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Patrícia convidou a turma de amigos para um acampamento e todos aceitaram. Pilar disse a Félix que irá se vingar de Maria Marta, assim como Beatriz. José Pedro tentou conversar com Cristina. João Lucas flagrou Paloma e Lucas aos beijos.
ATO 01
Cena 01/ Apartamento de Patrícia e André/ Sala/ Interno/ Dia
(Patrícia e André, este com duas mochilas nas duas mãos, em pé, frente a frente)
ANDRÉ: Vamos? Só falta colocar essas duas mochilas no carro.
PATRÍCIA: Vamos. Nem acredito que finalmente estamos indo acampar com nossos amigos.
ANDRÉ: Continuo achando essa ideia um verdadeiro erro. Você não percebeu o quanto o ódio tomou conta dessa turminha de amigos de 10 anos atrás? Ontem, tinha uns soltando raios para os outros através do olhar.
PATRÍCIA: Eu tenho certeza que esse acampamento irá acabar com todos os desentendimentos existentes em cada um, além de ter um final feliz.
ANDRÉ: Assim espero. Mudando um pouco de assunto, você não estranhou algumas imposições que o Rafael fez para participar do acampamento?
PATRÍCIA: Sim. Ele disse que ninguém deveria insistir para que ele tirasse a camisa durante esse programinha, além de exigir uma barraca só para ele e a Paulina.
ANDRÉ: A da barraca até que é entendível, mas a da camisa é tão sem lógica. Mas cada um com suas manias. Bom, vamos logo?
PATRÍCIA: Claro, meu amor.
(O casal se beija e sai)
Cena 2/ Mansão Handini/ Sala/ Interno/ Dia
(Maria Marta e João Lucas em pé, frente a frente)
MARIA MARTA: E você ainda acreditou nessa história da carochinha, meu filho? Está mais do que na cara que a Paloma tem um caso com o Lucas, que ela está te traindo.
JOÃO LUCAS: CALA A BOCA, MÃE. Eu confio plenamente na Paloma.
MARIA MARTA: Por isso que tem vocação para corno.
JOÃO LUCAS: Eu não admito que a senhora destrate a Paloma, entendeu? Ela é minha namorada.
(João Lucas sai, deixando Maria Marta sozinha por um tempo. Maria Marta sobe a escada)
Cena 3/ Mansão Handini/ Suíte de Maria Marta e Cláudio/ Interno/ Dia
(M. Marta entra)
M.MARTA (para si): Aonde foi que eu errei na educação desse menino? Eu devo ser uma mãe muito esclerosada mesmo.
(Cláudio, que vem do banheiro, entra)
CLÁUDIO: Falando sozinha, meu amor?
M. MARTA: Não é da sua conta. Já colocou as malas no carro?
CLÁUDIO: Há muito tempo. Problemas com o João Lucas?
M. MARTA: E com quem mais seria? Você acredita que ontem nosso filho pegou a biscateira da Paloma, Bianca, sei lá como essa vagabunda se chama, aos beijos com o Lucas, e ele ainda fez questão de defendê-la? A desclassificada disse que era o Lucas que estava importunando-a, forçando um beijo e ela não teve como resistir, estava em um beco sem saída. Pura história para boi dormir.
CLÁUDIO: Nosso filho ama a Paloma, Marta. Só isso explica o fato de ele tomar partido a favor dela.
M. MARTA: João Lucas já está bem grandinho para saber que amor verdadeiro não existe.
CLÁUDIO: E o que isso significa? Que você não me ama?
M. MARTA: Quem não me ama aqui é você. Não me respeita, o que é pior.
CLÁUDIO: Como você pode dizer uma coisa dessas, Marta? Eu te amo, você é a mulher da...
M. MARTA: Poupe-me, Cláudio. Você acha que eu sou alguma imbecil para você me tratar como se eu fosse uma idiota? Você acha que eu não sei das suas puladas de cerca? Puladas de cerca bem exóticas, diga-se de passagem, porque qualquer homem normal, macho de verdade, que exala testosterona, trairia sua esposa com uma mulher, mas no seu caso, sabemos que a coisa não funciona assim.
CLÁUDIO: Não sei de onde você tirou esse absurdo.
M. MARTA: Qual é, Cláudio? Você não sabe como me doeu bancar a mulher burra e iludida na frente do Téo ontem, quando ele falou das suas traições. A grande verdade é que aquele blogueiro de quinta sempre esteve com a razão ao seu respeito. Quer me colocar chifres? Coloque, mas faça isso com dignidade, meu bem. Faça com mulher e não fique lambendo leitinho de homem na primeira oportunidade.
CLAÚDIO: CALA A BOCA.
(Cláudio ta um tapão em Maria Marta, que cai no chão)
CLÁUDIO (caindo em si, aproximando-se de Maria Marta): Marta, meu amor. Perdão, não sei o que deu em mim.
M. MARTA: Não toque em mim, seu covarde. Vai para o carro. AGORA.
(Marta levanta-se, enquanto Cláudio sai)
Cena 4/ Carro de Cláudio e Maria Marta/ Garagem da Mansão Handini/ Interno/ Dia
(Cláudio já no carro. Maria Marta entra)
MARTA: Cadê João Lucas?
CLÁUDIO: Foi com a Paloma.
MARTA: Garoto burro. Sabemos de quem ele herdou essa burrice, não é? Só um aviso para você, Cláudio. Se o que acabou de acontecer se repetir no acampamento, eu juro que te castro. Quero ver você dar prazer para os seus amantes bichas sem o seu brinquedinho.
CLÁUDIO: Dá para parar com isso?
MARTA: Cala essa boca. Vamos logo embora.
(Cláudio dá a partida, o carro sai da garagem e o portão automático se fecha)
Cena 5/ Casa de Cristina e Lucas/ Frente/ Externo/ Dia
(Cristina e Lucas encostados no carro, com o porta-malas aberto)
LUCAS: Mais alguma coisa?
CRISTINA: Não.
(Lucas fecha o porta-malas)
CRISTINA (correndo para entrar em casa): Ai meu Deus, quase que eu ia esquecendo do mais importante para esse acampamento.
(Cristina entra)
Cena 6/ Casa de Cristina e Lucas/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Cristina entra, abre uma gaveta e pega uma faca pontuda)
CRISTINA: Vou tocar o terror nesse programinha.
(Cristina dá uma gargalhada)
Cena 7/ Estrada/ Externo/ Dia
(Um carro parado no canto da rodovia. Patrícia e André encostados na dianteira do veículo)
PATRÍCIA: 15 minutos atrasados e nada.
ANDRÉ: Será que todo mundo desistiu desse acampamento de última hora?
(Téo surge)
TÉO: Todo mundo não, querido. Eu estou aqui, distribuindo beleza e simpatia. Quer beldade melhor do que eu nesse acampamento?
PATRÍCIA: Pelo menos alguém veio.
ANDRÉ: Mas o Téo tinha que ser logo o primeiro a confirmar presença?
TÉO: Deveria agradecer de joelhos.
PATRÍCIA (vendo uma mulher caminhando em sua direção): Tem alguém vindo.
TÉO (olhando para a mulher): Baixa, acima do peso, vindo a pé, cabelo desidratado que se percebe a quilômetros de distância e sacola de quitanda a tiracolo. Só pode ser a Beatriz, a pobreza materializada em pessoa.
BEATRIZ: Vejo que estão falando de mim.
TÉO: Claro, querida. Estávamos aqui justamente comentando como você está chique ultimamente. Perdeu o dinheiro, mas não perdeu a pose.
ANDRÉ: Tem um carro vindo.
(Ao longe, o carro de Félix se aproxima. Pilar no banco ao lado do filho)
PILAR: A Patrícia já chegou.
FÉLIX: É o mínimo, não é, mamy poderosa? Afinal, ela é a anfitriã. Além dela, estão o André, Téo e uma mulher que não estou conseguindo identificar.
PILAR: É a Beatriz, filho. Você está cego, por acaso?
FÉLIX: Com esse sol no meio da minha cara, não conseguiria nem reconhecer a rainha da Inglaterra, mamy.
(Felix para o carro e estaciona atrás do de Téo, que está atrás do de Patrícia e André)
PILAR (vendo pelo retrovisor): A cobra peçonhenta da Marta está chegando.
(O carro de Maria Marta e Cláudio para logo atrás do de Félix e Pilar)
MARIA MARTA: Está vendo o João Lucas?
CLÁUDIO: Nem sinal.
(Uma moto passa ao lado deles)
CLÁUDIO: Bom, ele acabou de chegar.
(Maria Marta, pelo o vidro dianteiro do carro, vê João Lucas e Paloma descerem da moto. Ao ver seu retrovisor, ela percebe o carro de Lucas e Cristina parando atrás do deles)
MARIA MARTA: O amante da Paloma acabou de chegar também. Coincidência?
(CAM agora no interior do carro de Lucas e Cristina)
CRISTINA: Sua amante, namorada, ficante, ou sei lá como devo chamá-la, já chegou.
LUCAS: Estou vendo. Paloma jogou baixo comigo me culpando pelo beijo que aquele pivete do namorado dela flagrou.
CRISTINA: E você esperava outra coisa vindo dela, meu querido?
(Alguém bate no vidro onde está Cristina. É José Pedro)
JOSÉ PEDRO: Bom dia.
CRISTINA: O que você quer?
JOSÉ PEDRO: Apenas me certificar de que você não esqueceu que temos um assunto pendente.
(José Pedro sai. Voltamos à Patrícia, André, Téo, Beatriz, João Lucas e Paloma, que estão ao redor do carro de Patrícia e André)
PATRÍCIA: Podemos ir?
JOÃO LUCAS: Ainda faltam a Paulina e o Rafael.
PALOMA (vendo um carro se aproximar): Acho que ali são eles.
TÉO: São sim. Vamos?
BEATRIZ: Téo, você vai me dar uma carona, não é?
TÉO: Sorte sua que eu ainda não preenchi minha cota de caridade do dia.
