sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Fixação - Capítulo 30
Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Luana se afasta de Tiago)
TIAGO: Desculpe. Eu não sei o que deu em mim.
LUANA: Não precisa se desculpar, Tiago.
TIAGO: Claro que preciso. Eu insisti nesse beijo.
LUANA: Bom, vamos esquecer que isso aconteceu. Tem certeza que não vai querer nada?
TIAGO: Tenho sim. Estou bem. E desculpa mais uma vez pelo o ocorrido.
LUANA: Tudo bem. Sem problemas. Com licença. Vou voltar para o almoço.
(Luana vira-se de costas para Tiago e sai em direção a cozinha. Ela dá um sorriso vencedor, discretamente)
Cena 2/ Hospital/ Sala do médico/ Interno/ Dia
(Luiza e Felipe entram. Eles sentam-se nas poltronas, ficando de frente ao médico)
LUIZA: Bom, doutor, agora que o Felipe está aqui, o senhor pode abrir o exame e dar o resultado.
MÉDICO (abrindo o envelope do exame): Pelo seu comportamento, Luiza, eu creio que esse não será um resultado satisfatório.
LUIZA: Seja objetivo, doutor.
(Felipe segura firmemente a mão de Luiza)
MÉDICO: Você está grávida, Luiza.
LUIZA: Ai não. Não pode ser. O que vai ser de mim agora, Felipe? O quê?
FELIPE: Calma.
(Felipe abraça Luiza, que chora)
Cena 3/ Penitenciária/ Cela de Alexandre/ Interno/ Dia
(Estão Alexandre e mais dois detentos na cela. Um deles se aproxima de Alexandre)
TONHÃO: Desde que você chegou, não falou nenhuma palavra.
ALEXANDRE: Não tenho nada para falar.
TONHÃO: Claro que tem. O que aconteceu para você parar aqui? Você traficou drogas? Bateu na companheira?
ALEXANDRE: Fui acusado de um assassinato injustamente.
TONHÃO: Injustamente? Conta outra, meu irmão. Ninguém está aqui injustamente.
ALEXANDRE: Mas eu estou. Armaram para cima de mim. Enquanto eu estou aqui, a verdadeira assassina está solta por aí, fazendo mal às pessoas. Mas isso não vai ficar assim, cara. Eu vou me vingar da pessoa que fez isso comigo. Eu vou me vingar da Luana.
Cena 4/ Praça/ Interno/ Dia
(Luiza e Felipe estão sentados)
LUIZA: E agora, Felipe? O que eu vou fazer da minha vida?
FELIPE: Calma Luiza. Você ainda está em choque por causa do resultado, mas isso não é nenhum fim do mundo.
LUIZA: Como não é o fim do mundo? Minha família inteira vai me atacar quando souber dessa gravidez. Minha mãe vai ficar tão revoltada.
FELIPE: Se eles te amam de verdade, eles irão te dar o apoio que você precisa. E eu não vou deixar você enfrentar essa barra sozinha. Conta comigo para o que precisar.
LUIZA: Obrigada por estar sempre do meu lado, Felipe.
FELIPE: O que você precisa fazer é agora é contar ao Vitor que ele será pai.
LUIZA: Eu não vou fazer isso.
FELIPE: Como não vai? Luiza, você não gerou essa criança sozinha. O Vitor tem uma expressiva parcela nisso tudo. Só me pergunto como você não obrigou o Vitor a usar preservativo na sua primeira relação.
LUIZA: Ele usou. Por isso que não sei como essa gravidez foi acontecer. Acho que no fim das contas, a camisinha acabou furando.
FELIPE: Apesar de tudo, ele precisa saber que você está grávida e assumir essa responsabilidade.
LUIZA: Eu sei como é o Vitor. Ele não vai querer se responsabilizar com essa história.
FELIPE: Ele tem a obrigação de assumir essa responsabilidade, da mesma forma que você tem a obrigação de anunciar a ele a sua gravidez.
Cena 5/ Casa de Raimunda/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Raimunda está pondo o almoço na mesa. Solano entra)
SOLANO: Dona Raimunda, eu acabei de falar com a Luana. Infelizmente, ela não poderá comparecer ao nosso jantar de amanhã.
RAIMUNDA: Uma pena. Afinal, a Luana te ajudou bastante a se adaptar aqui em Dourados.
SOLANO: Assim como a senhora. Parece que a dona Marta não a liberou. Só serão apenas nós dois mesmo.
RAIMUNDA: Solano, eu estive pensando em convidar o Lucrécio para o seu jantar. Ele é meu namorado e, por isso, queria que ele ficasse ao meu lado. Você se importa?
SOLANO: Ah, o Lucrécio. Claro que não me importo. Pode ficar a vontade. A senhora pretende convidá-lo em que horas?
RAIMUNDA: No início da noite, eu ligarei para ele fazendo o convite. É a hora que ele sai do cais.
SOLANO: Certo. Pode convidá-lo sim, dona Raimunda. O Lucrécio será bem vindo ao meu jantar.
(Raimunda sorri para Solano, que revida o sorriso)
Cena 6/ Clínica de Tratamento/ Recepção/ Interno/ Dia
(Estão Vitor e dois enfermeiros conversando em círculo)
VITOR: Como assim eu não poderei mais visitar a minha mãe? Isso é um absurdo. Ela precisa de mim e das minhas visitas. Elas fazem bem a ela.
ENFERMEIRO 1: É aí que você se engana. Nesses dias que você veio visitá-la com mais freqüência, eu notei certo desânimo na dona Vera. Eu até diria deprimência.
ENFERMEIRO 2: Verdade. E esse desânimo só faz mal para o tratamento. Dona Vera não para de chorar e a depressão parece que só aumenta, apesar da medicação controlada. Concluímos que isso só pode ser efeito das suas visitas.
VITOR: Isso é inadmissível. Uma clínica não pode fazer isso. Não pode proibir o filho de visitar a mãe doente.
ENFERMEIRO 1: Claro que pode. Quando o visitante representa uma ameaça para a paciente, é permitido que uma clínica proíba visitas.
VITOR: Eu não sou uma ameaça. Eu sou o filho dela. Minha mãe vai ficar muito sentida com a falta das minhas visitas.
ENFERMEIRO 2: Eu sinto muito, mas isso já foi decidido. A partir de hoje, suas visitas para a dona Vera serão suspensas, até segunda ordem. Com licença.
ENFERMEIRO 1: Queira se retirar, por favor. Ou então chamarei o segurança.
VITOR: Isso é um absurdo. Essa clínica de merda vai me pagar por esse descaso. Vai me pagar.
(O segurança entra e segura Vitor, que é levado para fora da clínica)
Cena 7/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Royals – Lorde)
Cena 8/ Mansão Bertolin/ Quartinho de Luana/ Interno/ Noite
(Luana está com o celular ao ouvido)
LUANA: Calma, Solano, esse desespero não é necessário. Eu entendi. Você sabe dizer se tia Raimunda já convidou o Lucrécio?
SOLANO (do outro lado da linha): Parece que não.
LUANA: Ótimo. Tenta impedir que tia Raimunda fale com ele até o fim da noite. Eu vou dar o meu jeito para que o Solano recuse o convite dela.
SOLANO: Faça isso rápido.
LUANA: Não se preocupe. Já tenho uma idéia em mente. Mas sabe que foi até bom a tia Raimunda querer convidar o Lucrécio? Porque quando ele recusar o convite, a tia Raimunda vai achar que ele fez isso em prol de algo realmente importante e a coitada vai acabar tomando um choque quando vê-lo entrar em um motel.
Cena 9/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Marta, Lara, Celso, Tiago e Caio estão sentados no sofá)
MARTA: Celso, ainda bem que você resolveu jantar conosco esta noite. Estou mesmo precisando falar com você.
CELSO: Pode dizer.
MARTA: Ludmila falou comigo hoje por telefone.
CELSO: Não quero saber. Lara, vamos passear um pouco pela cidade?
LARA: Vamos sim
MARTA: Celso, mas é importante.
CELSO: Já disse que não quero saber. A Ludmila não me interessa mais.
MARTA: Ludmila está voltando para o Brasil.
CELSO: Como é?
MARTA: É isso mesmo que você ouviu. Ludmila está voltando para o Brasil, especificamente para Dourados.
CELSO: Por que isso? Foi a senhora que a chamou de volta para cá, não é?
MARTA: Não diga um absurdo desses.
CELSO: Eu sei que foi, mas saiba que a mulher da minha vida é a Lara e é com ela que eu vou ficar para sempre, independentemente da Ludmila estiver aqui ou no inferno. Lara, vamos passear um pouco, arejar.
LARA: Claro.
CELSO: Com licença.
(Lara e Celso saem)
CAIO: Eu sabia que isso ia dar confusão.
TIAGO: Por que vocês estão tocando tanto no nome da Ludmila? Vocês esqueceram o quanto ela fez o Celso infeliz?
CAIO: Marta, acho que precisamos conversar. Vamos para o nosso quarto.
(Marta e Caio sobem a escada. Tiago fica sentado sozinho e Luana entra, vestida como Amanda)
LUANA: Vi que te deixaram sozinho. Decidi te fazer companhia.
TIAGO: Obrigado pela consideração.
LUANA: Tiago, você precisa fazer alguma coisa, você precisa se reerguer desse baque.
TIAGO: Ainda não consigo. A Amanda foi muito importante para mim. A ficha ainda não caiu que ela se foi.
LUANA: Eu sei que é difícil, mas temos que ser fortes. (pegando na mão de Tiago): Eu sempre estarei aqui para te dar força e conforto, quando precisar.
TIAGO: Obrigado Luana
(Luana abraça Tiago)
TIAGO: Seu cheiro. Está me lembrando a Amanda novamente.
LUANA: É um perfume que dona Amanda me recomendou.
TIAGO: Deve ser o mesmo que ela costumava usar. Eu não sei o que está dando em mim, mas eu não consigo.
LUANA: Consegue o quê?
TIAGO: Resistir a isso.
(Tiago beija Luana. Luiza desce a escada e vê o casal se beijando)
LUIZA: Mas o que significa isso?
(Tiago e Luana viram-se para Luiza)
TIAGO: Luiza?
LUIZA: Você pode me explicar que cena deprimente é essa, Tiago?
(Congela em Tiago. Toca Be Like That – 3 Doors Down)
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