quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Fixação - Capítulo 19


Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
MARTA: Não está gostando de servir o seu próprio primo?
LUANA: Estou só surpresa com o fato de a senhora tê-lo chamado o Solano para jantar aqui. Afinal, eu não sabia que a senhora mantinha contato com ele.
MARTA: Mas eu nunca tive contato com o seu primo. Conheci o Solano hoje por acaso, soube que ele era seu primo e resolvi convidá-lo para jantar. Que problema tem nisso? Você não gostou da surpresa?
LUANA: Só era algo que eu não esperava.
MARTA: Então, agora, termine de nos servir. Afinal, você é paga para isso.
LUANA: Com licença.
(Luana sai. Marta dá um sorriso e todos se entreolham)

Cena 2/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
(Lucrécio e Raimunda estão sentados à mesa, um frente ao outro, em um jantar romântico)
LUCRÉCIO: Solano não está?
RAIMUNDA: Não. Saiu ao anoitecer e até agora não recebi notícias. Falando no Solano, o que você disse a ele?
LUCRÉCIO: A verdade. Disse que ele estava te incomodando, que o comportamento dele era constrangedor. Ele me prometeu que iria mudar.
RAIMUNDA: Ele me pediu desculpas quando voltei da feira.
LUCRÉCIO: Você acha mesmo que ele não vai continuar te incomodando?
RAIMUNDA: Ah, Lucrécio, essa é uma pergunta que eu não sei responder. Vamos ver, não é?
LUCRÉCIO: Raimunda, por que você não acaba logo com essa situação. Expulsa o Solano logo da sua casa. Você não é obrigada a conviver com quem te incomoda.
RAIMUNDA: Ele é primo da Luana, Lucrécio. Além disso, fui eu que ofereci acolhimento. Eu não posso simplesmente expulsá-lo daqui. Eu não posso fazer isso.

Cena 3/ Sorveteria/ Interno/ Noite
(Cíntia está sentada sozinha. Luiza se aproxima e senta-se frente à garota)
LUIZA: Boa noite.
CÍNTIA: Boa noite. Você não iria jantar com a sua família, passar a noite enclausurada em casa por causa desse jantar? O que aconteceu?
LUIZA: Percebi que a minha mãe só fez esse jantar para tentar humilhar a empregada lá de casa. Não tive paciência para aturar aquela situação. Tem coisas da minha mãe que me envergonham.
CÍNTIA: Nossa. Isso é chato mesmo. Bom, já que você está aqui, vamos conversar sobre o seu namoro. Como anda o teu relacionamento com o Vitor?
LUIZA: Ah, normal.
CÍNTIA: Normal? É só isso que você tem a dizer? Que está normal.
LUIZA: É. O que você quer que eu diga, além disso?
CÍNTIA: Ah, sei lá. Poderia dizer que está amando, que o Vitor está sendo mais carinhoso com você. Você tem noção o quanto que você pegou pesado com ele, não tem?
LUIZA: Tenho sim. Eu já cheguei acusando ele pela surra do Felipe. Estou bastante arrependida.
CÍNTIA: Luiza, o Vitor te ama demais. Deu para notar que ele ficou magoado quando você o acusou, mas a verdade é que o Vitor é louco de apaixonado por você. Ele parou de implicar com o Felipe e está passando a respeitá-lo só para ficar de bem com você. Será que você não percebe que o Vitor é o cara certo para você?
LUIZA: O que você está querendo dizer com isso, Cíntia?
CÍNTIA: Estou falando em transar, em sexo. Está mais do que na cara que o Vitor nasceu para você e você para ele. Por que não se entregar ao homem da sua vida?
LUIZA: Sabe que às vezes eu penso nisso também?
CÍNTIA: O Vitor te ama demais, amiga. Você ainda não se sente segura para transar com ele?
LUIZA: Me sinto segura sim, Cíntia. Antes, eu não me sentia, mas agora eu já me sinto segura.
CÍNTIA: Que maravilha ouvir isso. E quem foi o responsável por te dar essa segurança? O Vitor?
LUIZA: Eu vou falar porque eu confio em você. Não foi o Vitor quem me deu segurança. Foi o Felipe.
CÍNTIA: O Felipe?
LUIZA: Isso mesmo. Eu conversei bastante sobre sexo com ele. E ele me disse cada coisa bonita. O Felipe me falou que eu não deveria me importar muito com quem eu iria transar, não que isso fosse importante, mas, segundo ele, o mais importante mesmo era nós mesmos terem a certeza de que estávamos preparados para romper esse estágio.
CÍNTIA: Que palavras graciosas.
LUIZA: Eu acho que foi isso que me fez sentir segura. Eu estou segura quanto a isso.
CÍNTIA: Mas você pretende transar com o Vitor?
LUIZA: Pretendo.

