quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Fixação - Capítulo 3


Cena 1/ Casa de Raimunda/ Quarto de Luana/ Interno/ Dia
LUANA: Nossa. Você me pegou de surpresa com essa oferta de emprego, Tiago
TIAGO: Desculpe, mas, como eu te disse, eu fiquei pensando naquela conversa que tivemos no hospital e então, me veio essa idéia na cabeça. Eu sei que cozinheira é um emprego modesto, mas é o que eu tenho a oferecer no momento.
LUANA: Sem problemas, Tiago.
TIAGO: E então? Você aceita o emprego?
LUANA: É claro que eu aceito. Muito obrigada de coração. Quando eu posso começar?
TIAGO: Quando você estiver melhor do acidente.
LUANA: Então, amanhã já está bom para mim.
TIAGO: Amanhã? Se você estiver bem, tudo certo, então. Mas eu tenho uma condição.
LUANA: Qual?
TIAGO: A minha família é muito grande, e a casa também. Então, eu acho que você vai ter que dormir lá em casa de vez em quando.
LUANA: Praticamente, morar na sua casa?
TIAGO: Isso. O problema é: será que sua tia vai permitir?
LUANA: Deixa que com a titia eu me entenda. Não se preocupa com isso. Eu aceito esse emprego e aceito qualquer condição que nele vier.
TIAGO: Como você é decidida.
LUANA: É questão de necessidade, Tiago. Eu não posso dispensar essa oferta de emprego assim, dessa maneira. Eu preciso ajudar tia Raimunda nas despesas.
TIAGO: Tudo bem. Amanhã eu passo aqui para te pegar.
LUANA: Não é preciso, Tiago.
TIAGO: Eu faço questão.

Cena 2/ Escola/ Portaria/ Interno/ Dia
(Vitor está encostado no portão. Luiza chega)
VITOR: Luiza, ainda bem que você chegou. Eu acho que precisamos conversar sobre o ocorrido de ontem a noite.
LUIZA: Agora não, Vitor.
VITOR: Luiza, por favor.
LUIZA: Cala a boca, Vitor. Será que você ainda não percebeu que eu não quero conversar com você?
(Luiza sai)

Cena 3/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Marta desce a escada e vê Vivian passar pela sala)
MARTA: Vivian?
VIVIAN: Oi, dona Marta. Bom dia. Estou indo a feira.
MARTA: Antes disso, eu quero te pedir um favor. Como eu te falei ontem, eu quero conhecer essa tal menina acidentada.
VIVIAN: E como a senhora pretende fazer isso?
MARTA: Você vai me ajudar. Eu não sei onde essa garota está malocada, mas tenho certeza que o Tiago sabe. Portanto, eu quero que você siga meu filho em todos os passos que ele der. Eu quero saber onde essa tal menina mora.

Cena 4/ Escola/ Sala de aula/ Interno/ Dia
(Luiza entra na sala e senta-se ao lado de Cíntia)
LUIZA: Oi, Cíntia.
CÍNTIA: Amiga.
(Cíntia dá um abraço em Luiza)
CÍNTIA: Tudo bom com você?
LUIZA: Para falar a verdade, não. Estou com um problema com o Vitor.
CÍNTIA: Outro?
LUIZA: Isso mesmo.
CÍNTIA: Não me vá dizer que tem a ver com a pressão que o Vitor está te fazendo em transar com ele.
LUIZA: Isso mesmo. Ontem, eu estive disposta a tentar, só que na hora, deu aquele medo, sabe?
CÍNTIA: Luiza, troca o disco, amiga. Você e o Vitor brigam por causa da mesma coisa. Transa logo com o Vitor e acaba com isso.
LUIZA: A minha primeira vez não vai ser algo avulso como foi a sua. Você se deitou com o primeiro cara que viu pela frente e, no dia seguinte, acordou sozinha na cama. E o cara, cadê? Para onde foi? Não quero que isso aconteça comigo.
CÍNTIA: Obrigada pela parte que me toca, viu? Será que você sempre tem que se lembrar dessa parte triste da minha vida? Mas você tem razão em me jogar isso na cara. Fui uma insensível.
LUIZA: Insensível foi o Vitor ontem. Parece que eu conheci um novo Vitor durante aquela discussão. Ele falou de uma maneira que parecia que ele não ligava para os meus sentimentos. Fiquei muito decepcionada com o comportamento dele.
CÍNTIA: Own, amiga. Vem aqui.
(Cíntia dá outro abraço em Luiza. Luiza apóia sua cabeça no ombro da amiga. Cíntia faz uma careta, simbolizando nojo de Luiza)