(Beatriz e Téo entram no carro dele. Patrícia e André fazem o mesmo. A fila de carros começa a andar, um atrás do outro. João Lucas e Paloma, na moto, ao lado do carro de André. Visão geral da estrada, ocupada pelos carros e pela moto)
Cena 8/ Reserva florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Tarde
(Visão geral do pátio do camping, com as barracas dos amigos dispostas em círculo. Um emaranhado de madeira ao centro. Ao redor do pátio, uma imensa floresta. Patrícia, André, Beatriz, Cristina, Paloma, José Pedro, Paulina, Maria Marta, Cláudio e Lucas encontram-se no pátio – ou seja, fora de suas barracas. CAM foca no grupo formado por Patrícia, André e Beatriz)
PATRÍCIA: Finalmente, estamos aqui. Vou adorar passar esses sete dias com vocês.
BEATRIZ: Não sei se posso dizer o mesmo. Tem gente aqui que eu preferia nunca mais ver na minha vida.
PATRÍCIA: O que é isso, Beatriz? Descarrega esses sentimentos ruins, esse rancor. Só quero alegria e vibrações positivas para esse acampamento.
ANDRÉ: Quem foi mesmo que deu a ideia para colocarmos todas as barracas em círculo?
PATRÍCIA: Da Pilar.
BEATRIZ: Sempre soube que Pilar era uma ótima dermatologista, mas não sabia que ela tinha vocação para decoradora, designer ou coisa parecida.
(CAM foca em Cristina, sozinha, encostada em uma árvore, olhando os outros com um olhar estranho. José Pedro se aproxima dela)
JOSÉ PEDRO: Será que podemos conversar?
CRISTINA: Que assunto é esse, hein?
JOSÉ PEDRO: Prefiro que essa conversa se dê em um lugar mais reservado. Se importa se entrarmos na floresta?
(Cristina e J. Pedro entram na floresta. CAM foca agora em Maria Marta e Cláudio, em pé, em frente à barraca do casal. Beatriz se aproxima deles)
BEATRIZ: Boa tarde. Estou bastante chateada que nenhum de vocês dois veio falar comigo ontem, no apartamento da Patrícia.
MARIA MARTA: Não temos tempo para dar atenção pra pobre.
BEATRIZ: Quanta grosseria, querida. Engraçado por que quando eu era rica, você vivia na minha casa, me bajulando.
MARIA MARTA: Você conjugou o verbo ser na forma correta. Quando você era, não é mais.
BEATRIZ: E sabemos muito bem porque não sou mais, não é? Casalzinho pilantra. Por que eu, hein? Não poderiam dar esse maldito golpe numa outra pessoa?
CLÁUDIO: Esse assunto de novo, Beatriz? Já dissemos mais de mil vezes que aquilo foi uma fatalidade. Ninguém aqui roubou seu dinheiro, o projeto falhou, ninguém queria isso, mas fazer o quê?
BEATRIZ: Eu não acredito nisso. Foi um golpe, vocês me roubaram. Mas eu garanto uma coisa: vocês irão me pagar por cada centavo que tiraram de mim, e me pagarão com juros e correção monetária. Estejam avisados.
(Beatriz sai. M. Marta e Cláudio entram na sua barraca. A CAM foca na caminhada de Paloma em direção à sua barraca, quando é interceptada por Lucas)
LUCAS: Temos que conversar.
PALOMA: Aqui não.
LUCAS: Por que você mentiu para o pirralho? Por que não foi sincera com ele e disse que me ama? Por que não assumiu o nosso caso?
PALOMA: A gente conversa outra hora, quando esse acampamento acabar. Aqui está cheio de gente, Lucas.
(João Lucas sai de sua barraca, vê Paloma e Lucas discutindo e se aproxima da namorada)
JOÃO LUCAS: Ele está te importunando, meu amor?
PALOMA: Não. O Lucas só veio me pedir desculpas pelo o que aconteceu ontem, não é mesmo, Lucas?
LUCAS: Isso é ridículo. Paloma, eu acho...
JOÃO LUCAS: Fica longe dela, rapaz. Para de sondar minha namorada. Se você continuar atrás dela, eu serei obrigado a tomar providências drásticas contra você.
(Lucas solta uma gargalhada)
LUCAS: Você acha que me mete medo, pivete? Sou policial. Lido com jovenzinho infame como você todos os dias.
JOÃO LUCAS: Pois deveria ter. Costumo ser mais perigoso do que qualquer jovenzinho infame com quem você já lidou.
PALOMA: Chega disso. Vamos entrar na nossa barraca, amor.
(Paloma entra, puxando João Lucas. A CAM foca em Paulina, que está sentada em um banquinho, lendo um livro. Beatriz, de maiô, com uma toalha no ombro, aproxima-se dela)
BEATRIZ: Paulina, vamos tomar um mergulho na Cachoeira Cristalina?
PAULINA: Outra hora, Beatriz. Acabamos de chegar, quero descansar um pouco lendo esse livro aqui. Chama-se Morte Súbita, da...
BEATRIZ: Ah não, querida. Tudo bem termos personagens de Amor à Vida com a gente nesse acampamento, mas nada de indicar livro. Cadê Rafael?
PAULINA: Dormindo. Qualquer viagem o cansa.
