quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Fixação - Capítulo 18


Cena 1/ Mansão Bertolin/ Fachada/ Externo/ Calçada/ Noite
AMANDA: Eu nunca quis trair o Tiago. É o Alexandre que insiste nisso tudo. A culpa é do Alexandre.
LUANA: Dona Amanda, um beijo só ocorre quando as duas partes querem que ele aconteça.
AMANDA: Eu confesso que tem momentos que eu não consigo resistir ao charme do Alexandre, mas eu tento, eu me esforço.
LUANA: Mas não consegue.
AMANDA: Apesar de tudo, é com o Tiago que eu quero ficar. É ele quem eu amo.
LUANA: Dona Amanda, no fundo, eu me sinto mal em saber desse caso que a senhora tem com o Doutor Alexandre.
AMANDA: Isso não é um caso. Eu tento evitar essa situação, mas o Alexandre fica no meu pé a todo o momento. Ele me cerca tanto que chega a me sufocar.
LUANA: Mas eu me sinto mal ao saber disso. Me sinto mal, porque foi o Tiago que me estendeu a mão no momento mais difícil da minha vida, e eu sinto que é injusto eu saber de algo que ele deveria ter conhecimento e ficar calada. Eu não estou sabendo me comportar diante essa situação. O Tiago não merece ser traído dessa maneira tão covarde.
AMANDA: Eu concordo com você. Mas, eu te suplico: não conta nada para o Tiago. Eu juro para você que eu vou resolver essa situação, dar um basta nesse joguinho de sedução do Alexandre.
LUANA: Pode ficar tranqüila, dona Amanda. Eu não vou falar nada, porque dedurar não faz parte do meu feitio. Apesar de eu me sentir mal com tudo isso, carregando esse conhecimento, esse flagra dentro de mim.
AMANDA: Obrigada pela confiança, Luana. Mas eu te confesso uma coisa: eu não sei como parar essa situação, como impedir o Alexandre de ficar me cercando.
LUANA: Bom, pelo que eu pude entender dos seus argumentos, você só vai conseguir colocar um ponto final nisso tudo, quando o Alexandre não fizer parte da sua vida. Elimine o Alexandre. Tire-o da sua vida definitivamente.
AMANDA: Mas como eu vou fazer isso?
LUANA: Não se preocupe, dona Amanda. Eu faço questão de te ajudar.

Cena 2/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Ships – Umbrellas)

Cena 3/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta. Solano atende)
SOLANO: Lucrécio? A dona Raimunda não está. Ela foi à feira.
LUCRÉCIO: Ainda bem que foi você quem atendeu a porta, Solano. é contigo mesmo que eu quero conversar.
SOLANO: Comigo? Algum problema?
LUCRÉCIO: Sim. Para falar a verdade, é um assunto até meio delicado. Você sabe que eu estou namorando a Raimunda, não sabe?
SOLANO: Sim, eu sei. E se o senhor quer saber, eu fico feliz pelo mais novo casal idoso de Dourados.
LUCRÉCIO: Obrigado pela torcida, tirando a parte do idoso.
SOLANO: Desculpe.
LUCRÉCIO: A questão é que não há segredos entre mim e Raimunda. Ela me comentou que viu você caminhando pela casa apenas de cueca e isso me deixou indignado.
SOLANO: Mas isso só foi uma vez, Lucrécio.
LUCRÉCIO: Mesmo assim, Solano. Isso causou um transtorno para a minha namorada. Ela não gostou do seu comportamento, além de outras coisas que você vem fazendo que anda a chateando, como, por exemplo, o fato de você deixar suas roupas jogadas pelos cantos da casa ou de você ainda não ter arrumado um emprego para ajudar nas despesas domésticas.
SOLANO: Eu sinto muito. Eu prometo que irei mudar. E que irei arrumar um bom emprego também. Eu juro.
LUCRÉCIO: Estou confiando em você, Solano. Não me decepcione e não decepcione a Raimunda também. Principalmente a Raimunda.

Cena 4/ Pousada/ Quarto de Lara/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta e Lara atende. Ela vê Celso, com um buquê de flores na mão)
CELSO: Bom dia. Trouxe para você.
LARA: Ah, que lindo, Celso.
(Celso beija Lara)
CELSO: Passou a noite bem?
LARA: Passei sim. A cama daqui é bastante confortável.
CELSO: Ah, Lara, vai lá para minha casa. Garanto que a cama de lá é bem melhor.
LARA: Celso, nós já conversamos sobre isso quando chegamos em Dourados, lembra?
CELSO: É porque eu queria você perto de mim em todos os momentos. Nem falei de você sobre os meus pais. Primeiro, porque eles não perguntaram e segundo, porque eu não sabia se você ia gostar.
LARA: Bobo. Eu só quero que você entenda que eu não quero avançar estágios no nosso relacionamento.
CELSO: Pelo menos, você aceita passear comigo? A gente aproveita o passeio para procurar maneiras de encontrar as primeiras informações sobre o seu pai.
LARA: Ok. Eu topo. Aonde vamos?
CELSO: No cais da cidade e, quem sabe, eu te levo em um balneário lindo que tem perto da cidade.

Cena 5/ Escola/ Sala de aula/ Interno/ Dia
(Luiza entra na sala, vê Vitor e se aproxima do rapaz)
LUIZA: Monstro. Canalha.
VITOR: Mas o que é isso, Luiza? Que agressão gratuita é essa?
LUIZA: Deixa de ser cínico, garoto. Foi você que deu aquela surra no Felipe, não foi? Confessa Vitor. Confessa.
(Luiza encara Vitor)

Cena 6/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
VERA: Fiquei com medo de ter perder, Amanda. Minha única irmã que eu tanto amo.
AMANDA: Eu estou bem, Vera. Eu juro.
VERA: Cuidado, Amanda. A gente tem que ser muito cautelosa com a vida.
AMANDA: Eu sei. Acho que aprendi isso da pior maneira. O Vitor também comentou que você teve surto quando soube do meu ataque na mansão Bertolin. Você tinha tomado seus remédios ontem, Vera?
VERA: Tomei. Eu juro que tomei, mas a preocupação que eu fiquei ultrapassou todos os meus limites de contenção.
AMANDA: Não precisa ficar nervosa, ok? Eu já estou bem melhor e agora vou tomar todo o cuidado do mundo para isso não voltar a se repetir. Mantenha a calma, minha irmã. Você sabe que a calma é algo muito importante para você se recuperar da depressão.
VERA: Eu sei.
AMANDA: Eu vou ficar bem. Eu estou bem.
(Amanda abraça Vera)

Cena 7/Escola/ Sala de aula/ Interno/ Dia
VITOR: Eu não sei do que você está falando.
LUIZA: Deixa de ser cínico, garoto. Confessa. Confessa que você deu uma surra no Felipe ontem.
VITOR: Mas eu não surrei ninguém. Ontem, eu passei o dia inteiro em casa cuidando da minha mãe, que teve um surto quando soube que a tia Amanda tinha passado mal.
LUIZA: Você está falando a verdade, Vitor?
VITOR: Claro que estou. Eu até te liguei para me ajudar a cuidar da minha mãe, mas seu celular só dava fora de área. Aí, eu acabei chamando a Cíntia para me ajudar.
LUIZA: Você estava com a Cíntia?
VITOR: Estava sim. Se você quiser perguntar para ela para verificar se estou falando a verdade, pode perguntar. CÍNTIA!
LUIZA: Vitor, não precisa. Eu confio na sua palavra.
VITOR: Agora eu faço questão. CÍNTIA!
(Cíntia se aproxima do casal)
CÍNTIA: Bom dia, casal amado.
VITOR: Cíntia, será que você podia responder para a Luiza onde eu estava ontem o dia inteiro?
CÍNTIA: Eu estava com você cuidando da sua mãe.
VITOR: Viu? Eu não dei surra em ninguém. Eu nem sabia que o Felipe tinha sido vítima de algo assim.
LUIZA: Desculpa. Desculpa por ter desconfiado de você.
VITOR: Tudo bem, meu amor. Eu entendo.
CÍNTIA: Vou deixar o casal namorar em paz. Com licença.
(Cíntia sai. Vitor e Luiza se beijam)

Cena 8/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Solano está sentado em um dos sofás. Raimunda entra e ele levanta-se)
SOLANO: Dona Raimunda, eu queria falar com a senhora.
RAIMUNDA: Pode falar.
SOLANO: O doutor Lucrécio veio falar comigo sobre o meu comportamento na sua casa. Então, eu resolvi pedir desculpas para a senhora, caso eu tenha causado algum tipo de transtorno, cometido algo que a senhora não gostou.
RAIMUNDA: Uma atitude bastante consciente que você acabou de tomar. Eu aceito as suas desculpas, Solano. Aceito-as com a validação de que você não irá mais fazer coisas que me aborreça, ok?
SOLANO: Combinado.

Cena 9/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Amanda entra. Tiago caminha em sua direção e a beija)
TIAGO: Amor, você veio.
AMANDA: Eu disse que viria almoçar com você e sua família.
TIAGO: E eu agradeço por isso. Gosto bastante da sua companhia nos almoços e jantares daqui de casa. Bom, vou avisar à minha mãe que você veio e volto em um instante.
AMANDA: Está certo.
(Tiago sobe a escada. Alexandre entra e se aproxima de Amanda)
ALEXANDRE: Amanda.
AMANDA: O que você quer?
ALEXANDRE: Eu quero falar com você. É algo bastante importante.
AMANDA: Se você começar a falar aquelas coisas de que me ama ou que eu não serei feliz ao lado do Tiago, é melhor você desistir de falar.
ALEXANDRE: Não é especificamente sobre isso que eu quero falar com você, mas é algo parecido.
AMANDA: Então fala logo.
ALEXANDRE: Amanda, antes de qualquer coisa, eu quero que você entenda o porquê de eu te dizer isso. Eu acho errado eu ter que me intrometer na sua vida e te dizer com quem você deve falar, mas tem certas coisas nessa casa que são perigosas.
AMANDA: Como assim? O que você está querendo dizer com tudo isso?
ALEXANDRE: Tem certas pessoas dessa casa que...
(Luana entra, interrompendo)
LUANA: Dona Amanda, eu queria falar com a senhora. É algo urgente. Urgentíssimo.
AMANDA: Claro, Luana. Vamos conversar no jardim. Lá, a gente pode conversar em particular. Com licença, Alexandre.
(Luana e Amanda saem)

Cena 10/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Interno/ Dia
(Luana e Amanda entram)
LUANA: Gostei de ver você sendo rude com o Alexandre.
AMANDA: Vou passar a tratá-lo assim, com ignorância, grosseria. Quem sabe assim, ele percebe que nós não teremos nenhum tipo de relacionamento.
LUANA: Pode ser, mas eu pensei em algo melhor, algo definitivo para tirar o Alexandre da sua vida de uma vez por todas.
AMANDA: E o que é?
LUANA: É o seguinte: marca um encontro com o Alexandre e diga a ele que você quer que ele pare de te cercar, que vocês não terão nenhum tipo de envolvimento, que você ama o Tiago, essas coisas.
AMANDA: Eu faço isso toda a vez que a gente se encontra, mas parece não adiantar.
LUANA: Mas aí que vem a diferença. Você vai levar um gravador e vai gravar, obviamente, toda a conversa de vocês. Depois, você volta a falar com o Alexandre, ameaçando-o mostrar as gravações para o Tiago caso ele não pare de te cercar.
AMANDA: Mas isso é muito arriscado, Luana. E se eu e o Alexandre nos beijarmos durante o encontro? O gravador vai gravar o nosso beijo e eu não posso mostrar para o Tiago uma gravação que contém eu e o Alexandre nos beijando.
LUANA: Nesse caso, você edita as gravações. O segredo é você mostrar por meio das gravações que você está sendo perseguida pelo Alexandre, forçada por ele a montar um relacionamento que você não quer e com quem você não ama. O Tiago, ao ouvir essas gravações, não vai te enxergar como uma traidora. Quanto ao Alexandre, ele vai achar sim que ele é um traidor. Entendeu?
AMANDA: Sim. E o lugar do encontro?
LUANA: Pode ser o cais. Lá é um ambiente bem agradável para vocês conversarem e por ser um lugar bastante freqüentado, não muito no meio da semana, mas é freqüentado, pode inibir o Alexandre a querer te beijar ou te agarrar, por exemplo.
AMANDA: Você está certa. É isso que eu vou fazer. Irei seguir todas as tuas orientações.

Cena 11/ Mansão Bertolin/ Quarto de Alexandre/ Interno/ Dia
(Alexandre está deitado. Alguém bate na porta e ele atende)
ALEXANDRE: Dona Marta? Deseja alguma coisa?
MARTA: Nossa. Como você é direto.
ALEXANDRE: Eu não gosto de muita enrolação.
MARTA: Certo. Já que você preza pela objetividade, então eu serei bem objetiva. O Caio comentou comigo que você não gosta da Luana.
ALEXANDRE: Não gosto mesmo. Sinceramente falando, eu acho aquela garota uma falsa.
MARTA: Eu também acho a mesma coisa, Alexandre. Para falar a verdade, se dependesse de mim, eu já tinha tirado essa menina da minha casa há muito tempo. Mas como foi o Tiago que a contratou e eu não quero cortar relações com o meu filho, eu sou obrigada a aturá-la.
ALEXANDRE: Dona Marta, o Tiago confia cegamente naquela garota. Alguém tem que mostrar a ele que essa menina não presta e que ela não vale nada.
MARTA: Eu tento fazer isso, mas ele não me escuta. E para falar a verdade, o Tiago não é o único a ser enfeitiçado pela falsa bondade da Luana. A verdade é que eu sou a única a enxergar a Luana da maneira que ela é.
ALEXANDRE: A senhora não é mais a única, dona Marta.
MARTA: Isso significa que eu tenho a sua ajuda para deter aquela a incompetente?
ALEXANDRE: Claro que tem, dona Marta. Mas a gente vai fazer o quê?
MARTA: Eu tenho uma idéia. A Luana tem um primo chamado Solano, que parece saber muita coisa sobre ela. Eu vou me aproximar dele para ver se eu consigo arrancar alguma informação nefasta da Luana.
ALEXANDRE: Mas como a senhora pretende fazer isso?
MARTA: Já imaginou a Luana servindo o próprio primo? O que será que ela vai achar disso?
(Marta dá um sorriso maléfico)

Cena 12/ Cais/ Restaurante/ Interno/ Dia
LARA: Pensei que você iria almoçar com a sua família.
CELSO: Eu até iria, mas não quero que se sinta abandonada por mim. E tem outra coisa: eu gosto de almoçar com você, a sua companhia me faz bem.
(Lara dá um sorriso)
LARA: Mas eu não quero afastar você da sua família.
CELSO: Não está me afastando. Acredite. E falando em família, por onde iremos começar a buscar noticias sobre o seu pai?
LARA: Na caixa que a minha mãe me deu sobre informações do meu pai, eu encontrei uma carta bastante significativa. Nessa carta, ela citava o nome de um grande amigo do meu pai.
CELSO: Que amigo é esse?
LARA: Lucrécio Dantas.
CELSO: Lucrécio? Nossa, que coincidência. O Lucrécio é o dono desse cais.
LARA: Jura? Então vamos falar com ele agora. Ele pode estar aqui no cais.
CELSO: Quanto a isso, eu não sei te dizer. Quando eu saí de Dourados para ir a São Paulo, o Lucrécio tinha viajado para Londres. Não sei ainda se ele retornou. Mas não se preocupe. A gente pode buscar informações com os funcionários daqui. Vai dar tudo certo.

Cena 13/ Casa de Raimunda/ Externo/ Fachada/ Carro de Alexandre/ Interno/ Dia
(O carro para em frente à casa de Raimunda.)
ALEXANDRE: Você fala com ele ou eu falo?
MARTA: Eu irei falar. Fica aqui me esperando.
(Marta sai e se aproxima da porta)
MARTA (para si): Tinha que ser casa de pobre mesmo. Não tem nem campainha.

Cena 14/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta e Solano atende)
SOLANO: Bom dia.
MARTA: Bom dia. Você é o Solano?
SOLANO: Sou eu mesmo. E a senhora é quem?
MARTA: Prazer. Sou Marta Bertolin. Solano, eu vim te fazer um convite em nome da sua prima Luana.
SOLANO: Convite?
MARTA: Sim. Eu sou patroa da Luana e ela vive me falando muito de você. Então, eu pensei: por que não fazer uma surpresa boa para a Luana? Vu convidar o Solano para jantar em minha casa.
SOLANO: Jantar na sua mansão?
MARTA: Sim. E então? Você aceita?

Cena 15/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Love Me Again – John Newman)

Cena 16/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Marta entra)
MARTA: Incompetente.
LUANA: Dona Marta, eu não queria que a senhora se referisse a mim dessa maneira.
MARTA: Ah, não? E como você quer que eu me refira a você?
LUANA: Por Luana.
MARTA: Ah não, minha querida, eu sinto muito. Vou te chamar de incompetente do mesmo jeito. Agora, vê se apressa a saída desse jantar, porque meus convidados já estão postos à mesa e eles estão morrendo de fome.
(Marta sai)
LUANA (para si): Maldita.

Cena 17/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
(Estão à mesa: Marta, Tiago, Amanda, Celso, Luiza, Alexandre, Solano e Caio. Luana, sem ver Solano, entra com uma bandeja nas mãos)
LUANA: Com licença. O jantar já está sendo servido.
(Ela põe a bandeja na mesa e vê Solano, que ri para ela)
LUANA: Solano? O que você está fazendo aqui?
MARTA: Eu o convidei para jantar com a minha família, Luana. Ele é o meu convidado da semana. Por quê? Não gostou de saber que vai ter que servir seu próprio primo?
(Luana olha para Marta, que a encara. Todos olham para Luana)
(Congela em Luana. Toca Promises – The Cramberries)
Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário