sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Fixação - Capítulo 25
Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
SOLANO: O que você pretende fazer, especificamente?
LUANA: Como eu já disse, essa não é uma conversa para termos aqui. Vamos para um lugar mais reservado, que lá eu te conto o que eu pretendo fazer. Além do mais, eu vou precisar da sua ajuda.
(Solano e Luana saem)
Cena 2/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Interno/ Noite
(Luiza e Felipe estão sentados em um banco)
LUIZA: Desculpa o comportamento da minha mãe.
FELIPE: Não precisa pedir desculpas.
LUIZA: Mas, eu te confesso uma coisa, você se saiu muito bem, viu? Adorei a resposta que você deu na minha mãe. Arrasou.
(Cíntia se aproxima do casal)
CÍNTIA: Então, vocês estão realmente envolvidos.
LUIZA: Cíntia? O que você está fazendo aqui? Vai embora.
CÍNTIA: Embora por quê? Meus pais foram convidados para essa festa pessoalmente pelo seu irmão.
LUIZA: Isso mesmo. Você falou bem. Seus pais foram convidados. Você não estava incluída nesse convite. Se tivesse pelo menos um pingo de decência na cara, não apareceria aqui depois de tudo o que aconteceu entre a gente.
CÍNTIA: Eu não tenho culpa se você é morta o bastante para não conseguir segurar um homem.
FELIPE: Luiza, vamos sair daqui.
CÍNTIA: Isso, Luiza. Vai embora. Gente fraca é assim mesmo. Na primeira oportunidade, usa uma justificativa para fugir da raia. Obviamente, com você as coisas não seriam tão diferentes.
LUIZA: Cala a boca.
CÍNTIA: Calar? Não. Estou falando apenas verdades. Você é uma babaca, sim.
LUIZA: Vadia.
(Luiza dá um tapa na cara de Cíntia)
LUIZA: Cachorra. Nunca mais dirija a palavra a mim, vagabunda. Eu tenho nojo de você. Nojo.
(Luiza e Felipe saem)
Cena 3/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Todos estão dançando ao som de Falling Down – Oasis. Amanda e Tiago sobem a escada, parando em um dos degraus. Tiago faz um sinal para o DJ, que para a música.)
TIAGO: Atenção. Atenção. Eu queria dizer algumas coisas.
(Todos se viram para Tiago e Amanda)
TIAGO: Primeiro de tudo, eu queria agradecer a presença de cada um por estar aqui, festejando ao meu lado o momento mais importante da minha vida. Finalmente meu casamento chegou e podem ter certeza que cada um de vocês teve sua participação e sua importância na construção desse processo. Obrigado por tudo, gente.
(Todos aplaudem)
AMANDA: Eu também quero falar umas palavrinhas. Como o Tiago já disse, cada um de vocês teve importância na concretização desse casamento. Mas eu queria dedicar o meu discurso a uma pessoa especial. Uma pessoa que infelizmente não pôde vim por questões médicas, mas que sempre esteve do meu lado durante todo esse tempo, me dando o apoio necessário, o incentivo que eu precisava. Essa pessoa é a minha irmã Vera, que sempre cuidou de mim. É uma pena ela não estar aqui comigo, compartilhando esse momento de felicidade ao meu lado, mas eu a amo e sempre irei amá-la.
(Todos aplaudem. Vera, no meio dos convidados, aparece)
VERA: Estou aqui, Amanda.
AMANDA: Vera?
(Amanda desce a escada e se aproxima da irmã)
AMANDA: Vera, o que você está fazendo aqui?
VERA: Eu não podia deixar de passar esse momento contigo, minha irmã. Infelizmente, não pude assistir ao casamento, mas eu quero festejar essa celebração com você.
AMANDA: Vera, você não poderia estar aqui. Era para você estar na clínica. Os médicos te liberaram?
VERA: Não. Eu fugi. Fugi para te ver. Eu não podia deixar de te prestigiar, Amanda.
AMANDA: Você não podia fazer uma coisa dessas. Você está no meio de um tratamento que requer observação intensa, um tratamento bastante rígido. Vera, é melhor você voltar para a clínica.
