quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Fixação - Capítulo 39
Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Dia
TIAGO: A senhora não pode decidir as coisas por mim, mãe. Eu irei me casar com a Luana, sim, e isso ninguém irá mudar.
MARTA: Eu não admito esse casamento. Tiago, isso é um golpe da Luana. Ela não está grávida coisa nenhuma e mesmo se estiver, você não é obrigado a se casar com ela para assumir esse filho.
TIAGO: Está decidido, mãe. Eu irei me casar com a Luana. Ela está esperando um filho meu e não irei deixá-la desamparada.
MARTA: Essa vagabunda conseguiu o que quer, não é, Luana?
TIAGO: Não fale assim com ela.
MARTA: Eu não vou deixar esse casamento acontecer. Isso é um absurdo, um golpe.
TIAGO: Luana, é melhor a gente almoçar em outro lugar. O clima dessa casa está muito ruim.
CAIO: Não, Tiago. Por favor, fique aqui conosco. Eu preciso fazer um pronunciamento e a presença de todos é muito importante.
TIAGO: Se a mamãe não jogar nenhuma insinuação para cima da Luana, eu fico.
CAIO: Ela não irá fazer isso, não é, Marta?
MARTA: Não conte tanto com isso.
CAIO: Marta, a presença de todos é importante para mim.
MARTA: Você sabe o que eu penso a respeito desse pronunciamento estúpido.
TIAGO: Não precisa ficar discutindo pela minha presença. Eu fico e a Luana também. Ela sentará à mesa conosco.
MARTA: De jeito nenhum. Essa vaca ordinária não senta na mesma mesa que eu.
CAIO: Tiago, a Luana é nossa cozinheira. Não é porque você a engravidou que ela deixará de ser. Quando vocês se casarem, nós conversaremos a respeito da condição da Luana nessa casa. Enquanto isso, ela fica na cozinha. E por favor, não me venha com ameaças.
LUANA: Seu pai está certo, Tiago. Eu voltarei para a cozinha. Esse deve ser um assunto de família e eu ainda não faço parte dela. Com licença.
(Luana sai. Tiago senta-se)
TIAGO: Ok. Estou sentado. Pode começar esse pronunciamento, já que todos estão presentes.
Cena 2/ Clínica de Tratamento/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Vera está sentada na cama. Um enfermeiro entra)
ENFERMEIRO: Bom dia, dona Vera. Como está se sentindo?
VERA: Bom dia. Estou me achando bem melhor.
ENFERMEIRO: Isso é um bom sinal.
VERA: Veio me dar outro medicamento?
ENFERMEIRO: Não. Vim te dar uma notícia, Vera. Uma noticia que eu acho que você irá gostar.
VERA: Então, conte logo. Que notícia é essa?
ENFERMEIRO: A equipe médica avaliou os últimos exames que você fez e foi constatado uma melhora significativa no seu tratamento.
VERA: E isso significa?
ENFERMEIRO: Significa que daqui a alguns dias, você receberá alta. Está pronta para voltar para casa, dona Vera.
VERA: Você está falando sério?
ENFERMEIRO: Claro que sim. Em breve, você sairá daqui.
Cena 3/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Dia
(Todos sentados à mesa, exceto Caio, que está em pé)
CAIO: Antes de qualquer coisa, eu queria dizer algumas palavras. Melhor dizendo, quero pedir desculpas. Pedir desculpas especialmente para a Lara.
LARA: Pedir desculpas para mim? Por quê?
CAIO: Eu menti para você, Lara.
LARA: Mentiu? Do que o senhor está falando?
CAIO: Eu sei que você veio à Dourados em busca de informações sobre o seu pai, o Josivaldo. O problema é que eu menti para você a respeito de tudo isso.
LARA: Seu Caio, se você está falando daquela foto que eu encontrei no seu criado mudo, já está tudo bem. O senhor me explicou direitinho e eu entendi.
CAIO: Aquela explicação é uma mentira, Lara. Aquele homem da foto não é o Josivaldo, quando jovem. O homem daquela foto sou eu.
LARA: O quê?
CAIO: A verdade é que seu pai nunca foi um ladrão. Ele nunca fez sociedade com o Lucrécio na construção daquele cais. Eu pedi par ao Lucrécio inventar uma história para você, pois eu sabia que você e o Celso iriam procurá-lo.