BEATRIZ: É por isso que você não quer vim banhar comigo, né? Fica botando culpa no livro, mas a verdadeira causa é o maridão que está dormindo e, por isso, não vai poder te acompanhar. Tudo bem, eu entendo. Pois já vou indo.
PAULINA: Você vai sozinha?
BEATRIZ: É o jeito. Esse povo daqui é tudo morto.
(Beatriz sai)
Cena 9/ Reserva Florestal/ Floresta/ Interno/ Tarde
(José Pedro e Cristina em pé, frente a frente)
CRISTINA: Pode falar.
JOSÉ PEDRO: Serei bem objetivo. Eu sei que você ainda gosta do André, da mesma forma que eu sei que você odeia a Patrícia e a culpa por ter roubado aquele imbecil de você no acampamento de 10 anos atrás.
CRISTINA: E daí?
JOSÉ PEDRO: E daí que eu continuo apaixonado pela Patrícia. Ela foi minha primeira namorada e ainda continua sendo a mulher do meu coração. Exatamente por isso que eu quero te propor um pacto.
CRISTINA: Pacto? Que pacto? Você só pode estar me confundindo com algum demônio pra achar que eu faço pacto. Ou com a cara da Xuxa, que é muito pior.
JOSÉ PEDRO: Não seja irônica, Cris.
CRISTINA: Para você, é Cristina.
JOSÉ PEDRO: Chamo do jeito que eu quiser. Observe bem: no acampamento passado, eu namorava a Patrícia e você o André. Quando aquele acampamento acabou, nós perdemos os nossos amores. Vamos aproveitar esse novo acampamento para resgatar o que perdemos no anterior.
CRISTINA: E você tem algum plano em mente?
JOSÉ PEDRO: Ainda não, mas eu penso em algo mirabolante rapidinho. E então, você aceita?
CRISTINA: Aceito, mas só venha falar comigo novamente quando já tiver um plano. Se virem a gente se falando toda hora, poderão desconfiar.
JOSÉ PEDRO: Não se preocupe.
(José Pedro dá um sorriso maldoso. Cristina o encara seriamente)
Cena 10/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Anoitecendo
(A cachoeira está cercada por uma floresta densa por todos os lados. Beatriz sai da água, pega a toalha e começa a se enxugar. Ela ouve um barulho estranho, como se galhos estivessem se mexendo)
BEATRIZ (assustada): Tem alguém aí? Téo, se for você, pode aparecer. Você sabe que eu não gosto dessas brincadeirinhas.
(Beatriz escuta outro barulho, agora de passos caminhando entre as folhas que estão no chão)
BEATRIZ (olhando para todos os cantos, sem sair do lugar e da posição onde está): Ai que droga. Já disse para aparecer, Téo. Já chega, viu? Estou indo embora, vou voltar para o pátio do camping.
(Beatriz caminha em direção à floresta, entrando na trilha – P.S.: de longe, mostrando apenas silhuetas, a CAM foca em alguém que está dentro da floresta, observando Beatriz entrar na trilha)
Cena 11/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Noite
(Patrícia, André, Rafael, Lucas, Pilar e Félix conversando ao redor da fogueira, sentados em bancos. Ao longe, está Paulina, também sentada em um banquinho, lendo seu livro. Téo sai de sua barraca e se aproxima de Paulina)
TÉO: Você viu a Beatriz por aí, querida? Não sei por que resolvi dividir minha barraca com ela. Tem mais muamba paraguaia do que calcinha na mala daquela sacoleira chinfrim.
PAULINA: Ela foi para a Cachoeira Cristalina. Inclusive, isso já faz algum tempo.
TÉO: Ah, a Cachoeira Cristalina. Nunca me esqueci desse lugar. Lembro como se fosse ontem de eu estar banhando e, de repente, me deparar com o André pelado na minha frente. Que visão magnífica.
PAULINA: Poupe-me.
(Téo sai)
Cena 12/ Reserva Florestal/ Camping/ Barraca Paloma e João Lucas/ Interno/ Noite
(Paloma e João Lucas deitados e abraçados. Ela, de repente, levanta-se)
PALOMA: Eu te amo, sabia?
JOÃO LUCAS: Também te amo.
PALOMA: Por isso, eu peço que não acredite em nada do que o Lucas disser. Ele só quer causar intriga.
JOÃO LUCAS: Eu sei disso.
(O casal se beija e volta a se deitar. J. Lucas tira a blusa de Paloma, e esta, sua camisa. Eles principiam o sexo)
Cena 13/ Reserva Florestal/ Trilha/ Interno/ Noite
(Beatriz corre. Muito ritmo. Sua toalha cai, mas ela não pára para pegá-la, continua a correr. A CAM foca em pés descalços caminhando – câmera subjetiva: a pessoa misteriosa olha Beatriz a correr na sua frente - Beatriz continua correndo. Muito ritmo. Os pés da pessoa misteriosa se apressam. Beatriz olha para trás e grita. Lágrimas nos seus olhos. Muito ritmo)
BEATRIZ: SOCORROOOOOOOOO... Alguém me ajuda.
(A CAM mostra uma visão geral da floresta e um novo grito de Beatriz ecoa)
BEATRIZ (A CAM MOSTRANDO A VISÃO GERAL DA FLORESTA): SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
(Patrícia e André, este com duas mochilas nas duas mãos, em pé, frente a frente)
ANDRÉ: Vamos? Só falta colocar essas duas mochilas no carro.
PATRÍCIA: Vamos. Nem acredito que finalmente estamos indo acampar com nossos amigos.
ANDRÉ: Continuo achando essa ideia um verdadeiro erro. Você não percebeu o quanto o ódio tomou conta dessa turminha de amigos de 10 anos atrás? Ontem, tinha uns soltando raios para os outros através do olhar.
PATRÍCIA: Eu tenho certeza que esse acampamento irá acabar com todos os desentendimentos existentes em cada um, além de ter um final feliz.
ANDRÉ: Assim espero. Mudando um pouco de assunto, você não estranhou algumas imposições que o Rafael fez para participar do acampamento?
PATRÍCIA: Sim. Ele disse que ninguém deveria insistir para que ele tirasse a camisa durante esse programinha, além de exigir uma barraca só para ele e a Paulina.
ANDRÉ: A da barraca até que é entendível, mas a da camisa é tão sem lógica. Mas cada um com suas manias. Bom, vamos logo?
PATRÍCIA: Claro, meu amor.
(O casal se beija e sai)
Cena 2/ Mansão Handini/ Sala/ Interno/ Dia
(Maria Marta e João Lucas em pé, frente a frente)
MARIA MARTA: E você ainda acreditou nessa história da carochinha, meu filho? Está mais do que na cara que a Paloma tem um caso com o Lucas, que ela está te traindo.
JOÃO LUCAS: CALA A BOCA, MÃE. Eu confio plenamente na Paloma.
MARIA MARTA: Por isso que tem vocação para corno.
JOÃO LUCAS: Eu não admito que a senhora destrate a Paloma, entendeu? Ela é minha namorada.
(João Lucas sai, deixando Maria Marta sozinha por um tempo. Maria Marta sobe a escada)
Cena 3/ Mansão Handini/ Suíte de Maria Marta e Cláudio/ Interno/ Dia
(M. Marta entra)
M.MARTA (para si): Aonde foi que eu errei na educação desse menino? Eu devo ser uma mãe muito esclerosada mesmo.
(Cláudio, que vem do banheiro, entra)
CLÁUDIO: Falando sozinha, meu amor?
M. MARTA: Não é da sua conta. Já colocou as malas no carro?
CLÁUDIO: Há muito tempo. Problemas com o João Lucas?
M. MARTA: E com quem mais seria? Você acredita que ontem nosso filho pegou a biscateira da Paloma, Bianca, sei lá como essa vagabunda se chama, aos beijos com o Lucas, e ele ainda fez questão de defendê-la? A desclassificada disse que era o Lucas que estava importunando-a, forçando um beijo e ela não teve como resistir, estava em um beco sem saída. Pura história para boi dormir.
CLÁUDIO: Nosso filho ama a Paloma, Marta. Só isso explica o fato de ele tomar partido a favor dela.
M. MARTA: João Lucas já está bem grandinho para saber que amor verdadeiro não existe.
CLÁUDIO: E o que isso significa? Que você não me ama?
M. MARTA: Quem não me ama aqui é você. Não me respeita, o que é pior.
CLÁUDIO: Como você pode dizer uma coisa dessas, Marta? Eu te amo, você é a mulher da...
M. MARTA: Poupe-me, Cláudio. Você acha que eu sou alguma imbecil para você me tratar como se eu fosse uma idiota? Você acha que eu não sei das suas puladas de cerca? Puladas de cerca bem exóticas, diga-se de passagem, porque qualquer homem normal, macho de verdade, que exala testosterona, trairia sua esposa com uma mulher, mas no seu caso, sabemos que a coisa não funciona assim.
CLÁUDIO: Não sei de onde você tirou esse absurdo.
M. MARTA: Qual é, Cláudio? Você não sabe como me doeu bancar a mulher burra e iludida na frente do Téo ontem, quando ele falou das suas traições. A grande verdade é que aquele blogueiro de quinta sempre esteve com a razão ao seu respeito. Quer me colocar chifres? Coloque, mas faça isso com dignidade, meu bem. Faça com mulher e não fique lambendo leitinho de homem na primeira oportunidade.
CLAÚDIO: CALA A BOCA.
(Cláudio ta um tapão em Maria Marta, que cai no chão)
CLÁUDIO (caindo em si, aproximando-se de Maria Marta): Marta, meu amor. Perdão, não sei o que deu em mim.
M. MARTA: Não toque em mim, seu covarde. Vai para o carro. AGORA.
(Marta levanta-se, enquanto Cláudio sai)
Cena 4/ Carro de Cláudio e Maria Marta/ Garagem da Mansão Handini/ Interno/ Dia
(Cláudio já no carro. Maria Marta entra)
MARTA: Cadê João Lucas?
CLÁUDIO: Foi com a Paloma.
