quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 3




Cena 1/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
BONAVANTE: Diga logo, Cassandra. Estou esperando. Conte o que você tem para contar.
CASSANDRA: Não.
BONAVANTE: Como não? Você invade o meu gabinete, me atrapalha dizendo que tem um assunto urgente, assunto este que envolve a Carlota e, no fim das contas, você decide que não vai contar nada? Por acaso, você acha que eu tenho cara de palhaço, Cassandra?
CASSANDRA: Outra hora, eu falo com o senhor. Perdão por lhe interromper, com licença.
(Cassandra sai e Bonavante permanece sentado à mesa, preocupado)

Cena 2/ Mansão Bovary/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da cena 14 do capítulo anterior)
CLARISSA: Vamos, Marilda. Estou esperando uma resposta. O que você e mamãe conversaram naquele quarto?
MARILDA: Eu sinto muito, dona Clarissa, mas sua mãe me proibiu de revelar qualquer coisa que envolve a conversa que tivemos.
CLARISSA: Querida, eu sou sua patroa. Sua obrigação é me obedecer. Se eu estou mandando você me contar, você vai ter que me contar.
MARILDA: Eu sou mais fiel à dona Eva do que a você, dona Clarissa. Se a senhora quiser obter alguma informação a respeito dessa tal conversa, pergunte à sua mãe.
CLARISSA: Cozinheira petulante. Fique sabendo que esse mês você receberá apenas a metade do seu salário, pra aprender a ser mais obediente e menos insolente.
(Clarissa sai)

Cena 3/ Mansão Bovary/ Quarto Eva/ Interno/ Noite
(Eva deitada. Sentada ao seu lado está Clarissa)
EVA: Por que você está tão interessada nessa conversa, Clarissa?
CLARISSA: Porque eu sou sua filha, porque eu me preocupo com a senhora.
EVA: Filha, a conversa que eu tive com a Marilda é sigilosa.
CLARISSA: A senhora não confia em mim?
EVA: É claro que eu confio, mas o assunto que eu tenho com a Marilda não te diz respeito. Por isso, não há necessidade de você ficar sabendo.
CLARISSA: Tem alguma coisa a ver com a sua doença?
EVA: Não, não tem.
CLARISSA: Bom, nesse caso, eu fico mais aliviada.
EVA: Já disse que não precisa se preocupar. Acredite na minha palavra.
CLARISSA: Estou indo dormir, então. Boa noite, mãe.
EVA: Boa noite.
(Clarissa dá um beijo na testa de Eva, levanta-se e sai)

Cena 4/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Elizeu e Dorotéia/ Interno/ Noite
(Elizeu e Dorotéia deitados, lado a lado)
ELIZEU: Estou tão feliz, tão orgulhoso do Vitorino.
DOROTÉIA: Ele é realmente um ótimo garoto.
ELIZEU: Nossa. Você ficou feliz pelo nosso filho, Dorotéia?
DOROTÉIA: Claro que fiquei.
ELIZEU: Ah sim, porque te vi com a cara amarrada o tempo todo. Você foi até seca na hora de parabenizá-lo.
DOROTÉIA: O que me deixou bastante incomodada foi o fato de você ter utilizado o Vitorino para humilhar o Marcílio e a Liduína.
ELIZEU: Eu não humilhei ninguém. Apenas disse que o Marcílio e a Liduína deveriam se espelhar no comportamento do Vitorino e irem atrás de um trabalho. Mas não se preocupe, pois isso não irá mais se repetir. Eu já tenho uma ideia para estimular aqueles dois a correrem atrás de um emprego.
DOROTÉIA: Que ideia é essa?
ELIZEU: Amanhã você saberá, junto com os meninos. Boa noite.
DOROTÉIA: Boa noite.
(Os dois puxam o lençol ao mesmo tempo e fecham os olhos)

Cena 5/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassilda, Cassandra e Carlota/ Interno/ Noite
(Carlota e Cassandra sentadas em uma cama. Cassandra chega e deita-se em sua cama. Carlota levanta-se e se direciona para Cassandra)
CARLOTA: Eu quero falar com você.
CASSANDRA: Agora não.
CARLOTA: Mas é importante.
CASSANDRA: Você é surda, Carlota? Não quero conversar com ninguém. Estou morrendo de dor de cabeça, o que eu quero é que vocês apaguem essa luz e façam silêncio.
(Cassandra se cobre com o cobertor e fecha os olhos. Carlota olha indignada para Cassilda, que apaga a luz)

