quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Alice - Capítulo 9


ALICE

NONO CAPÍTULO

Cena 1/Mansão Grimaldi/Corredor/Manhã
Estrela, ainda um pouco tonta, caminha pelo corredor, trançando as pernas.
ESTRELA – O que tá acontecendo comigo, hein?
Estrela chega à escada e se desequilibra, rolando escada a baixo. A ruiva chega ao chão, desmaiada.
A câmera se aproxima do rosto de Estrela, desmaiada.

Cena 2/Mansão Albuquerque/Jardim/Manhã
Rebeca está sentada em volta da mesa tomando café com César.
CÉSAR – E então, meu amor, o Olavo não quis vender a empresa pra você?
REBECA – Não! O Olavo sempre foi cabeça dura. Eu insisti até quando pude, mas ele não aceitou a proposta!
CÉSAR – Eu não entendo essa paixão do Olavo pela empresa.
REBECA – E eu não entendo por que você tanto quer aquela agência. Com a fortuna que nós temos, dá pra montar umas vinte empresas melhores que a dele!
CÉSAR – Você sabe muito bem o motivo.
REBECA – Uma vingança boba.
CÉSAR – Boba? O canalha do Olavo me destruiu! Me passou a perna! Se hoje ele é um dos homens mais ricos desse país, tem que agradecer a mim!
REBECA – Agradecer a você? (risos) Poupe-me, César.
CÉSAR – Eu não contei piada alguma para você rir.
REBECA – Você é a piada! Um homem derrotado, fraco, idiota. Se não fosse por mim, você estaria trabalhando de camelô na Avenida Brasil até hoje!
CÉSAR – Vai jogar na minha cara que você me tirou da miséria?
REBECA – Não, não vou! Só estou te lembrando de que do mesmo jeito que eu estendi a mão e te tirei da miséria, posso te colocar nela de novo.
CÉSAR – Você seria capaz?
REBECA – Eu sou capaz de coisas que Deus duvida e o Diabo aplaude.
CÉSAR – Capazes de coisas horríveis, não?
REBECA – O que você está insinuando?
CÉSAR – Rebeca me responde uma coisa, você seria capaz de matar?
Bianca entra no jardim e ouve a conversa dos dois.
BIANCA – Matar? Que história é essa?
Rebeca e César a encaram, sem saber o que falar.

Cena 3/Mansão Grimaldi/Sala/Manhã
A empregada entra na sala e encontra Estrela desmaiada. Assustada, ela grita.
EMPREGADA – JESUS MARIA JOSÉ! A DONA ESTRELA MORREU!
Victoria e Olavo, ao ouvirem o escândalo, entram na sala.
VICTORIA – O que você tá falan... ESTRELA! ESTRELA MEU DEUS!
Victoria corre para perto de Estrela. Olavo faz o mesmo.
OLAVO – O que aconteceu?
EMPREGADA – Eu não sei! Quando entrei aqui na sala ela tava aí, estirada no chão.
Olavo pega o braço de Estrela e sente o pulso.
OLAVO – Ela tá viva!
EMPREGADA – Ai, graça a Deus!
VICTORIA – Chama uma ambulância, vai! Corre!
A empregada corre pra perto do telefone e liga para o hospital onde os Grimaldi tem convênio.
EMPREGADA – Alô? É do hospital São Lucas?

