segunda-feira, 23 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 35



ÚLTIMAS SEMANAS

Cena 1/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
BONAVANTE: Revelações bombásticas?
LAURINDA (sentando-se): Preparado para ouvir?
BONAVANTE: Claro, Laurinda. Conte o que você tem para contar.
LAURINDA: Para começo de conversa, Bonavante, você precisa saber que a Cassilda é, sempre foi e sempre será sua filha.
BONAVANTE: Eu sei disso. O fato de o Viriato ser o pai biológico dela não muda em nada a...
LAURINDA: O Viriato não é pai da Cassilda.
BONAVANTE: O quê?
LAURINDA: Ele inventou isso apenas para te atingir. O Viriato nunca teve um caso com a Madalena e, portanto, a Cassilda nunca foi a filha dele.
BONAVANTE: Desgraçado, cretino.
LAURINDA: E tem mais. Agora é sobre a morte da Madalena.
BONAVANTE: Não vá me dizer que a Madalena está viva, que aquele monstro inventou a morte da minha esposa também.
LAURINDA: Inventar a morte da Madalena era a pretensão inicial do Viriato. Ele queria que você pensasse que ela tivesse morrido naquele incêndio. O Viriato pôs fogo na cocheira apenas para forjar a morte dela. No entanto, ocorreu um problema durante o processo e a Madalena acabou entrando na cocheira em chamas e não resistiu.
BONAVANTE: Então, ele matou mesmo a Madalena?
LAURINDA: Sim, Bonavante.
BONAVANTE: Ordinário, vagabundo. A minha vontade é de matar o Viriato.
LAURINDA: Não vale a pena sujar suas mãos com o Viriato, Bonavante.
BONAVANTE: Mais alguma coisa, Laurinda?
LAURINDA: Não.
BONAVANTE: Obrigado por me revelar a verdade. E saia da vida daquele monstro o mais rápido possível.
LAURINDA: É o que eu irei fazer, Bonavante. Eu quero ver de camarote o Viriato na fossa.

Cena 2/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Ariana entra e se depara com Joca sentado no sofá)
JOCA: Posso saber onde a senhora estava?
ARIANA: Vai bancar o irmão controlador agora?
JOCA: Claro que não, Ariana. Só quero saber o que você estava fazendo.
ARIANA: Eu estava em um encontro com o Vitorino. Ele me chamou pra sair e eu aceitei.
JOCA: Fico feliz por você, minha irmã. Finalmente, o amor está te dando uma chance.
ARIANA: Agora vamos parar de enrolação. E então? O nosso plano contra a Cassandra deu certo?
JOCA: Não, porque não chegou a acontecer.
ARIANA: Como assim? Não vá me dizer que os policiais não...
JOCA: Não é nada disso, Ariana. A culpa foi minha. A Carlota apareceu no local me pedindo ajuda e eu a ajudei.
ARIANA: Mas que tipo de ajuda?
JOCA: O Bonavante está obrigando a Carlota a se casar com um homem que ela não ama. Ela me pediu ajuda para que eu a escondesse em um lugar e, assim, ela fugir desse casamento forçado. Eu a escondi na igreja. Isso fica somente entre nós, Ariana.
ARIANA: Você fala como se eu fosse contar isso para alguém. E quanto a Cassandra, Joca? Nós precisamos desmascará-la.
JOCA: Não se preocupe. Amanhã você vai novamente marcar um encontro dela comigo. Enquanto isso, eu irei à delegacia. Dessa vez, eu prometo que nada dará errado.

Cena 3/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Liduína/ Interno/ Noite
VITORINO: E então? Como foi lá com a Soraya? Ela fez alguma previsão em cima da moeda de ouro?
LIDUÍNA: Fez sim, mas ela disse que tudo estava confuso. Ela falou que iria organizar os pensamentos. Amanhã ela me dará a previsão.
VITORINO: Será que ela descobriu se o papai foi realmente assassinado e por quem?
LIDUÍNA: Só saberemos amanhã. É impressão minha ou eu vejo um brilho no seu olhar?
VITORINO: Saí com a Ariana.
LIDUÍNA: Finalmente você está se desligando daquela Clarissa, não é? Menina insuportável. Acusou o Marcílio de tê-la assaltado e fez questão de cobrar o dinheiro.
VITORINO: Mas com razão, não é mesmo?
LIDUÍNA: Além disso, trouxe aquele irmão coxinha que também acusou o Marcílio de ter assaltado umas maletas dele cheias de moedas de... (caindo em sim): Meu Deus, moedas de ouro. As maletas do irmão da Clarissa estavam repletas de moedas de ouro, Vitorino.
VITORINO: E a moeda que eu encontrei próximo ao local onde o papai morreu era de ouro.
LIDUÍNA: Então, a Clarissa e o irmão dela estavam com a razão quando acusaram o Marcílio de ter roubado essas maletas.
(Liduína encara Vitorino)

Cena 4/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassilda e Cassandra/ Interno/ Noite
(Bonavante entra e vê o quarto vazio)
BONAVANTE: Onde está a Cassilda?
(Cassilda e Cassandra entram)
CASSANDRA: Pai, pai, o senhor não vai...
BONAVANTE: Cala a boca, Cassandra. Cassilda, nós podemos conversar?
CASSILDA: Pai, essa conversa não pode esperar?
BONAVANTE: Por quê? O que está acontecendo?
CASSANDRA: O senhor não está sentindo falta da sua filhinha predileta, pai?
BONAVANTE: A Carlota deve estar passeando...
CASSANDRA: A Carlota fugiu.
BONAVANTE: O quê?
CASSILDA: E sabe por que, pai? Por causa desse casamento que o senhor arranjou sem o consentimento dela. Ela fugiu para não se casar com o Sávio.

Cena 5/ Mansão Bragança/ Quarto Laurinda e Viriato/ Interno/ Noite
(Laurinda entra e Charles vê)
CHARLES: Ainda bem que a senhora chegou. O que a senhora foi fazer, mãe?
LAURINDA: Como eu já havia dito, eu fui dar início à minha vingança contra o Viriato.
CHARLES: Mãe, pare com isso enquanto há tempo, por favor. Eu tenho medo que, no fim das contas, acabe sobrando apenas para a senhora. Ainda mais agora, que a senhora decidiu sair de casa. Se o papai lhe recusou a dar o desquite, a senhora acha que ele irá aceitar a sua saída dessa casa?
LAURINDA: Pouco me importa o que seu pai irá achar das minhas atitudes. Eu estou decidida, Charles.
CHARLES: Posso saber o que a senhora foi fazer na rua até agora?
LAURINDA: Fui à casa do Bonavante fazer algumas revelações para ele. Inclusive, eu preciso fazer uma para você também.
CHARLES: Que revelação?
LAURINDA: Você e a Cassilda não são irmãos. O seu pai inventou isso apenas para atingir o Bonavante.
(Laurinda encara Charles)

Cena 6/ Mansão Bragança/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Viriato sentado à mesa. Charles entra, furioso)
CHARLES: Mentiroso, falso, ordinário.
VIRIATO: Mas o que é isso? Ta achando que isso aqui é o seu escritório de advocacia pra você entrar do jeito que quiser? E que tratamento é esse, Charles? Perdeu a noção de respeito?
CHARLES: Eu só respeito quem se dá ao respeito e esse não é o seu caso.
VIRIATO: O que é isso, Charles? O que está acontecendo, hein?
CHARLES: Eu já sei de tudo, pai. Eu sei que a Cassilda não é minha irmã, que o senhor inventou essa história apenas para atingir o Bonavante. Como o senhor teve coragem de fazer uma coisa dessas?
VIRIATO: Como você soube disso?
CHARLES: Não interessa. O que importa aqui é que o senhor vai ficar sozinho nessa vida, vai morrer na fossa. A sua vida é um completo inferno, pai, e eu não quero mais fazer parte dela. A mamãe já se voltou contra o senhor, o Osório também quando resolveu contar para a mamãe sobre o seu caso com a Gertrude e agora chegou a minha hora de lhe virar as costas.
VIRIATO: O quê?
CHARLES: E para a sua informação, eu contarei toda a verdade para a Cassilda e nós voltaremos a ficar juntos, independente da sua opinião.
(Charles sai)
VIRIATO (para si): Então foi o Osório quem contou para a Laurinda sobre o meu caso com a Gertrude? Esse desgraçado não sabe o que lhe espera.

Cena 7/ Igreja/ Interno/ Noite
(Joca entra, segurando um cobertor e algumas roupas de Ariana. Ele as entrega para Carlota)
JOCA: Trouxe para você.
CARLOTA: Ah Joca, não precisava.
JOCA: E eu ia deixar você dormir nesse frio sem nenhuma proteção. Aí estão algumas roupas da Ariana para você usar. Espero que caiba.
CARLOTA: Obrigada pela ajuda, Joca.
JOCA: Bom, eu vim dormir com você também.
CARLOTA: O quê? Mas e a Ariana?
JOCA: A Ariana não tem medo de dormir sozinha.
CARLOTA: Eu também não.
JOCA: Mas nesse momento você está precisando de mais proteção do que ela e eu estou aqui para te proteger de todo o mal. Eu ainda te amo, Carlota.
CARLOTA: Eu também, Joca.
(Pausa. Os dois trocam olhares. Carlota e Joca se beijam e depois se abraçam)
JOCA: Eu te amo.
CARLOTA: Eu também te amo.

Cena 8/ Paisagens de Vila Prata/ Manhã

Cena 9/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Interno/ Manhã
VITORINO: Viajar?
GERALDO: É o único jeito, Vitorino. A distribuidora atrasou a entrega dos produtos e eu preciso ir lá para saber o porquê. Eu deixo o comércio sob a sua responsabilidade.
VITORINO: Pode ficar tranqüilo, Geraldo. Boa viagem.
GERALDO: Obrigado, meu amigo.
(Geraldo, com duas malas, sai)

Cena 10/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante em frente a uma equipe comandada por Simão)
BONAVANTE: Nós precisamos encontrar a Carlota, entenderam?
SIMÃO: O senhor irá conosco, doutor Bonavante?
BONAVANTE: Claro, Simão. Eu quero a minha filha o mais rápido possível.

Cena 11/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Ariana e Cassandra frente a frente)
CASSANDRA: O que você quer aqui? Marcar outro encontro?
ARIANA: Sim. O Joca não apareceu ontem por conta de um imprevisto que aconteceu comigo, mas ele garante que aparecerá hoje.
CASSANDRA: Na frente da mansão ao entardecer?
ARIANA: Apenas com uma diferença. Ele quer te ver agora.
(Ariana encara Cassandra)

Cena 12/ Mansão Bragança/ Quarto de Hóspedes/ Interno/ Manhã
(Osório acorda um pouco sonolento. Ele se assusta ao ver Viriato lhe apontando um revólver)
OSÓRIO: Doutor Viriato?
VIRIATO: Surpreso em me ver, Osório?
OSÓRIO: Olha lá o que o senhor fará com esse revólver.
VIRIATO: Eu vou fazer o que eu deveria ter feito há muito tempo: matar você. Levanta dessa cama.
OSÓRIO: Mas...
VIRIATO: LEVANTA!
(Osório levanta da cama)
VIRIATO: Nós iremos fazer um passeio inesquecível, Osório.
(Viriato encara Osório)

Cena 13/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Sala de consulta/ Interno/ Manhã
LIDUÍNA: E então, mãe Soraya? Organizou as visões que a senhora teve em relação à moeda de ouro?
SORAYA: Não, Liduína.
LIDUÍNA: Como não? A senhora disse que me daria uma resposta hoje.
SORAYA: Eu menti, Liduína. Eu não sei o que está acontecendo comigo.
LIDUÍNA: Como assim, mãe Soraya? Do que a senhora está falando?
SORAYA: Eu não consegui fazer nenhuma previsão em cima dessa moeda de ouro.
LIDUÍNA: Mas como, mãe Soraya? A senhora é uma vidente de verdade, não é?
SORAYA: Sou, ou pelo menos era. Eu acho que perdi os meus poderes, Liduína.
LIDUÍNA: O quê?
(Liduína encara Soraya)

Cena 14/ Vila Prata/ Casa Chester/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Laurinda sentada em um sofá. Dorotéia entra, com uma xícara de café na mão, que entrega para Laurinda)
DOROTÉIA: Estou muito feliz com a sua visita, Laurinda.
LAURINDA: Bom ouvir isso, Dorotéia.
DOROTÉIA: O Marcílio me contou sobre a traição do Viriato. Eu sinto muito, viu?
LAURINDA: É sobre isso que eu vim falar com você, Dorotéia. Eu pedi o desquite ao Viriato, mas ele recusou a me dar.
DOROTÉIA: Desquite?
LAURINDA: Sim. E como ele se recusou a me dar, eu decidi sair de casa, mas, para isso, eu preciso ter uma garantia de onde ficar, coisa que eu ainda não tenho.
DOROTÉIA: Eu entendo, Laurinda, mas você não acha que está sendo muito radical em querer sair de casa?
LAURINDA: Claro que não, Dorotéia. Aquele homem me traiu. Eu não quero mais viver ao lado dele e como eu sei que ele não sairá de casa, eu prefiro sair.
DOROTÉIA: Olha, tem uma pensão na entrada da vila que é bastante acolhedora.
LAURINDA: A Gertrude já está lá e pelo que me consta essa é a única pensão que existe na vila.
DOROTÉIA: De fato. Bom, então, eu não sei como...
LAURINDA: Você me considera uma amiga, não considera, Dorotéia?
DOROTÉIA: Claro, Laurinda.
LAURINDA: Então o que você me diz de eu ficar na sua casa por um tempo? Tudo bem para você?
(Laurinda encara Dorotéia, surpresa)

Cena 15/ Mansão Sabarah/ Frente/ Externo/ Manhã
(Joca se encontra na frente da mansão. Cassandra aparece ao lado de Ariana)
ARIANA: Eu vou deixar vocês a sós
(Ariana sai)
CASSANDRA: Que bom que você resolveu aparecer.
JOCA: Eu sinto muito por não ter vindo ontem. Aconteceu um problema...
CASSANDRA: A Ariana me contou. Posso saber qual é o motivo desse encontro?
JOCA: Eu pensei que a Ariana também tivesse te contado isso. Eu quero entender por que você matou o meu padrinho.
CASSANDRA: E eu pensando que você iria me pedir em namoro ou algo do tipo.
JOCA: Namorar a mulher que assassinou o meu padrinho e que me estuprou sem a maior vergonha na cara? Jamais.
CASSANDRA: Eu não estuprei, Joca. Você queria aquilo tanto quanto eu.
JOCA: Eu estava bêbado.
CASSANDRA: Não parecia.
JOCA: Eu não te chamei aqui para falarmos sobre isso. Por que você matou o meu padrinho, Cassandra? Por quê?
CASSANDRA: Pra te salvar das loucuras dele, Joca. Satisfeito?
JOCA: Então você confessa que o assassinou?
CASSANDRA: Confesso. Eu matei o padre Juscelino e mataria de novo, só para te ver feliz. Você deveria me agradecer por isso, ao invés de me criticar. Ele queria te tornar padre, Joca, e você não queria isso. Se ele ainda estivesse vivo, ele estaria te pressionando a ser alguém que você nunca quis ser.
JOCA: Essa situação poderia ser lidada de outras maneiras.
CASSANDRA: Quais? Você mesmo já tinha se rendido à pressão de se tornar padre. Matar aquele verme foi a única solução e eu fiz aquilo por você.
JOCA: Já é o suficiente, Cassandra.
CASSANDRA: Eu não acredito que você me chamou aqui só pra isso.
JOCA: Na verdade, tem outra coisa. Podem aparecer, por favor.
(Uma equipe policial sai dos arbustos. Os policiais dispõem ao redor de Cassandra, cercando-a)
CASSANDRA: Mas o que é isso?
JOCA: Uma emboscada, Cassandra.
DELEGADO: Cassandra Sabarah, você está presa pelo assassinato de Juscelino Vieira. Podem algemá-la.
(Alguns policiais se aproximam de Cassandra para algemá-la, mas ela tenta resistir à abordagem. Cassandra se debate de todas as formas, tentando impedir os guardas de algemarem-na)
CASSANDRA: NÃO, PAREM COM ISSO. EU VOU CHAMAR MEU PAI. ME LARGA, ME SOLTA.
JOCA: Pronta para pagar pelo crime que você cometeu, Cassandra?
CASSANDRA: Desgraçado, você não tinha esse direito.
JOCA: Eu quero que você apodreça na cadeia, sua assassina. ASSASSINA!
(Joca encara Cassandra. Congela em Cassandra)

FIM DO CAPÍTULO

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