LARA: Você está querendo me dizer que...
CAIO: Eu sou o Josivaldo, Lara. Eu sou o seu pai.
LARA: Isso não pode ser verdade.
CELSO: É verdade, Lara. Nós somos irmãos.
LARA: Você sabia?
CELSO: Eu descobri isso ontem. Para falar a verdade, eu convenci o meu pai de fazer essa reunião e contar a verdade. Eles sabiam disso a muito mais tempo do que eu.
LARA: O quê? Vocês sabiam da verdade e mesmo assim ficaram calados, permitiram que eu me envolvesse com o meu próprio irmão?
MARTA: Isso não é verdade.
CELSO: Meus pais preferiram pagar a Ludmila para me reconquistar do que contar a verdade.
LARA: Por que vocês fizeram isso? Por que decidiram esconder isso de mim? Teria poupado tantos erros se tivessem falado a verdade desde o inicio.
CAIO: Lara, eu confesso que não sabia da sua existência. Foi um choque para mim, saber que eu tinha uma filha. Era algo que eu não esperava. E eu fiquei com medo disso tudo.
LARA: Medo?
CAIO: Não tive coragem para te falar a verdade, eu não estava sabendo o que fazer com essa novidade. Perdão, minha filha.
MARTA: Filha.
(Marta solta uma gargalhada)
LARA: Por que está rindo?
MARTA: Garota, o Caio nunca te considerou como uma filha. Quando ele soube disso, ele preferiu manchar a sua imagem para afastá-la do Celso.
LARA: Manchar a minha imagem? Como assim?
MARTA: Ele afirmou que você era uma pilantra, uma golpista interesseira, para fazer com que o Celso se afastasse de você. Se você é homem de verdade, Caio, fala a verdade, fale que você realmente fez isso com a sua própria filha, manchou a imagem dela.
LARA: Isso é verdade?
CAIO: Infelizmente, sim.
MARTA: Infelizmente? Deixe de hipocrisia, Caio. Você praticamente apunhalou a menina pelas costas e agora quer dar uma de santo?
CAIO: Não me venha com ironias, Marta. Quando eu te contei que a Lara é minha filha, você teve a idéia de tirar a Ludmila dos Estados Unidos e pagá-la para reconquistar o Celso e separá-lo da Lara. Poderia ter me sugerido para falar a verdade, mas você preferiu praticar algo mais sujo ainda.
LARA: Por que a senhora fez isso, dona Marta?
MARTA: Porque eu não sou obrigada a aturar uma bastardinha na minha vida.
CELSO: Não fale assim da Lara, mãe.
MARTA: Bastardinha, sim.
LARA: Eu já ouvi o bastante. Eu que não sou obrigada a passar por uma situação ridícula como essa.
CAIO: Perdão, minha filha.
LARA: Não me chame de filha. Você não é nada meu, muito menos pai.
(Lara sobe a escada)
Cena 4/ Mansão Bertolin/ Quartinho de Luana/ Interno/ Dia
(Luana está sentada na cama, com o telefone ao ouvido)
LUANA: Irei me casar com o Tiago. Eu sabia que o meu plano da falsa gravidez irá dar certo.
SOLANO (do outro lado da linha): Pura inteligência.
LUANA: Isso mesmo. Agora, é só esperar o dia do casamento, Solano. Nosso golpe vai dar certo. Pode ter certeza disso.
(Luana ri maliciosamente)
Cena 5/ Mansão Bertolin/ Quarto de Celso/ Interno/ Dia
(Lara está arrumando as malas. Celso entra)
CELSO: Lara, nós precisamos conversar.
LARA: Sobre o quê? Sobre o fato de sermos irmãos?
CELSO: Eu também fui pego de surpresa. Lara, você sabe que eu nunca seria capaz de ter algum tipo de relacionamento se eu soubesse do nosso parentesco.
LARA: Eu acredito em você, Tiago. Até cinco minutos atrás, eu não me sentia enojada por um dia ter tido alguma coisa com você.
CELSO: Enojada?
LARA: Nunca esteve nos meus planos beijar e transar com o meu irmão.
CELSO: Lara, eu sinto muito por tudo ter acontecido dessa maneira. Eu queria ter um futuro com você.