Cena 6/ Paisagens de Vila Prata/ Manhã
(Toca Elastic Heart – Sia)

Cena 7/ Vila Prata/ Casa Chester/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Vitorino, Elizeu, Dorotéia e Liduína estão dispostos na sala. Marcílio, de toalha, entra)
MARCÍLIO: Mas o que é isso? Outra reunião familiar?
ELIZEU: Bom dia, Marcilio. Isso são horas de acordar?
DOROTEIA: Deixe de enrolação, Elizeu, e diga logo a ideia que você teve para estimular o Marcílio e a Liduína a trabalharem.
MARCÍLIO: Como é?
ELIZEU: Antes de tudo, eu quero parabenizar novamente o Vitorino por ter sido o primeiro dos meus filhos a arranjar um emprego. Tome, filho.
(Elizeu entrega um maço de dinheiro para Vitorino)
ELIZEU: São 500 libras para você. Uma recompensa por ter conseguido o emprego.
VITORINO: Não precisava, pai. Muito obrigado.
(Vitorino abraça Elizeu)
DOROTEIA: Ainda não entendi onde os seus outros dois filhos entram nessa história, Elizeu.
ELIZEU: Mas isso é simples. A partir de agora, Liduína e Marcílio estarão em uma competição. O primeiro dos dois que arranjar um trabalho ganhará um prêmio equivalente ao que o Vitorino acabou de receber.
MARCÍLIO: 500 mil libras?
ELIZEU: Exatamente.
LIDUÍNA: Nesse caso, com licença, que eu tenho muita coisa pra fazer na rua. Tchau.
MARCÍLIO: Eu também.
DOROTEIA: E vai sair assim de toalha, menino?
(Liduína sai. Marcílio volta correndo pro quarto dele)
ELIZEU: Que a competição comece.
(Elizeu cai na gargalhada, enquanto Vitorino dá um sorriso breve e Dorotéia os olha perplexa)

Cena 8/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante sentado a sua mesa. Cassilda entra)
CASSILDA: O senhor me chamou, pai?
BONAVANTE: Sim, filha. Sente-se, por favor.
(Cassilda senta-se, ficando de frente ao pai)
BONAVANTE: Cassilda, eu serei bem direto.
CASSILDA: Ok.
BONAVANTE: Está acontecendo alguma coisa entre a Cassandra e a Carlota?
CASSILDA: Como assim?
BONAVANTE: As duas estão brigando, por exemplo? Chateadas uma com a outra ou coisa parecida?
CASSILDA: Não, pai. Por que a pergunta?
BONAVANTE: Ontem à noite, Cassandra veio até mim dizendo que tinha algo envolvendo a Carlota muito importante para me contar. Ela comentou isso com você?
CASSILDA: Comentou não.
BONAVANTE: Certo, então. Cassilda, minha filha, se Cassandra estiver acordada, peça para que ela venha até aqui, por favor.
CASSILDA: Sim senhor, com licença.
(Cassilda levanta-se e sai)

Cena 9/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Carlota e Cassilda/ Interno/ Manhã
(Cassandra deitada em sua cama. Cassilda entra)
CASSILDA: Cassandra, papai está lhe chamando no gabinete dele.
CASSANDRA: O que ele quer?
CASSILDA: Conversar, mas não me adiantou o assunto.
(Cassandra levanta-se da cama. Cassilda pega no braço da irmã)
CASSILDA: Ontem você foi até o papai contar para ele sobre o namoro da Carlota com o Joca, não foi?
CASSANDRA: Você não tem nada a ver com isso.
CASSILDA: Como você teve a coragem de fazer uma coisa dessas? A Carlota é sua irmã.
CASSANDRA: Primeiro de tudo, largue meu braço.
(Cassilda larga o braço de Cassandra.)
CASSANDRA: Segundo, eu não te devo satisfações das minhas atitudes. Mas para matar a sua curiosidade, ontem eu fui até o papai para contar sobre o namoro da Carlota, sim. E daí? Qual é o problema disso? Infelizmente, ele não me deu a atenção que eu merecia e, por isso, não acabei revelando nada. No entanto, isso é algo que eu posso fazer agora.
(Cassandra sai, deixando Cassilda apreensiva)

