segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Fixação - Capítulo 16


Cena 1/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
ALEXANDRE: Você realmente não vale nada.
LUANA: As coisas irão funcionar desse jeito, Alexandre. Experimenta me dedurar, que eu te deduro também. Eu conto para a família inteira que você tem um caso com a Amanda. Eu te derrubo também.
ALEXANDRE: O que você quer mesmo, hein? O que você está pretendendo ao tentar prejudicar a Amanda? Primeiro você despejou aquela substância duvidosa no suco dela e agora, você resolveu infectar a comida dela. O que você está ambicionando, Luana?
LUANA: Eu não estou ambicionando nada e para com essa conversa idiota. Some da minha frente agora, ou então eu vou contar para o Tiago...
ALEXANDRE: O Tiago. É isso. Você quer o Tiago, não é isso? Deixa de ser ridícula, Luana. O Tiago nunca vai largar a Amanda para ficar com um nada como você.
LUANA: Sai daqui.
ALEXANDRE: Eu vou te avisar uma coisa: você não vai conseguir prejudicar ninguém dessa família. Ninguém. Porque eu não vou permitir. Eu vou acabar com você.
(Alexandre sai)
LUANA (para si): Desgraçado. Eu acabo contigo primeiro.

Cena 2/ Beco/ Dia
(Felipe passa por um beco e é puxado para dentro do local. Ele se vê cercado por cinco rapazes, dispostos em círculo ao seu redor)
FELIPE: O que significa isso? O que está acontecendo aqui?
RAPAZ 1: Cala a boca.
FELIPE: O que está acontecendo aqui?
RAPAZ 1: Eu mandei você calar a merda dessa boca.
(O rapaz 1 dá um soco em Felipe, que é segurado por outro rapaz)
FELIPE: Por que você me socou? Dá para me explicar o que está acontecendo.
RAPAZ 2: Nós estamos aqui por um amigo nosso. Ele nos pediu para fazer isso com você.
RAPAZ 1: Vamos parar com esse interrogatório estúpido e fazer o que viemos fazer? Meter porrada nesse nerdzinho idiota.
RAPAZ 3: É isso mesmo. Vamos meter porrada.
RAPAZ 4: Encher esse idiota de pancada.
(Os cinco rapazes se aproximam de Felipe, que está no centro do círculo, e caem em cima dele, o enchendo e socos e pancadas)

Cena 3/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Estão Marta e Tiago. Marta está andando de um lado para o outro, com uma das mãos na cabeça.)
MARTA: Eu não me conformo. Não me conformo mesmo. Nunca aconteceu de alguém passar mal durante um almoço na minha casa. Ainda mais o fato da minha comida ser a causadora desse ataque.
TIAGO: Mãe, seja realista. O próprio médico disse que não dá para afirmar com precisão as causas da queda brusca da pressão da Amanda. Calma. Vai ver, isso não tem nada a ver com a comida daqui de casa.
(Luana entra)
LUANA: Desejam alguma coisa para se acalmarem?
MARTA: Foi ela, meu filho, foi a Luana. A culpa de a Amanda ter passado mal é da Luana.
LUANA: Como assim?
TIAGO: Mãe, a Luana não tem nada a ver com isso.
MARTA: Como não? Afinal, ela é a cozinheira da mansão, a responsável por ter feito a comida. Se tem alguém culpado nessa história, esse alguém é a Luana.
TIAGO: Chega mãe. Chega. Se o problema fosse a comida, a Amanda não seria a única a ter passado mal. Aliás, a família inteira estaria desmaiada a essa hora.
MARTA: Quem garante que essa incompetente não infectou apenas a comida da sua noiva, Tiago?
LUANA: A senhora está me ofendendo, dona Marta.
TIAGO: Mãe, eu já disse. A Luana é completamente inocente. Ela nunca faria mal a Amanda. Isso porque ela não tem motivos. Deixa a Luana fora disso.
LUANA: Vou voltar para a cozinha. Com licença.
(Luana sai)
MARTA: Garota sonsa.

Cena 4/ Casa de Raimunda/ Corredor/ Interno/ Dia
(Raimunda está passando pelo corredor. Solano sai de repente do quarto, apenas de cueca, assustando-a)
RAIMUNDA: Ai que susto, menino.
SOLANO: Perdão, dona Raimunda. A senhora viu meu calção por aí?
RAIMUNDA: Calção?
SOLANO: É. Eu tenho a impressão que eu deixei em cima da sua mesinha de centro lá na sala, mas eu acabei de sair de lá e não vi nada.
RAIMUNDA: Deve ser porque eu joguei o seu calção no cesto de roupa suja.
SOLANO: Mas ele não estava sujo, dona Raimunda. Pelo contrário, ele estava limpinho.
RAIMUNDA: Mas a minha mesinha de centro não é lugar para se deixar calção ou qualquer outra peça de roupa. E minha casa não é bordel para homem feito ficar caminhando somente de cueca. Eu não gosto desse tipo de comportamento na minha casa, Solano.
SOLANO: Perdão mesmo, dona Raimunda. Com licença. Eu vou pegar outra bermuda para vestir, então.
(Solano volta para o quarto. Raimunda, contrariada, volta a caminhar pelo corredor)

Cena 5/ Entrada de Dourados/Carro/ Interno/ Noite
CELSO: Chegamos em Dourados.
LARA: Que bom, não é? Ainda bem que deu tudo certo.
CELSO: Ansiosa?
LARA: Bastante.
CELSO: Iremos fazer o seguinte. Vamos nos instalar primeiro para depois irmos atrás de informações.
LARA: Isso mesmo. Eu trouxe aquela caixinha que eu te falei. Aquela que só tem coisas do meu pai, como cartas, fotos, entre outros.
CELSO: Eu me lembro dela. Olha, pode confiar em mim, ok? Vai dar tudo certo.

Cena 6/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Noite
(Amanda continua deitada e inconsciente. Alexandre e Caio estão ao redor dela)
ALEXANDRE: Estou tão preocupado com a Amanda.
CAIO: Todos nós estamos, Alexandre. Acredite. Você não é o único. Eu não consigo entender como ela sofreu esse ataque. Pelo o tempo que eu conheço a Amanda, ela nunca demonstrou ter problemas de pressão.
ALEXANDRE: Eu acho que foi alguma comida infectada que provocou isso.
CAIO: No caso, a comida que a Luana preparou?
ALEXANDRE: Não sei. Eu só sei que eu não confio nessa garota, Caio. Não confio mesmo. Ela pode se fazer de puritana na frente das pessoas, mas, para mim, ela é pior do que um demônio.

Cena 7/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Noite
(Vera está sentada em sua cadeira de balanço. Vitor entra)
VITOR: Mãe. Tudo bem com a senhora?
VERA: Tudo sim, meu filho. Algum problema?
VITOR: Na verdade, sim. Aconteceu uma coisa bastante greve com a tia Amanda.
(Vera levanta-se da cadeira)
VERA: O que aconteceu com a minha irmã?
VITOR: Calma, mãe. É melhor a senhora sentar.
VERA: Eu não vou me sentar.
VITOR: A senhora já tomou os seus remédios controlados hoje?
VERA: Danem-se esses remédios. Para de me enrolar, Vitor. Desembucha. O que houve com a Amanda?
VITOR: Ela passou mal durante o almoço lá na casa dos Bertolin e desmaiou. Parece que a coisa foi grave.
VERA: Minha mãe vai morrer?
VITOR: Eu não sei. Só sei que o estado da tia Amanda é bastante grave.
VERA (principiando um choro): Minha irmã. Minha única irmã. Eu não posso perdê-la de maneira nenhuma. (Aproximando-se do criado mudo): EU NÃO POSSO PERDÊ-LA!
(Vera, chorando e desesperada, derruba as coisas que estavam em cima do criado mudo. Ela faz o mesmo na estante e no armário. Vera segue gritando pelo quarto e Vitor a segura, levando-a para a cama e tentando acalmá-la)
VITOR: Calma mãe, calma. Vai dar tudo certo. Eu tenho certeza que a tia vai se livrar dessa. Calma, por favor.

Cena 8/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Noite
(Ninguém no quarto, apenas Amanda deitada e inconsciente, com os olhos fechados. Luana entra e se aproxima do criado mudo. Ela pega o frasco de comprimidos receitado pelo médico e troca o conteúdo, colocando no frasco outros comprimidos)
LUANA: Tenho certeza que com esses novos comprimidos, você melhora rapidinho.
(Luana, com um ar vencedor, sai do quarto. Alexandre, que viu a cena inteira, sai detrás da porta do banheiro)

Cena 9/ Mansão Bertolin/ Fachada/ Carro de Celso/ Interno/ Noite
(Celso estaciona o carro na frente da mansão. Ele sai do carro e Lara sai logo depois)
CELSO: Essa é a minha casa.
LARA: Muito linda.
CELSO: Vou pegar nossas malas e a gente entra em casa, certo?
LARA: Celso, eu não quero ser indelicada, mas eu prefiro ficar em uma pousada.
CELSO: Pousada? Mas por quê? Você é minha convidada, Lara.
LARA: Eu sei. Mas eu imagino que a sua família vai fazer inúmeras perguntas sobre nós e eu ainda não sei me comportar diante situações como essa.
CELSO: Que tipo de perguntas você acha que eles irão fazer?
LARA: Ah, vão perguntar se a gente está namorando, se a nossa relação é séria.
CELSO: Mas a gente não está namorando?
LARA: Não, Celso. A gente trocou um beijo naquele estacionamento da cidade Floral, mas só foi isso.
CELSO: Mas eu te amo. Eu quero construir um relacionamento ao seu lado, Lara.
LARA: Eu também quero. Mas eu prefiro te conhecer melhor primeiro, para depois conhecer a sua família, entende?
CELSO: Bom, se você prefere assim. Eu te deixo em uma pousada, então.
LARA: Certo. Obrigada.
(Celso rouba um beijo de Lara)
CELSO: Desculpe.
LARA: Imagina seu bobo.
(Lara beija Celso)

Cena 10/ Casa de Felipe/ Sala/ Interno/ Noite
(Alguém bate na porta. Salete atende)
LUIZA: Oi, tudo bem? Eu queria falar com o Felipe. Ele se encontra?
SALETE: Ele se encontra, sim. Ele está no quarto.
LUIZA: Ah sim. Eu trouxe alguns livros para a gente estudar aqui na sua casa. O vestibular é na próxima semana. Não vejo mal nenhum em reforçar o estudo. Com licença.
(Luiza entra e se dirige ao quarto de Felipe. Salete a segue)

Cena 11/ Casa de Felipe/ Quarto de Felipe/ Interno/ Noite
(Salete abre a porta. Luiza entra e fica chocada com o que vê)
LUIZA (aproximando-se de Felipe): Felipe. Meu Deus. O que aconteceu?
FELIPE: Nada demais.
LUIZA: Como nada demais? Você está todo machucado, ferido, com diversas marcas roxas pelo corpo.
SALETE: Conta para ela o que aconteceu, Felipe.
FELIPE: Mãe, não é necessário.
SALETE: É sim, porque, indiretamente, a culpa disso tudo é dela. Da Luiza.
LUIZA: Minha? Eu não estou entendendo, dona Salete.
SALETE: O meu filho foi cercado na saída da escola por uns brutamontes que deram uma surra nele. Eles falaram que só estavam fazendo aquilo porque um amigo pediu. Ou seja, o Vitor, o seu namorado.
LUIZA: Não acredito que o Vitor foi capaz de uma crocodilagem como essa.
SALETE: Mas foi sim.
FELIPE: Mãe.
SALETE: E a culpa é sua, Luiza. Desde que você entrou na vida do meu filho, ele vira alvo de humilhações da turma do seu namorado troglodita. Se você não tivesse aparecido na vida do Felipe, nada disso teria acontecido. Nada.