(Lara fecha a mala)
LARA: Não sei se foi bom ou ruim ter te conhecido, mas o que eu sei agora é que não teremos mais nada, nem vínculo nenhum. Eu quero esquecer esse almoço. Eu quero esquecer essa família. Eu quero esquecer você, Celso.
CELSO: Lara, as coisas não podem acabar desse jeito. Eu sei que é um baque muito grande descobrir que nós, irmãos, estávamos namorando, mas não podemos virar as costas para o que aconteceu.
LARA: Adeus, Celso. Eu espero nunca mais te ver. Nunca mais mesmo.
(Lara sai do quarto, carregando suas malas)
Cena 6/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Lara desce a escada. Marta entra)
MARTA: Já está indo?
LARA: Claro que sim. Eu quero esquecer tudo o que aconteceu.
MARTA: Já vai tarde, bastarda.
LARA: Bastarda? Se olhe no espelho, dona Marta. Uma mulher frustrada se achando no direito de pisar em mim. Isso soa tão estúpido.
MARTA: Fique bem longe da minha família, garota.
LARA: Eu ficarei, dona Marta. Agora, eu não sei se a sua família vai agüentar ficar longe de mim.
(Lara sai)
Cena 7/ Mansão Bertolin/ Quarto de Celso/ Interno/ Dia
(A porta do quarto está aberta. Celso está deitado. Ludmila entra)
LUDMILA: É uma pena tudo ter acontecido assim.
CELSO: Não venha bancar a santa para cima de mim. Tenho certeza que você adorou essa situação.
LUDMILA: Claro que não gostei, Celso. Você pensa tão errado ao meu respeito.
CELSO: Ah, Ludmila, você acha que me engana com essa conversinha? Você me traiu com a população masculina de Dourados quase toda e depois vem tentar me consolar com essas palavras falsas?
LUDMILA: Não são falsas, Celso.
CELSO: Como você quer que eu acredite nas suas palavras se tudo o que você faz nessa casa tem uma quantia de dinheiro em troca? Se você acha que vai conseguir me levar para a cama com essa tentativa de me consolar, pode tirar o seu cavalinho da chuva.
LUDMILA: Celso, eu não vou te seduzir, eu juro. E se você quiser saber, eu gostava da sua relação com a Lara. Pena que são irmãos. Vocês irradiavam tanta felicidade que causava inveja em qualquer um.
CELSO: Ludmila, me deixa sozinho, por favor.
LUDMILA: Como você quiser. Com licença.
(Ludmila sai)
Cena 8/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Umbrellas – Ships)
Cena 9/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
(Raimunda está sentada em sua cadeira de balanço. Solano entra)
SOLANO: Boa noite, dona Raimunda.
RAIMUNDA: Boa noite, Solano. Como foi seu trabalho hoje?
SOLANO: Normal. Nunca tem novidades quando você trabalha em um posto de gasolina. A senhora já sabe da novidade?
RAIMUNDA: Que novidade?
SOLANO: A Luana não contou para a senhora?
RAIMUNDA: Nem falei com a Luana hoje. Aconteceu alguma coisa?
SOLANO: A Luana me ligou hoje mais cedo e disse que está grávida.
RAIMUNDA: Grávida? Como assim?
SOLANO: Isso mesmo. Foi uma surpresa para mim também quando ela me disse. A Luana está grávida e o pai da criança é o Tiago.
RAIMUNDA: Tiago Bertolin?
SOLANO: Justamente.
RAIMUNDA: Isso é um absurdo. Não faz nem um mês que a Amanda morreu e o Tiago já engravidou outra mulher?
SOLANO: Ele a Luana irão se casar. Não sei que dia ocorrerá o casamento, mas ela me afirmou que é o próprio Tiago que faz questão de se casar.
Cena 10/ Mansão Bertolin/ Escritório/ Interno/ Noite
(Caio está sentado. Celso entra)
CAIO: Filho.
CELSO: Oi, pai.
CAIO: Foi uma pena tudo ter acontecido dessa maneira
CELSO: Isso só aconteceu por sua culpa, por sua fraqueza em não ter contado a verdade desde o inicio.