Cena 10/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Carlota e Clarissa sentadas lado a lado em um sofá)
CLARISSA: Eu não acredito que a Cassandra descobriu sobre o seu namoro com o Joca.
CARLOTA: Descobriu e eu estou com muito medo que ela conte isso para o papai.
CLARISSA: Do jeito que ela é invejosa, eu não duvido nada.
CARLOTA: E como está a dona Eva?
CLARISSA: Ela está com tuberculose. Dr. Pessoa disse que já existe um tratamento para a doença, mas está restrito na capital e mamãe não quer ir para lá. Você acredita que ela me disse que está esperando a morte de braços abertos? Parece que essa maldita doença já está afetando o cérebro dela.
CARLOTA: Nossa, que horror.
CLARISSA: Mas eu não vou deixar minha mãe morrer. Ainda hoje, se der tempo, eu irei até o Dr. Pessoa e pedirei para que ele a convença a ir para a capital e se submeta ao tratamento. É isso o que as filhas devem fazer pelas mães doentes.

Cena 11/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante sentado a sua mesa. Cassandra entra e senta-se à mesa também, ficando frente a frente com o pai)
CASSANDRA: Cassilda me disse que o senhor estava me chamando.
BONAVANTE: Cassandra, eu quero que você me conte qual é esse assunto urgente que envolve a Carlota.
CASSANDRA: Qualquer coisa que tenha a ver com a Carlota é motivo de sua preocupação, não é, papai?
BONAVANTE: Claro, ela é minha filha.
CASSANDRA: Eu também sou sua filha e o senhor não sente por mim metade do que sente pela Carlota.
BONAVANTE: Cassandra, sem drama, por favor. Atenha-se ao que eu te pedi. Conte-me agora sobre esse assunto que você quis me contar ontem.
CASSANDRA: Certo. Eu contarei.
(Alzira bate na porta e entra)
ALZIRA: Dr. Bonavante, seu Simão está na sala querendo falar com o senhor. Segundo ele, o assunto é urgente.
BONAVANTE: Mande-o entrar, por favor, Alzira.
ALZIRA: Sim senhor, com licença.
(Alzira sai, fechando a porta)
CASSANDRA: O Simão não pode esperar? O senhor está conversando comigo agora.
BONAVANTE: Outra hora, Cassandra.
CASSANDRA: Não acredito que o senhor está adiando essa conversa comigo mais uma vez para dar preferência a esse capataz que não tem onde cair morto.
BONAVANTE: Outra hora, Cassandra. Você não quer que eu te expulse desse gabinete te arrastando pela orelha, quer?
CASSANDRA: Não será necessário. Mas, da próxima vez que quiser ter essa conversa, vai ter que me pedir de joelhos.
(Cassandra sai, ao mesmo tempo em que Simão entra)
BONAVANTE: Algum problema, Simão?
SIMÃO: Sim senhor. Dr. Viriato não quer negociar a venda da propriedade aqui, em Vila Prata.
BONAVANTE: Eu já imaginava isso. Viriato está morando na capital atualmente. Ele não iria percorrer mais de 2000 léguas só pra fazer um negócio simples de compra e venda como esse.
SIMÃO: O senhor me autoriza a viajar para a capital?
BONAVANTE: Claro. Ele não desconfia que eu estou por trás de você nesse negócio, né?
SIMÃO: Claro que não, Dr. Bonavante.
BONAVANTE: Ótimo. Pois vá arrumar sua carroça, Simão. Quero você partindo para a capital ainda hoje.
SIMÃO: Sim senhor, com licença.
(Simão sai)
BONAVANTE (para si): Em breve, a fazenda do Viriato será minha.

