Cena 1/ Mansão Sabarah/ Pasto/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Carlota, abalada, volta para dentro da casa. Cassandra para de beijar Joca)
CASSANDRA: Desculpa, eu não deveria ter feito isso.
JOCA: Tudo bem, não precisa pedir desculpas.
CASSANDRA: Eu não sei o que me deu. Isso não deveria ter acontecido. Você terminou recentemente com a minha irmã. Isso está errado.
JOCA: Cassandra, não precisa fazer disso uma tempestade em copo d’água.
CASSANDRA: Até mais, Joca. Bom trabalho.
(Cassandra sai, disfarçando um sorriso vencedor)
Cena 2/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Cassilda e Carlota/ Interno/ Manhã
(Cassilda sentada em sua cama. Carlota entra)
CASSILDA: Já falou com o Joca?
CARLOTA: Não tive essa oportunidade. Quando eu cheguei lá, eu o vi beijando a Cassandra.
CASSILDA: Eu não acredito.
CARLOTA: Eu acho que perdi o Joca, Cassilda. Aquela cobra conseguiu o que queria.
CASSILDA: Nada de entregar os pontos tão facilmente. Pra você desistir do Joca, você tem que ouvir da própria boca dele que ele não te quer mais, e isso não aconteceu. Vamos sair um pouco, respirar ar puro, espairecer. Isso ajuda a resolver os problemas.
CARLOTA: E que problemas. Todos vieram pra cima de mim no mesmo momento. A Clarissa rompeu a amizade comigo, o Joca veio trabalhar aqui, a Cassandra se insinuando para ele. Eu preciso de soluções, Cassilda.
CASSILDA: E esse passeio vai te ajudar a encontrar as soluções que precisa. Vamos?
CARLOTA: Vamos.
(Cassilda e Carlota saem)
Cena 3/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Liduína/ Interno/ Manhã
(Liduína penteando os cabelos na frente da penteadeira. Marcílio entra)
MARCÍLIO: Que bom que você ainda não saiu, Liduína. Preciso falar com você.
LIDUÍNA: Sobre?
MARCÍLIO: Sobre o desejo da mamãe de construir uma confeitaria.
LIDUÍNA: Como?
Cena 4/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Elizeu e Dorotéia/ Interno/ Manhã
(Dorotéia e Marcílio, em pé, frente a frente)
DOROTÉIA: E o que ela disse?
MARCÍLIO: Ela não aceitou dar o dinheiro para construir a confeitaria, assim como o Vitorino.
DOROTÉIA: Depois eles ficam se perguntando por que eu gosto mais de você. Você é o único que me ajuda, Marcílio.
MARCÍLIO: Mas a gente vai dar um jeito de arranjar dinheiro, mãe. Eu prometo.
Cena 5/ Mansão Bragança/ Cozinha/ Interno/ Manhã
(Laurinda sentada à mesa. Gertrude, com uma xícara de chá em mãos, senta-se)
LAURINDA: E o Viriato, mais uma vez, não dormiu comigo.
GERTRUDE: Talvez seja impressão da senhora, dona Laurinda. Quem sabe o doutor Viriato está indo dormir mais tarde e acordando muito cedo.
LAURINDA: Não, Gertrude. Eu sei muito bem quando o meu marido está dormindo comigo e quando não está.
GERTRUDE: De qualquer forma, deve haver uma explicação para isso estar acontecendo.
LAURINDA: Mulher, Gertrude. Essa é a explicação. Nada me tira da cabeça que o Viriato esteja me traindo com uma vagabunda qualquer.
GERTRUDE: Será?
LAURINDA: Tenho certeza. Eu não sou essa imbecil que ele acha que eu sou. E eu vou descobrir quem é a vagabunda, Gertrude, custe o que custar.
(Laurinda encara Gertrude)
Cena 6/ Paisagens de Vila Prata/ Tarde
(Toca o refrão de Olhos Certos – Detonautas)
Cena 7/ Vila Prata/ Rua/ Externo/ Tarde
(Carlota e Cassilda caminham)
CARLOTA: A imagem dos dois se beijando não sai da minha cabeça.
CASSILDA: Eu imagino o quanto está sendo difícil pra você suportar essa situação.
CARLOTA: E eu não sei o que fazer, Cassilda.
CASSILDA: Faça o mais óbvio. Lute por ele.
(As duas veem Charles e Ariana)
CARLOTA: Ali está a Ariana, irmã do Joca. Você acha que eu devo falar com ela?
CASSILDA: Sim, por que não? Enquanto você faz isso, eu converso com o Charles.
(Carlota se aproxima de Ariana, enquanto Cassilda vai em direção à Charles, que olha para uma casa abandonada)
CARLOTA: Ariana.
ARIANA: Carlota, oi. Que bom te ver.
(As duas se abraçam)
ARIANA: Presumo que você já esteja sabendo que o Joca está trabalhando na sua fazenda.
CARLOTA: Sim, eu já soube.
ARIANA: Não ficou feliz?
CARLOTA: Estou tão confusa, Ariana. Ao mesmo tempo em que fiquei feliz de vê-lo, eu me senti insegura também. Eu vi minha irmã Cassandra e ele aos beijos.
ARIANA: Não acredito.
CARLOTA: Desde aquele dia que você me disse que a Cassandra o visitou na casa do padre Juscelino, eu percebi que ela passou estava nutrindo um sentimento pelo Joca.
ARIANA: Mas não fique triste, Carlota. Eu conheço o meu irmão e eu sei o quanto ele te ama. O amor de vocês é a coisa mais linda desse mundo. Lute por esse amor.
CARLOTA: Como, Ariana? Eu terminei com o seu irmão.
ARIANA: O Joca nunca entendeu os motivos que você usou para terminar o namoro. Esclareça melhor essa história para ele.
CARLOTA: Você tem razão, Ariana.
(No outro canto da rua, estão Charles e Cassilda, que se aproxima dele)
CASSILDA: Boa tarde.
CHARLES: Boa tarde, Cassilda.
CASSILDA: Fico feliz por não ter esquecido o meu nome.
CHARLES: Espero que você não tenha esquecido o meu.
CASSILDA: Não esqueci, Charles.
CHARLES: Ah sim, fico mais tranqüilo
(Os dois riem. Os olhares deles se cruzam.)
CASSILDA: Bom, eu estava passando e te vi olhando atentamente para essa casa abandonada. Achei um pouco estranho. Você vai morar aí?
CHARLES: Não, não. Eu vou construir um escritório de advocacia nessa casa. Algumas reformas, inclusive, já foram iniciadas.
CASSILDA: Então você é advogado. Desejo todo o sucesso do mundo para você e para o seu escritório, claro.
CHARLES: E eu agradeço imensamente.
(Um olha para o outro fixamente. Ambos encantados um com o outro)
CASSILDA: Bom, eu já tenho que ir. Minha irmã já está me esperando. Até mais.
CHARLES: Cassilda, espera. Você gostaria de sair comigo amanhã? A gente pode jantar em alguns dos restaurantes daqui ou andar pelas ruas da vila mesmo. Você decide.
CASSILDA: Gostaria sim, Charles. Fico lisonjeada pelo convite. Façamos o seguinte. Amanhã a noite, umas seis da noite, a gente se encontra aqui e decidimos juntos o que iremos fazer. Tudo bem?
CHARLES: Tudo ótimo. Contarei os segundos para chegar logo amanhã a noite.
CASSILDA: Eu também. Até.
(Cassilda sai, indo até Carlota e Ariana)
Cena 8/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Sala da consultoria/ Interno/ Tarde
SORAYA: Você está fazendo o que eu pedi?
LIDUÍNA: Sim, Soraya. Já disse para inúmeras pessoas que você previu meu atropelamento e salvou minha vida.
SORAYA: Já vejo o aumento das consultas por causa disso. Com isso, até aqueles que acham que eu sou charlatã vão ter a certeza de que pilantra eu não tenho nada.
LIDUÍNA: Eu só espero que, caso o número de consultorias aumente, você resolva me pagar um salário.
SORAYA: Pensarei no seu caso. E não se esqueça, continue espalhando pela vila. Eu quero Vila Prata inteira sabendo que eu fiz uma previsão correta.
Cena 9/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Tarde
(Bonavante e Simão frente a frente)
BONAVANTE: Você está se aproximando do Osório como eu recomendei?
SIMÃO: Não exatamente.
BONAVANTE: Como não exatamente?
SIMÃO: Não se preocupe, doutor Bonavante. Eu estou seguindo todos os passos do Osório. Hoje mesmo eu o seqüestro, se o senhor quiser.
BONAVANTE: Faça isso, Osório.
SIMÃO: Sim senhor.
(Simão sai)
Cena 10/ Paisagens de Vila Prata/ Noite
(Toca Elastic Heart – Sia)
Cena 11/ Estrada/ Externo/ Noite
(Um carro parado no canto da estrada. Osório sai de dentro da floresta e entra no carro. Ele dá a partida, mas o carro não responde aos seus comandos. Osório sai do carro, abre o capô e vê tudo destruído. Simão surge atrás dele, atacando-o com um pedaço de madeira na cabeça. Osório cai, desmaiado)
Cena 12/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Alguém bate na porta. Clarissa atende)
CLARISSA: Cassandra?
CASSANDRA: Boa noite, Clarissa. Vim saber como você está.
CLARISSA: Você ainda pergunta?
CASSANDRA: Bom, eu trouxe uns pães. O que você acha de sentarmos, comermos e conversarmos um pouco?
(Cassandra encara Clarissa)
Cena 13/ Mansão Sabarah/ Pasto/ Interno/ Noite
(Joca caminhando pelo pasto. Carlota se aproxima dele)
CARLOTA: Joca, que bom que você ainda não foi embora. Nós precisamos conversar.
JOCA: Eu estava esperando por isso.
CARLOTA: Eu vi você e a Cassandra se beijando hoje mais cedo.
JOCA: Carlota, eu quero que você saiba que...
CARLOTA: Não, não, Joca. Você não precisa se explicar. Nós não somos mais namorados. Você não me deve satisfações.
JOCA: Mas, mesmo assim, eu quero que você saiba que foi a Cassandra quem me beijou. Ela me pegou de surpresa.
CARLOTA: De qualquer forma, Joca, eu me sinto na obrigação de te alertar sobre a Cassandra. Eu soube que houve um dia em que ela foi te visita na casa do padre Juscelino e vocês conversaram, riram, simpatizaram um com o outro.
JOCA: Como você ficou sabendo disso?
CARLOTA: Eu encontrei a Ariana hoje à tarde e ela me contou. Ela me disse também que você nunca entendeu os argumentos que eu usei para terminar o nosso namoro. E com toda a razão, porque nem eu mesma fui capaz de entendê-los.
JOCA: Como assim, Carlota?
CARLOTA: Joca, eu fui obrigada a terminar o nosso namoro. Obrigada pela Cassandra, que me ameaçou.
JOCA: O quê?
CARLOTA: Ela me disse que se eu não terminasse com você, ela contaria tudo sobre o nosso relacionamento para o papai. E eu acabei cedendo à chantagem dela.
JOCA: Mas por que ela faria isso?
CARLOTA: Porque ela é apaixonada por você, Joca. Apaixonada, não. Obcecada. A Cassandra não é essa princesinha, Joca. A minha irmã é pior do que Vila Prata inteira, acredite.
Cena 14/ Mansão Sabarah/ Porão/ Interno/ Noite
(Porão escuro. Uma fogueira no canto. Simão tira um saco da cabeça de Osório, que respira fundo, ofegante)
OSÓRIO: Que lugar é esse? Onde estou?
SIMÃO (frente a frente com Osório): Acalme-se, Osório. Não precisa ficar tão preocupado.
OSÓRIO: Simão. Cumprindo ordens do seu patrão, por acaso?
(Bonavante surge, ficando frente a frente com Osório)
BONAVANTE: Sim, ele está.
OSÓRIO: Mas o que é isso? O que vocês querem comigo?
BONAVANTE: Como disse o Simão, não precisa se preocupar, Osório. Vai dar tudo certo. Simão, eu acho que já está na hora de voe tirar o brasão da fogueira. Creio que já queimou o bastante.
OSÓRIO: Brasão?
(Simão tira o brasão da fogueira e entrega para Bonavante, que aproxima o objeto de Osório)
BONAVANTE: Não se preocupe, Osório. Não vai doer nadinha.
(Bonavante crava o brasão quente na bochecha de Osório, que grita de dor. Close em Bonavante, com uma expressão sádica no rosto)
FIM DO CAPÍTULO (Toca Sister Sin – Nickelback)
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