MARTA: Garoto burro. Sabemos de quem ele herdou essa burrice, não é? Só um aviso para você, Cláudio. Se o que acabou de acontecer se repetir no acampamento, eu juro que te castro. Quero ver você dar prazer para os seus amantes bichas sem o seu brinquedinho.
CLÁUDIO: Dá para parar com isso?
MARTA: Cala essa boca. Vamos logo embora.
(Cláudio dá a partida, o carro sai da garagem e o portão automático se fecha)
Cena 5/ Casa de Cristina e Lucas/ Frente/ Externo/ Dia
(Cristina e Lucas encostados no carro, com o porta-malas aberto)
LUCAS: Mais alguma coisa?
CRISTINA: Não.
(Lucas fecha o porta-malas)
CRISTINA (correndo para entrar em casa): Ai meu Deus, quase que eu ia esquecendo do mais importante para esse acampamento.
(Cristina entra)
Cena 6/ Casa de Cristina e Lucas/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Cristina entra, abre uma gaveta e pega uma faca pontuda)
CRISTINA: Vou tocar o terror nesse programinha.
(Cristina dá uma gargalhada)
Cena 7/ Estrada/ Externo/ Dia
(Um carro parado no canto da rodovia. Patrícia e André encostados na dianteira do veículo)
PATRÍCIA: 15 minutos atrasados e nada.
ANDRÉ: Será que todo mundo desistiu desse acampamento de última hora?
(Téo surge)
TÉO: Todo mundo não, querido. Eu estou aqui, distribuindo beleza e simpatia. Quer beldade melhor do que eu nesse acampamento?
PATRÍCIA: Pelo menos alguém veio.
ANDRÉ: Mas o Téo tinha que ser logo o primeiro a confirmar presença?
TÉO: Deveria agradecer de joelhos.
PATRÍCIA (vendo uma mulher caminhando em sua direção): Tem alguém vindo.
TÉO (olhando para a mulher): Baixa, acima do peso, vindo a pé, cabelo desidratado que se percebe a quilômetros de distância e sacola de quitanda a tiracolo. Só pode ser a Beatriz, a pobreza materializada em pessoa.
BEATRIZ: Vejo que estão falando de mim.
TÉO: Claro, querida. Estávamos aqui justamente comentando como você está chique ultimamente. Perdeu o dinheiro, mas não perdeu a pose.
ANDRÉ: Tem um carro vindo.
(Ao longe, o carro de Félix se aproxima. Pilar no banco ao lado do filho)
PILAR: A Patrícia já chegou.
FÉLIX: É o mínimo, não é, mamy poderosa? Afinal, ela é a anfitriã. Além dela, estão o André, Téo e uma mulher que não estou conseguindo identificar.
PILAR: É a Beatriz, filho. Você está cego, por acaso?
FÉLIX: Com esse sol no meio da minha cara, não conseguiria nem reconhecer a rainha da Inglaterra, mamy.
(Felix para o carro e estaciona atrás do de Téo, que está atrás do de Patrícia e André)
PILAR (vendo pelo retrovisor): A cobra peçonhenta da Marta está chegando.
(O carro de Maria Marta e Cláudio para logo atrás do de Félix e Pilar)
MARIA MARTA: Está vendo o João Lucas?
CLÁUDIO: Nem sinal.
(Uma moto passa ao lado deles)
CLÁUDIO: Bom, ele acabou de chegar.
(Maria Marta, pelo o vidro dianteiro do carro, vê João Lucas e Paloma descerem da moto. Ao ver seu retrovisor, ela percebe o carro de Lucas e Cristina parando atrás do deles)
MARIA MARTA: O amante da Paloma acabou de chegar também. Coincidência?
(CAM agora no interior do carro de Lucas e Cristina)
CRISTINA: Sua amante, namorada, ficante, ou sei lá como devo chamá-la, já chegou.
LUCAS: Estou vendo. Paloma jogou baixo comigo me culpando pelo beijo que aquele pivete do namorado dela flagrou.
CRISTINA: E você esperava outra coisa vindo dela, meu querido?
(Alguém bate no vidro onde está Cristina. É José Pedro)
JOSÉ PEDRO: Bom dia.
CRISTINA: O que você quer?
JOSÉ PEDRO: Apenas me certificar de que você não esqueceu que temos um assunto pendente.
(José Pedro sai. Voltamos à Patrícia, André, Téo, Beatriz, João Lucas e Paloma, que estão ao redor do carro de Patrícia e André)
PATRÍCIA: Podemos ir?
JOÃO LUCAS: Ainda faltam a Paulina e o Rafael.
PALOMA (vendo um carro se aproximar): Acho que ali são eles.
TÉO: São sim. Vamos?
BEATRIZ: Téo, você vai me dar uma carona, não é?
TÉO: Sorte sua que eu ainda não preenchi minha cota de caridade do dia.
