segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Superação - Primeiro Capítulo


Cena 1. Rua Desconhecida – Noite
Um homem misterioso olha para o relógio.
HOMEM MISTERIOSO: Chegou a hora! Hahaha

Cena 2. Favela – Casa de Tonhão – Interior – Noite
Catarina está cuidando de sua filha, ainda bebê. Tonhão, seu marido, foi preso.
CATARINA – Dorme, filhinha, dorme tranquila que mamãe tá aqui pra te proteger. Ai, meu amor, que falta você me faz!
Alguém bate na porta. Ela, com medo, vai atender.
CATARINA – Meu Deus! Quem será essa hora?
Catarina coloca a filha no berço e vai atender, assustada.
Ela mal abre a porta e um bandido invade, armado.
BANDIDO – Tá lembrada de mim, dona?
CATARINA – O que você quer? Meu marido não tá aqui, você sabe!
BANDIDO – Hahaha. Claro, essa hora deve tá virando mulherzinha na cadeia!
CATARINA – Não fala assim do Tonhão.
BANDIDO – Cala a boca! Eu falo como eu quiser! Tá querendo morrer é?
O bandido aponta a arma na cabeça de Catarina.
CATARINA – Não, por favor!
A bebê se agita e começa a chorar.
BANDIDO – Que barulho foi esse?
CATARINA – Por favor, não faça nada com minha filha!
BANDIDO – Ah, então quer dizer que essa é a filha do Tonhão? Ah, que gracinha!
CATARINA – Deixa ela em paz! Me mata, mas não faça nada com ela!
O bandido vai até o berço e pega a bebê no colo.
BANDIDO – Coisa linda! Seria uma pena se titio te deixasse cair, né? Hahaha
CATARINA – Não!!! Minha filha! Solta ela!
Catarina ameaça atacar o bandido. Ele a contém, apontando a arma na cabeça da bebê.
BANDIDO – Quietinha aí, dona! Mais um passo e eu estouro os miolos dela!
CATARINA – Não, por favor! Não faça isso! Piedade!
BANDIDO – Nada de gracinha senão eu atiro! Dá tchau pra mamãezinha aí, bebê!
O bandido sai, levando a bebê, sempre com a arma apontada em direção a ela. Catarina fica desesperada e começa a chorar.

Cena 3. Casa de Edvaldo – Interior – Sala – Noite
Edvaldo chega em casa, do serviço, cansado. Fábio, seu filho de 5 anos vem correndo.
FÁBIO – Papai! Papai!
Ele pula no colo de Edvaldo, quase o derrubando.
EDVALDO – Fábio, meu filho! Quase derruba o papai! Haha. Tudo bem?
FÁBIO – Tudo papai! Vamos brincar?
EDVALDO – Vamos, filho! Deixa só o papai descansar um pouquinho.
Nesse instante, Viviane vem do quarto correndo e se joga nos braços de Edvaldo.
VIVIANE – Já chegou, meu amor! Que saudade! Como foi seu dia? Muito trabalho?
Eles se beijam.
EDVALDO – Nem imagina como! To exausto!
VIVIANE – Ah é? Tá cansado? Então vou deixar a novidade pra amanhã, quando você tiver descansado.
EDVALDO – Novidade? Que novidade? Conta....
VIVIANE – Não, amanhã eu conto. Você tá cansado.
EDVALDO – Conta, Vivi. Você sabe como eu sou curioso. Não conseguiria dormir.
VIVIANE – Você vai ser papai! Parabéns!
Ela o beija de novo.
EDVALDO – Que brincadeira é essa? Eu já sou! Olha o Fábio aí!
VIVIANE – Bobinho! Você vai ser papai de novo! Eu to grávida!
Edvaldo leva um susto.
EDVALDO – O QUÊ??? GRÁVIDA???
VIVIANE – Que foi, meu amor? Não gostou da novidade?
EDVALDO – Viviane, você sabe que o que ganho como taxista é pouco. Mal dá pra sustentar eu, você e o Fábio. Ainda não era a hora.
VIVIANE – Não acredito que to ouvindo isso de você!
EDVALDO – Meu amor, não fica assim.
VIVIANE – Você não me ama! Tá jogando na minha cara que eu sou um encosto!
EDVALDO – Vivi, eu não falei isso...
VIVIANE – Falou sim! Eu toda feliz esperando você chegar pra contar e você fala isso.
EDVALDO – Desculpa, meu amor! Não foi isso que eu quis dizer...
VIVIANE – Você não quer outro filho? Não tá feliz?
Uma lágrima escorre do rosto de Viviane. Ela ameaça ir pro quarto. Ela a segura.
EDVALDO – Claro que eu quero! Esquece o que eu falei. To feliz sim... Vou me esforçar ainda mais no trabalho pra dar a vida que minha família merece e Deus vai ajudar!
VIVIANE – Mesmo?
EDVALDO – Claro. Foi só o impacto da novidade. Eu to muito feliz! Parabéns meu amor!
Ele a beija.

Cena 4. Paisagens da cidade – Início do dia
Nove meses depois...
LETREIRO: Porto Alegre – 1987.

Cena 5. Ponto de táxi – Exterior – Dia
Edvaldo dá risadas, em uma conversa animada com os colegas. Chega um passageiro.
PASSAGEIRO – Por favor, eu preciso de um táxi!
EDVALDO – Deixa comigo! Eu te levo! O meu táxi é aquele ali, vamos!
Edvaldo e o passageiro vão em direção ao táxi. O celular de Edvaldo toca.
EDVALDO – Um momentinho, por favor...
Edvaldo pega o celular e atende.
EDVALDO – Alô! … O quê??? … Como assim??? Calma, to indo pra aí agora mesmo!
Edvaldo corre, entra no táxi e sai, deixando o passageiro ali, sem explicações.

Cena 6. Favela – Casa de Tonhão – Interior – Dia
Batidas na porta. Catarina se assusta, lembrando do que ocorreu quase um ano atrás. Ela vai devagar, abre a porta e tem uma grande surpresa.
CATARINA – Tonhão, meu amor! Não acredito que você foi solto! Graças à Deus!
Catarina se joga nos braços de Tonhão e começa a chorar. Ele a conforta.
TONHÃO – Eu não fui solto, Catarina. Eu fugi!
Catarina se assusta com a notícia.
CATARINA – Fugiu? Você não podia ter feito isso! Agora vai se complicar!
TONHÃO - Isso não vem ao caso! E nossa filha, cadê? To louco pra ver minha menina!
Catarina começa a chorar ainda mais.
TONHÃO – Calma, Catarina! O que houve? Isso tudo é saudade?
CATARINA – A nossa filha...
TONHÃO – O que tem nossa filha, Catarina? Cadê ela?
CATARINA – Levaram! Roubaram a nossa filhinha, Tonhão! Foram eles!
TONHÂO – O QUÊ??? Quando foi isso? Vamos atrás, vamos buscar nossa filha!
CATARINA – Nove meses atrás...
TONHÃO – Nove meses? E nesse tempo todo em que foi me visitar, não falou nada???
CATARINA – Tive medo de que você fosse fazer algo e complicar mais sua situação...
TONHÃO – Isso não vai ficar assim! Eu vou dar um jeito!
CATARINA – Não, Tonhão! Não adianta...
TONHÃO – Não vai me dizer que...
CATARINA – Nossa filha se foi, Tonhão.
Tonhão abraça Catarina. Ela chora muito.

Cena 7. Casa de Edvaldo – Interior – Dia
Edvaldo entra correndo em casa. Fábio aparece.
EDVALDO – Filho, o que foi? Cadê a mamãe?
FÁBIO – Mamãe tá no quarto, dodói.
Edvaldo corre até o quarto e encontra Viviane se contorcendo de dor.
EDVALDO – Meu amor, o que houve?
VIVIANE – Aiii ainda bem que você chegou Ed! Tá na hora!
EDVALDO – Ai, meu Deus! Vamos pro hospital!
Edvaldo pega algumas roupas o mais rápido possível e leva Viviane pro hospital.

Cena 8. Favela - Casa de Tonhão – Interior – Dia
CATARINA – E foi assim... pelo que fiquei sabendo por aquela vizinha gorda lá do beco.
TONHÃO – Pobre destino teve nossa filha... Mas, Deus sabe o que faz e agora ela tá lá com Ele, como um anjinho.
CATARINA – É... Por que que tem que ser assim? Por que?
TONHÃO – Catarina, eu vou sair pra resolver algumas coisas.
CATARINA – Não, Tonhão! Não vá se meter com eles de novo!
TONHÃO – Até mais tarde, Catarina!
Tonhão dá um beijo em Catarina, pega uma arma e sai.
CATARINA – Não, Tonhão! Por favor!

Cena 9. Hospital de Clínicas – Sala de espera – Interior – Dia
Edvaldo apreensivo, andando de um lado pro outro.
EDVALDO (pensando) – Não quis mais comentar pra não magoar a Vivi, mas ainda acho que não era a hora pra termos mais um filho... Como eu vou fazer pra sustentar a família agora? A situação tá difícil...
O médico chega com expressão séria.
EDVALDO – Doutor... E então? Como foi? Nasceu? Como tá minha esposa? E meu filho? É menino ou menina?

Congela em Edvaldo apreensivo.

FIM DE CAPÍTULO.
Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário