terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Fixação - Capítulo 17


Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
TIAGO (se aproximando de Amanda e abraçando-a): Amanda, meu amor. Que bom ver você assim. Está bem?
AMANDA: Estou. Estou bem sim.
CELSO: Amanda, eu fico feliz em te ver.
(Celso abraça Amanda)
AMANDA: Eu também, Celso. É um prazer ver você.
MARTA: Ainda bem que você já acordou, Amanda. Não agüentava mais entrar no quarto do Tiago e ver você deitada daquele jeito, parecendo uma morta.
CAIO: Marta, pare de ser indelicada, por favor.
MARTA: O que foi que eu falei de errado? Só falei a verdade. Agora é crime falar a verdade?
TIAGO: Meu amor, quando você acordou, você viu um frasco de comprimidos no criado mudo, bem ao lado da cama?
AMANDA: Vi sim.
TIAGO: E você já tomou?
AMANDA: Já. Eu presumi isso.
LUANA: Deseja alguma coisa, dona Amanda? Um suco? Um chá?
AMANDA: Não, obrigada. Não estou com a mínima vontade de comer ou beber alguma coisa.
TIAGO: Realmente, você está um pouco abatida. Vem, eu vou cuidar de você.
(Tiago segura Amanda e os dois sobem a escada. Marta se aproxima de Amanda)
MARTA: Olha o que você fez, incompetente? Derrubou minha travessa preferida no chão.
LUANA: Desculpe, dona Marta. Eu vou juntar os cacos e jogar na lixeira.
MARTA: É o mínimo que você faz. Eu só não mando você comprar uma nova para mim, porque você não deve ter dinheiro nem para comprar cachaça adulterada e vagabunda no botequim da esquina.
(Luana sai)
MARTA: Incompetente.
CELSO: Calma mãe.
ALEXANDRE: Isso mesmo, dona Marta. Calma. Tudo está ficando certo. o Celso chegou. A Amanda acordou.
CAIO: É isso mesmo, Marta.
ALEXANDRE: Com licença.
(Alexandre sai)
CELSO: E a Luiza? Cadê?
MARTA: Sua irmã? Deve estar na rua.

Cena 2/ Casa de Felipe/ Quarto de Felipe/ Interno/ Noite
SALETE: A culpa é sua, sim.
FELIPE: Chega mãe. Eu não acho justo a senhora atacar a Luiza desse jeito. Ela não merece isso.
SALETE: Luiza, eu não quero mais que você fique perto do meu filho.
FELIPE: Mãe, a senhora não tem esse direito.
SALETE: Não quero mesmo. Não quero mais essa menina perto de você. Saia da vida do meu filho, Luiza.
LUIZA: Tudo bem. Se a senhora me acha culpada por isso e acha melhor que eu me distancie do Felipe, eu me afasto. Bom, eu não quero mais causar transtorno nenhum. Com licença.
(Luiza sai)

Cena 3/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Noite
(Vera está dormindo na cama. Vitor e Cíntia estão sentados no chão, próximos da cama)
VITOR: Obrigado por vim. Eu estava mesmo precisando de ajuda.
CÍNTIA: Tudo bem. Eu só não entendo porque você não chamou a Luiza para te ajudar.
VITOR: Não quis importuná-la. Você sabe, a gente voltou recentemente. Eu não quero dar chances de brigar com ela novamente.
CÍNTIA: Você é burro, Vitor? Essa era a oportunidade perfeita para chamá-la, afinal ela ia gostar de ver você cuidando da Vera, ela iria te achar mais humano, a relação entre vocês ia ficar mais sólida.
VITOR: Você tem razão. Eu sou um burro mesmo. Nem pensei nessa possibilidade.
CÍNTIA: Tudo bem. Eu não vou te crucificar por causa disso. Afinal, eu imagino como estava a sua cabeça quando tudo aconteceu.
VITOR: Ainda bem que minha mãe está mais calma. Fico tão triste quando eu a vejo dessa maneira, em surto.
CÍNTIA: Que garotinho sensível. Vem aqui. Deixa eu te fazer um cafuné.
(Cíntia abraça Vitor)

Cena 5/ Pousada/ Quarto de Lara/ Interno/ Noite
(Lara, de toalha, sai do banheiro e deita na cama)
(INÍCIO DE FLASHBACK – Capítulo 16/ Cena 9)
CELSO: Mas eu te amo. Eu quero construir um relacionamento ao seu lado, Lara.
LARA: Eu também quero. Mas eu prefiro te conhecer melhor primeiro, para depois conhecer a sua família, entende?
CELSO: Bom, se você prefere assim. Eu te deixo em uma pousada, então.
LARA: Certo. Obrigada.
(Celso rouba um beijo de Lara)
CELSO: Desculpe.
LARA: Imagina seu bobo.
(Lara beija Celso)
(FIM DE FLASHBACK)
(Lara dá um sorriso meigo, demonstrando estar apaixonada)

Cena 6/ Casa de Lucrécio/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Raimunda está sentada em um dos sofás. Lucrécio entrega-lhe um copo de suco e, logo depois, senta-se ao seu lado)
LUCRÉCIO: Estou muito feliz em te ter aqui, na minha casa.
RAIMUNDA: Também adorei vim te visitar.
LUCRÉCIO: A cada dia que passa, eu tenho mais certeza que você é a mulher perfeita para mim, Raimunda.
(Lucrécio beija Raimunda)
RAIMUNDA: Eu te amo.
LUCRÉCIO: Eu também. Eu te amo muito.
RAIMUNDA: Bom, Lucrécio, mas, apesar de tudo, eu devo ser sincera com você. Eu não passei aqui na sua casa apenas para te ver. Eu resolvi aparecer aqui também por outro motivo.
LUCRÉCIO: Qual?
RAIMUNDA: O Solano. Eu não mais agüentando a presença dele. Vim aqui para passar um tempo longe dele.
LUCRÉCIO: Mas você está tendo uma atitude errada em relação a isso, meu amor. Aquela casa é sua. Se tem alguém que deve sair de lá porque está te incomodando, esse alguém é o Solano.
RAIMUNDA: Mas eu não sei como dizer isso a ele, além dele ser primo da Luana e eu mesma ter me prontificado a acolhê-lo.

Cena 7/Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
(Todos estão sentados à mesa, exceto Tiago, Amanda, Alexandre e Luiza. Luiza entra)
LUIZA: Boa noite.
CELSO: Boa noite, minha irmã.
LUIZA: Celso. Eu entrei e nem te vi. Quanta saudade eu estou sentindo de você.
(Celso levanta-se e abraça Luiza)
MARTA: Até que fim a Margarida resolveu aparecer. Por onde estava?
LUIZA: Passeando com umas amigas, mãe.
MARTA: Pelo menos parece que você ainda conhece o horário do jantar.
CAIO: Marta, por favor, não discuta com a Luiza.
CELSO: É mãe. Não precisa brigar com a Luiza. Parece que a senhora nem passou por essa fase de juventude que a minha irmã está passando.
LUIZA: Obrigada por me defenderem, rapazes, mas não há nenhum advogado de defesa desse mundo que consiga rebater os argumentos da mamãe. Vou ao meu quarto e eu desço imediatamente para jantar.
(Luiza desce a escada)
CELSO: Fui só eu que notei que a Luiza estava triste?
MARTA: Vai ver, ela estava sendo falsa com você e não gostou de te ver aqui.
CAIO: Nossa, Marta, ultimamente você anda muito venenosa para o meu gosto.
MARTA: Hum.

Cena 8/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Luana está sozinha. Ela está encostada na mesa de mármore com o telefone colado em uma das orelhas.)
LUANA: Viva. A Amanda está viva, Solano.
...
LUANA: O único problema é que eu não consigo entender como ela conseguiu sobreviver. Eu troquei o remédio dela por comprimidos fajutos e ela garantiu ao Tiago que tomou o tal remédio quando acordou. Ou seja, se ela tivesse tomado os comprimidos falsos, que eu pus no lugar dos verdadeiros, ela não estaria viva. Pelo contrário, nesse momento, ela estaria morta. Algo deu errado, mas eu não sei explicar.
(Luana ouve passos)
LUANA: Estou ouvindo passos. Eu vou desligar. Depois a gente se fala. Beijo.
(Luana guarda o celular no bolso. Alexandre entra)
ALEXANDRE: Luana
LUANA: Ah, doutor Alexandre. Deseja alguma coisa?
ALEXANDRE: Eu vim pedir desculpas.
LUANA: Desculpas? Já não era sem tempo o senhor vim me pedir desculpas pelas ofensas que me fez.
ALEXANDRE: Mas eu não vim te pedir desculpas pelas ofensas. Eu vim te pedir desculpas pelo fato de eu ter estragado o seu plano de acabar com a Amanda.
LUANA: Como é?
ALEXANDRE: É isso mesmo. Eu vi você trocando os remédios da Amanda. Você estava tentando matá-la. Mas quando você saiu do quarto, eu destroquei os comprimidos e a Amanda acabou tomando os verdadeiros.
LUANA: Eu não fiz nada disso. Você está louco. Você deve ter sonhado toda essa situação.
ALEXANDRE: Para com esse teatrinho, garota. Eu vou te dar um aviso: eu não vou deixar você fazer mal nenhum a Amanda e a essa família. Estou de olho em você.
(Alexandre sai)
LUANA (para si): Droga.

Cena 9/ Mansão Bertolin/ Quarto de Celso/ Interno/ Noite
(Celso, que está deitado, pega o seu telefone, disca alguns números e o leva ao ouvido)
CELSO: Alô. Lara?
LARA (do outro lado da linha): Oi. Celso?
CELSO: Oi. Como você está?
LARA: Estou bem. E você?
CELSO: Também. Será que eu posso passar aí amanhã?
LARA: Claro. Pode sim.
CELSO: Então, boa noite.
LARA: Boa noite.
CELSO: Eu te amo.
(Lara, com os olhos marejados)
LARA: Eu te amo.
(Celso desliga o telefone)

Cena 10/ Casa de Lucrécio/ Sala de estar/ Interno/ Noite
LUCRÉCIO: Solano está te incomodando tanto assim?
RAIMUNDA: Está sim. Um dia desses, ele estava andando pela casa apenas de cueca. Ou ele é louco ou ele não tem respeito nenhum pelo ambiente alheio.
LUCRÉCIO: Esse comportamento é inaceitável. E além de ser uma falta de respeito pela sua casa, é uma falta de respeito para você também, que não precisa ficar vendo homem algum andando de cueca.
RAIMUNDA: Justamente. O pior é que eu não sei como dizer isso a ele, pedir para que ele pare de se comportar dessa maneira.
LUCRÉCIO: Não se preocupe. Eu falo com o Solano sobre isso. Agora, ele vai ter que se entender comigo.

Cena 11/ Mansão Bertolin/ Quarto de Caio e Vera/Interno/ Noite
(O casal está deitado na cama, um olhando para o rosto do outro)
CAIO: Fiquei muito preocupado com tudo o que aconteceu hoje na nossa casa.
MARTA: Você não foi o único, meu amor.
CAIO: Ainda bem que no fim das contas tudo terminou bem.
MARTA: Nem tudo. Para mim é a Luana que está por trás de tudo isso. Nada me tira da cabeça que foi por culpa da comida feita por aquela incompetente que a Amanda passou mal.
CAIO: O Alexandre pensa a mesma coisa.
MARTA: O Alexandre?
CAIO: Isso mesmo. Chegou a dizer que não confia no caráter da Luana. Mas eu acho que isso é só cisma dele com ela. No fundo, eu percebo que o Alexandre é interessado na Luana, mas ela é que não dá condição para ele.
MARTA: Cala a boca, Caio. Se não tem algo de importante para falar, fica calado. O Alexandre não gosta da Luana coisa nenhuma. Às vezes, eu tenho uma desconfiança sobre os sentimentos que ele nutre por certa garota do nosso círculo de amizades.
CAIO: Que garota?
MARTA: Prefiro não comentar. Mas da Luana, ele não gosta. Mulher sabe dessas coisas.
CAIO: Vocês, mulheres, adoram um segredo.
MARTA: Mas sabe de uma coisa? Até que eu gostei de saber que o Alexandre não gosta da Luana. Sinto que ele pode me ajudar a tirar essa incompetente da minha casa e da vida da minha família.

Cena 12/ Mansão Amorim/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Vitor e Cíntia estão posicionados em frente a porta)
VITOR: Obrigado mesmo por vir me ajudar com a minha mãe.
CÍNTIA: Imagina. Mas da próxima vez, chama a Luiza.
VITOR: Chamarei sim.
CÍNTIA: Bom, vou indo. Até amanhã na escola.
VITOR: Cíntia, eu ainda preciso falar com você. É importante.
CÍNTIA: O que é dessa vez, Vitor?
VITOR: Eu mandei uma galera dar uma surra no Felipe hoje, na saída da escola.
CÍNTIA: Como é? Você mandou darem uma surra no Felipe?
VITOR: Isso mesmo.
CÍNTIA: Você é louco? Quando a Luiza ver o Felipe todo machucado, ela vai sacar na hora que tem dedo seu nessa história.
VITOR: Eu sei, eu pensei nisso quando mandei a galera fazer o serviço para mim. Eu só preciso que você seja o meu álibi nesse caso. Por exemplo, quando a Luiza vir me acusar de participar da surra, você garantir a ela que eu estava com você na sorveteria. Entendeu?
CÍNTIA: Entendi Vitor.
VITOR: E então? Você aceita ser meu álibi?

Cena 13/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Amanda e Tiago descem a escada)
AMANDA: Bom, vou ter que ir para a casa agora, meu amor.
TIAGO: Você tem certeza que não quer que eu te deixe em casa?
AMANDA: Não precisa. Eu estou bem. Juro.
TIAGO: Se você insiste, então, boa noite. Fica bem, viu?
(Tiago e Amanda se beijam. Amanda abre a porta e sai. Tiago sobe a escada)

Cena 14/ Mansão Bertolin/ Fachada/ Calçada/ Noite
(Amanda desce os degraus da fachada. Luana intervém)
LUANA: Dona Amanda.
AMANDA: Oi Luana.
LUANA: A senhora está bem? Fiquei preocupada quando passou mal durante o almoço.
AMANDA: Está tudo bem, sim, Luana. Obrigada pela preocupação.
LUANA: Imagina. Eu tenho o maior respeito pela senhora, dona Amanda. Quer dizer, eu tinha respeito pela senhora. Já faz algum tempo que eu não tenho mais.
AMANDA: Mas o que é isso, Luana?
LUANA: Apesar da ruim circunstância que marcou a nossa apresentação, dona Amanda, eu me simpatizei com a senhora. Vi que a senhora era a mulher certa para o Tiago, eu torcia pelo casamento de vocês. Mas, recentemente, eu vi algo que me deixou perplexa, que me fez enxergar que a senhora não é a pessoa certa para o Tiago de jeito nenhum.
AMANDA: Por que você está dizendo isso, Luana?
LUANA: Porque eu vi a senhora e o doutor Alexandre se beijando no jardim, dona Amanda. Eu flagrei o beijo de vocês e, sinceramente falando, achei aquilo tão deprimente, uma pouca vergonha.
AMANDA: Luana, aquilo não é nada disso que você está pensando. Eu nunca quis aquele beijo. A culpa é do Alexandre, que fica me cercando, insistindo em um relacionamento comigo que nunca vai acontecer na realidade. Eu amo o Tiago.
LUANA: Será que ama mesmo, dona Amanda? Depois do que eu vi, eu não tenho mais certeza disso. O Tiago não merece uma traição dessas. A noiva e o melhor amigo juntos? É deplorável, é vergonhoso.
AMANDA: Eu sei. Eu concordo com você, mas entenda. É o Alexandre que me cerca e que me ronda, que insiste em um relacionamento que só existe na cabeça dele. Eu não amo o Alexandre, Luana. Nunca amei. Ele é apaixonado por mim. Mas eu amo o Tiago. Eu juro.
LUANA: Não precisa entrar em desespero, dona Amanda. Eu só quero saber de uma coisa: até que ponto vai essa traição?
(Congela em Amanda. Toca Your Love Is a Lie – Simple Plan)
Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário