quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 15




Cena 1/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Tarde

(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
CARLOTA: Clarissa, o que foi isso? Por que você me bateu?
CLARISSA: Não acredito que você vai bancar a desentendida para cima de mim, Carlota.
CARLOTA: Eu juro que não estou entendendo.
CLARISSA: Como você teve coragem de esconder a verdade de mim? De não me contar que eu sou filha da Marilda? Pior, de espalhar isso pras pessoas?
CARLOTA: Clarissa, eu não espalhei pra ninguém. E não te contei porque eu não sou a pessoa mais adequada pra isso. Você tinha que saber a verdade pela boca da Marilda. E fico muito feliz em saber que ela teve coragem de te fazer essa revelação.
CLARISSA: A Marilda não fez nada. Quem me contou a verdade foi a Cassandra.
CARLOTA: A Cassandra? Desgraçada.
CLARISSA: Eu pensei que você era minha amiga, que eu poderia confiar em você, mas eu me enganei completamente. Eu nunca mais quero olhar na sua cara, Carlota. Nossa amizade acaba aqui.
(Clarissa sai)
CARLOTA: Volta aqui, Clarissa.
(Os olhos de Carlota marejam)

Cena 2/ Vila Prata/ Igreja/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 10 do capítulo anterior)
CASSANDRA: Como assim estou proibida de ver o Joca?
JUSCELINO: Você quer que eu desenhe?
CASSANDRA: Você não pode fazer isso.
JUSCELINO: Tanto posso que estou fazendo. Você não é uma boa influência para o meu afilhado. Eu sei quais as suas intenções, garota.
CASSANDRA: O senhor está enganado, padre Juscelino.
JUSCELINO: Eu conheço muito bem o tipinho de mulher que você é, Cassandra. Fique longe do Joca, se você não quer que eu tome medidas drásticas.
CASSANDRA: Para um padre, o senhor está sabendo muito bem como desobedecer aos preceitos cristãos.
(Cassandra sai)

Cena 3/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Interno/ Tarde
(Vitorino e Geraldo no balcão. Ariana próxima à porta)
VITORINO: Tchau, Ariana.
ARIANA: Até mais.
(Ariana sai)
GERALDO: A Ariana é uma moça tão agradável, você não acha?
VITORINO: Sim.
GERALDO: Você sabe que ela é apaixonada por você, né?
VITORINO: Como?
GERALDO: Ah, vá me dizer que não sabia. Vitorino, isso é perceptível. A Ariana é apaixonada por você. Eu estava vendo a maneira como ela te observa e os olhos da garota brilham.
VITORINO: Isso é impressão sua.
GERALDO: Vitorino, eu não estou enganado.
VITORINO: Mas eu não amo a Ariana e eu acho que Vila Prata inteira sabe disso. A Ariana é uma garota espetacular e eu não irei me sentir bem sabendo que ela me ama e eu não posso dar esse amor para ela.
GERALDO: Esquece a Clarissa, Vitorino. Essa menina só faz te humilhar, quando encontra oportunidade.
VITORINO: Infelizmente, a gente não manda no coração, Geraldo.

Cena 4/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Clarissa entra e vê Marilda sentada, com malas ao seu lado)
CLARISSA: Eu deixei bem claro que queria você fora dessa casa quando eu voltasse.
MARILDA: Eu vou embora, Clarissa, mas a gente precisa conversar.
CLARISSA: Nós não temos nada para conversar. Tudo já está resolvido. Você some da minha vida para sempre e eu me esqueço da sua existência insignificante. A minha mãe sempre será a Eva. Sempre.
MARILDA: Eu não vou desistir de você, Clarissa.
CLARISSA: Vai sim, se não quiser que as coisas piorem para o seu lado. Se vier me importunar, eu solto os cachorros. Agora fora daqui.
MARILDA: Eu sou sua mãe.
CLARISSA: Não é. Agora some.
(Marilda sai. Clarissa chora. Do lado de fora, Marilda também chora)

Cena 5/ Paisagens da fazenda Sabarah/ Noite
(Toca Drumming Song – Florence)

Cena 6/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Cassilda e Carlota/ Interno/ Noite
(Cassilda e Carlota sentadas na cama da última)
CASSILDA: Não acredito que a Cassandra teve coragem de acabar com a sua amizade com a Clarissa.
CARLOTA: Aquela maldita. Quando ela passar por essa porta, Cassilda, ela irá se arrepender de ter...
(Cassandra entra)
CASSANDRA: Irei me arrepender de quê?
CARLOTA: Ratinha fedorenta.
(Carlota dá um tapa na cara de Cassandra, que leva a mão ao rosto)
CASSANDRA: Pelo visto, a Clarissa já veio te fazer uma visitinha.
CARLOTA: Invejosa. É esse o seu sonho, Cassandra? Ter tudo o que é meu?
CASSANDRA: Se enxerga, sua infeliz.
(Carlota segura no cabelo de Cassandra. As duas cara a cara. Tensão)
CARLOTA: Eu sei, Cassandra. Seu maior desejo é ser eu. Mas eu te adianto que você nunca conseguirá atingir metade do que eu sou, sua cobrinha repugnante. Você me causa náuseas, Cassandra. Eu tenho nojo de você.
(Carlota cospe na cara de Cassandra e a solta)
CARLOTA: Nojo não. Eu tenho pena por você ser essa pessoa seca e vazia.
CASSANDRA: Olha aqui, sua...
CARLOTA: CALA A BOCA. Não dirija a palavra a mim. Próxima vez que você tentar minar algo da minha vida, eu faço a sua caveira para o papai. E você pode ter certeza que eu não terei piedade. Agora vai dormir caladinha.
(Cassandra, furiosa, deita-se na cama. Ela se encolhe, com o ódio no rosto)

Cena 7/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Vitorino/ Interno/ Noite
(Vitorino entra no quarto. Marcílio logo atrás)
MARCÍLIO: Podemos conversar?
VITORINO: Sobre?
MARCÍLIO: Eu vim te fazer um pedido, Vitorino.
VITORINO: Se estiver ao meu alcance.
MARCÍLIO: Eu acho que está sim. Eu não sei se você sabe, mas a mamãe tem um sonho de montar uma confeitaria, mas falta dinheiro para a construção do estabelecimento. Eu fiquei sabendo, pela própria mamãe, que você ainda não gastou o dinheiro que ganhou do papai. Será que você poderia usá-lo para realizar esse sonho da mamãe?
VITORINO: É um pedido e tanto, mas eu acho que apenas o meu dinheiro não será suficiente para a montagem dessa confeitaria, além de que eu tenho as minhas próprias pretensões.
MARCÍLIO: Mas talvez possa dar certo se juntar o seu dinheiro com o da Liduína.
VITORINO: Eu não sei se ela vai concordar. Marcílio, a mamãe já vende inúmeros bolos e ganha um bom dinheiro com isso. Pra quê a confeitaria? Eu sinto muito, mas se fosse pelo menos ela me pedindo isso, talvez eu pensaria no assunto.
MARCÍLIO: Você acha que eu estou usando o nome da mamãe pra roubar seu dinheiro, é isso?
VITORINO: Estou dizendo que o meu dinheiro ficará trancado naquela primeira gaveta até quando eu quiser. Agora você pode me dar licença? Eu quero banhar.
MARCÍLIO: Como quiser.
(Marcílio sai)

Cena 8/ Mansão Bragança/ Quarto Gertrude/ Interno/ Noite
(Gertrude pondo a camisola. Alguém bate na porta e Gertrude atende)
GERTRUDE: Doutor Viriato?
VIRIATO: Posso entrar?
GERTRUDE: Claro.
(Viriato entra e Gertrude fecha a porta)
VIRIATO: Hoje eu vim passar a noite com você.
GERTRUDE: Já estou excitada.
(Viriato beija Gertrude fortemente. Os dois, aos beijos, caem na cama dela)

Cena 9/ Paisagens da fazenda Bragança/ Manhã
(Toca Sister Sin – Nickelback)

Cena 10/ Mansão Bragança/ Quarto Laurinda e Viriato/ Interno/ Manhã
(Laurinda acorda e estranha ao não ver Viriato dormindo ao seu lado)
LAURINDA: Será que o Viriato não dormiu comigo?

Cena 11/ Mansão Bragança/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Viriato entra e se depara com Laurinda sentado em sua poltrona)
VIRIATO: Mas que disparate é esse? Desde quando você está autorizada no meu gabinete sem me consultar? Ainda mais, sentar na minha poltrona?
LAURINDA: Posso saber aonde você dormiu?
VIRIATO: Como?
LAURINDA: Eu percebi que você não dormiu comigo e fiquei intrigada.
VIRIATO: Desde quando eu te devo satisfações, Laurinda?
LAURINDA: Você é o meu marido.
VIRIATO: E você é minha mulher e me deve obediência. FORA DO MEU GABINETE antes que eu te expulse daqui pelos cabelos.
LAURINDA: Por que você é assim, Viriato?
VIRIATO: Porque é sendo assim que se impõe autoridade. E na próxima vez que você invadir o meu gabinete, eu arranco a sua pele com as minhas próprias unhas.
(Laurinda sai)

Cena 12/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Sala de jantar/ Interno/ Manhã
(Juscelino e Ariana sentados à mesa, tomando café)
JUSCELINO: Onde está o Joca?
ARIANA: Já foi para a fazenda do doutor Bonavante.
JUSCELINO: Que o Joca aproveite esse trabalho enquanto dure.
ARIANA: Como assim?
JUSCELINO: Ora, em breve, ele terá que assumir a paróquia.
ARIANA: Em breve? Mas você não disse que levaria um tempo até ele assumir a paróquia?
JUSCELINO: Irei me aposentar mais cedo. Isso não é ótimo?
(Juscelino encara Ariana)

Cena 13/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Bonavante está em pé. Carlota, Cassilda e Cassandra descem as escadas)
CARLOTA: A Alzira disse que o senhor estava nos chamando aqui. Aconteceu alguma coisa?
BONAVANTE: Nada demais. Só quero lhes apresentar o mais novo funcionário da fazenda.
CASSANDRA: Só pra isso? Por favor, pai, o senhor acha mesmo que eu estou interessada em quem trabalha ou deixa de trabalhar nessa fazenda?
BONAVANTE: Depois você reclama por se sentir rejeitada, não é, Cassandra? Você é a única que não se importa com os meus negócios.
CASSILDA: E cadê esse novo funcionário, pai?
BONAVANTE: Pelo visto, ainda não chegou.
(Simão entra)
SIMÃO: O rapaz já está aqui, doutor Bonavante.
BONAVANTE: E o que ele está fazendo aí fora? Mande-o entrar, oras.
(Joca entra. Carlota e Cassandra se espantam ao vê-lo)
BONAVANTE: Esse é o João Carlos, garotas.
CASSANDRA: Olá, João Carlos.
JOCA: Podem me chamar de Joca.
CASSANDRA: Com todo o prazer.
CARLOTA (visivelmente chocada): Com licença.
(Carlota sobe as escadas. Cassilda vai atrás dela)
BONAVANTE: O que deu nelas?
CASSANDRA: E eu sei? (para Joca): Seja bem vindo, Joca.
JOCA: Obrigado.

Cena 14/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Carlota e Cassilda/ Interno/ Manhã

(Cassilda e Carlota sentadas na cama da primeira)
CARLOTA: Eu não acredito que o Joca vai trabalhar aqui.
CASSILDA: Será que ele fez isso pra ficar perto de você?
CARLOTA: Nós terminamos, Cassilda. Ele não poderia ter feito isso.
CASSILDA: Ele ainda te ama, minha irmã.
CARLOTA: Eu também o amo, mas estava resistindo. E ainda tem a Cassandra para piorar a situação.
CASSILDA: Eu acho que vocês precisam conversar.
CARLOTA: Você tem razão. Eu quero entender porque ele veio trabalhar aqui.
(Carlota sai)

Cena 15/ Mansão Sabarah/ Pasto/ Interno/ Manhã
(Joca caminhando pelo pasto. Cassandra correndo atrás dele, querendo alcançá-lo)
CASSANDRA: Joca, espere. Eu quero falar com você.
(Joca para de caminhar. Cassandra se aproxima dele)
CASSANDRA: Bom, eu fico feliz por você estar trabalhando aqui.
JOCA: Que bom que gostou.
CASSANDRA: Eu gostei muito de ter conversado com você naquele dia na casa do seu padrinho.
JOCA: Eu também, Cassandra.
CASSANDRA: Eu até quis te procurar depois daquilo, mas o padre Juscelino não permitiu.
JOCA: Como assim?
CASSANDRA: Ele me proibiu de te ver. E não me pergunte o motivo, pois eu não sei. Bom, de qualquer forma, é bom saber que você estará aqui todo dia. Mais uma vez, seja bem vindo.
JOCA: Muito obrigado.
CASSANDRA: Bom trabalho.
JOCA: Agradecido.
(Cassandra vê Carlota abrindo a porta da casa)
CASSANDRA: Só mais uma coisa, Joca.
(De surpresa, Cassandra beija Joca. Carlota vê e fica abalada. Close em Carlota)


FIM DO CAPÍTULO (Toca I Wanna Be Yours – Arctic Monkeys)

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