Cena 4/Agência de Modelos/Sala do Vice-Presidente/Manhã
Adriana entra na sala. Marcos, que estava sentado, levanta-se e vai ao encontro dela. Adriana tenta beijá-lo, mas ele segura seus braços e a impede.
ADRIANA – Ai, assim você me machuca!
MARCOS – E é pra machucar mesmo!
ADRIANA – Que isso? Sexo selvagem? Não pensei que você ia querer logo aqui! (risos)
Marcos a solta.
MARCOS – Eu não estou para as suas gracinhas, Adriana.
ADRIANA – E pra que você me chamou então?
MARCOS – O que você foi fazer no Copacabana Palace?
ADRIANA – Eu?
MARCOS – Não, Adriana. Você não! A Cleópatra!
ADRIANA – Talvez ela tenha ido trair o Faraó, ora essas.
Marcos se aproxima de Adriana, a segura pelos ombros e a sacode.
MARCOS – Eu falando sério, Adriana. O que você foi fazer naquele hotel?
ADRIANA – Me solta primeiro e eu conto!
Marcos solta Adriana.
ADRIANA – Eu fui visitar a Cristina.
MARCOS – ELA ESTÁ NO COPACABANA?
ADRIANA – Sim, está. Preferi que ela ficasse lá porque é próximo da empresa e ela poderia “esbarrar” com a Renata mais vezes. Mas por que tamanha surpresa? E afinal, como você me viu lá?
MARCOS – Ontem a noite a Renata e eu fomos lá!
Adriana fica surpresa.
ADRIANA – E ela me viu?
MARCOS – Sim! Se não fosse por ela eu não saberia que você esteve lá.
ADRIANA – E o que ela disse?
MARCOS – Várias coisas como, por exemplo, se você não foi se encontrar com um homem.
ADRIANA – (rindo) Mal sabe ela com qual homem eu me deito! Mas o que você disse?
MARCOS – Que eu pouco me importo com quem você se relaciona, que por mim você poderia ir pra cama até com uma mulher que eu não daria a mínima!
ADRIANA – (rindo) Que radical você, hein? Então quer dizer que se eu me envolvesse com uma mulher, você não se importaria?
MARCOS – Por favor, Adriana!
ADRIANA – (rindo) Mas imagina que excitante: você, eu e mais uma mulher. Na casa da corna! Naquela banheira de hidromassagem maravilhosa que ela tem. Vai me dizer que você não toparia? Todo homem tem fetiche em transar com duas mulheres ao mesmo tempo, ainda mais se for com uma gostosa como eu!
MARCOS – Falando desse jeito você parece uma prostituta! Uma mulher que não vale um centavo sequer.
Adriana dá uma bofetada em Marcos.
ADRIANA – Me respeite porque sou mulher casada, decente e virgem! Estou me guardando para o meu marido! (risos)
Marcos retribui a bofetada.
MARCOS – Tapa de amor não dói! Agora sai da minha sala, sai. Não tenho tempo para suas bobeiras!
Adriana, que havia caído no sofá com o impacto do tapa, se levanta.
ADRIANA – Agressivo... Gosto assim! (risos)
Adriana sai da sala. Marcos ri.

Cena 5/Copacabana/Hospital São Lucas/Sala de Espera/Manhã
Victoria e Olavo estão andando de um lado para o outro na sala.
VICTORIA – Que não seja nada de grave coma minha filha, meu Deus!
OLAVO – Eu ainda estou intrigado com esse desmaio.
VICTORIA – Eu também! A Estrela nunca teve esses desmaios sem motivo aparente.
OLAVO – Você acha que pode ser algo grave?
VICTORIA – Espero que não!
OLAVO – E o Estevão?
VICTORIA – O que tem?
OLAVO – Ele já sabe desse desmaio da Estrela?
VICTORIA – Ah, que cabeça a minha! Com tudo isso eu nem me lembrei de avisá-lo. Vou ligar pra ele.
Victoria pega o celular, aperta um teclado e leva o celular ao ouvido.
VICTORIA – Estevão? Aconteceu uma coisa com a Estrela.

Cena 6/Mansão Guimarães/Sala/Manhã
BÁRBARA – A Estrela o quê?
ESTEVÃO – Pelo que a Victoria me disse, a Estrela desmaiou na mansão e rolou escada a baixo.
Bárbara fica perplexa.
BÁRBARA – Meu Deus! E está tudo bem com ela?
ESTEVÃO – Ninguém sabe ainda. Ela está sendo examinada!
BÁRBARA – E você quer que eu vá contigo, querido?
ESTEVÃO – Mas você não vai abrir a boutique?
BÁRBARA – Eu tenho empregados pra isso, né querido. Eles podem segurar as pontas até eu chegar!
ESTEVÃO – Então vamos.
BÁRBARA – Eu vou lá em cima pegar a minha bolsa.
ESTEVÃO – OK! Te espero na garagem.
Estevão sai correndo em direção à garagem. Bárbara sobe as escadas.

Cena 7/Mansão Albuquerque/Jardim/Manhã
BIANCA – E então, alguém vai me explicar que história é essa?
CÉSAR – Sobre o que você está falando, querida?
BIANCA – Não se faça, pai. Eu ouvi muito bem você falando algo relacionado a matar!
REBECA – Olha como você fala com o seu pai, menina.
BIANCA – Perdão! É que eu quero saber sobre o que vocês estavam falando.
CÉSAR – É que... Que... Que...
BIANCA – (rindo) Travou o disco, papi?
REBECA – O seu pai falou sobre matar sim!
Bianca e César se surpreendem.
CÉSAR – Rebeca!
REBECA – O que foi César? Ela quer saber, oras! Não custa nada contar. O seu pai me perguntou se eu teria coragem de matar um esquilo que passou aqui pelo jardim.
BIANCA – Um esquilo?
REBECA – Isso mesmo! Um esquilo grande, não muito, mas pouco maior que um filhote. Acho que é ele que está destruindo as minhas flores! E se for ele mesmo, assim como César me perguntou e eu ia responder, eu o matarei. Não gosto que nada atrapalhe o que me interessa!
César respira, aliviado. Bianca senta-se à mesa.
BIANCA – E você seria capaz de matar uma criatura indefesa?
REBECA – Eu sou capaz de muitas coisas, querida! (risos) Agora cale-se, sente-se e tome o seu café conosco.
BIANCA – Vou fazer isso mesmo, daqui a pouco vou pra boutique da Bárbara.
REBECA – Você ainda não tirou essa ideia de trabalhar da sua cabeça, minha filha?
BIANCA – Não, mãe. E não adianta implorar porque eu vou continuar trabalhando!
REBECA – Olha só o Império que nós temos, querida. Pra que trabalhar quando se tem tudo aos seus pés?
BIANCA – Você acha mesmo que eu ficaria encostada na sua fortuna?
REBECA – Seria o mais coerente a fazer.
BIANCA – O que você tem na sua cabeça, hein mãe?
REBECA – Além dos meus lindos e sedosos fios morenos? Um cérebro! E esse cérebro pensa bastante, sabe Bianca. O suficiente para saber o que é melhor pra você!
BIANCA – Pois parece que pra isso ele não está pensando. Que tipo de mulher eu seria se não corresse atrás do que eu desejo, hein mãe? A vida não tem a menor graça quando se tem tudo aos seus pés. Ainda mais quando você é filha de Rebeca e César Montenegro!
REBECA – Eu nunca vou te entender, Bianca. Nunca! Você tem uma vida confortabilíssima, tudo o que você desejar pode aparecer na sua frente num estalar de dedos e você opta por trabalhar? Se tornar uma assalariada? Por favor, né!
BIANCA – Tudo o que eu quero pode aparecer na minha frente num estalar de dedos?
REBECA – Sim!
Começa a tocar a instrumental Amores Distantes – Tema de José Alfredo – Império.
BIANCA – Então eu quero o meu pai!
Um clima de tensão toma conta do jardim. Bianca olha para César.
BIANCA – Perdão, César. Perdão! Você é o meu pai sim e eu te agradeço por ter me criado com todo amor, todo carinho, todo apresso e atenção. Mas dentro de mim eu sempre tive o desejo de conhecer o meu verdadeiro de pai, de ser criada por ele, de vê-lo nas minhas peças na escola... Até levar broncas eu queria!
César coloca sua mão sob a de Bianca. Rebeca os observa.
CÉSAR – Eu te entendo, querida. Eu te entendo!
Bianca seca algumas lágrimas que caem de seus olhos.
REBECA – Isso infelizmente você não pode ter, querida.
BIANCA – Viu como os desejos são difíceis de realizar e, às vezes, até impossíveis, mãe? Então tira essa ideia da sua cabeça porque esse é um dos desejos que nunca vão se realizar! Eu vou continuar trabalhando até quando eu puder. Quero receber o meu próprio salário, ter minha carteira de trabalho assinada, levar, sim, com todo orgulho e felicidade, o titulo de “assalariada”. Porque trabalhar é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer! O trabalho enaltece a alma, mãe. E com licença, porque eu perdi o apetite.
Bianca se levanta da mesa e dá um beijo na testa de César. Em seguida, sai.
CÉSAR – Viu o que você fez, Rebeca? Você afasta de você todas as pessoas que se aproximam! Esse seu jeito rancoroso só vai te levar a uma coisa: a solidão. Com licença.
César joga o guardanapo sob a mesa e sai.
REBECA – Quem tem dinheiro não precisa da companhia de pessoas medíocres como você, César. Não precisa mesmo!

Cena 8/Vila do Sossego/Pátio/Manhã
Madalena passa pelo pátio. Carmen e Patrícia estão em pé, na porta.
CARMEN – E então, querida, se recuperou?
PATRÍCIA – Aconteceu alguma coisa com você, Madalena?
MADALENA – Não necessariamente comigo, mas me atingiu.
PATRÍCIA – Te atingiu? Como assim?
MADALENA – A Alice, Pat... Ela teve mais um daqueles surtos!
PATRÍCIA – Meu Deus! E por quê? O que a motivou a isso?
MADALENA – Eu não posso explicar o motivo, me perdoe.
PATRÍCIA – E ela cometeu algo grave durante esse surto?
MADALENA – Não! Apenas quebrou o próprio quarto.
CARMEN – Eu tenho medo, Mad. Eu tenho medo!
MADALENA – Eu também, Carmen. Tenho medo de ela cometer mais uma atrocidade como há anos atrás!
PATRÍCIA – Olha (mostrando o braço), só de lembrar disso fico toda arrepiada!
MADALENA – Eu também.
CARMEN – E você não tem medo da Alice fazer o mesmo contigo?
MADALENA – Não! Apesar de tudo, eu tenho a convicção de que a Alice não faria o mesmo comigo.
PATRÍCIA – Todo louco sabe a loucura que está cometendo!
Carmen olha para Patrícia.
PATRÍCIA – Ai, ai, perdão! É que saiu!
MADALENA – Tudo bem, Patrícia. Você não é a primeira e nem será a última pessoa a rotular a Alice como louca. Todos que conhecem o passado dela e o que ela fez a chamam assim!
Carmen se aproxima de Madalena e coloca a mão sob seu ombro.
CARMEN – Tudo vai se resolver, querida. Tenha fé!

Cena 9/Passagem de tempo da manhã para o fim da tarde

Cena 10/Copacabana/Hospital São Lucas/Sala de Espera/Noite
Victoria, Olavo, Estevão, Bárbara, Alice, Melissa e Afonso estão na sala de espera.
MELISSA – Eu não aguento mais essa espera! Eu quero notícias sobre o estado da minha neta!
AFONSO – Calma, meu amor. A enfermeira que veio aqui informou que está tudo bem!
MELISSA – E eu lá quero informação de enfermeira, Afonso? Quero ouvir da boca do próprio médico que está tudo bem com a Estrela!
VICTORIA – Eu também quero ouvir essas palavras vindas da boca dele, mãe.
OLAVO – Eu vou procura-lo porque é impossível que ele não venha até nós!
ALICE – Calma, Olavo! Eles vão vir falar com o senho.. Digo, com você! E com todos nós!
ESTEVÃO – Eu só espero que esteja tudo bem com a minha esposa.
BÁRBARA – E está, querido. Se Deus quiser, há de estar!
A enfermeira entra na sala de espera.
ENFERMEIRA – Vocês são os parentes da paciente Estrela Grimaldi?
TODOS – Sim!
ENFERMEIRA – Me acompanhem então. Ela acabou de acordar!
TODOS – Graças a Deus!
Todos saem da sala de espera e acompanham a enfermeira até o quarto onde Estrela está.

Cena 11/Copacabana/Hospital São Lucas/Quarto de Estrela/Noite
A enfermeira abre a porta do quarto e todos entram. Estevão corre para o lado de Estrela, pega em sua mão e a beija.
ESTEVÃO – Eu estava tão preocupado com você, meu amor. Tão preocupado!
VICTORIA – Todos estávamos, querida.
OLAVO – Eu pensei que o pior poderia ter acontecido!
MELISSA – Todos nós pensamos!
AFONSO – Mas graças a Deus tudo está bem!
ALICE – Graças a ele!
BÁRBARA – E onde está o médico?
AFONSO – Eu também quero saber! Quero informações sobre o estado da minha neta!
ESTRELA – Eu estou bem, gente. Se acalmem! (risos)
Neste instante, o médico entra no quarto.
MÉDICO – Me desculpem a demora. Tive que resolver um problema com a balconista!
OLAVO – Tudo bem, sem problema. Mas agora nos diga, a Estrela tem alguma coisa?
MÉDICO – Sim.
ESTRELA – (surpresa) EU TENHO?
Todos ficam surpresos.
MÉDICOS – Mas não é motivo de preocupação! Pelo contrário, podem comemorar.
VICTORIA – E o que é?
MELISSA – Nos diga, por favor! Estou ficando apreensiva!
ALICE – Todos estão!
MÉDICOS – Estevão, parabéns.
ESTEVÃO – Parabéns? E por quê? Eu não entendendo mais nada!
Estevão segura Estrela pela mão. Todos estão nervosos.
MÉDICO – A Estrela está grávida!
TODOS – GRÁVIDA?
O médico faz que sim com a cabeça. Todos ficam surpresos. Alice e Estevão se olham e sorriem.

Toca Miss You Love – Silverchair


FIM DE CAPÍTULO
Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário