sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Fixação - Capítulo 20
Cena 1/ Cais/ Interno/ Dia
(Amanda empurra Alexandre)
AMANDA: Você está louco? Isso aqui é um local público. Algum conhecido poderia ver.
ALEXANDRE: Danem-se os conhecidos. Amanda, apenas você me importa.
AMANDA: Para com isso. Eu já pedi para parar, para você deixar essa insistência. Não agüento mais essa perseguição.
ALEXANDRE: Mas eu te amo.
AMANDA: Chega. Isso aqui é um ponto final, ok? Não quero mais que você me cerque dessa maneira, não quero que você fique me rondando. Chega. Chega.
(Amanda sai)
Cena 2/ Escola/ Sala de aula/ Interno/ Dia
VITOR: Luiza, eu preciso falar com você.
LUIZA: Pode falar.
VITOR: Bom, eu confesso que esse assunto é um pouco delicado. Esse tempo que passamos separados sugou qualquer tipo de oportunidade de falar sobre isso em que não me sentisse envergonhado.
LUIZA: Vitor, eu não estou entendendo nada. O que você está querendo dizer?
VITOR: Eu estive pensando e... Bom, você sabe que o nosso namoro não está sendo o mesmo que era de antes.
LUIZA: Também estive pensando um pouco sobre isso.
VITOR: Ótimo. Então, aí eu cheguei a uma pergunta: por que não apimentar a nossa relação, dar a ela um pouco mais de adrenalina?
LUIZA: E a que conclusão você chegou?
VITOR: Eu sei que isso é um pouco complicado para você, por causa da sua insegurança e dos seus receios, mas...
LUIZA: Você está pensando em transar comigo?
VITOR: Isso. Exatamente isso. Eu enrolei porque você tem certo tipo medo de falar de sexo, devido às nossas experiências falhas, mas foi justamente nisso que eu pensei. O sexo poderia animar ainda mais a nossa relação. O que você acha?
LUIZA: Como eu te disse, eu também pensei que o nosso namoro não estava tão animador como ele estava ultimamente. E eu cheguei a essa mesma conclusão. Vitor, eu quero que você saiba que agora eu me sinto mais segura em ter uma relação íntima com você.
VITOR: Isso é um sim?
LUIZA: Será um sim, se você me prometer que não vai dar ataque caso eu desista de transar.
VITOR: Prometo. Eu vou entender e sempre dar o seu tempo. Eu te amo, sabia disso?
LUIZA: Sabia. E ainda sei
(Vitor e Luiza se beijam)
Cena 3/ Cais/ Recepção/ Interno/ Dia
LARA: O doutor Lucrécio não está aqui?
SECRETÁRIA: Não. Ele só veio pegar uns documentos e saiu. Parece que iria resolver algo no banco.
CELSO: Você sabe se ele vai demorar?
SECRETÁRIA: Não sei te dizer. Mas é bem provável que sim, pois, eu acho, que ele foi analisar o setor financeiro do cais durante esses meses que ele estava em Londres.
CELSO: Isso deve ser bastante demorado.
LARA: E agora?
CELSO: Eu te deixo na pousada, você almoça, eu almoço em casa e aproveito para perguntar ao meu pai se ele conhece o Josivaldo.
LARA: Espero que ele conheça.
CELSO: Eu também.
(Celso abraça Lara)
Cena 4/ Mansão Bertolin/ Escritório/ Interno/ Dia
(Com as portas fechadas, Caio analisa alguns documentos. Celso entra)
CELSO: Posso falar com o senhor?
CAIO: Claro filho. Passamos tantos meses afastados que não posso ter o luxo de recusar qualquer companhia sua.
CELSO: Fico feliz, pai. O que eu tenho a falar é sério.
CAIO: Algo referente à cooperativa? Algum negócio que você fechou em São Paulo foi para trás?
CELSO: Não. Pai, eu vim acompanhado para Dourados.
CAIO: Acompanhado? Não me diga que está namorando. Cadê a garota?
CELSO: Ela preferiu ficar em uma pousada. A gente está começando a se conhecer e por isso ela não preferiu conhecer de imediato a minha família. Segundo ela, isso seria ultrapassar alguns estágios de um relacionamento.
CAIO: Parece que sua namorada leva muito a sério essas coisas de relacionamento.
CELSO: O importante nisso tudo é que quando eu a conheci, nós conversamos sobre diversos assuntos e ela acabou me comentando que não havia conhecido o pai, que ele tinha abandonado a mãe dela quando ela estava grávida.
CAIO: Que canalha.
CELSO: Achei o mesmo. A coincidência disso tudo é que pai dela é de Dourados e acabei me oferecendo para ajudá-la a obter notícias do pai dela.
CAIO: Realmente, isso é uma grande coincidência.
CELSO: Eu quero saber se o senhor conhece o pai da Lara.
CAIO: Dourados é uma cidade pequena. Pode ser que eu o conheça. Qual é o nome do pai dela?
CELSO: Josivaldo.
CAIO: Josivaldo? Você disse Josivaldo?
CELSO: Foi o que eu disse. Josivaldo. Por quê? O senhor o conhece?
CAIO: Josivaldo. Não conheço nenhum Josivaldo, filho. Pelo que eu saiba não existe nenhum Josivaldo em Dourados. Nem hoje e nem nunca.
CELSO: O senhor tem certeza?
CAIO: Absoluta.
CELSO: Bom, mesmo assim, eu vou perguntar ao Lucrécio se ele tem notícias do Josivaldo. A mãe da Lara, antes de morrer, deixou para ela uma caixa que contém algumas informações sobre o Josivaldo como fotos dele jovem e cartas. Em uma das cartas, o Josivaldo menciona o nome do Lucrécio. Creio que ele seja o único de Dourados. Mas, de qualquer forma, obrigado, pai.
(Celso sai)
CAIO (para si): Josivaldo. Preciso falar com o Lucrécio imediatamente.
(Caio sai)
Cena 5/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Vera deitada. Mirna sentada ao lado da cama)
VERA: Mirna, você pode sair e ir fazer as suas coisas. Eu estou bem. Não preciso de nenhum vigia perto de mim.
MIRNA: Dona Vera, a dona Amanda me pediu para eu ficar cuidando da senhora enquanto ela estivesse fora. Eu não vou deixar a senhora fazer outra besteira como a que a senhora já fez hoje mais cedo.
VERA: Posso pelo menos me levantar e ver a vista da minha sacada?
MIRNA: Tudo bem, dona Vera. Mas não quero ver a senhora com objeto cortante na mão. Estou aqui de olho.
(Vera levanta-se e vai até a sacada. Mirna, sentada, acompanha o movimento da patroa com o olhar. Vera olha a vista de Dourados e, apressadamente, sobe no peitoril da sacada, ficando em pé, pronta para se jogar. Mirna levanta-se rapidamente)
MIRNA: Dona Vera, NÃO!
(Antes que Vera se jogue da sacada, Mirna a puxa pela mão e as duas caem no piso da sacada)
MIRNA: Dona Vera, a senhora está bem?
VERA: Estou péssima, Mirna. Eu quero me livrar dessa vida de merda que eu levo.
MIRNA: Dona Vera, acalme-se. A senhora está muito nervosa.
(Mirna segura Vera pelo braço)
VERA: Larga meu braço.
(Vera empurra Mirna, que cai e bate a cabeça na cadeira. Vera sai do quarto)
Cena 6/ Rua/ Dia
(Vera sai e passa pelas ruas sem olhá-las. Ela atravessa as ruas e carros param para não atropelá-la. Vera pega pedras e joga contra as pessoas e paredes. Além disso, ela tenta se jogar na frente de carros, mas todos param ao vê-la. Vera continua andando, de maneira desordenada)
Cena 7/ Rua/ Dia
(Do outro lado da rua, está Amanda. O telefone toca e ela atende)
AMANDA: Alô. Mirna? Calma. Fala direito. O que houve?
...
AMANDA: A Vera saiu de casa? Ai meu Deus. Eu vou tentar encontrá-la.
