: Vocês não acreditam em mim. Depois não venham me dizer que eu avisei.
(Beatriz sai)
ANDRÉ: Você acha mesmo que ela inventou tudo isso?
PATRÍCIA: Inventar, não. Mas acho que ela viu coisa que a cabeça dela criou, que não existe.
ANDRÉ: Ela disse que começou a se sentir observada e ouvir barulhos estranhos na Cachoeira Cristalina.
PATRÍCIA: Perto de onde a Eduarda foi assassinada.
Cena 5/ Paisagens da Reserva Florestal/ Noite.
(Vemos várias partes da reserva. Começa a tocar Midnight – Coldplay. A CAM agora passeia pelo pátio do camping. Fogueira apagada. Todos dentro de suas respectivas barracas, dormindo. A CAM mostra pés de uma pessoa caminhando ao redor da fogueira)
Cena 6/ Reserva Florestal/ Camping/ Barraca Patrícia e André/ Interno/ Madrugada
(Patrícia e André dormem. Um barulho vindo de fora ecoa e Patrícia acorda. Ela chacoalha André, que acorda)
PATRÍCIA: Você ouviu isso?
ANDRÉ: Não. Vai dormir, Pat. Não deve ter sido nada. No máximo, o vento batendo nos galhos das árvores.
(André volta a dormir. Patrícia levanta-se e sai da barraca)
Cena 7/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Madrugada
(Intrigada, Patrícia caminha pelo pátio e se assusta ao ver uma mulher de camisola branca de costas para ela)
PATRÍCIA: Quem é você?
(A mulher vira-se para ela)
MULHER: Não está me reconhecendo, amiga? Sou eu, Eduarda.
(Close na cara de Patrícia, chocada e assustada. A música Midnight se encerra)
ATO 02
Cena 8/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Madrugada
(A mulher misteriosa frente a frente com todos da turma)
MULHER: Não precisam me olhar com essa cara de espantados. Sou a Eduarda, gente.
MARIA MARTA: É a voz dela, da minha irmã.
BEATRIZ: Essa mulher não é a Eduarda coisíssima nenhuma. Agora que eu a vejo, eu sei que foi ela quem me perseguiu na floresta. Além do fato da Eduarda estar morta.
MULHER: E quem disse que não estou morta?
ANDRÉ: Isso está ficando mais estranho.
MULHER: Gente, sou eu. Mas vocês precisam entender que esse não é o meu corpo. Essa mulher não sou eu. É por meio dela que eu estou fazendo contato com vocês.
PATRÍCIA: Essa mulher é médium?
JOÃO LUCAS: Ela recebe espírito?
MULHER: Sim. Eu sou um espírito, sei disso. E estou morrendo de saudades de vocês.
MARIA MARTA: Chega, chega. Eu não sei quem você é, mas sei que isso tudo não passa de uma mentira. Eu não admito que você, seja lá quem for, use a memória da minha irmã para nos enganar.
MULHER: Mas sou eu, Marta. Sua irmã. É tão difícil de entender?
PALOMA: Eu entendi perfeitamente, amiga. Estou com tanta saudade.
MULHER: Paloma, amiga. Também sinto saudades.
CRISTINA: Isso é ridículo. Podemos voltar a dormir?
PAULINA: Não vou dormir mesmo. Nunca presenciei um espírito no corpo de uma pessoa. Não irei desperdiçar essa oportunidade.
MULHER: Gente, fico feliz de vê-los juntos. Mas vocês não deveriam ter vindo para cá. Essa ideia de acampamento foi um erro.
FÉLIX: Ainda bem que você pensa o mesmo que eu, fantasminha.
PILAR: Félix, não se fala desse jeito com os espíritos.
PATRÍCIA: Por que um erro?
MULHER: Tomem cuidado. Esse lugar é perigoso. Todos estão correndo perigo. A pessoa que me assassinou, por exemplo, está entre vocês, entre nós.
CLÁUDIO: O quê?
MARIA MARTA: Quem é ele? Quem te matou, Duda?
MULHER: Tomem cuidado, gente. Quem me matou foi...
(Lucas, fazendo uso de seu revólver, dá uma coronhada na mulher, que cai desmaiada)
LUCAS: Acabou a palhaçada.
Cena 9/ Paisagens do Camping/ Dia
Cena 10/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Dia
(A mulher misteriosa desacordada em um canto do camping. Em outro, vemos um grupo formado por Paulina, Rafael, Beatriz, Pilar e Félix. CAM foca na mulher, que acorda. Ao abrir os olhos, ela vê Patrícia, que lhe entrega um copo d’ água)
PATRÍCIA: Está melhor.
MULHER: Com um pouco de dor de cabeça.
PATRÍCIA: Como você se chama?
MULHER: Branca. Ai, como eu vim parar aqui? Eu não me lembro de nada. Esse camping fica a oito quilômetros da minha casa.
PATRÍCIA: Quando você apareceu aqui, você estava possuída.
BRANCA: Ai meu Deus. Eu prometi a mim mesmo que iria controlar essas possessões, mas sempre quando fico disposta a isso, elas param, que eu penso que nada disso vai me acontecer novamente. Mas depois elas voltam e voltam e voltam. Eu ataquei alguém daqui enquanto estive possuída?
PATRÍCIA: Não, todos estão bem. Não se preocupe.
(Patrícia sai, deixando Branca sozinha, que bebe um pouco da água. A CAM foca no grupo composto por Paulina, Rafael, Félix, Pilar e Beatriz)
FÉLIX: Tem algo de muito estranho nessa médium.
PAULINA: Será que ela é médium mesmo?
PILAR: Claro que é. Você acha o quê? Que ela fingiu ser a Eduarda? Isso é impossível, visto que as duas nunca tiveram contato nesse mundo.
FÉLIX: Nessa vida, a senhora quer dizer, mamy poderosa.
RAFAEL: O que me deixou mais intrigado foi a atitude do Lucas agredi-la com um pedaço de madeira ontem, justamente na hora em que a Eduarda ia revelar quem a matou.
BEATRIZ: Também achei estranho. Você acha que foi o Lucas quem matou a Eduarda?
RAFAEL: Talvez.
FÉLIX: Acho que não foi ele. Pelo que eu me lembre, ele não era tão próximo da Eduarda.
PAULINA: Pra vocês, isso pode ser um indicio que descarte o Lucas da lista de suspeitos, mas para mim, acho que ele deveria ser visto ainda mais como um suspeito provável. Afinal, os que parecem mais inocentes são os verdadeiros culpados.
(A CAM agora foca em Cristina saindo de sua barraca e indo em direção à floresta. José Pedro a surpreende, pegando no braço dela)
JOSÉ PEDRO: Vai aonde?
CRISTINA: Não é da sua conta.
JOSÉ PEDRO: Não esqueça que daqui a uma hora, todos nós iremos para a Cachoeira Cristalina.
CRISTINA: Pode ter certeza que quando a hora chegar, eu estarei aqui.
JOSÉ PEDRO: Você vai fazer o quê na floresta?
CRISTINA: Conhecer.
JOSÉ PEDRO: Vou te acompanhar.
CRISTINA: Dispenso sua companhia.
(Cristina entra na floresta e José Pedro a observa. CAM volta para Branca, que continua sozinha. Maria Marta se aproxima dela)
MARIA MARTA: Preciso falar com você.
BRANCA: Fale.
MARIA MARTA: Quero que você receba o espírito da Eduarda agora. Preciso falar com minha irmã.
BRANCA: Acho que isso não será possível.
MARIA MARTA: Como não? Você não é médium?
BRANCA: Sou, mas eu não escolho a hora que recebo o espírito. Eles que escolhem a hora que desejam se manifestar.
MARIA MARTA: Eu sabia. Você não passa de uma trambiqueira de quinta categoria, que veio aqui de caso pensado, armando alguma pra cima da gente.