Cena 4/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Luana está encostada na mesa de mármore. Solano entra)
LUANA: Até que enfim você veio falar comigo. Pensei que iria embora sem me explicar o significado de tudo isso. O que deu em você para aparecer na mansão, ainda mais como convidado da dona Marta?
SOLANO: Ela me convidou. Seria uma desfeita recusar.
LUANA: Solano, você sabe que isso é arriscado. Essa dondoca nojenta já deve ter sacado que o nosso envolvimento é muito mais íntimo do que qualquer relação normal entre primos. Ela só te convidou para jantar porque ela está tramando algo. Tem algum objetivo por trás de tudo isso.
SOLANO: E você acha que eu não sei disso? Você me julga tão mal, Luana. Eu não sou esse paspalho que você acha. Eu vim aqui para tentar descobrir o que essa dona está tramando para cima da gente.
LUANA: Eu acho melhor você ir embora dessa casa agora. Essa gente não é confiável. E você sabe: qualquer erro é fatal para o nosso plano de dar um golpe nessa família de merda. Vai. Some daqui.
(Solano sai. Alexandre, que estava escondido atrás de uma porta que dá acesso a cozinha, escutou tudo sem ser percebido. Alexandre sai)

Cena 5/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Marta, Tiago, Amanda, Celso e Caio estão dispostos nos sofás. Solano entra)
MARTA: Se despediu da Luana?
SOLANO: Sim. Ela ficou muito feliz em me ver aqui.
MARTA: Imagino.
SOLANO: Bom, eu agradeço imensamente pelo convite, dona Marta.
MARTA: Quem sabe esse não foi apenas o primeiro de muitos jantares que você decida comparecer na minha casa?
SOLANO: Quem sabe. Bom, boa noite a todos.
(Solano sai. Alexandre entra)
ALEXANDRE: Tiago, será que eu poderia falar com você?
TIAGO: Claro Alexandre. Fique a vontade.
ALEXANDRE: É particular.
TIAGO: Alexandre, eu não tenho segredos com a Amanda.
ALEXANDRE: Deixa para lá. Depois eu falo sobre isso com você.
(Alexandre se aproxima de Marta. Ele senta-se ao lado dela e, discretamente, cochicha no ouvido dela)
ALEXANDRE (cochichando): Eu preciso falar com você.
MARTA: Só um instante, querido. Antes, eu tenho algo a fazer.
(Marta sai)

Cena 6/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Luana está lavando as panelas. Marta entra)
MARTA: Luana. Gostou da surpresinha que eu preparei especialmente para você? Tenho certeza que você não esperava ver o seu primo aqui, como convidado na minha casa.
LUANA: O que a senhora pretendia ao convidar o Solano, hein, dona Marta?
MARTA: Eu queria que ele te prestigiasse como a cozinheira da mansão Bertolin. Afinal, não é qualquer uma que consegue um emprego como esse.
LUANA: Eu agradeço a sua homenagem, mas eu tenho certeza que tinha um objetivo por trás dessa generosidade toda.
MARTA: Que comportamento é esse? E que tom é esse? Você acha que está falando com alguma das suas pareceiras, garota?
LUANA: Eu agüento cada tipo de insinuação vindo da senhora, dona Marta. Agora, eu não admito que alguém se intrometa na minha vida dessa maneira. A senhora chamou o Solano aqui para me atingir, mas saiba que eu não me envergonhei de servir o meu primo.
MARTA: Mais respeito comigo. Eu sou a sua patroa.
LUANA: Eu só respeito quem se dá ao respeito e, depois dessa baixeza, eu tenho certeza que a senhora não é digna disso.
(Marta dá um tapa em Luana. Tiago entra)
TIAGO: O que está acontecendo aqui? Mãe, a senhora bateu na Luana?
MARTA: Essa insolente mereceu.
(Marta sai)
TIAGO: Luana, você está bem?
LUANA: Estou sim.
TIAGO: Eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas a minha mãe não tinha esse direito de te agredir.
LUANA: Você sabe que isso dá cadeia, não sabe? Eu só não denuncio a dona Marta em consideração a você, Tiago. Só por causa disso.

Cena 7/ Mansão Bertolin/ Quarto de Alexandre/ Interno/ Noite
(Estão Alexandre e Marta no quarto)
MARTA: Ela e o Solano estão juntos, tramando algo contra a minha família? Que algo é esse, Alexandre?
ALEXANDRE: Eu não consegui escutar direito, dona Marta. Mas tenho certeza que não é nada benéfico para a sua família.
MARTA: Maldita. E o Tiago ainda defendeu aquela vagabunda. Daqui a pouco, ele vai aparecer aqui me cobrando satisfações. Você vai ver.
(Tiago entra)
TIAGO: Mãe, eu quero falar com a senhora.
ALEXANDRE: Bom, eu vou deixar vocês a sós.
(Alexandre sai)
TIAGO: A senhora ficou louca? A senhora não poderia agredir a Luana daquela maneira.  Não tinha esse direito.
MARTA: Aquela garota mereceu o tapa que levou. Filho, a Luana não vale nada.
TIAGO: Chega. Eu não admito que a senhora destrate mais a Luana. Não admito. Estou muito magoado com o seu comportamento, mãe.
MARTA: Tiago, essa menina está te manipulando contra mim. Será que você não vê isso, meu filho?
TIAGO: Chega. Chega.
(Tiago sai)

Cena 8/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Be Like That – 3 Doors Down)

Cena 9/ Escola/ Depósito/ Dia
VITOR: Por que você me trouxe aqui? O que você tem a me contar deve ser algo bem sério para ter me puxado para cá.
CÍNTIA: Eu fiz aquilo que você me pediu. Eu conversei com a Luiza sobre sexo.
VITOR: E então?
CÍNTIA: Ela está segura, Vitor. Está segura mesmo. E disse que quer transar com você.

Cena 10/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Mirna entra e vê o quarto todo desorganizado. No centro do lugar, está Vera caída e desacordada, com o pulso sangrando. Mirna se aproxima da patroa)
MIRNA: Dona Vera. Fala comigo. Dona Vera. DONA VERA!

Cena 11/ Casa de Lucrécio/ Externo/ Dia
(O carro de Celso para em frente à casa de Lucrécio. Celso e Lara saem do carro e ficam na frente do portão da casa. Lara toca a campainha)
LARA: Será que ele está em casa?
CELSO: Espero que sim.
(Lara toca a campainha novamente. Uma mulher sai de dentro da casa e se dirige ao casal)
EMPREGADA: Desejam alguma coisa?
CELSO: Doutor Lucrécio está?
EMPREGADA: Ele acabou de sair. Acho que foi ao cais.
LARA: Cais? Vamos ao cais, Celso.
CELSO: Obrigada pela informação. Vamos.

