Cena 1. Estrada –
Carro de Tonhão – Dia
TONHÃO – Olha lá! Ele
tá indo pro refúgio na estrada. Agora ele me paga!
Tonhão vai em direção
ao refúgio também.
CATARINA – O que você
vai fazer, Tonhão???
TONHÃO – Me deixa,
Catarina! Você sabe que eu não sou de aceitar provocação!
TONELADA – Calma,
Tonhão! Deixa pra lá!
TONHÃO – Não quero
saber!
Tonhão vai com o carro
diminuindo a velocidade até chegar ao refúgio na estrada.
Cena 2. Estrada –
Refúgio – Dia
Edvaldo e Fábio estão
parados com o carro.
FÁBIO – Papai, to com
fome!
EDVALDO – Eu também,
filho! Por isso paramos aqui. Vamos comer alguma coisa.
FÁBIO – Oba! O que tem
pra comer?
EDVALDO – Deixa eu ver
aqui...
No momento em que vão
começar a fazer um lanche, chega o carro de Tonhão. Ele desce do
carro furioso.
TONHÃO – Escuta aqui,
senhor! Tá me provocando por que?
EDVALDO – Oi? É
comigo?
TONHÃO – Não se faça
de idiota! Claro que é!
EDVALDO – Desculpa, mas
eu não sei do que o senhor tá falando...
Tonhão pega Edvaldo pelo
colarinho.
FÁBIO – Larga meu
papai, seu feio!
EDVALDO – Fábio, fica
quieto! Não se mete.
Tonelada e Catarina ficam
no carro de Tonhão.
CATARINA – Tonelada,
faça alguma coisa!
TONELADA – O que eu
posso fazer, Catarina? Cê sabe que ninguém segura o Tonhão!
E a discussão continua
entre Tonhão e Edvaldo. Fábio fica com medo e vai até o outro
carro pedir ajuda.
Tonhão, segurando
Edvaldo pelo colarinho, olha bem nos olhos dele com raiva. De repente
Tonhão tem uma lembrança.
TONHÃO – Pera aí, eu
já te vi antes!
EDVALDO – Não lembro.
Talvez o senhor já tenha andado no meu táxi.
TONHÃO – Eu não ando
de táxi! Foi de outro lugar!
EDVALDO – Então não
lembro de tê-lo visto mais gordo.
TONHÃO – Tá me
chamando de gordo é?
EDVALDO – Não, não
foi o que eu quis dizer...
Cena 3. Flashback -
Hospital de Clínicas – Saguão – Dia
Tonhão vem entrando.
Edvaldo vem saindo, apressadamente. Eles se esbarram.
TONHÃO – Que isso?
EDVALDO – Me perdoe,
senhor! Eu não to bem. Tava distraído e não vi.
TONHÃO – Tá, tudo
bem!
Fim do Flashback.
Cena 4 – Estrada –
Refúgio – Dia
Tonhão lembra de onde
viu Edvaldo e começa a ficar apreensivo.
TONHÃO – (pensando)
Não! Foi naquele dia! Eu não posso ser descoberto. Tenho que me
mandar.
Tonhão solta Edvaldo. No
momento, Fábio tá perto do carro de Tonhão.
CATARINA – Oi, menino!
FÁBIO – Oi. E esse
bebê?
CATARINA – É meu
filho. O nome dele é Guilherme.
FÁBIO – Parece um
brinquedo.
CATARINA – Haha. Você
quando tinha essa idade também parecia um brinquedo.
TONELADA – hahaha
Fábio vira pro lado onde
estão Edvaldo e Tonhão e grita.
FÁBIO – (gritando)
Papai!!! Olha aqui, tem um bebê pequeno!
…
TONHÃO – (pensando)
Droga! Isso não pode acontecer!
Tonhão vai correndo até
o carro e entra.
CATARINA – Tonhão,
calma! Olha o menino aí!
TONHÃO – Não quero
saber! Vamos embora!
Fábio vai correndo até
Edvaldo. Tonhão liga o carro e segue pela estrada.
FÁBIO – Papai, o
senhor deveria ter visto. O bebê parecia um brinquedinho. Bem
pequeno.
Edvaldo lembra do
ocorrido, de seu filho que abandonou e fica triste. Mal imagina que o
bebê que Fábio estava falando era o próprio.
EDVALDO – Vamos comer
alguma coisa e depois vamos seguir viagem, filho!
Cena 5 – Casa da
família Bertollo – Sala – Interior – Dia
Mariana tá com Ana no
colo, dando a mamadeira. Franchesco chega em casa.
MARIANA – Meu amor! E
aí, como foi lá? Falou com seu amigo?
FRANCHESCO – Sim. Falei
e ele prometeu nos ajudar.
MARIANA – Graças a
Deus, Franchesco!
FRANCHESCO – E nossa
pequena Ana, como tá?
MARIANA – Muito bem!
Dormiu um pouquinho e agora tá se alimentando. Que fome tem essa
menina! Haha
FRANCHESCO – Que bom,
meu amor! Nossa filha vai crescer forte e saudável. Vamos ser os
melhores pais que ela pode ter.
MARIANA – Isso mesmo!
Cena 6 – Paisagens
da Cidade – Exterior – Dia
Paisagens da cidade são
mostradas ao som de Raul Seixas – Tente Outra Vez.
26 anos Depois...
Letreiro: Rio de
Janeiro – 2013.
Cena 7 – Casa da
Família Bertollo – Quarto do Casal – Interior – Noite
FRANCHESCO – Mariana,
ainda acordada?
MARIANA – Tava aqui
lembrando de como foi nossa vida nesses anos todos.
FRANCHESCO – Tudo saiu
melhor ainda do que planejávamos.
MARIANA – Sim, eu me
tornei diretora da escola Napoinara...
FRANCHESCO – E eu agora
sou dono do Jornal Bertollo. Não é tão famoso, mas já fico feliz!
MARIANA – E nossa
filha, Ana, se tornou uma mulher linda, responsável!
FRANCHESCO – E nosso
filho Dorival, apesar de sua deficiência visual é um jovem com a
cabeça no lugar. Responsável...
MARIANA – Ai, meu amor!
Tudo tão bem que nem ligo pra essa deficiência do nosso filho. Pra
mim ele é normal! Se tem suas dificuldades, todos temos. Vou fazer
de tudo pra ajudá-lo.
FRANCHESCO – Eu também!
Você é a melhor esposa do mundo!
MARIANA – Você que é
o melhor marido do mundo!
Eles se beijam.
Cena 8. Casa de
Edvaldo – Sala – Noite
Fábio vem até a sala.
Edvaldo tá comendo uma fruta.
EDVALDO – Filho, ainda
acordado?
FÁBIO – Ah, pai! Eu
tava tentando fazer o Marcelo dormir, mas esse guri tá muito
rebelde!
EDVALDO – Isso é coisa
daquela mãe dele, a Luiza, que tratou ele sempre como criança.
FÁBIO – Concordo, pai!
Acho que temos que procurar um psicólogo pra ele.
EDVALDO – Não, filho.
Deixa que eu vou ter uma conversa com ele.
Fábio senta e baixa a
cabeça.
FÁBIO – Por que isso
tinha que acontecer comigo, pai? Por que?
EDVALDO – Fábio, o seu
filho Marcelo é normal. Ele só tem uma pequena deficiência física.
Isso não vai impedir ele de ter uma vida feliz.
FÁBIO – Eu sei, pai,
mas me dói ver ele tão revoltado...
EDVALDO – Filho, você
não tá sozinho. Se a mãe dele não tá aqui pra ajudar, o avô
dele tá!
Fábio abraça o pai.
FÁBIO – Obrigado, pai!
Não sei o que seria de mim sem o senhor!
EDVALDO – Lembra quando
você era pequeno e eu dizia que estaria com você sempre?
FÁBIO – Não lembro,
mas acredito.
EDVALDO – Se Deus
colocou o Marcelo em nossas vidas, ele sabe o que faz. Vou até lá
conversar com ele.
Edvaldo levante e vai até
o quarto de Marcelo.
Cena 9. Casa da
Família Bertollo – Quarto de Dorival – Noite
Ana foi até o quarto de
Dorival dar boa noite.
ANA – Boa noite,
Dorival!
DORIVAL – Boa noite,
Ana!
Ana dá um beijo no irmão
e vai em direção à porta.
DORIVAL – (gritando)
ANA!
Ana volta correndo.
ANA – O que foi,
Dorival? Tá precisando de alguma coisa?
DORIVAL – Não gosto
daquele seu namorado, Guilherme.
ANA – Ah, Dorival. Isso
é implicância sua! Agora vá dormir... Boa noite!
DORIVAL – (pensando)
Não sei, mas ele tem alguma coisa de errado. Posso não enxergar,
mas eu sinto!
Cena 10 – Favela –
Casa de Tonhão – Noite
Tonhão e Guilherme
saíram durante a noite. Catarina e Tonelada ficaram em casa.
CATARINA – Ai,
Tonelada! O Tonhão não perde essa mania de sair sem avisar!
TONELADA – Calma,
Catarina! Você já deveria estar acostumada!
CATARINA – Eu não
quero que o Guilherme vá pelo mesmo caminho e é o que tá
acontecendo...
TONELADA – Eu vou ter
uma conversa com o Guilherme. Vou protegê-lo. Pode contar comigo,
Catarina!
CATARINA – Obrigada,
Tonelada. Fico mais tranquila... mas, amanhã vou até o hospital
pegar mais uns remédios pros nervos...
TONELADA – Catarina,
você não pode ficar se medicando por conta própria! Isso faz mal!
CATARINA – Que nada! Me
deixa melhor!
TONELADA – Não sei
não. Não entendo muito disso, mas não acho certo...
Cena 11 – Casa de
Edvaldo – Quarto de Marcelo – Noite
Edvaldo vai até o quarto
de Marcelo conversar com o neto. Ele abre a porta e toma um susto.
EDVALDO – (asssustado)
Marcelo!!!
Congela na expressão de
espanto de Edvaldo.
FIM DO CAPÍTULO.
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