VERA: Não vou fazer isso. Eu quero passar esse momento com você. É o seu casamento, Amanda.
AMANDA: Mas você está doente. Não poderia estar aqui. Por favor, Vera, pela sua saúde, volte para a clínica. Eu te imploro.
VERA: Como você pode me tratar desse jeito, Amanda? Eu fujo daquela clínica para te prestigiar e você me recebe com repúdio e rejeição?
AMANDA: Não é isso, minha irmã. Entenda. A sua saúde é o mais importante. Você não pode largar o tratamento na metade, como acabou de fazer. Você está entendendo tudo de uma maneira distorcida.
VERA: Não precisa se explicar. Eu na sou burra, Amanda. Você não me quer aqui porque você nunca se importou comigo de verdade. Você é uma falsa, Amanda. Uma falsa. Quando me jogou naquela clínica, você disse que viria me visitar todos os dias, me dar o apoio que eu precisava e cadê? Cadê você e o seu apoio? Nunca mais foi me ver. Isso porque nunca se importou comigo de verdade. Uma falsa.
AMANDA: Não é isso, Vera.
VERA: Eu sou uma idiota mesmo, de ter vindo aqui te ver. Deveria ter ficado trancafiada naquela clínica, porque, pelo menos, eu recebia atenção dos médicos e enfermeiros. Não precisa se incomodar em pedir para eu sair. Eu saio. Tchau, Amanda. Adeus.
(Vera sai e Vitor a acompanha)
AMANDA: Vera. Volta aqui, Vera. Minha irmã.
(Tiago desce a escada e abraça Amanda, que está com os olhos marejados)
TIAGO: DJ, você pode colocar uma música animada. Essa festa ainda não terminou. Dançando gente. Dançando. Vamos comemorar.
AMANDA: Ai, Tiago. Fiquei tão desolada agora.
TIAGO: Se você quiser se deitar, eu irei entender. Só não vou ficar com você, pois tenho que atender os convidados.
AMANDA: Não vou me deitar, não. Só quero um calmante.
TIAGO: Tem um no escritório do papai? Eu vou pegar um para você.
AMANDA: Não precisa. Eu mesma pego.
(Amanda sai)
Cena 4/ Mansão Bertolin/ Corredor/ Interno/ Noite
(Celso e Lara passam pelo corredor)
LARA: Amor, eu fiquei com vontade de ir ao banheiro agora.
CELSO: Entra aqui no quarto da mamãe. É uma suíte.
LARA: Você tem certeza? Seus pais têm cara de que não gostam que entrem no quarto deles.
CELSO: Nesse ponto, você tem razão. Eles não gostam. Mas não se preocupe. Eles estão lá embaixo. Nem vão saber que você entrou para usar o banheiro. Fique a vontade.
LARA: Está certo, então.
(Lara sai do corredor, entrando no quarto de Marta e Caio)
Cena 5/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta e Caio/ Interno/ Noite
(Lara entra e dá uma olhada no quarto. Ela vê uma foto em cima do criado mudo e fica intrigada)
LARA: Essa foto, esse homem da foto. É o meu pai. O homem dessa foto é o meu pai. Mas porque o seu Caio tem uma foto do meu pai no criado mudo dele?
Cena 6/ Mansão Bertolin/ Escritório/ Interno/ Noite
SOLANO: Matar a Amanda? Como você vai matar a Amanda hoje, Luana?
LUANA: Eu soube que o Alexandre resolveu fazer uma espécie de jantar romântico para a Amanda ainda hoje no cais do Lucrécio. Quer oportunidade melhor do que essa para acabar com a vida da Amanda de uma vez por todas?
SOLANO: Não sei se essa é uma boa idéia. Parece ser muito arriscada. Não seria melhor a gente desistir da família Bertolin? Devem existir tantos alvos melhores por aí para a gente aplicar um golpe.
LUANA: Eu já disse que não, Solano. Desistir é um verbo que não faz parte do meu vocabulário, sem falar que eu não forjei acidente de moto ou coisa pior do que isso para parar no meio do caminho. Eu vou até o fim.
(Do lado de fora do escritório, Amanda ouve cochichos, para na frente do escritório e espicha seu ouvido em direção à porta do lugar.)
AMANDA: Luana e Solano?
(Dentro do escritório, Luana e Solano continuam a conversar)
SOLANO: Você tem certeza?
LUANA: Absoluta. Eu vim para esse fim de mundo disposta a aplicar um golpe na família mais rica da cidade. Eu não me aproximei desse povinho de merda à toa. Eu vim para dar um golpe na família Bertolin e é isso que eu vou fazer.
(Amanda, enfurecida, entra na sala)
AMANDA: Vagabunda. Você não vale nada, Luana.
LUANA: Amanda?
Cena 7/ Mansão Bertolin/ Corredor/ Interno/ Noite
(Celso está encostado na parede. Lara entra no lugar desesperada)
LARA: Celso, você não vai acreditar no que eu encontrei no quarto dos seus pais.
CELSO: O quê?
LARA: Olhe você mesmo.
(Lara mostra a foto de Josivaldo quando jovem para Celso)
LARA: Eu encontrei essa foto em cima do criado mudo. Esse homem é o meu pai quando jovem. Isso prova que o seu Caio conhece o meu pai, senão ele não teria guardado uma foto dele.
CELSO: Estranho. Eu perguntei ao meu pai se ele conhecia o Josivaldo e ele disse que não. Por que ele mentiu para mim?
LARA: Não sei, meu amor.
CELSO: Mas eu vou descobrir isso agora.
Cena 8/ Mansão Bertolin/ Escritório/ Interno/ Noite
AMANDA: Vadia. Você não vale nada, sua cachorra. E eu e o Tiago confiamos tanto você. Para quê? Para você aplicar um golpe em cima da gente.
LUANA: Você se confundiu. Ninguém aqui falou em aplicar golpe.
(Amanda dá um tapa em Luana)
AMANDA: Não seja cínica, sua ordinária. Então, tudo era falsidade, fingimento. Você se aproximou dessa família de caso pensado, não foi? Tudo já tinha sido arquitetado por você. Cretina. Bandida ordinária.
LUANA: Dona Amanda, a senhora entendeu tudo errado.
AMANDA: Não mencione meu nome nessa sua boca suja. Eu não vou deixar você aplicar golpe nenhum, sua marginal. Não vou.
LUANA: A senhora está...
(Amanda dá mais dois tapas na cara de Luana)
AMANDA: Cala a merda dessa boca.
(Amanda sai)
SOLANO: Ela vai nos desmascarar.
LUANA: Ela não pode fazer isso. Nós devemos impedir que a Amanda chegue perto do Tiago.
(Luana e Solano saem)
Cena 9/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Marta e Caio estão sentados. Celso e Lara se aproximam do casal)
CELSO: Pai, eu preciso falar com o senhor.
CAIO: Pode falar.
CELSO: Eu prefiro que seja uma conversa particular.
MARTA: Nada disso. Celso, eu sou sua mãe e Caio, eu sou sua esposa. Tenho todo o direito de participar dessa conversa e saber o que está acontecendo.
CAIO: Sua mãe está certa, Caio. Eu não escondo segredos da Marta. O que tem a dizer, você pode falar agora.
CELSO: Se o senhor prefere assim. Houve um dia em que eu perguntei ao senhor se o senhor conhecia o Josivaldo, pai da Lara, e o senhor disse que não. Por que você mentiu para mim, pai?
CAIO: Mas eu não menti. Eu não conheci nenhum Josivaldo.
CELSO: Pois bem. A Lara encontrou uma foto do Josivaldo jovem no seu criado mudo, ou seja, uma prova concretíssima de que o senhor conhecia sim o Josivaldo.
CAIO: Uma foto do Josivaldo no meu criado mudo?
CELSO: Sim. Essa.
(Celso mostra a foto para Caio)
MARTA: Filho, você está fazendo uma grande confusão. Esse rapaz...
CAIO: Não se intrometa nessa história, Marta. Filho, eu confesso que menti. Eu realmente conhecia o Josivaldo, mas eu acabei mentindo porque eu não me achava a pessoa adequada para dizer a Lara quem era o pai dela. No caso, o Lucrécio, que fez sociedade com ele, tinha mais chances de ser essa pessoa, como na verdade foi.
CELSO: E quanto a foto? Por que o senhor tem uma foto do Josivaldo guardada no seu criado mudo, pai?
MARTA: Josivaldo? Eu não estou entendendo nada. O que está acontecendo?
CAIO: Justamente por você não estar entendendo nada que você não deve se intrometer nessa história, Marta. Bom, Celso, quanto a foto, eu também tenho uma explicação.
CELSO: Então, explique.
CAIO: Eu e o Josivaldo éramos amigos de infância. Fomos criados juntos, praticamente na mesma casa. Eu o considerava como o irmão que eu nunca tive. Essa foto dele jovem que eu tenho no meu criado mudo é apenas uma lembrança dos bons tempos de amizade que eu tinha antes de ele se transformar no homem que se tornou.
LARA: Um ladrão.
CAIO: Isso mesmo, Lara. Um ladrão. E se você acha que eu estou mentindo, Celso, pergunte a sua mãe. Ela vai poder confirmar a história que eu estou te contando agora, não é Marta?
(Marta olha para Caio e fica pensativa. Pequena pausa)
MARTA: Sim, Celso. Seu pai está falando a verdade.
CELSO: E precisava ficar contando mentiras, pai? Porque não nos disse essa história desde o início?
CAIO: Eu já disse. Eu não me senti a pessoa mais certa para contar a vocês quem era o Josivaldo. Por isso eu menti. Para que vocês não insistissem nesse assunto comigo. Mas agora vocês já sabem tudo o que aconteceu. O Lucrécio contou a história para vocês e eu também.
CELSO: Tudo bem, pai. Pegue a sua foto.
CAIO: Desculpe minhas mentiras, Lara.
LARA: Tudo bem, seu Caio. Está desculpado. Vamos dançar, Celso? Eu quero esquecer esse contratempo.
CELSO: Vamos.
(Celso e Lara saem)
MARTA: Josivaldo? Que Josivaldo é esse, Caio? Pelo que eu saiba, esse rapaz da foto é você quando tinha 23 anos.
CAIO: Eu vou te contar a verdade, Marta. A verdade que eu venho escondendo do Celso e da Lara. Vamos para o quarto.
(Marta e Caio sobem a escada)
Cena 10/ Mansão Bertolin/ Corredor/ Interno/ Noite
(Solano entra com dois garotos)
GAROTO 1: O que o senhor quer com a gente?
GAROTO 2: É. Quem é o senhor?
SOLANO: O que menos importa nesse momento é o meu nome. Eu quero que vocês façam um favor para mim.
GAROTO 2: Que tipo de favor?
GAROTO 1: E que iremos ganhar em troca?
SOLANO: Tão pequenos e tão espertos. Podemos dizer que eu vou dar uma ajudinha extra para vocês acrescentarem na mesada que vocês ganham todo começo de mês.
GAROTO 1: E o que iremos fazer?
SOLANO: Você (apontando para o garoto 1) vai dizer a Amanda que o Tiago foi para o cais do Lucrécio. E você (apontando para o garoto 2) vai dizer ao Tiago que a Amanda está na cozinha.
GAROTO 2: Mas assim ele vão se desencontrar.
SOLANO: E daí? Em troca desse pequeno favor, vocês vão ganhar uma bela recompensa.
(Solano mostra aos garotos um punhado de dinheiro)
Cena 11/ Mansão Bertolin/ Quarto de Luiza/ Interno/ Noite
(Luiza e Felipe entram)
FELIPE: Você está bem?
LUIZA: Estou ótima. Quem está ruim mesmo é a Cíntia. Viu os tapas que eu dei naquela desgraçada?
FELIPE: Belos tapas, por sinal.
LUIZA: Eu sei. Garota insolente, não tem um pingo de vergonha na cara. Onde já se viu aparecer na minha cara depois de tudo o que aconteceu? Mereceu mesmo...
(Luiza sente um enjôo e corre para o banheiro)
FELIPE: Luiza. Luiza, você está bem?
(Luiza sai do banheiro, voltando para o quarto)
FELIPE: Você está bem?
LUIZA: Acabei de vomitar. Acho que comi algo estragado.
Cena 12/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Luana abre a geladeira. Tiago entra)
TIAGO: Luana.
LUANA: Ai, Tiago, que susto.
TIAGO: Desculpa. Não foi a minha intenção. Você viu a Amanda?
LUANA: A dona Amanda? Não, não a vi.
TIAGO: Estranho. Um garoto me avisou que ela estava aqui.
LUANA: Então, ele se enganou, pois eu não vi a Amanda aqui.
TIAGO: E você lembra o que eu te disse quando eu te convidei para o meu casamento?
LUANA: Que no dia do casamento, no caso hoje, eu não deveria aparecer na cozinha em hipótese alguma?
TIAGO: Isso mesmo.
LUANA: Desculpe. Acho que meu lado ‘cozinheira’ acabou falando mais alto. Bom, só vim mesmo para pegar um pouco de água.
(Solano aparece atrás de Tiago, com um pano na mão)
LUANA: Já estou saindo. Até mais, Tiago.
(Solano, por trás de Tiago, coloca o pano no nariz do rapaz. Tiago cai no chão desmaiado. Luana e Solano saem carregando o corpo do rapaz)
Cena 13/ Mansão Bertolin/ Jardim/Interno/ Noite
(Amanda entra e é abordada por um garoto)
GAROTO: Com licença. Dona Amanda?
AMANDA: Sou eu mesma.
GAROTO: Seu Tiago mandou avisar que está esperando a senhora no cais do Doutor Lucrécio.
AMANDA: Sério isso?
GAROTO: Sim. Ele mesmo que pediu para que eu avisasse a senhora.
AMANDA: Obrigada pelo aviso.
(Amanda caminha em direção ao portão da mansão e sai. Luana e Solano aparecem)
LUANA: Ótimo. Já deixamos o Tiago desacordado no meio dos arbustos do jardim lá detrás da casa. Agora, vamos direto ao cais. Temos que chegar lá antes da Amanda.
SOLANO: Mas vamos como?
LUANA: De moto. Ela está estacionada aqui na garagem da mansão.
Cena 14/ Cais/ Interno/ Noite
(Mesa romântica ao centro. Lucrécio circula pela mesa)
LUCRÉCIO: Pronto. Tudo certo.
(Lucrécio sai, deixando seu celular na mesa)
Cena 15/ Cais/ Externo/ Rua/ Noite
(Luana e Solano chegam. Eles param a moto no fim da rua e vêem Lucrécio, de carro, sair do local.)
LUANA: Ótimo. O Lucrécio saiu. Agora, é só esperar a idiota da Amanda chegar.
SOLANO: Essa sua fantasia de mulher gato te valorizou de um jeito.
LUANA: Sem safadezas. Precisei trocar de fantasia para que ninguém me reconheça, caso alguém chegue a assistir a gente matando a Amanda.
SOLANO: Isso não vai acontecer. A cidade inteira está concentrada na festa de casamento do Tiago.
(Amanda posiciona o carro na frente do cais e entra)
LUANA: Pronto. Ela chegou. Hora de agir.
Cena 16/ Mansão Bertolin/ Quarto de Marta e Caio/ Interno/ Noite
(Marta e Caio entram)
MARTA: Vai poder me explicar essa história de Josivaldo?
CAIO: Josivaldo é o pai da Lara que ela veio procurar.
MARTA: Isso eu sei. Eu só não entendi porque ela achou que a foto que encontrou no criado mudo é o pai dela, afinal o homem da foto é você.
CAIO: Marta, antes de tudo, eu...
MARTA: Espera aí. Você é o pai da Lara, Caio?
CAIO: Marta, eu quero te explicar que...
MARTA: Responde. Você é o pai da Lara?
CAIO: Sou sim, Marta. Eu sou o pai da Lara. Eu sou o Josivaldo.
MARTA: O quê?
Cena 17/ Mansão Amorim/ Sala/ Interno/ Noite
(Vitor e Vera entram. Eles vêem Mirna e, ao lado dela, a equipe da clínica)
VERA: O que é isso? O que eles estão fazendo aqui?
MIRNA: Eles vieram buscar a senhora, dona Vera. Vieram levá-la de volta para a clínica.
Cena 18/ Cais/ Interno/Noite
(Amanda entra e vê a mesa romântica.)
AMANDA: Tiago? Você está aí? Tiago, cadê você?
(Luana, fantasiada de mulher gato, e Solano entram no local. Luana se posiciona atrás de Amanda e Solano se esconde atrás de uma árvore)
LUANA: O Tiago não está aqui.
(Amanda vira-se para Luana)
AMANDA: Essa voz. Eu conheço essa voz. Luana?
LUANA: Acertou em cheio.
AMANDA: O que você está fazendo aqui?
LUANA: Ainda não percebeu a jogada, Amanda? Como ela é ingênua. Só estamos nós duas nesse cais.
AMANDA: Eu não vou ficar aqui com você, sua bandida.
LUANA: Calma, Amanda. Vamos conversar.
AMANDA: Eu não tenho nada para falar com você, sua marginal. O que eu poderia ter dito, eu já disse. Eu vou te desmascarar e impedir que você aplique um golpe na família Bertolin.
LUANA: E você acha que eu vou deixar você destruir meu plano? Eu fiz cada coisa para eu se aproximar daquela merda de família que você não é capaz de imaginar. Coisas que nenhuma pessoa normal faria. Eu não me arrisquei tanto para, no fim das contas, ver meu plano destruído por uma inútil imbecil como você.
AMANDA: Chega. Eu contei tanta coisa da minha vida para você. A dona Marta sempre teve razão a respeito do seu caráter. Uma pilantrinha de quinta. Mas eu vou acabar com tua festa, Luana. Você não me intimida. Com licença.
LUANA: Pensa que vai para onde?
AMANDA: Vou encontrar o Tiago e mostrar tua verdadeira face para todos daquela festa. Eu vou destruir seu plano, vou te desmascarar.
(Amanda caminha e Luana saca um revólver)
LUANA (apontando o revólver para Amanda): Eu acho que não. Mais um passo e eu atiro no meio do teu coração.
(Luana encara Amanda, que gela)
Cena 19/ Carro de Lucrécio/ Interno/ Noite
LUCRÉCIO: Preciso ligar para o Alexandre.
(Lucrécio mexe nos bolsos a procura do celular)
LUCRÉCIO: Cadê meu celular?
(pausa)
LUCRÉCIO: Lembrei. Esqueci no cais em cima da mesa romântica. Vou ter que voltar.
(Lucrécio faz o retorno)
Cena 20/ Cais/ Interno/ Noite
AMANDA: Luana, não toma nenhuma atitude precipitada.
LUANA: Eu vou matar você.
AMANDA: Luana, se você fizer isso, você vai parar na cadeia e presa, eu tenho certeza que você não vai conseguir aplicar seu golpe na família Bertolin.
LUANA: Deixa de ser patética, garota. Você está se borrando de medo, não está?
AMANDA: Eu não vou ficar aqui parada. Quero ver se você consegue atirar em mim enquanto eu estiver correndo.
(Amanda corre, mas é surpreendida por Solano, que a segura)
AMANDA: Larga meu braço.
LUANA: Você poderia ser mais comedida, Amanda.
AMANDA: Luana, piedade, por favor.
SOLANO: Piedade?
(Solano e Luana riem)
LUANA: Piedade de você é algo que nunca terei.
AMANDA: VAGABUNDA!
LUANA: Eu sinto muito, Amanda, mas hoje é teu fim. Agora, mais especificamente.
(Luana atira em Amanda, que cai)
AMANDA: Você atirou em mim. Assassina. Assassina.
(Luana dá mais dois tiros em Amanda, que morre com os olhos marejados)
LUANA: The end.
(Luana assopra o bico do revólver e olha fixamente para Amanda, morta e ensangüentada)
(Congela em Amanda. Créditos sem música)
0 comentários:
Postar um comentário