CAIO: Eu sei, Celso. Eu reconheço que fui fraco, que eu errei. E se eu pudesse voltar no tempo, eu teria feito tudo certo desde o começo.
CELSO: Pena que não pode voltar no tempo.
CAIO: Será que a Lara nunca mais voltará para cá, para o nosso convívio?
CELSO: Claro que não. Depois do papelão que teve hoje, você acha mesmo que ela terá a cara de pau de voltar aqui? O senhor desperdiçou as únicas oportunidades que teve para conhecer a sua filha.
CAIO: Eu me arrependo tanto.
CELSO: E essas mentiras também me afetaram, pai. Você e a mamãe sabiam de toda a verdade e, mesmo assim, preferiram jogar sujo a contar a verdade, me dizer que eu estava namorando minha própria irmã.
CAIO: Filho, eu sinto muito.
CELSO: Ah, o senhor vai sentir mesmo. A partir de hoje, o senhor perdeu mais um filho. A Lara se foi e eu também.
CAIO: O que isso significa exatamente?
CELSO: Que eu estou cortando relações com o senhor.
Cena 11/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Radioactive – Imagine Dragons)
Cena 12/ Sorveteria/ Interno/ Dia
(Vitor está sentado. Cíntia entra e se aproxima do namorado)
CÍNTIA: Vitor, eu preciso falar com você. Saiu.
VITOR: Saiu? Saiu o quê?
CÍNTIA: O resultado do concurso para estudar em Oxford.
VITOR: E então? Eu ganhei?
Cena 13/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Dia
(Tiago está sentado na cama. Marta entra)
MARTA: Bom dia, filho.
TIAGO: Bom dia. A senhora conseguiu dormir depois da confusão que houve ontem?
MARTA: Um pouco. Para falar a verdade, eu já estava me preparando para aquele momento. Óbvio que estou falando de quando o Caio revelou ser pai da Lara. Eu não estava esperando que você interrompesse o almoço dizendo que se casaria com a Luana.
TIAGO: Mãe, eu não quero discutir sobre isso.
MARTA: Filho, você não entende. A Luana não é quem diz ser. Ela é uma golpista.
TIAGO: Mãe, a Luana não brincaria com um assunto sério como uma gravidez. Ela está grávida, sim. Ela me mostrou exame e tudo.
MARTA: Exame? Você a acompanhou nesse exame?
TIAGO: Não. Eu fui surpreendido com ele.
MARTA: Então, é de se desconfiar a procedência desse exame. Não duvido nada que aquela ordinária falsificou esse tal exame.
TIAGO: Ela não faria isso.
MARTA: Será que não? Filho, não faz um mês que a Amanda morreu e você já vai se compromissar com outra mulher. Melhor dizendo, com a cozinheira que você mesmo contratou e que dizia ser amiga e confiar na sua ex-mulher.
TIAGO: O que a senhora quer dizer com isso, mãe?
(Luana passa pelo corredor e para em frente à porta do quarto de Tiago)
MARTA: A própria Luana não respeitou o tempo de perda e a memória da Amanda. Você entende porque eu não consigo confiar nela? Ela é uma interesseira, que está de olho na nossa fortuna.
TIAGO: Essas suas acusações são ridículas.
MARTA: Então, faremos o seguinte. Se a Luana realmente estiver grávida, eu irei parar de implicar com ela.
TIAGO: Mas ela provou a gravidez com o exame.
MARTA: Com um exame que eu não confio.
TIAGO: Então, o que a senhora propõe?
MARTA: Convença a Luana de fazer um novo exame clínico. Mais especificamente, uma ultrassom. Uma ultrassom em que todos nós podemos assistir. Aí sim, se o médico confirmar a gravidez na minha frente, eu paro de implicar com ela.
TIAGO: A senhora jura?
MARTA: Juro. Eu juro.
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Corredor/ Interno/ Dia
(Luana para no alto da escada)
LUANA (para si): A velha já está desconfiando da minha gravidez. Tenho que me livrar dessa emboscada.
(Luana olha fixamente para o piso da sala de estar e dá um sorriso maquiavélico)
LUANA: Eu já sei o que fazer.
(Luana se joga da escada, que cai rolando. Ela pára no chão da sala de estar, desacordada)
(Congela em Luana. Toca Royals - Lorde)
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