Cena 5/ Casa de Raimunda/ Quarto de Luana/ Interno/ Dia
LUANA (sentada na cama e ao telefone): Cozinheira. Isso mesmo, Solano. A minha vontade era de enfiar meu braço inteiro na goela do Tiago. Ora mais, cozinheira. Que coisa mais decadente.
...
LUANA: Mas é claro que eu aceitei né? Pelo menos, vou passar a morar na mansão dele, dividindo o mesmo telo com ele. Ou seja, tudo fica mais fácil.
...
LUANA: Solano, você vai ver. Esse emprego de cozinheira vai ser questão de tempo. Entro naquela mansão como empregada e saio de lá como patroa.
(Luana dá um sorriso maldoso)

Cena 6/ Escola/ Sala de aula/ Interno/ Dia
PROFESSORA: E o vestibular se aproxima. Nessa reta final, o melhor a fazer é revisar os assuntos mais importantes e cobrados nos vestibulares. Vamos revisar um pouco do governo de Getúlio Vargas. Vou começar a fazer perguntas, hein? Vamos ver. (A professora dá uma observada pela sala): Vitor, primeira pergunta é para você.
VITOR: Nossa, que maravilha.
PROFESSORA: Getúlio, muitas vezes, foi referido como um presidente populista. A que deve essa denominação?
VITOR: Sei lá, professora. Quem vive de história é museu, e não eu.
PROFESSORA: Bela resposta, Vitor. O bom disso tudo é que você já tem um emprego garantido. Caso não passe no vestibular, pode se candidatar à nova vaga de palhaço no próximo circo que se instalar aqui na cidade. Felipe, por favor, você pode responder a pergunta?
FELIPE: Pois ele utilizava de vários recursos para obter o apoio popular.
PROFESSORA: Isso mesmo, Felipe. Luiza, agora é com você. Cite alguns recursos utilizados por Vargas que o faz ser um governante populista.
LUIZA: Usa uma linguagem simples e popular, além de uma propaganda pessoal, entre outros.
PROFESSORA: Muito bem. Sabe de uma coisa? Eu costumo dizer para os meus alunos que, nessa reta final, é bem mais proveitoso que eles estudem em grupo, pois um vai complementando o outro. Luiza e Felipe, vocês já pensaram em fazer isso, estudar juntos? Seria bem legal.
(Luiza e Felipe entreolham-se)

Cena 7/ Mansão Bertolin/ Quarto de Caio e Marta/ Interno/ Dia
(Marta e Caio estão deitados na cama)
CAIO: Há quanto tempo não ficamos assim, mesmo? Deitados, pensando na vida.
MARTA: Há muito tempo. Bom, Caio, eu preciso falar com você.
CAIO: Diga
MARTA: Estou preocupada com Tiago. Ele anda dando muita atenção para essa garota que se acidentou perto dele.
CAIO: Mas ele está certo, meu amor. Afinal, não é o próprio Tiago, que se diz culpado pelo acidente da tal moça?
MARTA: Mesmo assim, tenho medo que essa atenção exagerada que ele está dando a ela interfira de forma negativa no casamento dele com Amanda.
CAIO: Por acaso, você está pensando que o Tiago possa estar traindo a Amanda com essa menina acidentada?
MARTA: Eu não disse isso.
CAIO: Mas é o que está pensando. Eu conheço você, Marta.
MARTA: Eu só quero dizer que a Amanda não merece ser deixada de lado por causa desse acidente repentino dessa moça que nem conhecemos. O Tiago já fez o que ele poderia fazer: levou a menina para o hospital, prestou socorro, custeou as despesas médicas. Essa atenção que ele está dando a ela não tem mais justificativa.
CAIO: Você está mais preocupada com esse casamento do que os próprios noivos.
MARTA: Porque os dois são inconseqüentes. Essa é a verdade. Ah, Caio, se o Tiago trair a Amanda com essa menina acidentada ou com qualquer outra garota, eu nunca irei perdoar o meu filho. Nunca. E isso vale para você, também.
CAIO: Para mim?
MARTA: Isso mesmo. Experimente me trair. Eu nunca vou te perdoar, além de fazer de tudo para te ver castrado, entendeu? Traição é algo que eu nunca seria capaz de suportar. Nunca.

Cena 8/ Mansão Amorim/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Amanda está sentada, lendo um livro. A campainha toca. A empregada atende. Tiago entra. A empregada fecha a porta e sai. Tiago se dirige onde está Amanda)
TIAGO: Bom dia.
AMANDA: Finalmente, lembrou de mim.
TIAGO: Eu me lembro de você todos os dias.
AMANDA: Será mesmo que lembra? Desde que essa garota se acidentou; de dez frases que você diz, onze se referem a ela.
TIAGO: Nossa, quanto exagero. Também não é assim, Amanda. Só estou fazendo o que é certo a ser feito. Afinal, ela sofreu aquele acidente por culpa minha.
AMANDA: Onde estava hoje de manhã, que não passou mais cedo aqui?
TIAGO: Fui à casa da Luana.
AMANDA: Luana?
TIAGO: Sim, o nome da menina que sofreu o acidente e que eu ajudei.
AMANDA: Olha aí, já está falando nela de novo. Já sabe até o nome.
TIAGO: Fui oferecer um emprego para ela, afinal ela está precisando. É impressão minha ou você está com ciúmes?
AMANDA: Ciúmes nada.
TIAGO: Está sim. Olha para mim, Amanda. Eu só tenho olhos para você. O resto é resto. Eu te amo.
AMANDA: Jura?
TIAGO: Juro mais do que tudo nessa vida.
(Tiago e Amanda se beijam)

Cena 9/ Paisagens de São Paulo/ Noite
(Toca Falling Down – Oasis)

Cena 10/ São Paulo/ Restaurante/ Interno/ Noite
(Celso entra, senta-se e chama uma garçonete. Lara vê e se dirige até ele)
LARA: Você de novo?
CELSO: Olá.
LARA: Vai beber alguma coisa?
CELSO: Não, obrigado.
LARA: E comer? Temos aqui no cardápio vários tipos de comidas. Das mais simples até as mais sofisticadas.
CELSO: Também não.
LARA: Então, o que veio fazer aqui?
CELSO (olhando fixamente para Lara, como se estivesse hipnotizado): Vim apenas te ver.
LARA: Me ver?
CELSO (voltando ao normal): Sim, te ver. Quero dizer, ver se você não vai entrar em mais nenhuma confusão como ontem.
LARA: Obrigada, mas será que você não vai se cansar de passar a noite inteira me olhando?
CELSO: Claro que não. Será um prazer.
LARA: Bom, tenho que trabalhar. Qualquer coisa, é só me chamar, viu? Com licença.
(Lara sai, dando um sorriso meigo. Celso fica sentado, olhando a garota se aproximar do balcão)

Cena 11/ Dourados/ Sorveteria/ Interno/ Noite
(Felipe entra, cheios de livros na mão. Ele vê Luiza, que acena. Ele se dirige à mesa onde a menina está)
FELIPE (colocando os livros na mesa): Você acha mesmo uma boa idéia estudarmos aqui?
LUIZA: Sim, qual o problema? Vamos lá. Senta.
(Felipe senta)
FELIPE: É porque aqui parece mais um lugar de diversão do que de estudos. Vamos estudar na biblioteca da cidade amanhã a tarde?
LUIZA: Pode ser, Felipe. Mas já que estamos aqui, vamos ficar aqui. Trouxe o livro de geografia?
FELIPE: Sim.
LUIZA: Ótimo. Já pedi um sorvete para descontrair. Você vai comprar um?
FELIPE: Não. Não tenho dinheiro. Para falar a verdade, é a primeira vez que eu venho aqui. Você sabe, né? Sou filho da faxineira da escola, não tenho tanto dinheiro assim para gastar.
LUIZA: Eu te pago um, então.
FELIPE: Não Luiza. Não é preciso.
LUIZA: Que é isso? Eu faço questão.
(Luiza vai até o balcão e traz dois sorvetes. Ela senta e coloca os dois sorvetes na mesa)
FELIPE: Tão rápido assim?
LUIZA: Claro. Aqui o atendimento é super eficiente. Bom, antes de começarmos, o que você quer ser mesmo?
FELIPE: Como assim?
LUIZA: Para o vestibular. Que carreira profissional você quer seguir?
FELIPE: Direito. Quero ser advogado.
LUIZA: Nossa. Eu também. Foi por isso que te pedi só para trazer matérias referentes a Humanas. Bom, o que começamos a estudar primeiro?
FELIPE: Geografia.
LUIZA: Sim, mas que assunto?
FELIPE: Os blocos econômicos, talvez. Reflete muito em geopolítica.
LUIZA: Tem razão. Deixa-me ver aqui o livro.
(Luiza pega o livro, mas derruba o sorvete de Felipe no chão)
LUIZA: Ai desculpa. Foi sem querer, eu juro. Ando tão estabanada esses dias.
FELIPE: Sem problemas.
(Luiza olha para Felipe, que olha para ela)
LUIZA: Desculpa mesmo. Se você quiser outro...
FELIPE: Não precisa. Deixa para lá.
LUIZA: Tem certeza?
FELIPE: Absoluta.
(Luiza dá um riso meigo para o rapaz. Ele retribui)
LUIZA: Sabe de uma coisa, Felipe? Estou adorando estudar com você. Você é um rapaz bem legal.
FELIPE: Imagina.
LUIZA: Estou falando sério. E como prova disso olha o que eu faço.
(Luiza põe o sorvete em cima da mesa. Pega um pouco com o dedo e suja o nariz de Felipe. Eles riem e Felipe faz o mesmo com Luiza. Os dois continuam nessa brincadeira, um sujando o outro com o sorvete, sempre sorridentes. Vitor entra na sorveteria e vê a cena, furioso)

Cena 12/ Casa de Raimunda/ Quarto de Luana/ Interno/ Noite
(Luana está dormindo)

Cena 13/ FLASHBACK (sonho de Luana)/ São Paulo/ Bar/ Interno/ Noite
(Luana está conversando com um homem mais velho e grisalho, de nome Dutra. Ambos estão apoiados no balcão)
LUANA: Estou amando sair com você. Sinto-me cada vez mais apaixonada e envolvida.
DUTRA: Eu já disse. Deixa-me oficializar o meu divórcio e te levo para morar comigo. Assim, depois, quem sabe, chegamos a nos casar?
LUANA: Isso é um sonho. Viver com você, o homem, o amor da minha vida. Eu te amo, Dutra. Eu te amo mais do que tudo.
DUTRA: Eu também sinto o mesmo por você, Luana.
LUANA: Que tal sairmos daqui e irmos para aquele seu flat que você tem na Paulista?
DUTRA: Acho melhor, não. Como te falei, estou em processo de divórcio. Se minha esposa, quer dizer, ex-esposa descobrir que levei você para lá, é capaz de ela ainda me tirar mais coisas do que já tirou.
LUANA: Eu sei. Eu não quero fazer você perder toda a sua fortuna, meu ricão.
(Luana e Dutra beijam-se. Alguém chega entre eles e começa a bater palmas)
SALMA: Parabéns. É isso aí. Parabéns.
(O casal para de se beijar e vêem a pessoa que está aplaudindo a cena)
LUANA: Mamãe?
SALMA: Oi, filha. Surpresa em me ver?
LUANA: O que a senhora está fazendo aqui?
SALMA: Eu que pergunto, Luana. O que você está fazendo aqui, nesse barzinho de beira de estrada? Essa é a sua mais nova profissão? Será que eu paguei faculdade cara para, no fim das contas, você virar uma prostituta?
LUANA: Como assim, mãe? A senhora bebeu? Eu não sou prostituta.
SALMA: Então me explica o que significa tudo isso, que cena deplorável foi essa. Começa a me explicar quem é esse homem aí que você estava beijando. Seu cliente?
DUTRA: Minha senhora, eu posso garantir que a Luana não é prostituta.
SALMA: Ah é, e quem é o senhor? Hein, Luana, minha filha, quem é esse homem?
LUANA: Mãe, me deixa explicar.
SALMA: ENTÃO EXPLICA!
LUANA: Calma. Calma.
SALMA: Não venha me tratar como se eu fosse uma doente mental, porque eu não sou e você sabe disso. O que está acontecendo, Luana? Eu já estou me irritando com você.
LUANA: Esse é o Dutra, meu namorado.
SALMA: Namorado?
(Salma dá uma gargalhada)
SALMA: Você acha que eu sou otária, Luana?
LUANA: Mãe.
SALMA: Seu namorado, por acaso, não é aquele tal de Solano, aquele rapaz que você conheceu na faculdade?
DUTRA: Solano? Que Solano é esse, Luana?
LUANA: Calma, meu amor.
SALMA: Meu amor, uma pinóia. Dutra, você não vê que essa desgraçada está te enrolando, não? Essa cachorra aqui que é minha filha não te ama coisa nenhuma. O Solano é namorado dela, sim. E mais. Não é só namorado, não. E o parceiro dela em golpes, em pilantragens.
LUANA: O quê?
SALMA: Você pensa que eu não sei que a tua vida agora é essa, Luana? Fazer as pessoas de idiotas, dar golpes nelas. E aquele traste do Solano te ajuda nisso tudo, não é? O senhor, seu Dutra, não passa mais de uma vítima dessa dupla de pilantras.
DUTRA: Como você teve coragem de fazer isso comigo? Eu estava me separando por sua causa, sua vadia.
LUANA: Dutra, por favor, não ouve o que ela está dizendo. Eu te amo.
DUTRA: Nunca mais encosta em mim, parasita.
(Dutra sai)
LUANA (gritando): Dutra, volta aqui. Eu te amo, meu amor. Essa mulher é louca.
SALMA: Louca? Como você ousa, sua pilantra?
LUANA: Viu o que a senhora fez?
SALMA: Vi sim. Eu salvei aquele homem de você, dos seus golpes. Você acha que eu sou burra, Luana? Que eu nunca iria descobrir as merdas que você faz. Meu Deus, onde foi que eu errei com você, minha filha? Onde?
LUANA: CHEGA.
SALMA: Chega, digo eu, porque eu não sou obrigada a aturar essa situação. Eu não criei filha minha para La virar uma golpista, uma pilantra. A partir de hoje, eu quero ver você longe daquele Solano, ouviu bem? A partir de hoje, eu vou estar a par de tudo o que acontece com você. Tudo.
LUANA: A senhora acha que eu sou uma menina que precisa ser vigiada? Deixa de ser ridícula.
SALMA: Agora eu sei por que você se transformou nisso aí, nesse ser golpista. Mas agora, Luana eu vou te dar o que faltou para você na infância.
(Salma tira o cinto da calça que estava usando e pega Luana pelo braço.)
LUANA: Não mãe. Por favor, cinto não. Nós estamos em um lugar público. Por favor, não.
SALMA (com o cinto na mão e segurando Luana pelo braço): Cala a boca. O único som que eu quero ouvir é desse cinto estalando em você.
(Salma atinge o cinto em Luana. Ela começa a gritar e a chorar, desesperadamente)
LUANA: Para, por favor. Não. PARA!
(Salma continua a bater na filha. Luana cai no chão, se encolhe e Salma continua a bater, com os olhos cheios de lágrimas)
SALMA: Eu tenho vergonha de você, Luana. Vergonha de você.
(Salma continua a bater cada vez mais forte e Luana, grita e chora mais alto)
LUANA: Para, mãe. Mãe. Mãe, para, para. Não. Para. Por favor, para. Mãe. Não. NÃO. NÃO!

Cena 14/ FIM DO FLASHBACK/ Casa de Raimunda/ Quarto de Luana/ Interno/ Noite
(Luana acorda, de repente.)
LUANA: Eu preciso esquecer isso. Eu preciso apagar isso da minha memória de uma vez por todas.
(Congela em Luana. Toca Silhouettes – Avicii)

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