BRANCA: Como?
MARIA MARTA: Se você fosse médium de verdade, receberia o espírito da Eduarda agora.
BRANCA: A senhora tem noção do que está falando?
MARIA MARTA: Sua charlatã. Mas eu vou provar pra todo mundo desse acampamento o tipinho de pilantra que você é. Eu vou acabar com você.
(As duas se encaram. Close alternado nas duas. Maria Marta sai, deixando Branca preocupada)
ATO 03
Cena 11/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Interno/ Dia
(Todos na Cachoeira Cristalina. Alguns em pé, outros sentados na borda da lagoa, uns na água. A CAM foca em Beatriz em pé, olhando os outros. Branca se aproxima dela)
BRANCA: Beatriz?
BEATRIZ: Sou eu.
BRANCA: Eu vim pedir desculpas pelo transtorno que te causei ontem a noite. Nunca tive a intenção de te machucar.
BEATRIZ: Eu sei disso, não se preocupe.
BRANCA: Naquela hora, eu estava possuída pela Eduarda, não tinha noção do que estava fazendo, estava sendo manipulada por ela.
BEATRIZ: Sem problemas, Branca. Mas eu acho que você deve aprender a se controlar. Posso tirar uma dúvida?
BRANCA: Claro, fique a vontade.
BEATRIZ: Como você se sente quando está possuída por algum espírito?
BRANCA: Sinto como se estivesse dormindo, alheia ao mundo, ao que está ao meu redor.
(A CAM vai onde estão Cristina e Lucas, sentados na borda da lagoa)
LUCAS: Preciso falar com a Paloma, mas aquele pivete do João Lucas não sai de perto dela.
CRISTINA: Você e seus problemas amorosos.
LUCAS: Vou dar um ultimato nela, Cris. Ela vai ter que se decidir entre mim e o pirralho hoje mesmo.
CRISTINA: Boa sorte. Saiba que estou torcendo para que ela te escolha.
LUCAS: Você ainda debocha da minha cara.
CRISTINA: E você deveria aproveitar a oportunidade que Deus está te dando e ir falar logo com a Paloma.
(Cristina aponta para onde estão Paloma e João Lucas. Ela sentada na borda da lagoa e ele na água, mergulhando)
LUCAS: É isso mesmo que irei fazer.
(Lucas levanta-se. A CAM o acompanha caminhando indo em direção à Paloma. Ele se aproxima dela)
LUCAS: Precisamos conversar.
PALOMA: Agora não, Lucas. Todo mundo está aqui.
LUCAS: Tem que ser agora.
PALOMA: Na frente de todo mundo?
LUCAS: Podemos ir para o interior da floresta. Tenho certeza que lá ninguém nos atrapalha.
PALOMA: Por que não deixamos para ter essa conversa quando voltarmos para a cidade?
LUCAS: Agora, Paloma.
PALOMA: Tudo bem.
(Paloma levanta-se. Ela e Lucas caminham em direção à floresta. A CAM foca em Maria Marta, que vê os dois entrarem na mata)
Cena 12/ Reserva Florestal/ Floresta/ Interno/ Dia
(Paloma e Lucas entram. Eles ficam frente a frente)
PALOMA: O que você quer?
LUCAS: Serei bem objetivo. Cansei de ser usado e abusado por você.
PALOMA: O quê?
LUCAS: Está mais do que na hora de você se decidir entre mim e o João Lucas, Paloma. Ou eu ou ele. Com os dois, você não fica mais.
PALOMA: Uau, isso é tipo de coisa que eu não esperava. Por que não fazemos o seguinte? Quando esse acampamento acabar e voltarmos para a cidade, a gente conversa sobre isso.
LUCAS: Nada disso. Isso vai ser aqui e agora. Decida-se, Paloma.
PALOMA: Por favor, Lucas. Não pede para eu escolher entre vocês. Eu amo vocês. Amo os dois.
LUCAS: Se me escolher, vai ter que largar aquele pirralho do João Lucas e vice-versa.
PALOMA: Me dá um prazo, por favor. Um dia.
LUCAS: Um segundo. (pausa) Já passou. Quem você escolhe?
PALOMA: Você não pode fazer isso comigo.
LUCAS: Eu posso te ajudar a optar pela melhor alternativa.
(Lucas beija Paloma. Ouvem-se aplausos. São de Maria Marta)
MARIA MARTA: Eu sabia.
PALOMA (afastando-se de Lucas): Maria Marta?
M. MARTA: Desde quando você tem um caso com esse aí?
PALOMA: Caso?
M. MARTA: Nem pense em inventar desculpinha, Paloma. Poupe seu cérebro, que por sinal, já é bem pequeno, não é? Eu sabia que aquela história do Lucas estar te assediando era mentira. Vocês dois tem um caso. Você trai o meu filho. Vagabunda!
PALOMA: Vagabunda não.
M. MARTA: Vagabunda não? E como você quer que eu chame uma mulher que se comporta como uma vadia, que sempre traiu o namorado que era capaz de dar a própria vida para salvá-la? Vagabunda sim. Mas quer saber de uma coisa, querida. Acabou pra você. Ou você termina com o meu filho ou eu conto pra ele o que eu acabei de ver aqui.
PALOMA: A senhora não pode fazer isso.
M. MARTA: EU POSSO TUDO! E sabe por quê? Porque eu sou Maria Marta Handini, meu bem. Eu tenho o poder. E vou usá-lo para te destruir.
PALOMA: Eu amo seu filho.
M. MARTA: Ama nada. Você ama o meu dinheiro, minha fortuna. Mas agora você vai ter que arranjar outro otário para aplicar seu golpe barato. Já não basta você ter destruído a vida da Eduarda, minha irmã, você quer destruir a do meu filho também? Mas isso eu não vou deixar.
PALOMA: Eu não destruí a vida da Eduarda. Ela era minha melhor amiga.
M. MARTA: Destruiu sim. Antes de ela ter conhecido você, a Eduarda era uma moça do bem, recatada, de família. Só foi ela te conhecer para virar a desvirtuada que virou. Você jogou a minha irmã no buraco. Pior, na cova.
PALOMA: A senhora está insinuando que eu matei a Eduarda?
M. MARTA: Você pode não ter disparado os tiros no meio do coração dela, mas você proporcionou isso. Se você não tivesse aparecido na vida dela, a Duda ainda estaria viva. Você acabou com a vida dela, sua desgraçada.
(Paloma dá um tapa na cara de Maria Marta)
M. MARTA: Você vai me pagar por esse tabefe. E bem caro.
(Maria Marta sai)
PALOMA: Ela vai acabar com tudo, Lucas. Ela vai contar a verdade pro João. Tenho certeza.
Cena 13/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Interno/ Dia
(João Lucas e Cláudio conversando)
JOÃO LUCAS: O senhor viu a Paloma?
CLÁUDIO: Não vi, filho.
(Maria Marta surge)
MARIA MARTA: Eu vi. Ela está na floresta, se atracando com o amante.
J. LUCAS: Como é?
M. MARTA: É isso mesmo. E eu não estou mentindo. Você por acaso está vendo o Lucas por aqui também?
(João Lucas olha para todos os lados)
M. MARTA: Eles estão juntos na floresta, pondo chifres em você.
(João Lucas, furioso, entra na floresta)
CLÁUDIO: Você sabe que no fim das contas o ódio dele vai se virar contra você, não sabe?
M. MARTA: Sei. Mas sei muito bem como acalmá-lo. E você vai me ajudar nisso. Será a sua forma de me pagar pelo tapa que me deu ontem antes de sairmos de casa. Ou você não lembra que está me devendo por isso?
Cena 14/ Reserva Florestal/ Floresta/ Interno/ Dia
(João Lucas entra na floresta e encontra Paloma)
J. LUCAS: Cadê o Lucas, seu amante?
PALOMA: Lucas? Do que você está falando? Ah já sei, foi a sua mãe, não foi? Ela não cansa de inventar coisas sobre mim?
J. LUCAS: CHEGA! Não minta para mim, Paloma. Cadê o Lucas?
PALOMA: Ele não está aqui, como você pode ver.
J. LUCAS: Ele também não estava na Cachoeira.
PALOMA: Talvez ele voltou ao pátio do camping.
J. LUCAS: Por que você não pára de mentir para mim? Eu sei que vocês estavam juntos.
PALOMA: João, meu amor, é...
J. LUCAS: Desde quando vocês têm um caso?
PALOMA: O quê?
J. LUCAS: Você não vai confessar, não é? Tudo bem. Nem precisa, na verdade. Eu não vou ficar com alguém que eu não confio mais.
PALOMA: João, você não vê que a sua...
J. LUCAS: Acabou, Paloma. Agora você está livre para voltar para os braços do seu verdadeiro amor.
(J. Lucas sai. Paloma começa a chorar)
Cena 15/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Interno/ Dia
(João Lucas entra e vê Marta e Cláudio)
J. LUCAS: Agora a senhora pode comemorar, mãe. Terminei com a Paloma. Satisfeita?
(João Lucas passa por eles e senta-se na borda da lagoa. Cláudio se aproxima dele)
CLÁUDIO: Todos já estão voltando. Vamos?
J. LUCAS: Quero ficar aqui, passar um pouco de tempo sozinho.
CLÁUDIO: Não fique com raiva da sua mãe. Ela tem aquele jeito duro, seco e amargo de ser, mas ela te ama.
J. LUCAS: Não parece.
CLÁUDIO: Talvez ela não saiba demonstrar do jeito certo esse amor por você, mas saiba que ela te ama e muito. Nós te amamos. Bom, já vou indo.
J. LUCAS: Daqui a pouco, eu vou também.
(Cláudio se afasta do filho e se aproxima de M. Marta)
M. MARTA: Fez o que eu pedi?
J. LUCAS: Do jeitinho que você me orientou.
M. MARTA: Ótimo. Ele não vem?
J. LUCAS: Quis ficar mais um tempo.
M. MARTA: Mas todos estão voltando.
J. LUCAS: Nosso filho sabe se virar, Marta. Vamos.
(Todos entram na floresta, exceto João Lucas, que continua sentado na beira da lagoa. Ele está sozinho)
Cena 16/ Paisagens da Reserva Florestal/ Tarde
Cena 17/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Tarde
(Téo sai de sua barraca e encontra Paulina)
TÉO: Vai sair?
PAULINA: Sim, como todo mundo. Todos irão revisitar o Canyon do Rio Aguaceiro.
TÉO: E eu sou o único que não fui chamado?
PAULINA: Pois vamos. Todos já foram na frente. Só estamos nós aqui.
TÉO: Até o Rafael?
PAULINA: Sim. Ele não quis me esperar.
TÉO: Que marido, hein, querida?
(Os dois saem)
Cena 18/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Interno/ Tarde
(João Lucas sentado. Câmera subjetiva, de dentro da floresta, o vê sentado. João Lucas levanta-se. Alguém – mostra os pés descalços – aproxima-se de João Lucas. Ele lava o rosto com a água da lagoa, enquanto os pés da pessoa se aproximam cada vez mais. Usando luvas pretas, a pessoa pega uma grande pedra. João Lucas se vira)
JOÃO LUCAS: O que você ainda está fazendo aqui?
(A pessoa taca a pedra na testa de João Lucas, que cai desacordado. A pessoa – a CAM só mostra as mãos enluvadas – continua a atacar João Lucas com a pedra. Muitas pedradas, até que a pessoa para e sai correndo. A CAM foca no rosto machucado e cheio de sangue de J. Lucas. Close no rosto dele)
FIM DO EPISÓDIO
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