sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Superação - Capítulo 15



Continuação imediata do capítulo anterior.

Cena 1. Favela – Exterior – Dia
Depois de entrar na favela, fazer várias voltas, o táxi de Edvaldo se aproxima da casa de Tonelada. Tonhão tá sentado do lado de fora da casa.
TONELADA – Então, é ali naquela casa.
EDVALDO – Qual delas?
TONELADA – Aquela ali onde tem um homem sentado na frente.
Edvaldo olha para a casa e para o homem.
EDVALDO – Aquele homem?
TONELADA – Isso. Aquele.
No momento em que o táxi de Edvaldo se aproxima da casa, Tonhão entra.
TONELADA – Muito obrigado.
Tonelada paga Edvaldo, que logo vai embora.

Cena 2. Ponto de Táxi – Dia
Edvaldo chega no ponto de táxi. Fica pensando na última corrida que fez.
EDVALDO – Aquele homem... Que estranho! Parece que já o vi em algum lugar. Mas, onde? Ah, deve ser bobagem minha! Talvez um passageiro...

Cena 3. Favela – Sala - Interior – Dia
TONHÃO – Tava onde, Tonelada?
TONELADA – Ah por aí. Fui dar uma volta na cidade.
TONHÃO – Volta? E eu aqui sozinho! Todo mundo resolveu sair hoje!
TONELADA – Catarina também?
TONHÃO – Aquela lá deve ter ido no médico.
TONELADA – To preocupado. Ela anda tomando muito remédio.
TONHÃO – Esquece. Ela sempre foi assim. E o Guilherme?
TONELADA – Ele ainda não chegou?
TONHÃO – Não. E to precisando dele pra umas coisas aí.
TONELADA – Tonhão, não vá colocar ele em perigo!
TONHÃO – Acorda, Tonelada! O Guilherme não é mais nenhuma criança!
TONELADA – E por isso precisa se expor ao risco como você?
TONHÃO – Virou anjinho protetor agora?
TONELADA – Não é isso! Cê sabe que ele é como um sobrinho meu.
TONHÃO – Chega de sentimentalismo! Quando ele chegar, cê me avisa!
Tonhão sai, deixando Tonelada sozinho.

Cena 4. Casa da família Bertollo – Sala – Interior – Noite
Franchesco chega em casa.
DORIVAL – Ana?
FRANCHESCO – Não, filho. Sou eu.
DORIVAL – Ah, oi pai! Como foi o trabalho?
FRANCHESCO – Foi bom, filho. E a sua escola?
DORIVAL – Foi boa. Teve um lá que começou a falar da minha deficiência, mas nem liguei.
FRANCHESCO – Sério, filho? Quer que eu faça alguma coisa?
DORIVAL – Não, pai. Obrigado! Tá tranquilo. Sabe que eu não me importo. Deixa falarem.
FRANCHESCO – Tá bom, filho. Mas, quando precisar, estarei aqui.
DORIVAL – Obrigado, pai!
Franchesco abraça Dorival.
DORIVAL – Pai?
FRANCHESCO – Que foi, filho?
DORIVAL – Vamos jogar futebol depois?
FRANCHESCO – Claro, filho. Deixa só eu trocar de roupa.
DORIVAL – Tá bom, pai.

Cena 5. Casa de Edvaldo – Sala – Interior – Noite
Edvaldo chegando do trabalho. Não encontra ninguém em casa.
EDVALDO – Ué? Cadê todo mundo?
Edvaldo vai até o quarto de Fábio e de Marcelo pra procurá-los.

Cena 6. Casa da Família Bertollo – Sala – Interior – Noite
A porta abre. Mariana chega em casa.
DORIVAL – Ana?
MARIANA – Não, filho. É a mamãe.
DORIVAL – Oi, mãe!
Mariana abraça Dorival.
MARIANA – Mas por quê você perguntou direto pela Ana? Ela ainda não chegou?
DORIVAL – Não, mãe. Não sei. To achando estranha essa demora dela.
Franchesco vem vindo do quarto.
FRANCHESCO – Vamos lá, filho! Jogar um pouquinho. Mariana, já chegou?
Franchesco dá um beijo em Mariana.
MARIANA – Oi, amor! To preocupada agora. A Ana ainda não chegou.
FRANCHESCO – Calma, Mari. Ela deve tá com o Guilherme. Logo tá chegando.
DORIVAL – Não gosto dele. Não sei por quê.
MARIANA – Pra ser sincera, eu também não.
FRANCHESCO – Deixem de ser bobos. Ele me parece um rapaz responsável.

Cena 7. Casa de Edvaldo – Quarto de Marcelo – Interior – Noite
Edvaldo chega no quarto de Marcelo e encontra Marcelo, chorando. Ele corre pra consolar o neto.
EDVALDO – Marcelo, o que houve?
MARCELO – (chorando) Não vou mais pra escola!
EDVALDO – O que aconteceu, Marcelo? Não gostou da aula?
MARCELO – A aula até que é boa, mas... (começa a chorar mais)
EDVALDO – Mas? Me conta, Marcelo...
MARCELO – (chorando) Eu disse que aconteceria isso!
EDVALDO – Isso o quê? Ficaram te olhando? Deixa olharem, Marcelo. Eles tem olhos pra isso mesmo.
MARCELO – (chorando muito) Me chamaram de deficiente!
EDVALDO – Marcelo, não fica assim. Dá um abraço no vovô. Vamos conversar.
Marcelo abraça Edvaldo, chorando.
EDVALDO – Você não pode ligar quando falarem assim. Olha o vovô! Eu uso óculos, sou deficiente, porque não enxergo tão bem quanto você. Outros tem alguma dificuldade em alguma outra coisa. Ninguém é perfeito. Você tem uma cabeça boa, é inteligente...
MARCELO – Vovô, tem um colega que é deficiente visual também.
EDVALDO – Ele usa óculos assim como o vovô?
MARCELO – Ele é cego.
EDVALDO – Verdade? Então, olha aí, Marcelo. Tem gente muito pior que você. Sei que é difícil não poder andar direito, mas imagina ele, que não consegue enxergar. Não é pior?
MARCELO – É...
EDVALDO – E chamaram ele de deficiente também?
MARCELO – Sim.
EDVALDO – E como ele reagiu? Ficou triste?
MARCELO – Não. Pelo contrário. Parece que nem ligou. Inclusive deu uma resposta pro menino.
EDVALDO – Olha aí, que bom exemplo, Marcelo. Tenta conversar mais com ele. Ver como ele leva sua vida. Você vai ver que a vida dele deve ser bem mais difícil. Tem gente muito pior que você e gente ainda muito pior que ele.
MARCELO – Verdade, vovô. Vou tentar falar com ele.
EDVALDO – Isso. Vocês ainda vão ser bons amigos.
MARCELO – Obrigado, vovô!
Marcelo abraça Edvaldo, que retribui, feliz por ter ajudado o neto.
EDVALDO – E seu pai, onde tá?
MARCELO – Ainda não chegou.
EDVALDO – Como assim?

Cena 8. Rua – Noite
Guilherme e Ana saindo da pizzaria.
GUILHERME – Gostou da surpresa?
ANA – Amei!
GUILHERME – Que ótimo!
ANA – Só tem um problema!
GUILHERME – Qual?
ANA – Não avisei ninguém. Devem estar preocupados comigo.
GUILHERME – Relaxa! Você já é adulta e tá comigo.
ANA – Eu sei, mas sabe como são meus pais, né?
GUILHERME – Eles tem que entender que você não é mais uma criança.
ANA – Ai, não fala assim. Eles se preocupam porque gostam de mim.
GUILHERME – Tá bom, não vamos discutir depois desse jantar maravilhoso.
Guilherme não percebe, mas ultrapassa o sinal vermelho, no momento em que Fábio tá atravessando a rua.
ANA – (gritando) Guilherme, cuidado!
Guilherme atropela Fábio.
ANA – (gritando) Ai, meu Deus!

Congela no desespero de Ana.


FIM DE CAPÌTULO.
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