domingo, 23 de novembro de 2014

Pânico na Mata - Episódio 04 (Ataque)


Previously on Pânico na Mata
Todos chegam à reserva florestal onde se passa o acampamento. José Pedro e Cristina selam um pacto. Beatriz é perseguida na floresta. Branca aparece no acampamento. Maria Marta acusa Branca de ser uma charlatã. Maria Marta flagra Paloma e Lucas aos beijos. João Lucas termina com Paloma. Usando luvas pretas, uma pessoa misteriosa mata João Lucas a pedradas.

                                                                     ATO 01
Cena 1/ Mansão Handini/ Área de Lazer/ Piscina/ Externo/ Manhã
(Câmera desfocada. Uma criança de aproximadamente dois anos de idade brinca com uma bola ao redor da piscina, bem próximo à borda. A bola cai na piscina e a criança se joga na piscina para pegar a tal bola. Maria Marta aparece com uma bandeja, que contém um copinho de suco, e se desespera ao ver a criança na piscina)
MARIA MARTA: Socorro. Meu filho está se afogando. SOCORRO!

Cena 2/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Barraca Maria Marta e Cláudio/ Interno/ Noite
(Maria Marta, assustada, acorda e chacoalha Cláudio. Ele acorda)
CLÁUDIO: O que foi, Marta? Será que posso dormir em paz?
MARIA MARTA: Tive um pesadelo com o João Lucas. Será que ele já voltou da Cachoeira Cristalina?
CLÁUDIO: São onze da noite. É óbvio que sim.
MARIA MARTA: Mas isso não faz sentido. Nosso filho está dividindo a barraca com a Paloma, e eles terminaram o namoro hoje. O normal é que ele deveria vir nos procurar para saber onde dormir. Ele não passaria a noite no relento.
CLÁUDIO: Talvez ele e Paloma se reconciliaram.
MARIA MARTA: Vira essa boca pra lá. João Lucas não seria tão idiota.
CLÁUDIO: Volta a dormir, Marta.
MARIA MARTA: Estou com um pressentimento ruim, como se algo maléfico tivesse acontecido com o nosso filho. Cláudio, faz um favor para mim?
CLÁUDIO: O que é dessa vez?
MARIA MARTA: Verifique se o nosso filho está dormindo lá fora. Se ele não estiver, vá até a Cachoeira Cristalina ver se ele ainda está lá.
CLÁUDIO: Você só pode estar louca.
MARIA MARTA: Estou preocupada.
CLÁUDIO: Eu não vou fazer nada disso, Marta. João Lucas não é nenhum menino indefeso. Com certeza, ele já deve estar dormindo na barraca de alguém. Não se preocupe à toa.
MARIA MARTA: Mas eu já disse que...
CLÁUDIO: Quer saber de uma coisa? Se você está tão preocupada assim, vá você atrás do João Lucas. Só me deixe dormir, por favor.
(Cláudio volta a dormir. Maria Marta deita-se, mas não fecha os olhos.)

Cena 3/ Paisagens da Reserva Florestal/ Dia

Cena 4/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Dia
(Maria Marta, André e Rafael conversando)
ANDRÉ: Não me lembro de ter visto o João Lucas ontem a noite aqui.
RAFAEL: Também não. E olha que eu fui o último a entrar na barraca, a me deitar.
MARIA MARTA: Será que vocês poderiam ir até a Cachoeira Cristalina ver se ele está lá?
ANDRÉ: Se a senhora se sentir mais tranqüila, nós iremos sim, não é Rafael?
RAFAEL: Claro, mas eu acho que ele não está lá, não. Ele não iria passar a noite lá. Ou iria?
MARIA MARTA: Creio que não, por isso que estou tão preocupada.

Cena 5/ Reserva Florestal/ Cachoeira Cristalina/ Interno/ Dia
(André e Rafael chegam ao local. Eles vistoriam o lugar e se dispersam)
ANDRÉ: Rafael, venha aqui. Encontrei o João Lucas.
(Rafael se aproxima de André e vê João Lucas)
RAFAEL: Ele está morto?
ANDRÉ: Acho que sim.

Cena 6/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Dia
(Paulina, Pilar, Téo e Beatriz conversam. Em outro canto do pátio, vê-se Paloma caminhando em direção à floresta. Lucas a intercepta)
LUCAS: Sabia que eu passei a noite inteira pensando na possibilidade de você e o João Lucas terem se reconciliado? Posso falar com você?
PALOMA: O que você quer?
LUCAS: Conversar, saber como a gente fica, agora que você e o João Lucas terminaram.
PALOMA: Não tem mais gente, Lucas.
LUCAS: Como assim? Isso é um término?
PALOMA: Se você não tivesse me beijado ontem, a Maria Marta não teria nos flagrado e ainda hoje estaria namorando o filho dela. Você estragou tudo. Não te quero mais na minha vida.
LUCAS: Não acredito no que estou ouvindo. Você está terminando comigo porque perdeu o pirralho também, é isso?
PALOMA: Você acabou com o meu futuro por causa daquele maldito ultimato.
LUCAS: Maria Marta estava com a razão. Você ama o dinheiro dela, a fortuna dela. Você não liga para os sentimentos de ninguém. Não passa de uma interesseira.
PALOMA: Não admito que você fale assim comigo.
LUCAS: Pelo que eu saiba, não falei nenhuma mentira. Pena que demorei demais para perceber isso.
(Lucas sai. Paloma, com os olhos marejados, caminha em direção ao interior da floresta. A CAM foca no grupinho formado por Paulina, Pilar, Téo e Beatriz)
PAULINA: Algum de vocês viu o Rafael?
PILAR: Não vi, Paulina.
TÉO: Parece que seu boy foi à Cachoeira Cristalina a pedido da Maria Marta.
BEATRIZ: À pedido daquela bruxa? Sinto muito te informar, Paulina, mas tenho certeza que seu marido foi envolvido em algum serviço sujo daquela falsa.
PILAR: Olha ele chegando ali com o André.
(A CAM mostra André e Rafael, carregando o corpo de J. Lucas, chegando no pátio do camping)
TÉO: Os dois sozinhos saindo da floresta? Ih, querida Paulina, parece que você se casou com a fruta errada.
PAULINA: Poupe-me de seu humorzinho barato, Téo. Parece que eles estão carregando algo.
BEATRIZ: Parece um corpo.
TÉO: Um corpo? Tá pelado, por acaso?
PILAR: Vamos ver.
(Os quatro se direcionam a André e Rafael, que colocam o corpo de João Lucas no chão. Maria Marta aparece)
MARIA MARTA: AHHHHHHHHHHHHH, MEU FILHO!
(Maria Marta se debruça sobre o corpo de João Lucas e começa a chorar. O resto da turma se aproxima para ver o que está acontecendo, exceto Cláudio e Paloma – que irão aparecer depois)
MARIA MARTA: Meu filho, fala comigo. João Lucas, meu amor, acorda, fala comigo. Eu estou aqui, meu amor.
ANDRÉ: Eu sinto muito, Maria Marta.
RAFAEL: Seu filho está morto.
M. MARTA: NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
(Cláudio aparece)
CLÁUDIO: Mas que confusão é essa... (ele vê João Lucas): Meu filho. O que aconteceu com o meu filho?
MARIA MARTA: Ele está morto, Cláudio. Eu sabia que algo de ruim tinha acontecido com ele, eu sabia. Eu te falei, mas você não acreditou.
CLÁUDIO: Isso é impossível. Meu filho não pode estar morto. Quem foi o desgraçado que fez isso com ele?
(Cláudio abaixa-se e abraça o corpo do filho, ao lado de Marta)
CLÁUDIO: Morto, meu único filho morto.
(Maria Marta levanta-se e olha fixamente para Branca)
MARIA MARTA (apontando para Branca): A CULPA É DELA!
BRANCA: Minha? Você está louca, querida.
MARIA MARTA: Essa médium charlatã não poderia ter aparecido aqui. Tudo estava correndo bem antes dela chegar. Ela trouxe o mal junto com ela. Trouxe o mal, a tragédia, tudo de ruim nesse mundo. Vagabunda, desgraçada, demoníaca. Eu vou acabar com você.
(Maria Marta parte para cima de Branca, dando-lhe vários tapas. André e José Pedro separam uma da outra)
BRANCA: Essa mulher é louca. Eu não tenho nada a ver com isso.
MARIA MARTA: Eu vou acabar com você, da mesma forma que eu vou acabar com a desgraçada da Paloma. Cadê aquela vadia?

