Capítulo 28
Cena
1/Copacabana/Shopping/Externo/Tarde
Estevão está caminhando pelo shopping
quando esbarra em alguém. Uma mulher.
ESTEVÃO – Me descul... Você?
Estevão percebe que a mulher em
questão é a mesma que o beijou no estacionamento.
MONIQUE – Eu sim. Se lembrou de mim,
gatinho?
ESTEVÃO – Por sua culpa eu terminei
o meu relacionamento!
MONIQUE – Culpa minha nada, foi tudo
armação da Ali... Ops.
ESTEVÃO – O que você disse?
MONIQUE – Acho que já deu a minha
hora!
Monique tenta ir embora, mas Estevão
segura seu braço.
MONIQUE – Me solta!
ESTEVÃO – Eu não vou te soltar
enquanto você não me contar isso direitinho! Que história é essa
da Alice estar envolvida na minha separação? Foi ela que armou
isso?
MONIQUE – Quer saber, gatão? Foi
ela! FOI ELA SIM! FOI A ALICE QUE ARMOU TUDO!
Estevão, perplexo, encara Monique.
ESTEVÃO – Você disse o quê?
MONIQUE – Isso mesmo que você ouviu,
Estevão.
ESTEVÃO – Então quer dizer que a
Alice estava por trás dessa armação!
MONIQUE – Sim.
ESTEVÃO – E por que você colaborou
com ela?
MONIQUE – Me leva numa lanchonete que
tem aqui perto e eu te conto tudo.
Cena 2/Copacabana/Shopping/Praça de
Alimentação/Tarde
Estevão e Monique estão sentados em
uma mesa. Ele acabara de pedir o lanche.
ESTEVÃO – E então, me conta!
MONIQUE – A Alice me convenceu a te
beijar pra que ela tirasse aquelas fotos e fizesse o que fez.
ESTEVÃO – E por que ela fez isso?
MONIQUE – A Alice está de olho em
você, Estevão. Ela te que quer!
ESTEVÃO – Durante todo esse tempo
isso nunca passou pela minha cabeça.
MONIQUE – Mas pela dela, sim. O tempo
todo!
ESTEVÃO – E por que você aceitou?
MONIQUE – Ela me deu dinheiro por
isso.
ESTEVÃO – Quanto?
MONIQUE – Para que eu tivesse o
prazer de te beijar e dar aquelas fotos de presente pra ela arma tudo
isso, ganhei dois mil reais.
ESTEVÃO – Ela te pagou tudo isso?
MONIQUE – Eu que cobrei esse preço.
Se dependesse da Alice eu ganharia uma balinha e nada mais!
ESTEVÃO – E se eu te pagar o dobro
pra contar tudo isso pra Estrela?
MONIQUE – O dobro?
ESTEVÃO – Ainda é pouco.
MONIQUE – Sim.
Estevão pega um papel, escreve uns
números e entrega para Monique.
ESTEVÃO – Isso tá bom?
Os olhos de Monique reluzem ao ver a
quantia.
MONIQUE – Tá ótimo! Eu aceito!
Estevão sorri.
Cena 3/Leblon/Edifício
Priscilla/Apartamento de Alice/Tarde
Alice ainda no chão, com a mão no
rosto.
ESTRELA – VADIA! Se fez de minha
amiga, de amiga da minha mãe, e no final de contas só queria roubar
o meu pai dela!
ALICE – Meça suas palavras, Estrela.
Você está no meu apartamento!
ESTRELA – Apartamento comprado com o
dinheiro do meu pai.
ALICE – Se foi comprado ou não com o
dinheiro dele, você não tem nada a ver com isso. Eu moro aqui e
exijo ser respeitada dentro do meu lar!
ESTRELA – E desde quando uma
mulherzinha como você merece ser respeitada?
ALICE – Eu vou contar tudo pro seu
papai, hein! Menina mal criada. (risos)
Estrela segura Alice pelo cabelo, que
ri.
ESTRELA – Eu devia te dar uma surra,
sua vadia! Te deixar mais machucada do que você já está. Mas eu só
não faço isso porque estou grávida!
Estrela solta Alice e a joga no sofá.
Madalena, vestida em um hobby e com a toalha na cabeça, entra na
sala.
MADALENA – Eu posso saber o que está
acontecendo aqui?
ESTRELA – Vim acertar as contas com a
tua filha. Essa vagabunda!
ALICE – Já mandei abaixar o tom,
Estrelinha.
MADALENA – Você não tem esse
direito.
ESTRELA – Como é que é?
MADALENA – Você está na casa da
minha filha e isso aqui não é um ringue para que vocês duas
briguem.
ESTRELA – Você está apoiando essa
aí?
MADALENA – Não, não estou. Mas ela
é minha filha e eu não posso deixar isso acontecer!
ESTRELA – Não duvido nada que você
esteja envolvida nesse golpe também.
MADALENA – Como é que é?
ESTRELA – Isso mesmo que você ouviu.
Mãe e filha golpistas!
MADALENA – Olha garota, eu só não
dou na tua cara porque você está grávida. Caso contrário eu te
daria uma boa surra!
ESTRELA – Devia ter dado surra na sua
filha para que ela crescesse sendo decente.
MADALENA – CHEGA! CALA A SUA BOCA! Eu
sou totalmente contra a atitude da Alice. Desde que eu descobri que
ela tinha um caso com o seu pai, a repreendi por isso. Mas ela não
me ouviu e eu não ia entrar em conflito diário com ela por isso. A
Alice é maior de idade, dona da própria vida e responsável pelas
consequências de seus atos. Agora peço que saia da minha frente
antes que eu perca minha paciência e o respeito que tenho por você
e lhe dê uns bons tapas!
Alice se levanta e ri.
ESTRELA – Tá rindo do que, piranha?
ALICE – Dessa sua barriga enorme.
ESTRELA – Você devia chorar. E sabe
por quê? Porque a criança que eu estou gerando aqui dentro é filha
do homem que um dia eu amei.
ALICE – Mas que te traiu.
MADALENA – ALICE!
ESTRELA – Será mesmo? Às vezes eu
me pergunto se não foi mais uma armação sua.
ALICE – Talvez seja. Por que não?
Mas cuidado, hein! Acidentes acontecem e você pode não ter esse
bebê!
ESTRELA – Você me ameaçou?
ALICE – Tire suas próprias
conclusões.
Estrela dá outra bofetada em Alice,
que cai sob os braços de Madalena.
ESTRELA – Agora sim eu vou embora.
Estrela vai embora e bate a porta do
apartamento de Alice.
MADALENA – Eu sabia que isso não ia
terminar bem!
ALICE – Calma, mamãe. A história só
está começando!
Alice sorri.
Cena 4/Barra da Tijuca/Restaurante
Duo/Mesa de Victoria/Tarde
Franco, o advogado dos Grimaldi, está
sentado à mesa com Victoria.
VICTORIA – Estou feliz que tenha
vindo, querido.
FRANCO – Eu jamais ignoraria o
convite de uma dama como você.
Victoria sorri.
FRANCO – Mas para que você me
chamou?
VICTORIA – Para cuidar de um assunto
muito sério.
FRANCO – E que assunto seria esse?
VICTORIA – A minha separação.
FRANCO – Sua separação?
VICTORIA – Exatamente. O Olavo e eu
iremos nos separar.
FRANCO – Mas por quê?
VICTORIA – Ele me traiu, Franco.
FRANCO – Te traiu? Meu Deus!
VICTORIA – Eu o flagrei aos beijos
com a secretária dele na agência.
FRANCO – Eu poderia esperar essa
atitude de qualquer outra pessoa, menos do Olavo.