Cena 12/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Estão sentados no sofá Marta, Tiago, Alexandre e Caio)
MARTA: Estou tão preocupada. Já não basta a Amanda ter passado mal e nunca ter acordado, o Celso não chega de viagem. Desde ontem, ele me ligou que estava vindo para cá e nunca chegou.
TIAGO: Calma mãe. A senhora sabe como o Celso é cuidadoso na estrada.
ALEXANDRE: E lerdo também. Lembro que viajei com ele no ano passado para Curitiba. Faltávamos não chegar.
MARTA: Você deveria adotar esse comportamento cuidadoso do meu filho no trânsito, Alexandre. Assim, você evitava diversos transtornos no seu carro. Quantos acidentes mesmo você se envolveu quando veio passar as férias aqui em Dourados no ano passado? Acho que foram uns dez.
CAIO: Não exagere Marta.
ALEXANDRE: É verdade, dona Marta. Nem foram tantos acidentes assim.
(Celso abre a porta e entra)
CELSO: Boa noite, família.
MARTA (indo abraçar o filho): Celso, meu filho. Estava morrendo de saudades de você.
TIAGO: E muito preocupada também.
MARTA: Claro. Você me avisou ontem de manhã que estava vindo para cá e nunca chegava.
CAIO (abraçando Celso): Filho. Que bom que você veio.
CELSO: Não poderia perder o casamento do meu irmão.
CAIO: Fez vários negócios em São Paulo?
CELSO: Ah sim. Diversos. A cooperativa já tem várias filiais em quase todas as regiões brasileiras.
CAIO: Ah, que coisa boa de ouvir. Eu sempre soube que você levava jeito para os negócios.
MARTA: Por favor, Caio, não enfadonhe o nosso filho com esse assunto chato de negócios. Ele acabou de chegar de uma viagem cansativa. Tenha piedade.
TIAGO: Tudo bem com você, meu irmão?
(Celso e Tiago se abraçam)
CELSO: Tudo ótimo. Tudo certo para o casamento?
TIAGO: Não tenho mais tanta certeza assim. Hoje, durante o almoço, a Amanda passou mal, desmaiou e nunca acordou.
CELSO: Nossa. Então a coisa foi grave mesmo. Ela corre risco de morrer?
TIAGO: Segundo o médico, não. Mas não sei. Tenho medo.
ALEXANDRE: Celso, meu amigo.
CELSO (abraçando Alexandre): Xandão. Quanto tempo.
ALEXANDRE: Você estava em São Paulo e nem para me avisar, para sairmos juntos.
CELSO: Perdão. Eu realmente não tive tempo.
(Luana entra, segurando uma travessa contendo salada)
LUANA: Com licença.
TIAGO: Celso, eu quero que você conheça a nossa nova cozinheira. Luana Carvalho.
CELSO: Tudo bom? Prazer.
LUANA: O prazer é todo meu.
MARTA: Essa garota tinha que interromper esse belo momento família.
TIAGO: Mãe, por favor. Para de implicar com a Luana.
(Amanda desce a escada lentamente e de forma delicada, sem fazer barulho)
LUANA: Eu só vim avisar que o jantar está servido.
MARTA: Já não era sem tempo, não é?
LUANA: Desculpe, dona Marta. Mas hoje a lasanha demorou um pouco...
AMANDA (interrompendo): Boa noite, gente.
(Todos, que estavam de costas para Amanda, se viram para vê-la. Luana vira-se também e, surpresa, derruba a travessa no chão)
(Congela em Luana. Toca Radioactive  - Imagine Dragons)
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