Cena 12/ Vila Prata/ Tenda Soraya Hannah/ Interno/ Manhã
(Ao centro da tenda, se localiza uma mesa redonda, que possuem em cima dela uma bola de cristal, uma peneira com cascalhos e uma carta de baralho)
SORAYA: Finalmente, encontrei o ângulo certo para essa bola de cristal. O cliente sempre vai achar que tem algo mexendo dentro da bola, sem desconfiar que é apenas o reflexo da luz solar que entra na tenda. Esses cascalhos que encontrei na rua serão de grande ajuda para inventar alguma coisa sobre o futuro de quem vier se consultar. E esse baralho? Melhor ainda. O povo dessa vila é tão burro que será capaz de acreditar que o valete simboliza a morte. Com esses novos utensílios, farei mais sucesso ainda.
(Soraya solta uma gargalhada. Ao longe, ela escuta alguém lhe chamando)
VOZ: Ô MÃE SORAYA, Ô MÃE SORAYA!
SORAYA: Não precisa nem ser vidente pra saber que essa voz de taquara rachada só pode ser da Maria Rapariga.
(Soraya caminha até a entrada da tenda e recepciona Liduína)
SORAYA: Olá, Maria Rapariga. O que você quer dessa vez?
LIDUÍNA: Minha consulta. Você marcou pra hoje, esqueceu?
SORAYA: Marquei? Querida, eu sinto muito, mas terei que...
LIDUÍNA: Nada de desmarcar a consulta. Olha, mãe Soraya, se a senhora continuar cancelando minhas consultas desse jeito, eu vou começar a achar que a senhora é uma charlatã mesmo.
SORAYA: Charlatã, eu? Imagina, querida.
(Maria Rapariga entra na tenda)

Cena 13/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Interno/ Manhã
(Soraya e Liduína sentadas a mesa, frente a frente. Soraya com as mãos sobre a bola de cristal)
LIDUÍNA: E então, mãe Soraya? O que a senhora está vendo nessa bola de cristal?
SORAYA: Sucesso.
LIDUÍNA: Sucesso? Então, eu serei rica?
SORAYA: Não exatamente, minha querida. Existem diversos tipos de sucesso: sucesso financeiro, sucesso profissional, sucesso entre os homens. Eu acho que você se enquadra mais nesse último tipo.
LIDUÍNA: Ah sim. O que mais a senhora está vendo?
SORAYA: Uma barriga. Minha nossa, é uma barriga muito grande. Ou isso é excesso de gordura ou é gravidez.
LIDUÍNA: Ai meu Deus, eu não posso ficar gorda. Vou logo fazer uma dieta.
SORAYA: Minha querida, isso aqui é o futuro. Nem com 1000 dietas, você será capaz de mudar o futuro. Vai ficar gorda e ponto final.
LIDUÍNA: Mas e se essa barriga grande for por causa de uma gravidez?
SORAYA: Pelo tamanho disso aqui, só se você estiver grávida de quatro.
LIDUÍNA: Ai que horror. Meu futuro vai ser tudo aquilo que eu não queria que acontecesse. Já não basta papai me pressionando a procurar emprego. Falando nisso, será que a senhora tem um trabalho pra me oferecer, mãe Soraya?
SORAYA: Eu, minha filha? Maria Rapariga, eu não preciso de ninguém me ajudando, não. Só dos meus espíritos, claro.
LIDUÍNA: Que pena.
SORAYA: Bom, eu tenho uns panfletos aqui que precisam ser distribuídos. São folhetos de divulgação do meu trabalho, das minhas consultorias. Infelizmente, não me concederam o dom de estar em dois lugares ao mesmo tempo, porque se tivessem concedido, eu mesma faria isso. Então, você aceita?
LIDUÍNA: Claro que sim.
SORAYA: Só existe um porém. Não terei como te pagar no final do mês.
LIDUÍNA: Você quer dizer que o trabalho não é remunerado?
SORAYA: Exatamente, mas não fique chateada. O que importa é a experiência, a aprendizagem.
LIDUÍNA: Estou começando a achar que você não passa de uma golpista, mãe Soraya. Vidente exploradora.
(Liduína sai, furiosa)

Cena 14/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Sala de jantar/ Interno/ Manhã
(Ariana sentada à mesa, tomando café. Juscelino se aproxima da afilhada)
JUSCELINO: Bom dia, Ariana.
ARIANA: Bom dia, padrinho.
(Juscelino senta-se à mesa e bebe café preto)
JUSCELINO: Onde está o Joca?
ARIANA: No quarto.
JUSCELINO: Ele ainda está dormindo?
ARIANA: Não sei.
JUSCELINO: Cada vez mais, eu sinto o Joca mais distante de mim, me evitando sempre quando pode.
ARIANA: Deve ser impressão sua, padrinho.
JUSCELINO: Eu crio vocês desde quando vocês tinham apenas quatro anos de vida. Conheço vocês muito bem. Sei quando o Joca está indiferente em relação a algo. Às vezes, eu penso que ele não quer ser padre. Ele já comentou alguma vez com você em relação à ideia de ser padre?
ARIANA: Nunca.
JUSCELINO: Ariana, eu preciso da sua ajuda para saber se o Joca quer mesmo ser padre. Você poderia colher informações do seu irmão a respeito disso e depois me repassar?

Cena 15/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Quarto Joca/ Interno/ Manhã
(Joca em pé, olhando para Ariana, que está sentada na cama dele)
JOCA: E o que você disse pra ele?
ARIANA: Tive que aceitar, Joca.
JOCA: Nunca poderia imaginar uma atitude dessas do padrinho. Pedir para você me trair.
ARIANA: Que fique claro que eu só aceitei o pedido dele para fazer com que aquela conversa terminasse logo.
JOCA: Eu entendo, Ariana. Estou bastante decepcionado com o padrinho por conta dessa atitude dele. Bastante decepcionado mesmo.
ARIANA: E agora o que eu devo fazer? Uma hora, terei que apresentar uma resposta sobre sua vontade de ser ou não padre para o padrinho.
JOCA: Enrole-o ao máximo. Deixe-o acreditar que você está do lado dele.

Cena 16/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Carlota e Cassilda/ Interno/ Manhã
(Cassilda sentada em sua cama, sozinha no quarto. Carlota entra)
CASSILDA (levantando-se da cama): Carlota, ainda bem que você chegou. Preciso falar com você.
CARLOTA: O que houve, Cassilda?
CASSILDA: A Cassandra, ontem, foi até o papai para contar sobre o seu namoro com o Joca. Nesse momento, os dois estão conversando no gabinete.
CARLOTA: Eu não acredito. Será que ela contou tudo para o papai?
(Cassandra entra)
CASSANDRA: Infelizmente, ainda não tive essa oportunidade.
CARLOTA: Cassandra...
CASSANDRA: Simão chegou bem na hora e atrapalhou toda a conversa. Salva pelo capataz fedorento, hein, Carlota. Mas não por muito tempo.
CARLOTA (pegando no braço de Cassandra): Como você teve a coragem de pensar em fazer uma coisa dessas?
CASSANDRA: Minha querida, eu não tenho culpa se você está se enroscando com um rapaz que foge aos padrões estipulados pelo papai de pretendente adequado.
CARLOTA: Por que, ao invés de meter o seu dedo podre na minha vida, você não vai cuidar da sua?
CASSANDRA: Porque a minha é entediante o suficiente, ao contrário da sua, irmãzinha.
CARLOTA: O que você ganha querendo revelar o meu namoro para o papai?
CASSANDRA: Carlota, eu quero o seu bem, sabia? É pelo seu bem que estou querendo fazer isso.
CARLOTA: Você quer mesmo o meu bem? Para de se meter na minha vida.
CASSANDRA: Impossível. Já me comprometi ao extremo de revelar a verdade para o papai. É algo que eu não posso mais voltar atrás.
CARLOTA: Você é completamente louca.
CASSANDRA: Olha aqui, Carlota, eu só estou fazendo aquilo que o papai nos ensinou desde pequenas. Contar a verdade, doa a quem doer. Eu iria me sentir muito mal sabendo que você está fazendo algo que não deveria fazer, namorando um rapaz pobre e que, com certeza, iria te fazer sofrer, e não contar para o papai.
CARLOTA: Eu não sou idiota, Cassandra. Tenho certeza que existe um motivo muito maior por trás dessa sua maldita interferência na minha vida.
CASSANDRA: Eu não quero te prejudicar, se é isso que você pensa.
CARLOTA: Eu não acredito em você.
CASSANDRA: Só pra te mostrar que eu sou uma irmã boazinha, a irmã que toda pessoa amaria ter, eu te darei o benefício da escolha.
CARLOTA: Como assim?
CASSANDRA: Ou você termina com o Joca espontaneamente ou eu conto tudo para o papai. O que você prefere?
(Cassandra e Carlota se encaram. Close em Carlota)


                    FIM DO CAPÍTULO (Toca Edge of Evolution – Alanis Morissette)
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