VICTORIA – Digo o mesmo.
FRANCO – Acredito que você esteja
passando por um momento difícil.
VICTORIA – Dificílimo.
Franco coloca sua mão sob a de
Victoria...
FRANCO – E eu te ajudarei no que for
possível!
... que recolhe a mão.
VICTORIA – Acredito que isso seja um
pouco difícil para você também.
FRANCO – Sim, é sim. Eu sou advogado
da família, mas por você eu faço tudo, Victoria!
VICTORIA – Agradeço o não
profissionalismo. (risos)
FRANCO – Você sabe que por você eu
sou capaz de tudo.
VICTORIA – Sei. Sei muito bem e
justamente por isso estou pedindo da sua ajuda!
FRANCO – Conte comigo, Victoria. Eu
te ajudarei!
Victoria sorri e toma uma taça de
vinho. Franco sorri também.
Cena 5/Agência de Modelos/Sala de
Marcos/Tarde
Adriana bate na porta e entra.
MARCOS – Demorou, hein.
ADRIANA – Esqueceu que eu fui visitar
a Paloma no presídio?
MARCOS – Não, não esqueci.
ADRIANA – Então não reclame.
MARCOS – Temos um assunto sério para
tratar.
ADRIANA – E que assunto seria esse?
MARCOS – A Renata quase descobriu
tudo.
Adriana fica surpresa e senta-se na
cadeira que tem em frente à mesa de Marcos.
ADRIANA – O quê?
MARCOS – Isso mesmo. Eu levei uns
papéis para ela assinar e ela pediu para ler!
ADRIANA – Meu Deus!
MARCOS – A sorte é que temos o
destino ao nosso favor e sem querer acabei trocando a procuração
que daria tudo o que ela tem para nós pelo contrato de uma modelo
nova.
ADRIANA – Temos que agir rápido.
MARCOS – Quando?
ADRIANA – Hoje mesmo!
Marcos encara Adriana.
Passagem das paisagens do Rio de
Janeiro ao som de Fantasy – Earth, Wind & Fire.
Cena 6/Mansão
Guimarães/Escritório/Tarde
Bianca bate na porta do escritório e
entra.
BIANCA – Com licença.
BÁRBARA – Toda, querida!
Bárbara levanta-se da cadeira e
cumprimenta Bianca.
BÁRBARA – Sente-se.
Bianca senta-se na cadeira que tem em
frente à mesa do escritório.
BÁRBARA – Estava esperando pela sua
visita.
BIANCA – Eu tenho informações novas
sobre o incêndio.
BÁRBARA – Jura? Conte-me!
BIANCA – Esses dias eu ouvi a Rebeca
falando com alguém ao telefone.
BÁRBARA – E o que isso tem demais?
BIANCA – Mamãe não é de fazer
ligações. Ela disse que queria encontrar alguém!
BÁRBARA – E se for uma amiga?
BIANCA – Ela não tem amigas. Não
verdadeiras! Mamãe é arrogante demais, sempre despreza quem está a
sua volta e por isso as pessoas se afastam dela.
BÁRBARA – E ela disse aonde iria se
encontrar com essa tal pessoa?
BIANCA – Não, não disse.
BÁRBARA – Tente descobrir! Isso pode
nos levar a descobrir se foi ela mesma que ateou fogo na minha
boutique.
BIANCA – Descobrirei. E como anda a
reforma da boutique?
BÁRBARA – A todo vapor! Acredito que
dentro de algumas semanas ela estará novinha em folha.
Bianca sorri.
Cena 7/Mansão Montenegro/Quarto de
César/Tarde
Sem bater, Odete entra no quarto e
encontra César enrolado em uma toalha. Ele acabara de sair do banho.
CÉSAR – Odete?
ODETE – Boa tarde, querido.
CÉSAR – Você não pode entrar assim
no meu quarto!
ODETE – E por que não?