(Amanda desliga o telefone e corre pela rua, até que ela vê Vera sentada em um banco, chorando)
AMANDA (sentando-se ao lado de Vera): Vera, minha irmã. Você está bem? O que houve?
VERA (chorando e desesperada): Eu não estou bem, Amanda. Me ajuda, minha irmã. ME AJUDA!
Cena 8/ Hospital/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Vera está deitada, desacordada e sedada. Amanda está ao seu lado. O médico entra)
AMANDA: Doutor, que bom que o senhor apareceu. O que aconteceu com a Vera?
MÉDICO: Pelo que você me disse no inicio da consulta, a paciente não estava tomando os remédios controlados receitados.
AMANDA: Isso mesmo.
MÉDICO: Em decorrência disso, a depressão dela foi apenas piorando. A Vera terá que ficar internada e, amanhã, levada para uma clínica especializada de tratamento. Afinal, é claro que a paciente não está disposta a se tratar sozinha.
Cena 9/ Estúdio Fotográfico/ Interno/ Dia
(O recepcionista entrega um envelope para Luana)
RECEPCIONISTA: Aqui estão as fotos que a senhora pediu para serem reveladas.
LUANA: Obrigada.
(Luana entrega um dinheiro para o rapaz e sai. Ela encontra com Solano na calçada)
LUANA: Nesse envelope estão as fotos que você tirou no cais.
(Luana entrega o envelope para Solano)
LUANA: Toma muito cuidado com esse envelope e guarde-o no seu guarda roupa, ok? Isso tudo é o nosso trunfo contra a Amanda e o Alexandre.
Cena 10/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Alexandre e Tiago estão sentados no sofá. Marta entra)
MARTA: Cadê a Luana?
TIAGO: Por que a senhora quer saber? Para dar outro tapa na cara dela?
MARTA: Sem drama, Tiago. Estou preocupada porque o horário do almoço é daqui a pouco e nenhum sinal de comida preparada naquela cozinha.
TIAGO: Mãe, a Luana é problema meu. Ela me pediu para sair e eu deixei.
MARTA: Você é um patrão liberal demais, Tiago. Daqui a pouco, aquela incompetente monta em cima de você.
TIAGO: Não se refira desse modo à Luana. Eu já pedi.
Cena 11/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Be Like That – 3 Doors Down)
Cena 12/ Casa de Lucrécio/ Sala/ Interno/ Noite
(A campainha toca e Lucrécio atende)
LUCRÉCIO: Caio? Grata surpresa.
CAIO: Eu preciso falar com você urgentemente.
LUCRÉCIO: Aconteceu alguma coisa?
CAIO: Aconteceu. O Celso, acompanhado de uma menina, já veio falar com você?
LUCRÉCIO: Não. Para falar a verdade, nem vi o Celso hoje.
CAIO: Ainda bem.
LUCRÉCIO: O que houve?
CAIO: O Celso está ajudando uma garota de nome Lara a encontrar o pai dela, que, coincidentemente, mora aqui em Dourados.
LUCRÉCIO: E qual é o problema nisso tudo? Não estou entendendo.
CAIO: A qualquer hora, eles virão te encontrar para saber sobre informações do pai dessa garota.
LUCRÉCIO: Você sabe o nome do pai da menina?
CAIO: Sei. Ele se chama Josivaldo.
LUCRÉCIO: Josivaldo. Assim como o meu nome, Josivaldo é bem incomum aqui em Dourados. Nunca ouvi falar em um Josivaldo que more ou já tenha vivido em Dourados. Existe alguém com esse nome aqui?
CAIO: Existe.
LUCRÉCIO: Sério? Como você sabe?
CAIO: Josivaldo sou eu, Lucrécio. Eu sou o Josivaldo. Eu sou o pai dessa menina.
Cena 13/ Casa de Raimunda/ Quarto de Solano/ Interno/ Noite
(Solano entra no quarto e pega o envelope. Quando ele abre uma das portas do guarda roupa, Raimunda entra)
RAIMUNDA: Ainda bem que você já chegou. Estou precisando falar com você, Solano.
SOLANO (ainda com o envelope na mão): Algum problema?
RAIMUNDA: Só para avisar a você que eu decidi fazer uma nova divisão para as tarefas domésticas. Que envelope é esse?
SOLANO: Nada. Coisa minha. Eu já estava guardando mesmo esse envelope aqui dentro.
(Solano coloca o envelope em um dos compartimentos do guarda roupa, mas o envelope escorrega e cai no chão, mostrando as fotos. Raimunda abaixa-se, pega as fotos do chão e analisa-as)
RAIMUNDA (com as fotos na mão): Por que você estava guardando fotos de pessoas se beijando dentro do guarda roupa?
SOLANO: Dona...
RAIMUNDA: Espera aí. Eu estou reconhecendo esse casal da foto. Não é a Amanda, esposa do Tiago, e o Alexandre, melhor amigo dele? Meu Deus, eles dois possuem um caso?
SOLANO: Dona Raimunda, calma.
RAIMUNDA: O que você estava fazendo com essas fotos em mão, Solano? Que interesse você tem no caso entre a Amanda e o Alexandre?
Cena 14/ Mansão Amorim/ Quarto de Vitor/ Interno/ Noite
(Vitor e Luiza entram)
VITOR: Vai ser tudo muito calmo e muito romântico. Confia em mim.
LUIZA: Eu confio.
(Vitor e Luiza se beijam. Aos beijos, eles se dirigem até a cama e deitam-se. Vitor tira a blusa de Luiza, que tira a camisa do namorado. Eles continuam se beijando. O casal tira a roupa um do outro até ficarem nus. Vitor beija o pescoço de Luiza. Ela o agarra ainda mais. O casal segue se beijando)
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Estão Amanda, Alexandre e Tiago sentados no sofá. Marta entra)
MARTA: Alguns de vocês viram a Luiza?
ALEXANDRE: Eu a vi saindo ao entardecer, dona Marta.
MARTA: Onde aquela garota se enfiou?
(Marta sai)
AMANDA: Bom, vou ter que ir embora, amor.
TIAGO: Vai visitar a Vera no hospital?
AMANDA: Sim. Irei passar a noite com ela. Amanhã o dia vai ser fogo. Vou sofrer demais em ter que transferir minha irmã para uma clínica.
TIAGO: Tenho certeza que ela vai ficar.
ALEXANDRE: Todos nós estamos torcendo pela recuperação dela.
AMANDA: Boa noite, meu amor. Até mais, Alexandre.
(Amanda beija Tiago e sai.)
TIAGO: Vou ao meu quarto.
ALEXANDRE: Claro.
(Tiago sobe a escada. Alexandre sai)
Cena 15/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Interno/ Noite
(Amanda caminha pelo jardim. Alexandre corre atrás dela)
ALEXANDRE: Amanda. Amanda.
AMANDA: Alexandre. Eu pedi para que você parasse de me cercar. Será que você não entendeu nenhuma palavra do que eu te disse hoje?
ALEXANDRE: Eu te amo. Eu não vou conseguir me afastar de você, sabendo ainda mais que eu irei colaborando com o meu silêncio em permitir que você estrague sua vida entrando nessa família de loucos.
AMANDA: Se não quer parar por bem, vai ter que parar por mal.
ALEXANDRE: Como assim?
AMANDA: Eu gravei toda a conversa que tivemos no encontro de hoje. Se você continuar me rondando, eu mostro a gravação para o Tiago e ainda eu digo que você anda me perseguindo.
ALEXANDRE: Se você realmente gravou tudo, deve ter gravado o nosso beijo. Você será capaz de mostrar a gravação do nosso beijo para o Tiago?
AMANDA: Claro que não. Tanto que eu editei a gravação. Deixei só as partes que irão levar o Tiago a acreditar que você está me perseguindo e que eu sou apenas a vítima dessa obsessão.
ALEXANDRE: Amanda, eu nunca poderia esperar esse comportamento maldoso de você.
AMANDA: Isso prova que você não me conhece. Continua me cercando, que eu mostro essa gravação editada para o Tiago e acabo com a amizade de vocês dois de uma vez por todas.
(Congela em Alexandre. Toca Apologize – One Republic)
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