Cena 7/ Reserva Florestal/ Camping/ Fonte Termal/ Interno/ Dia
(Paloma está sentada em um banco. Félix aparece)
FÉLIX: Pamonha.
PALOMA: Félix. Como você sabe que eu estava aqui?
FÉLIX: Se você não estivesse aqui, estaria onde? Estão te requisitando no pátio do camping.
PALOMA: Não saio daqui por nada desse mundo.
FÉLIX: Mas é coisa séria, pamonha. Aconteceu uma tragédia com o João Lucas.

Cena 8/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Dia
(Todos ao redor do corpo de J. Lucas. Maria Marta e Cláudio debruçados sobre o filho. Paloma aparece)
PALOMA: João, meu amor. Mas o que é isso? O que houve?
(Paloma vai se abaixar para ficar próxima de J. Lucas, mas Marta a pega pelo braço. As duas em pé, frente a frente)
M. MARTA: Vagabunda, viu o que você fez com ele? Agora você entende porque eu não queria você perto do meu filho? Porque, no fundo, eu sabia que esse seria o fim do João Lucas se ele ficasse com você, assim como aconteceu com a Eduarda.
PALOMA: Eu não tenho culpa de nada.
M. MARTA: Tem sim. Tem toda a culpa do mundo, sua sanguessuga, parasita dos infernos.
PALOMA: Lave sua boca para me xingar. Cansei de agüentar suas grosserias.
M. MARTA: E eu me cansei de você. Você levou o meu filho para o buraco, você sugou tudo dele. Como eu te odeio, Paloma. Eu vou te destruir, sua rata maldita.
(Paloma dá um tapa na cara de Maria Marta)
PALOMA: Você deveria se odiar, por ser essa velha mal amada e amargurada. Eu fiz muito bem ao seu filho, ao contrário do que você pensa. Eu o fiz sorrir, ser feliz, se sentir jovem. Perto de mim, ele era o cara mais alegre do mundo, ele se sentia realizado. E perto de você? Ele era feliz perto de você? VOCÊ MATOU SEU FILHO. VOCÊ O LEVOU PARA O BURACO. Você o sufocou tanto que ele não agüentou. E quer saber de uma coisa, dona Maria Marta? Tenho certeza que o João Lucas preferia a morte a passar um segundo no mesmo lugar que você.
(Maria Marta dá um tapa na cara de Paloma)
MARIA MARTA: Desgraçada. DESGRAÇADA!
(Maria Marta sai. Cláudio vai atrás dela. Paloma abaixa-se e se debruça sobre o corpo de João Lucas. Lucas se aproxima dela)
LUCAS: Bonitas palavras.
PALOMA: Sai da minha frente, Lucas. Eu não quero olhar pra sua cara.
LUCAS: Tudo bem que terminamos nosso relacionamento minutos atrás, mas você prefere me tratar com grosseria?
PALOMA: Não banque o santinho pra cima de mim. Eu sei que foi você, eu sei que você matou o J. Lucas.
LUCAS: O quê? Como você ousa pensar uma coisa dessas?
PALOMA: Sai da minha frente antes que eu faça um escândalo.
(Lucas sai. Paloma cai no choro e abraça o corpo de J. Lucas mais forte)

Cena 9/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Barraca Lucas e Cristina/ Interno/ Dia
(A barraca está vazia. Lucas entra e senta-se perto de sua mala. Ele vê suas luvas pretas – as mesmas usadas pela pessoa que matou J. Lucas – em cima da mala e pega-as)
LUCAS (para si, com as luvas na mão): Será que eu fiz a coisa certa?

                                                                        ATO 02
Cena 10/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Barraca M. Marta e Cláudio/ Interno/ Dia
MARIA MARTA: Nós temos que voltar à cidade, Cláudio. Precisamos dar um enterro digno para o nosso filho.
CLÁUDIO: Eu sinto muito, mas não irei sair daqui.
MARIA MARTA: Como não?
CLÁUDIO: Nós fizemos um combinado com a Patrícia. Só sairíamos desse acampamento no último dia.
MARIA MARTA: Para de ser tão ridículo. Seu filho está morto. Isso é motivo mais do que suficiente para esse combinado ser quebrado.
CLÁUDIO: Por que não adotamos a ideia da Patrícia? Podemos enterrar o João Lucas aqui.
MARIA MARTA: Eu não acredito no que estou ouvindo. Você quer enterrar nosso filho em uma cova qualquer como se ele fosse um lixo, algo descartável? Que tipo de pai é você? Que tipo de ser humano é você, Cláudio?
(Maria Marta sai)

Cena 11/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Dia
(Maria Marta sai da barraca e vê Patrícia. M. Marta se aproxima dela)
M. MARTA: Quero falar com você.
PATRÍCIA: Fique a vontade.
M. MARTA: Eu preciso ir embora daqui, voltar para a cidade. Quero dar um enterro digno para ele.
PATRÍCIA: Pode ir.
M. MARTA: O problema é que o Cláudio não quer sair do acampamento, pois ele respeita o compromisso que fez com você de sair dessa reserva florestal no último dia. Ele só vai me acompanhar se você disser a ele que ele está liberado desse compromisso.
PATRÍCIA: Eu sinto muito, Maria Marta, mas isso é um problema entre você e seu marido. Prefiro não me envolver.
M. MARTA: O que custa você convencer o Cláudio de que ele pode quebrar esse compromisso?
PATRÍCIA: Em assuntos de marido e mulher, prefiro não meter a colher.
M. MARTA: Sua cocotinha egoísta.
(M. Marta sai. André se aproxima de Patrícia)
ANDRÉ: O que a Maria Marta queria?
PATRÍCIA: Que eu fizesse algo que não está ao meu alcance.
ANDRÉ: Acho bom você fazer um discurso para toda essa turma. Todos estão temerosos de dar continuidade ao acampamento por causa da morte do João Lucas.
PATRÍCIA: Deixa comigo, eu sei o que fazer.

Cena 12/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Barraca Félix e Pilar/ Interno/ Dia
FÉLIX: É impressão minha ou a senhora acordou mais corada hoje, mamy poderosa?
PILAR: Impressão sua, filhote.
FÉLIX: Ah não. Não tente me fazer de idiota. Acordou corada sim, que eu sei. Por quê? Por causa da morte do João Lucas? Mamy, não vá me dizer que além de poderosa a senhora virou assassina também?
PILAR: Mas o que significa isso? Deveria te dar uma surra na frente de todos por insinuar que eu tenho alguma coisa a ver com a morte daquele garoto.
(Pilar sai)

Cena 13/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Dia
(Patrícia ao centro. Todos ao redor dela)
PATRÍCIA: Gente, eu chamei todos vocês porque eu quero dar algumas palavrinhas. Não precisam ficar temerosos. Se vocês acham que o João Lucas foi assassinado, tirem essa ideia da cabeça de vocês.
BEATRIZ: Como assim?
PATRÍCIA: Não há assassino nenhum nessa reserva. Eu não seria louca de acampar aqui, sabendo que haveria algum matador vagando entre essas árvores.
TÉO: Então, como você explica a morte do João Lucas?
PATRÍCIA: Suicídio, óbvio. Ele terminou com a Paloma, não agüentou e acabou se matando.
MARIA MARTA: Isso é um absurdo. Meu filho nunca atentaria contra a própria vida. Isso é ridículo e eu vou provar pra todo mundo que meu filho não se matou.
(Maria Marta sai e volta pra sua barraca)
PATRÍCIA: Vocês não vão dar ouvidos para a Maria Marta, né? Ela está em choque por causa da morte do filho, é natural que ela fale coisas que não condizem com a realidade.
(Todos se dispersam. Alguns voltam pras suas barracas, outros permanecem no pátio do camping. Cristina se aproxima de Patrícia)
CRISTINA: Acho que seu discurso não adiantou de nada, queridinha. Precisa melhorar na arte do convencimento.
(Cristina encara Patrícia. Close em Patrícia)

                                                                           ATO 03
Cena 14/ Reserva Florestal/ Camping/ Fonte Termal/ Interno/ Tarde
(José Pedro e Cristina aparecem no local)
CRISTINA: E então? Pensou em algo para separarmos a Patrícia do André?
JOSÉ PEDRO: Claro.
CRISTINA: Está esperando o quê? Desembucha. Em que plano você pensou?
JOSÉ PEDRO: Intrigas.
CRISTINA: Intrigas? Você acha que eu sou alguma vilãzinha de Malhação pra ficar fazendo intriguinha? Eu derrubo meus adversários com ideias mais amadurecidas.
JOSÉ PEDRO: Foi somente nisso que eu pensei.
CRISTINA: Bem se vê o tanto de minhoca que compõe essa merda que você chama de cérebro.
JOSÉ PEDRO: Por acaso, você tem alguma ideia melhor, rainha dos planos mirabolantes?
CRISTINA: Meu querido, foi você que veio com essa história de pacto, de separar o casalzinho vinte. Quem tem que pensar em algo aqui é você, não eu. Afinal, você é o anfitrião da ideia.
JOSÉ PEDRO: Bom, algo acabou de me passar pela cabeça. O que acha de armarmos um flagra? Não é a ideia mais amadurecida do mundo, mas pode vir a calhar. O que você acha?
CRISTINA: Tudo bem. Ficaremos com essa ideia do flagra, por enquanto.

Cena 15/ Reserva Florestal/ Floresta/ Interno/ Tarde
(O corpo de João Lucas está embrulhado em várias toalhas. Maria Marta está ao lado do corpo. Pilar se aproxima dela)
PILAR: Maria Marta.
M. MARTA: Pilar. O que você veio fazer aqui?
PILAR: Vim te dar minhas condolências.
M. MARTA: Dispenso-as. E não venha bancar a inocente pra cima de mim, porque eu sei que você está radiante por dentro. Satisfeita por ver meu sofrimento? Era essa a sua grande vingança?
PILAR: Vingança?
M. MARTA: Você acha que eu sou alguma imbecil? Eu sei que você só veio para esse acampamento pra se vingar de mim. Satisfeita? A morte do meu filho te deixou feliz?
PILAR: Não seja ridícula. Eu vim aqui para se vingar de você, sim. Mas nunca desejei a morte do seu filho.
M. MARTA: Não se faça de santinha.
PILAR: Se não quiser acreditar, não acredite. Mas quer saber de uma coisa? Até a morte do seu filho teve um lado positivo, porque, pelo menos agora, você está sentindo a mesma dor que eu senti quando eu perdi o Maciel, o meu homem que você atropelou e não prestou ajuda, deixou agonizando naquele concreto quente como se ele fosse um nada.
M. MARTA: A dor de perder um filho é muito maior do que a dor de perder um gigolô.
PILAR: Pelo menos, o meu gigolô me amava mais, se for comparar o amor que o seu filho sentia por você.
(Pilar sai)

Cena 16/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Tarde
(Paloma caminha pelo pátio. Lucas a intercepta)
PALOMA: É tão difícil assim você me deixar em paz?
LUCAS: Só queria saber se você acha mesmo que eu matei o J. Lucas ou se você disse aquilo da boca pra fora.
PALOMA: Poupe-me.
(Paloma caminha em direção à trilha da floresta.)
LUCAS: Vai pra floresta?
PALOMA: Sim, e ai de você se vir atrás de mim.
(Paloma entra na trilha e Lucas a observa)

Cena 17/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Barraca Cláudio e Maria Marta/ Interno/ Tarde
(Cláudio entra e vê Maria Marta arrumando as malas)
CLÁUDIO: Mas o que é isso?
MARIA MARTA: Vou voltar pra cidade e dar um enterro digno para o meu filho.
CLÁUDIO: Fique sabendo que eu não vou embora daqui.
MARIA MARTA: Fique. Nem que pra voltar pra cidade eu tenha que caminhar a pé ou pegar carona em um pau de arara, mas aqui eu não fico mais um segundo.
CLÁUDIO: E como você vai carregar o corpo do João Lucas daqui até a cidade?
MARIA MARTA: Dou meu jeito.
(Maria Marta fecha suas malas)
MARIA MARTA: Agora sai da minha frente, seu verme.
(Maria Marta sai)

Cena 18/ Reserva Florestal/ Camping/ Pátio/ Interno/ Tarde
(Maria Marta, levando suas malas, sai da barraca e caminha em direção à trilha da floresta. Cláudio sai logo atrás dela. Patrícia vê a cena e vai falar com Cláudio)
PATRÍCIA: Maria Marta está indo embora?
CLÁUDIO: Sim.
PATRÍCIA: E você não vai com ela?
CLÁUDIO: Não. Esqueceu que eu firmei um compromisso com você? Eu cumpro com a minha palavra.
(Beatriz se aproxima)
BEATRIZ: É mentira. Você disse pra mim que o seu projeto que eu investi era altamente confiável. Acabei perdendo todo meu dinheiro. O que sai da sua boca suja são apenas mentiras.
CLÁUDIO: Sai daqui, pobretona.
BEATRIZ: É tão ruim assim ouvir a verdade?
PATRÍCIA: Beatriz, por favor.
(Beatriz sai)
PATRÍCIA: Vá atrás de sua esposa, Cláudio. Eu te libero do compromisso.

                                                                        ATO 04
Cena 19/ Reserva Florestal/ Floresta/ Trilha/ Interno/ Noite
(Maria Marta caminha e arrasta o corpo de João Lucas pela trilha. Cláudio aparece atrás dela)
CLÁUDIO: Vamos? Eu te ajudo.
MARIA MARTA: O que você está fazendo aqui?
CLÁUDIO: Vou voltar com você para a cidade e enterrar dignamente nosso filho. A Patrícia me liberou do compromisso.
MARIA MARTA: A Patrícia. Então, você só veio atrás de mim porque a Patrícia te liberou do compromisso? Quem não quer você me acompanhando nessa volta para a cidade agora sou eu.
CLÁUDIO: Mas por que essa raiva?
M. MARTA: Eu pensei que você tinha vindo por livre e espontânea vontade, mas não. A verdade é que você nunca colocou seu filho, sua esposa, sua família em primeiro lugar na sua lista de prioridades. Até um compromisso ridículo como esse era mais importante pra você do que seu filho. Mas você quer saber de uma coisa, Cláudio? Da grande verdade? A grande verdade é que você sempre foi um péssimo pai, um péssimo marido, um péssimo homem. (Pausa. Maria Marta dá uma gargalhada) Sinceramente, convenhamos que homem é uma coisa que você nunca foi, não é mesmo? Homem com H maiúsculo, macho de verdade mesmo. Nem sei por que me casei com você. Passei esses anos da minha vida me contentando com tão pouco. Poderia estar viajando, conhecendo o mundo. Melhor, poderia estar namorando homens de verdade, gostosos, maravilhosos, sarados do que ter gastado minha vida com um grande merda que é você, Cláudio. Sim, Cláudio, por que você não passa de uma grande merda, uma bosta que todo mundo pisa, cospe e joga na fossa.
(Cláudio dá um tapa na cara de Maria Marta, que cai no chão)
CLÁUDIO: CALA A BOCA! Desgraçada. Eu que me pergunto como tive a coragem de gastar anos da minha vida ao seu lado. Agora você vai sozinha pra essa cidade, ouviu bem? E eu espero sinceramente que você seja atropelada por um caminhão e morra. A sua morte é um favor que você faz para a humanidade.
(Cláudio, transtornado, sai. Maria Marta levanta-se. Ao voltar a caminhar em direção à saída da reserva florestal, ela se depara com Branca)
MARIA MARTA: Quer me matar de susto, sua médium charlatã?
BRANCA: Desculpe. Não foi a minha intenção te assustar, apesar de que você merece coisa bem pior do que isso.
(As duas se encaram. Close alternado na cara das duas. Marta assustada e Branca com um sorriso sarcástico no rosto)

Cena 20/ Reserva Florestal/ Floresta/ Interno/ Noite
(Paloma caminha entre as árvores. OBS: Ela não está na trilha. Paloma continua caminhando até que ouve um barulho. Câmera Subjetiva da pessoa misteriosa: Paloma olha pra trás)
PALOMA: Você?
(Câmera Subjetiva da pessoa misteriosa: Com um pedaço de madeira, alguém ataca Paloma, que cai desmaiada)

Cena 21/ Paisagens da Reserva Florestal/ Noite

Cena 22/ Reserva Florestal/ Floresta/ Trilha/ Interno/ Noite
(Paloma acorda. Ela tenta se levantar, mas não consegue. Paloma geme de dor e, ao por sua mão na virilha/vagina, percebe que o órgão genital está todo ensangüentado. Ela dá um grito e chora)
PALOMA: SOCORROOOOOOOOOO!
(Paloma, com dificuldade e chorando, rasteja na trilha em direção ao pátio do camping. Ela ouve alguns barulhos de passos e para de rastejar. PAUSA. Paloma, assustada, respira ofegantemente. PAUSA. Alguém puxa Paloma pelos pés para o interior da floresta. Ela solta um grito)
PALOMA: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
                                                                 (FIM DO EPISÓDIO)

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