(Beatriz e Téo entram no carro dele. Patrícia e André fazem o mesmo. A fila de carros começa a andar, um atrás do outro. João Lucas e Paloma, na moto, ao lado do carro de André. Visão geral da estrada, ocupada pelos carros e pela moto)
ATO 02
Cena 8/ Reserva florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Tarde
(Visão geral do pátio do camping, com as barracas dos amigos dispostas em círculo. Um emaranhado de madeira ao centro. Ao redor do pátio, uma imensa floresta. Patrícia, André, Beatriz, Cristina, Paloma, José Pedro, Paulina, Maria Marta, Cláudio e Lucas encontram-se no pátio – ou seja, fora de suas barracas. CAM foca no grupo formado por Patrícia, André e Beatriz)
PATRÍCIA: Finalmente, estamos aqui. Vou adorar passar esses sete dias com vocês.
BEATRIZ: Não sei se posso dizer o mesmo. Tem gente aqui que eu preferia nunca mais ver na minha vida.
PATRÍCIA: O que é isso, Beatriz? Descarrega esses sentimentos ruins, esse rancor. Só quero alegria e vibrações positivas para esse acampamento.
ANDRÉ: Quem foi mesmo que deu a ideia para colocarmos todas as barracas em círculo?
PATRÍCIA: Da Pilar.
BEATRIZ: Sempre soube que Pilar era uma ótima dermatologista, mas não sabia que ela tinha vocação para decoradora, designer ou coisa parecida.
(CAM foca em Cristina, sozinha, encostada em uma árvore, olhando os outros com um olhar estranho. José Pedro se aproxima dela)
JOSÉ PEDRO: Será que podemos conversar?
CRISTINA: Que assunto é esse, hein?
JOSÉ PEDRO: Prefiro que essa conversa se dê em um lugar mais reservado. Se importa se entrarmos na floresta?
(Cristina e J. Pedro entram na floresta. CAM foca agora em Maria Marta e Cláudio, em pé, em frente à barraca do casal. Beatriz se aproxima deles)
BEATRIZ: Boa tarde. Estou bastante chateada que nenhum de vocês dois veio falar comigo ontem, no apartamento da Patrícia.
MARIA MARTA: Não temos tempo para dar atenção pra pobre.
BEATRIZ: Quanta grosseria, querida. Engraçado por que quando eu era rica, você vivia na minha casa, me bajulando.
MARIA MARTA: Você conjugou o verbo ser na forma correta. Quando você era, não é mais.
BEATRIZ: E sabemos muito bem porque não sou mais, não é? Casalzinho pilantra. Por que eu, hein? Não poderiam dar esse maldito golpe numa outra pessoa?
CLÁUDIO: Esse assunto de novo, Beatriz? Já dissemos mais de mil vezes que aquilo foi uma fatalidade. Ninguém aqui roubou seu dinheiro, o projeto falhou, ninguém queria isso, mas fazer o quê?
BEATRIZ: Eu não acredito nisso. Foi um golpe, vocês me roubaram. Mas eu garanto uma coisa: vocês irão me pagar por cada centavo que tiraram de mim, e me pagarão com juros e correção monetária. Estejam avisados.
(Beatriz sai. M. Marta e Cláudio entram na sua barraca. A CAM foca na caminhada de Paloma em direção à sua barraca, quando é interceptada por Lucas)
LUCAS: Temos que conversar.
PALOMA: Aqui não.
LUCAS: Por que você mentiu para o pirralho? Por que não foi sincera com ele e disse que me ama? Por que não assumiu o nosso caso?
PALOMA: A gente conversa outra hora, quando esse acampamento acabar. Aqui está cheio de gente, Lucas.
(João Lucas sai de sua barraca, vê Paloma e Lucas discutindo e se aproxima da namorada)
JOÃO LUCAS: Ele está te importunando, meu amor?
PALOMA: Não. O Lucas só veio me pedir desculpas pelo o que aconteceu ontem, não é mesmo, Lucas?
LUCAS: Isso é ridículo. Paloma, eu acho...
JOÃO LUCAS: Fica longe dela, rapaz. Para de sondar minha namorada. Se você continuar atrás dela, eu serei obrigado a tomar providências drásticas contra você.
(Lucas solta uma gargalhada)
LUCAS: Você acha que me mete medo, pivete? Sou policial. Lido com jovenzinho infame como você todos os dias.
JOÃO LUCAS: Pois deveria ter. Costumo ser mais perigoso do que qualquer jovenzinho infame com quem você já lidou.
PALOMA: Chega disso. Vamos entrar na nossa barraca, amor.
(Paloma entra, puxando João Lucas. A CAM foca em Paulina, que está sentada em um banquinho, lendo um livro. Beatriz, de maiô, com uma toalha no ombro, aproxima-se dela)
BEATRIZ: Paulina, vamos tomar um mergulho na Cachoeira Cristalina?
PAULINA: Outra hora, Beatriz. Acabamos de chegar, quero descansar um pouco lendo esse livro aqui. Chama-se Morte Súbita, da...
BEATRIZ: Ah não, querida. Tudo bem termos personagens de Amor à Vida com a gente nesse acampamento, mas nada de indicar livro. Cadê Rafael?
PAULINA: Dormindo. Qualquer viagem o cansa.
BEATRIZ: É por isso que você não quer vim banhar comigo, né? Fica botando culpa no livro, mas a verdadeira causa é o maridão que está dormindo e, por isso, não vai poder te acompanhar. Tudo bem, eu entendo. Pois já vou indo.
PAULINA: Você vai sozinha?
BEATRIZ: É o jeito. Esse povo daqui é tudo morto.
(Beatriz sai)
Cena 9/ Reserva Florestal/ Floresta/ Interno/ Tarde
(José Pedro e Cristina em pé, frente a frente)
CRISTINA: Pode falar.
JOSÉ PEDRO: Serei bem objetivo. Eu sei que você ainda gosta do André, da mesma forma que eu sei que você odeia a Patrícia e a culpa por ter roubado aquele imbecil de você no acampamento de 10 anos atrás.
CRISTINA: E daí?
JOSÉ PEDRO: E daí que eu continuo apaixonado pela Patrícia. Ela foi minha primeira namorada e ainda continua sendo a mulher do meu coração. Exatamente por isso que eu quero te propor um pacto.
CRISTINA: Pacto? Que pacto? Você só pode estar me confundindo com algum demônio pra achar que eu faço pacto. Ou com a cara da Xuxa, que é muito pior.
JOSÉ PEDRO: Não seja irônica, Cris.
CRISTINA: Para você, é Cristina.
JOSÉ PEDRO: Chamo do jeito que eu quiser. Observe bem: no acampamento passado, eu namorava a Patrícia e você o André. Quando aquele acampamento acabou, nós perdemos os nossos amores. Vamos aproveitar esse novo acampamento para resgatar o que perdemos no anterior.
CRISTINA: E você tem algum plano em mente?
JOSÉ PEDRO: Ainda não, mas eu penso em algo mirabolante rapidinho. E então, você aceita?
CRISTINA: Aceito, mas só venha falar comigo novamente quando já tiver um plano. Se virem a gente se falando toda hora, poderão desconfiar.
JOSÉ PEDRO: Não se preocupe.
(José Pedro dá um sorriso maldoso. Cristina o encara seriamente)
ATO 03
Cena 10/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Anoitecendo
(A cachoeira está cercada por uma floresta densa por todos os lados. Beatriz sai da água, pega a toalha e começa a se enxugar. Ela ouve um barulho estranho, como se galhos estivessem se mexendo)
BEATRIZ (assustada): Tem alguém aí? Téo, se for você, pode aparecer. Você sabe que eu não gosto dessas brincadeirinhas.
(Beatriz escuta outro barulho, agora de passos caminhando entre as folhas que estão no chão)
BEATRIZ (olhando para todos os cantos, sem sair do lugar e da posição onde está): Ai que droga. Já disse para aparecer, Téo. Já chega, viu? Estou indo embora, vou voltar para o pátio do camping.
(Beatriz caminha em direção à floresta, entrando na trilha – P.S.: de longe, mostrando apenas silhuetas, a CAM foca em alguém que está dentro da floresta, observando Beatriz entrar na trilha)
Cena 11/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Noite
(Patrícia, André, Rafael, Lucas, Pilar e Félix conversando ao redor da fogueira, sentados em bancos. Ao longe, está Paulina, também sentada em um banquinho, lendo seu livro. Téo sai de sua barraca e se aproxima de Paulina)
TÉO: Você viu a Beatriz por aí, querida? Não sei por que resolvi dividir minha barraca com ela. Tem mais muamba paraguaia do que calcinha na mala daquela sacoleira chinfrim.
PAULINA: Ela foi para a Cachoeira Cristalina. Inclusive, isso já faz algum tempo.
TÉO: Ah, a Cachoeira Cristalina. Nunca me esqueci desse lugar. Lembro como se fosse ontem de eu estar banhando e, de repente, me deparar com o André pelado na minha frente. Que visão magnífica.
PAULINA: Poupe-me.
(Téo sai)
Cena 12/ Reserva Florestal/ Camping/ Barraca Paloma e João Lucas/ Interno/ Noite
(Paloma e João Lucas deitados e abraçados. Ela, de repente, levanta-se)
PALOMA: Eu te amo, sabia?
JOÃO LUCAS: Também te amo.
PALOMA: Por isso, eu peço que não acredite em nada do que o Lucas disser. Ele só quer causar intriga.
JOÃO LUCAS: Eu sei disso.
(O casal se beija e volta a se deitar. J. Lucas tira a blusa de Paloma, e esta, sua camisa. Eles principiam o sexo)
Cena 13/ Reserva Florestal/ Trilha/ Interno/ Noite
(Beatriz corre. Muito ritmo. Sua toalha cai, mas ela não pára para pegá-la, continua a correr. A CAM foca em pés descalços caminhando – câmera subjetiva: a pessoa misteriosa olha Beatriz a correr na sua frente - Beatriz continua correndo. Muito ritmo. Os pés da pessoa misteriosa se apressam. Beatriz olha para trás e grita. Lágrimas nos seus olhos. Muito ritmo)
BEATRIZ: SOCORROOOOOOOOO... Alguém me ajuda.
(A CAM mostra uma visão geral da floresta e um novo grito de Beatriz ecoa)
BEATRIZ (A CAM MOSTRANDO A VISÃO GERAL DA FLORESTA): SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
(Fim do episódio)
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