CÉSAR – Se a Rebeca flagra você
aqui, te mata!
ODETE – Ela não está em casa.
CÉSAR – Mesmo assim!
ODETE – Vai me dizer que não sente
falta dos meus beijos?
Odete se aproxima de César e o beija.
CÉSAR – Isso é uma loucura!
César se afasta de Odete.
ODETE – Quantas vezes já fizemos
isso? Perdi as contas!
CÉSAR – Fizemos e não faremos mais.
ODETE – Nós estaríamos casados se a
Rebeca não tivesse te roubado de mim.
CÉSAR – Mas não estamos! A Rebeca é
a minha mulher e eu não posso traí-la.
ODETE – Você ainda vai mudar de
ideia, querido.
CÉSAR – Pra que você voltou, hein?
ODETE – Pra ter de novo o que é meu.
E isso inclui você e a fortuna que me foi roubada.
Odete sai do quarto e deixa César
pensativo.
ANOITECE
Cena 8/Mansão Grimaldi/Sala/Noite
Victoria entra na sala e encontra
Melissa e Afonso sentados, conversando.
VICTORIA – Mãe? Pai?
MELISSA – Victoria!
AFONSO – Filha! Viemos te visitar.
VICTORIA – Que surpresa maravilhosa.
MELISSA – Desde que soubemos da
separação achamos melhor vir para cá te animar.
VICTORIA – E saibam que estou bem
mais animada agora!
Victoria sorri e os abraça.
AFONSO – E onde está Estrela?
VICTORIA – Ela me mandou uma
mensagem. Disse que foi passear um pouco, espairecer!
AFONSO – E você? Como está?
VICTORIA – Com sede de vingança.
MELISSA – O que você pretende fazer
com o Olavo?
VICTORIA – Deixar ele na mais
completa miséria. Eu vou destruir o Olavo!
Melissa e Afonso encaram Victoria.
Cena 9/Fazenda A
Fortaleza/Entrada/Noite
Estevão para seu carro na entrada da
fazenda e buzina. Um funcionário vem atendê-lo.
MICHEL – Seu Estevão?
ESTEVÃO – Oi, Michel. Quanto tempo!
MICHEL – Como o senhor vai?
ESTEVÃO – Bem. Vou ficar melhor se
você me der uma informação!
MICHEL – Qual?
ESTEVÃO – A Estrela está em casa?
MICHEL – Não, não senhor. Ela
voltou pra cidade ontem.
ESTEVÃO – Que droga!
MICHEL – Por que, seu Estevão?
ESTEVÃO – Nada. Obrigado pela
informação!
MICHEL – Disponha.
Michel volta para o interior da
fazenda.
MONIQUE – E agora?
ESTEVÃO – Agora a gente vai pra casa
da Victoria e você vai contar tudo pra Estrela!
Monique encara Estevão.
Cena 10/Leblon/Edifício
Priscilla/Apartamento de Alice/Noite
Olavo abre a porta e entra no
apartamento. Madalena o recepciona.
MADALENA – Boa noite, seu Olavo.
OLAVO – Madalena!
MADALENA – Tudo bem com o senhor?
OLAVO – Não me chame de senhor, por
favor.
MADALENA – Como você desejar!
(risos)
OLAVO – Onde está a Alice?
MADALENA – Ela saiu.
OLAVO – E disse para onde foi?
MADALENA – Não, não disse nada.
OLAVO – Que estranho...
Olavo fica pensativo.
Cena 11/Barra da
Tijuca/Calçadão/Noite
Estrela caminha pelo calçadão e
decide atravessar a rua. Alice está parada na rua com seu carro. O
trânsito totalmente vazio e pouca movimentação. Alice encara
Estrela, que atravessa a rua. Alice pisa no acelerador e Estrela,
assustada, encara o carro.
Toca Hot Stuff –
Donna Summer.
FIM DE
CAPÍTULO
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