Cena 12/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Vera está deitada na cama. Ao seu redor estão Mirna e Amanda)
AMANDA: Acabei de ligar para o médico. Ele disse que vai passar aqui.
MIRNA: Ainda bem. Fiquei tão desesperada ao ver a dona Vera caída no chão, toda ensangüentada.
(Vera acorda)
AMANDA: Vera, minha irmã. Você está bem?
VERA: Amanda? Mirna? O que aconteceu?
AMANDA: Você teve uma crise, Vera. A Mirna te encontrou no chão. Você estava desacordada e com o pulso sangrando.
MIRNA: É verdade, dona Vera.
VERA: Eu tentei me matar? Eu não me lembro de nada.
AMANDA: Eu acabei de ligar para o médico e ele me disse que se esquecer após uma crise de suicídio é normal. O que aconteceu, hein?
VERA: Como assim?
AMANDA: Vera, você teve uma recaída, você tentou se matar. Por que você fez isso? Você está tomando os remédios da maneira correta?
VERA: Estava sim.
AMANDA: Onde você está guardando os seus remédios controlados?
VERA: Amanda, eu não acredito que...
MIRNA: Na gaveta do meio, dona Amanda. Teve um dia que eu vi a dona Vera guardando os remédios lá.
(Amanda abre a gaveta e vê os remédios cheios)
AMANDA: Vera, esses remédios estão cheios. Você não tomou nada.
VERA: Eu não preciso deles.
AMANDA: Claro que precisa, minha irmã. Eles vão te ajudar a se livrar dessa depressão. A partir de agora, eu irei vigiar os seus horários e os remédios.
(O telefone de Amanda toca e ela atende)
AMANDA: Alô. Luana?
...
AMANDA: Está tudo pronto? Ótimo. Já estou indo para o cais.
(Amanda desliga o telefone)
AMANDA: Vou precisar sair. Mirna, por favor, limpa esse quarto e toma conta da Vera por mim, por favor. Eu volto logo.
MIRNA: Sim senhora, dona Amanda.
AMANDA: E quanto a senhora, dona Vera, fica bem, certo? Quando eu voltar, você irá retomar a consumir esses remédios. Eles são muito importantes para a sua recuperação.
(Amanda sai)

Cena 13/ Casa de Raimunda/ Quarto de Solano/ Interno/ Dia
(O telefone de Solano toca)
SOLANO: Alô. Luana? O que você quer?
LUANA (do outro lado da linha): Eu preciso que você me faça um favor. Nesse momento, a Amanda está indo para o cais se encontrar com o Alexandre. Tenho certeza que nesse encontro vai rolar beijo e eu preciso que você esteja lá para fotografar esses beijos.
SOLANO: Certo. Estou indo para lá.
(Solano desliga o telefone, levanta-se da cama, abre o guarda roupa e pega uma câmera fotográfica)

Cena 14/ Mansão Bertolin/ Quarto de Alexandre/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta. Alexandre atende)
ALEXANDRE: O que você quer, piranha?
LUANA: Eu não admito que você me trate dessa maneira. Eu só vim dar um recado que a dona Amanda me passou. Ela está o esperando no cais. Quer muito falar com você.
ALEXANDRE: Você acha que eu sou burro? Tenho certeza que essa é mais uma das suas armações.
LUANA: Ah é? Você acha que eu estou mentindo, que a Amanda não está no cais te esperando? Ok. Se você não quiser acreditar, não acredita. Mas tenho pena da dona Amanda, que vai passar não sei quantas horas te esperando. Com licença, traste.
ALEXANDRE: Traste?
LUANA: Isso por você ter me chamado de piranha.
(Luana sai)

Cena 15/ Cais/ Interno/ Dia
(Amanda guarda um gravador no bolso da calça. Alexandre entra)
ALEXANDRE: Amanda? Estranhei quando a Luana me deu o recado de que você estava me esperando aqui.
AMANDA: Pensei que não viria. Já faz vinte minutos que estou te esperando.
ALEXANDRE: Sinto muito por ter te deixado esperar.
AMANDA: Alexandre, eu marquei esse encontro para dar um fim em qualquer laço que existe entre nós. Eu não me sinto bem em trair o Tiago a cada beijo que você me dá. Eu não me sinto bem quando você fica insistindo em um relacionamento. Eu quero que você pare com isso.
ALEXANDRE: Mas eu te amo.
AMANDA: Isso não é amor. É perseguição. E você tem que parar. Meu casamento se aproxima e eu sei que serei muito feliz ao lado do Tiago, o homem da minha vida.
ALEXANDRE: Você está se enganado. Você não será feliz ao lado dele. Assuma seus sentimentos por mim. Não sacrifique sua vida em por causa de mentiras e fraquezas.
AMANDA: Para de me perseguir. O Tiago não merece isso. Se você continuar com esse comportamento, eu terei que tomar medidas drásticas.
ALEXANDRE: Eu não sei você, mas a única medida que eu quero tomar agora é essa.
(Alexandre beija Amanda. Ao fundo, está Solano atrás de uma árvore, com uma câmera fotográfica apontada para o casal aos beijos)
(Congela nas fotos tiradas por Solano. toca Baiya – Delphic)
Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário