terça-feira, 31 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 39



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Cena 1/ Vila Prata/ Delegacia/ Cela Cassandra/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
JOCA: Grávida? Isso é mentira.
CASSANDRA: Mentira? Joca, você acha que eu seria capaz de mentir sobre uma coisa séria como essa?
JOCA: Pra quem já foi capaz de matar uma pessoa, inventar uma gravidez é fichinha.
CASSANDRA: Mas eu não estou inventando. Nada mais normal uma tarde de sexo como aquela que tivemos resultar nessa gravidez.
JOCA: Eu ainda não consigo me lembrar de nada sobre aquele dia, mas algo me diz que nós não transamos.
CASSANDRA: Aceite a realidade, Joca. Você acordou nu ao meu lado em uma cama completamente bagunçada. Você acha mesmo que ali não houve sexo entre a gente?
JOCA: Eu não acredito em você, Cassandra.
CASSANDRA: Joca, você mesmo disse que não se lembra o que aconteceu entre a gente naquela tarde. E se eu estiver falando a verdade? Essa é uma possibilidade que você não pode deixar passar. Eu estou carregando o seu filho no ventre, Joca.
JOCA: Chega, chega.
CASSANDRA: Seu filho, Joca. Seu filho. A rotina nessa delegacia é bastante estressante. Eu não consigo dormir direito, eu sou mal alimentada, e tudo isso também prejudica o bebê. Se a mãe vai mal, o filho também vai. Pelo bem da nossa criança que nasce dentro de mim, Joca, eu não posso mais continuar aqui. Você não seria capaz de deixar a mãe do seu filho continuar a passar por essa situação, mesmo sabendo que isso pode causar danos para o bebê, teria?
(Cassandra encara Joca)

Cena 2/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Sala de consultas/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da cena 12 do capítulo anterior)
SORAYA: Você está me ameaçando, Maria Rapariga? Não se esqueça que é dessa tenda onde sai o seu salário também.
LIDUÍNA: Mãe Soraya, eu prometi que iria lhe ajudar a recuperar seus poderes, não disse?
SORAYA: E é assim que você me ajuda? Praticamente me obrigando a fechar a tenda, símbolo da minha vida, do meu sustento?
LIDUÍNA: Eu só acho errado a senhora continuar a enganar as pessoas, como fazia antes.
SORAYA: Liduína, eu passei anos da minha vida contando bobagem para as pessoas dessa vila e nenhuma delas veio reclamar de mim.
LIDUÍNA: Eu compreendo seu desespero, mãe Soraya, mas eu não vou admitir que a senhora engane essas pessoas.
SORAYA: Certo, e o que eu farei da minha vida até esses malditos poderes voltarem? Me apresenta uma solução, Liduína.
(Soraya encara Liduína)

Cena 3/ Vila Prata/ Escritório de Advocacia/ Sala Charles/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da cena 13 do capítulo anterior)
CHARLES: Conversar? Claro, Cassilda. Sente-se, por favor. Deseja alguma bebida?
CASSILDA: Não precisa. Charles, eu creio que você já saiba que nós não somos irmãos.
CHARLES: Sim, eu sei. Eu só não te procurei antes pra lhe revelar a verdade, porque eu achei que quem deveria contar era o seu pai.
CASSILDA: E ele me contou. Ontem, ele e eu tivemos outra conversa em que nela ele perguntou sobre o nosso relacionamento.
CHARLES: Sinto te informar, mas foi meu pai que deu com a língua nos dentes. Propositalmente, claro.
CASSILDA: Charles, foi difícil pra mim te amar e não poder ficar com você por conta desse laço parental que eu achava que existia entre a gente.
CHARLES: Eu digo o mesmo, Cassilda. Eu te amo.
CASSILDA: Mas agora que já sabemos a verdade, nada mais nos impede de ficar juntos. Até meu pai aprovou o nosso relacionamento.
CHARLES: Como? Você tem certeza disso, Cassilda?
CASSILDA: Absoluta.
CHARLES: Que maravilha.
(Charles e Cassilda se beijam)
CHARLES: Mas tem uma coisa muito estranha nessa história. Ontem, seu pai, quando foi na minha casa, me disse pra ficar longe de você. Por que ele aprovaria o nosso relacionamento, então?
CASSILDA: Eu não faço ideia, mas não se preocupe. Eu tratarei de encontrar uma resposta para essa questão.
(Charles encara Cassilda)

Cena 4/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da cena 15 do capítulo anterior)
SÁVIO: A Carlota fugiu de casa pra não se casar comigo. Estou errado, doutor Bonavante?
BONAVANTE: Sávio, as coisas não são bem assim. A Carlota fugiu por dúvida, mas eu tenho certeza que ela cairá em si e voltará para se casar com você.
SÁVIO: Quem garante? Afinal, ela está desaparecida há dois dias e, pelo que se vê, ainda não mostrou nenhum intento em querer voltar pra essa casa.
BONAVANTE: Nós a encontraremos. Bom, vamos à caça. Não temos tempo a perder. Mais uma vez, obrigado por ajudar.
SÁVIO: É a minha noiva, doutor Bonavante. Apesar de tudo, eu amo a Carlota e não quero que nada de ruim aconteça com ela.
(Sávio e Bonavante saem)

Cena 5/ Vila Prata/ Delegacia/ Cela Cassandra/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da cena 01 deste capítulo)
JOCA: Agora eu entendi tudo. Você está inventando essa gravidez pra sair da cadeia. Eu não vou cair na sua jogada, Cassandra.
CASSANDRA: Eu já disse que não estou inventando, Joca. Eu desmaiei agora a pouco nessa cela. Os policiais não te falaram isso?
JOCA: Um desmaio falso, óbvio.
CASSANDRA: Estou farta, Joca. Se você não quiser acreditar nessa gravidez, não acredite. Mas eu acho que você não será burro o suficiente pra arriscar. Ou vai?
JOCA: Estou tão confuso.
CASSANDRA: Você não se lembra do que aconteceu com a gente naquela tarde na sua casa. Como você pode provar que não transamos? Como? Não arrisque, Joca. Nós estamos falando da vida de um bebê que eu estou carregando no ventre, na vida do seu filho.
JOCA: Droga, droga. Tudo bem, Cassandra. Eu vou dar um jeito de te tirar daqui. Mas não vou fazer isso por você. Farei pelo meu filho, ou suposto filho, que não merece ser prejudicado pelos seus erros.
CASSANDRA: Fico feliz que você não arriscará. Seria muito frustrante pra você não acreditar na minha gravidez e, meses depois, ver que eu estava certa. Tem um filho dentro de mim, Joca. Eu garanto.

Cena 6/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Quarto Nuno/ Interno/ Manhã
NUNO: A Marilda voltou?
CLARISSA: Exatamente. Ela está rica, sabia? Ganhou muito dinheiro da noite pro dia.
NUNO: Nossa, que bom pra ela.
CLARISSA: Ela quer se aproximar de mim. Eu sinceramente não sei se quero essa aproximação, Nuno. Estou tão confusa, meu amor.
NUNO: Siga o seu coração, Clarissa. É o que eu tenho a te dizer.
CLARISSA: Por que não almoçamos juntos hoje?
NUNO: Hoje não vai dar. Tenho uns assuntos para resolver. Mas eu posso jantar com você. Tudo bem?
CLARISSA: Claro, tudo bem, então.

Cena 7/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Interno/ Manhã
(Vitorino no balcão. Liduína entra)
LIDUÍNA: Bom dia, irmão.
VITORINO: Bom dia. Que surpresa te ver por aqui.
LIDUÍNA: Podemos conversar?
VITORINO: Agora não, Liduína. O Geraldo viajou e o comércio está sob a minha responsabilidade. Não posso me ausentar.
LIDUÍNA: Ah o Geraldo. Faz bastante tempo que não o vejo. Bom, o que eu tenho pra falar é muito sério. Vitorino, nós temos que discutir melhor a morte do papai e aquela moeda de ouro que você encontrou na cozinho, próximo ao local onde ele foi encontrado morto. Podemos almoçar juntos hoje?
VITORINO: Num restaurante? E por que não discutimos isso em casa?
LIDUÍNA: Porque a nossa casa não é o local adequado pra falarmos sobre isso.
VITORINO: Por causa do Marcílio, não é?
LIDUÍNA: Claro, afinal o único jeito de aquela moeda ter parado na nossa casa foi pelo nosso irmão. Mas e então? Você aceita almoçar comigo?
VITORINO: Claro, Liduína.

Cena 8/ Vila Prata/ Escritório de Advocacia/ Sala Charles/ Interno/ Manhã
(Cassilda e Charles estão se beijando)
CASSILDA: Eu acho melhor eu ir, Charles. Quero ter aquela conversa com o papai sobre ele aprovar ou não nosso namoro.
CHARLES: Certo, então. Dê um jeito de me avisar depois sobre o posicionamento dele.
CASSILDA: Claro, meu amor.
(Cassilda beija Charles. Ela sai da sala do rapaz, ao mesmo tempo em que Joca entra)
JOCA: Posso falar com você, doutor Charles?
CHARLES: Claro, Joca. Qual é o problema?
[...]
JOCA: E, por conta disso, eu quero tirar a Cassandra da cadeia, mas não tenho dinheiro suficiente para pagar a fiança. O que eu faço?
CHARLES: A única maneira de a Cassandra sair da cadeia sem você precisar pagar nada é se houver algum laudo médico que ateste a gravidez dela. Esse laudo será apresentado para o delegado e ele, portanto, terá que soltar a moça.
JOCA: O problema é que o doutor Pessoa não está na vila e ele é o único médico daqui.
CHARLES: Então, infelizmente, Joca, nessas circunstâncias, a Cassandra só sai da prisão com o pagamento da fiança. Você disse que não tem dinheiro suficiente, mas pelo que eu saiba, o pai dela, o doutor Bonavante, tem. Por que você não recorre a ele?
JOCA: O doutor Bonavante não me suporta. Ele já invadiu minha casa querendo me matar. Se eu pisar na propriedade dele, eu estarei decretando a minha morte. Mas eu darei o meu jeito. Obrigado pelos esclarecimentos, doutor Charles.
(Joca sai)

Cena 9/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
ARIANA: A Cassandra está grávida?
JOCA: E não sei como tirá-la da cadeia.
ARIANA: Você tem certeza, Joca? E se aquela cobra estiver blefando sobre essa gravidez?
JOCA: Eu não posso arriscar, Ariana. As chances de ela estar mentindo são as mesmas chances de ela estar falando a verdade.
ARIANA: Por que você não espera o doutor Pessoa retornar pra vila?
JOCA: E se ele demorar muito tempo fora? O Bonavante é o único com condições para pagar a fiança da Cassandra, mas se eu pisar na casa dele, eu só saio de lá morto e dentro de um caixão.
ARIANA: Fale com a Cassilda.
JOCA: Pra eu falar com a Cassilda, eu terei que entrar na mansão Sabarah. O que dá no mesmo, Ariana.
ARIANA: Eu não sei se você vai gostar do que eu vou falar agora, mas você ainda tem uma chance.
JOCA: Qual?
ARIANA: A Carlota. A Carlota pode voltar pra casa e pedir que o Bonavante pague a fiança da Cassandra.
(Ariana encara Joca, confuso)

Cena 10/ Vila Prata/ Igreja/ Interno/ Manhã
(Carlota sentada em um dos bancos da igreja. Joca entra)
CARLOTA: Oi, meu amor.
(Cassandra corre em direção a Joca e o beija)
JOCA: Carlota, não trago boas notícias.
CARLOTA: O que houve?
JOCA: Hoje eu visitei a Cassandra na prisão.
CARLOTA: E?
JOCA: E que a sua irmã me fez uma revelação a qual eu sou incapaz de considerar como verdadeira ou não.
CARLOTA: Eu não estou entendendo, Joca.
JOCA: A Cassandra me disse que está grávida.
CARLOTA: O quê? Mas é claro que ela está mentindo.
JOCA: Quem garante? Eu, particularmente, não me lembro de nada do que aconteceu naquela tarde entre eu e ela. Eu não tenho certeza se eu realmente cheguei a transar com a Cassandra. Como vou saber que ela está grávida mesmo? De qualquer forma, é algo que eu não posso arriscar, Carlota.
CARLOTA: Como assim?
JOCA: A Cassandra está sendo submetida a uma rotina estressante na delegacia. Ela não dorme direito, está mal alimentada, enfim, está descuidada, vivendo em uma situação precária que pode acabar por fazer mal ao bebê.
CARLOTA: Joca, você não está pensando em tirar a Cassandra da cadeia não, está?
JOCA: Talvez ela esteja carregando o meu filho no ventre, Carlota. E como eu falei, eu não posso me arriscar a ver o meu filho nascer em uma cela de prisão, em uma situação precária de vida. Você compreende?
CARLOTA: Claro, Joca.
JOCA: O problema é que o doutor Pessoa está fora da vila e ele não tem como provar, por meio de uma consulta médica, se a Cassandra está mesmo grávida. Além disso, eu não tenho dinheiro suficiente para pagar a fiança dela. Eu já falei com o Charles e ele me disse que o pagamento da fiança é o único jeito de soltá-la. Mas eu não tenho dinheiro suficiente.
CARLOTA: Joca, eu sinceramente não sei o que fazer para te ajudar. Eu entendo a sua preocupação, a sua vontade de querer libertar a Cassandra, mas...
JOCA: Você pode falar com o seu pai.
CARLOTA: O quê?
JOCA: Eu não estaria te pedindo isso, se não fosse importante, Carlota.
CARLOTA: Joca, eu não posso voltar praquela casa.
JOCA: Carlota, eu sei, mas eu estou desesperado. A sua irmã pode estar carregando o meu filho.
CARLOTA: Tudo bem, Joca. Eu te amo e eu vou te dar a prova do meu amor. Eu vou falar com o meu pai.
JOCA: Sério?
CARLOTA: Sim.
JOCA: Desculpe te fazer passar por isso.
CARLOTA: Eu só não sei se, voltando para lá, eu terei chances de sair daquela casa e voltar para cá.
JOCA: Perdão, meu amor.
(Joca abraça Carlota. Lágrimas saem dos olhos de Carlota)

Cena 11/ Vila Prata/ Casa Chester/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Dorotéia entra, com as três maletas nas mãos. Ela põe as maletas na mesinha de centro. Marcílio surge)
DOROTÉIA: Pronto. As maletas já estão aqui. Cadê a Laurinda?
MARCÍLIO: Tomando banho.
DOROTÉIA: Vá ao quarto dela e a espere sair do banheiro.
MARCÍLIO: Como?
DOROTÉIA: Marcílio, já está mais do que na hora de você se declarar para Laurinda. Vamos, faça o que eu estou mandando.
(Marcílio volta ao corredor, indo em direção ao quarto de Laurinda. Alguém bate na porta e Dorotéia atende)
DOROTÉIA: Pois não?
CHARLES: Olá, dona Dorotéia. Sou o Charles, filho da Laurinda.
DOROTÉIA: Ah sim, claro.
CHARLES: Minha mãe está aí?

Cena 12/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto de hóspedes/ Interno/ Manhã
(Laurinda, enrolada em uma toalha, sai do banheiro. Ela entra em seu quarto e vê Marcílio sentado em sua cama)
LAURINDA: Marcílio.
MARCÍLIO: Laurinda, desculpe. Eu não sabia que você estava no banho. Eu vim apenas avisar que o almoço já está sendo servido.
LAURINDA: Tudo bem.
MARCÍLIO: Com licença.
(Marcílio se direciona a porta, mas ele pára e vira-se para Laurinda)
MARCÍLIO: Laurinda, eu não posso mais esconder o que eu sinto por você. Eu te amo, Laurinda. Desde o primeiro dia que eu te vi naquele restaurante.
LAURINDA: Marcílio, você...
MARCÍLIO: Eu entendo que essa situação é uma difícil, afinal você é uma mulher ainda casada legalmente, tem um filho já adulto que tem praticamente  a minha idade, mas eu não posso mais reprimir esses sentimentos. Eu quero te amar, Laurinda. Eu quero viver uma história de amor ao seu lado. Mas se você não quiser, eu compreenderei.
LAURINDA: Eu quero.
MARCÍLIO: Como?
LAURINDA: Marcílio, eu também não posso mais esconder o que eu sinto. Eu sinceramente não sei se é amor, paixão ou apenas uma atração física, mas eu não nego que a sua companhia me faz bem. Eu quero viver essa história de amor ao seu lado.
MARCÍLIO: Eu te amo.
(Marcílio e Laurinda se beijam)

Cena 13/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Bonavante entra e vê Cassilda)
CASSILDA: Nada da Carlota?
BONAVANTE: Nada. Eu não faço ideia onde a sua irmã pode ter se metido. Eu só espero que esteja tudo bem com ela.
CASSILDA: Pai, hoje eu falei com o Charles. Eu disse a ele que o senhor aprovou nosso namoro, mas ele me disse que, ontem, o senhor mandou que ele se afastasse de mim. Por quê? Por que o senhor me disse uma coisa e disse outra para o Charles? O que o senhor está tramando?
BONAVANTE: Cassilda, minha filha, eu...
(Carlota entra)
CARLOTA: Bom dia.
(Bonavante e Cassilda olham para Carlota)
BONAVANTE: Carlota? Minha filha, Carlota, que bom te ver.
(Bonavante abraça Carlota)
CARLOTA (olhando friamente para Bonavante): Podemos conversar?
(Carlota encara Bonavante. Congela em Carlota)

FIM DO CAPÍTULO

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