terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Fixação - Capítulo 42
Cena 1/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Safe and Sound – Capital Cities)
Cena 2/ Mansão Bertolin/ Escritório/ Interno/ Dia
(Celso está mexendo no computador. Caio entra)
CAIO: Celso?
CELSO: Oi pai. Eu sei que o senhor não gosta que outras pessoas entrem no seu escritório além de você, mas eu tive que fazer isso. Uns negociantes de Goiás me pediram estatísticas da nossa produção de soja e eu precisava ver isso aqui no seu computador.
CAIO: Não precisa se explicar, filho. Pelo menos, isso resultou em algo bom. Você falou comigo.
CELSO: Falei porque era necessário falar, mas ainda estou de magoado com o senhor.
CAIO: Celso, eu sabia que você estava no meu escritório. Por isso que vim imediatamente para cá. Eu quero te pedir perdão, meu filho.
CELSO: Perdão?
CAIO: Isso mesmo. Eu nunca deveria ter inventado histórias para enganar você e a Lara. Deveria ter contado a verdade desde o inicio.
CELSO: Se o senhor tivesse feito isso, pouparia tanto sofrimento. Mas não se preocupe mais com isso, pai. Eu perdôo o senhor.
CAIO: Jura?
CELSO: Sim. Já estou sofrendo bastante por causa disso. Não quero mais um desentendimento para alimentar esse sofrimento. Com licença.
CAIO: Celso, um instante.
CELSO: O que é?
CAIO: Você não pensa em ir atrás da Lara e se entender com ela? Eu sei que depois dessa revelação tudo mudou, mas vocês poderiam aprender a se gostar como irmãos.
CELSO: Acho melhor não, pai. A Lara não quer me ver nem pintado de ouro, mas obrigado pela força.
(Celso sai)
Cena 3/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
VERA: Ah, filho, estou tão feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz, porque você conseguiu ganhar uma bolsa de estudos para estudar em Oxford. Não é qualquer um que consegue essa proeza. Mas triste, pois você vai passar um tempo enorme longe de mim.
VITOR: Ah, eu sei disso, mãe. Mas pense pelo lado bom. Essa experiência em Oxford vai ser legal para o meu currículo e para qualquer carreira profissional que eu pretenda seguir.
VERA: Você tem razão. Estou tão orgulhosa de você, meu filho. Você merece isso e muito mais. Quando você parte?
VITOR: Hoje a noite, eu e Cíntia iremos de ônibus para São Paulo e, de lá, iremos de avião para Oxford, na Inglaterra.
VERA: Ah sim. E as documentações? Estão todas prontas?
VITOR: Sim.
VERA: E quanto a gravidez da Luiza, Vitor?
VITOR: Mãe, eu não pedi para aquela criança aparecer. Eu não tenho estrutura para assumir tamanha responsabilidade. E eu não preciso mais me preocupar com isso. O Felipe vai assumir a paternidade do bebê.
VERA: No seu lugar? E você vai deixar?
VITOR: Claro. Se ele quer tanto ser pai do meu filho, que vá em frente. Eu não me importo.
Cena 4/ Casa de Felipe/ Cozinha/ Interno/ Dia
SALETE: Grávida? A Luiza está grávida?
FELIPE: Estou surpreso que a senhora não sabia disso.
SALETE: Não. Eu não sabia. E quem é o pai? O irresponsável do Vitor?
FELIPE: Não, mãe. Eu sou o pai do filho que a Luiza está esperando.
SALETE: Você? Mas desde quando você a Luiza tem uma relação?
FELIPE: Na verdade, o Vitor é o pai biológico dessa criança, mas ele abandonou a Luiza. Então, eu resolvi assumir a paternidade do filho dela. Mas ninguém pode saber disso. A família dela acha que eu sou realmente o pai desse bebê.
SALETE: Você está louco, Felipe? Você acha mesmo que eu irei permitir um disparate desses? Você vai desistir agora dessa idéia absurda de assumir um filho que não é seu.
Cena 5/ Cemitério/ Interno/ Dia
(Vera caminha pelo cemitério, até que para na frente do túmulo de Amanda. Ela, que está carregando flores nas mãos, põe o ramalhete na frente da lápide do túmulo. Vera se agacha)
VERA: Minha irmã. Como você faz falta na minha vida.
(Tiago aparece atrás de Vera)
TIAGO: Dona Vera?
VERA: Tiago?
TIAGO: Que bom ver você, dona Vera. Já foi liberada da clínica?
VERA: Sim. Recebi alta ontem. Decidi visitar o tumulo da Amanda, já que eu não compareci no enterro dela. Soube que o responsável por essa barbaridade foi o Alexandre.
TIAGO: Sim. A polícia provou que ele matou a Amanda. As digitais do Alexandre foram encontradas na arma do crime.
VERA: Ela me faz tanta falta, Tiago. Minha única irmã. A única. E agora não está mais aqui, comigo, me ajudando nos momentos mais difíceis da minha vida. E o que mais me dói é que eu a humilhei na noite da morte dela. Sofro tanto com isso.
TIAGO: Não se martirize, dona Vera. Apesar da discussão que vocês tiveram, a Amanda só queria o bem da senhora.
VERA: Eu sei. Da mesma maneira que eu sempre quis o bem dela. Ah, Tiago, atualmente, me encontro tão sozinha. Perdi o Ernesto, depois a Amanda, e agora o Vitor, que vai viajar para a Inglaterra.
TIAGO: Eu sinto muito, dona Vera. Sempre quando a senhora quiser um amigo, pode entrar em contato comigo, que eu terei o prazer de ajudar a senhora. Sempre quando quiser desabafar sobre algo ou qualquer outra coisa, eu estarei a disposição.
VERA: Agradeço pela ajuda, Tiago, mas prefiro não te incomodar. Logo agora, que sua vida está muito mais movimentada do que antes, não é? Soube do seu casamento com a Luana.
TIAGO: Dona Vera, antes que a senhora pense de maneira errada, eu quero explicar que...
VERA: Você não tem que se explicar, Tiago. Eu não irei julgar suas decisões. Quem sou eu para fazer isso, não? (levantando-se): Bom, acho que já está na hora de eu ir. Agora que saí daquela clínica, tenho que colocar minha vida em ordem novamente. Foi bom ver você, Tiago. Seja feliz.
TIAGO: Igualmente, dona Vera.
(Vera sai)
Cena 6/ Casa de Felipe/ Sala/ Interno/ Dia
FELIPE: Mãe, eu amo a Luiza. Não posso deixá-la desamparada dessa maneira.
SALETE: Filho, você e a Luiza são de mundos diferentes, mas, mesmo assim, eu abençoei o namoro de vocês. Agora, deixar que você assuma uma responsabilidade que não é sua já é demais. Ainda mais nessa idade. Você não tem idade, muito menos recursos, para sustentar um filho que não é seu, Felipe.
FELIPE: Mas eu quero fazer isso, mãe. Eu quero ajudar a Luiza. Não foi ela que me ofereceu essa proposta. Eu me dispus a assumir a paternidade dessa criança. Eu quero fazer isso. Eu quero.
SALETE: Felipe, pense bem. Você pode estar eufórico com essa idéia agora, mas depois, você vai enjoar essa criança, vai se arrepender de ter assumido algo que não é seu.
FELIPE: Eu entendo a sua preocupação, mãe. Mas ela não irá me fazer mudar de idéia. Por favor, em vez de ficar me criticando, me apóie. A senhora não quer um netinho?
SALETE: Claro que quero, Felipe.
FELIPE: Então. A senhora já ganhou um. Esse filho que a Luiza está esperando agora é meu também, mãe. A partir do momento em que eu me dispus a assumir essa criança, ela passa a ser meu filho. Nada vai me fazer voltar atrás. Nada.
Cena 7/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Your Love is a Lie – Simple Plan)
Cena 8/ Sorveteria/ Interno/ Noite
(Felipe e Luiza estão sentados frente a frente)
LUIZA: Conversou com sua mãe?
FELIPE: Sim. Ela sabe que o pai verdadeiro é o Vitor, mas eu a convenci a não falar nada e a permitir que eu assuma a paternidade do seu filho.
LUIZA: Que bom que a dona Salete é tão compreensiva.
FELIPE: Compreensiva? Eu tive que usar meio mundo de argumentos para tentar convencê-la a aceitar que eu assumisse essa criança. De inicio, ela achou a idéia bastante absurda.
LUIZA: Bom, era natural que ela se comportasse dessa maneira. Felipe, eu quero te fazer um convite.
FELIPE: Convite? Qual?
LUIZA: Quando o nosso filho nascer...
FELIPE: Repete.
LUIZA: O quê?
FELIPE: O que você estava dizendo.
LUIZA: Nosso filho?
FELIPE: Isso.
LUIZA: Bobo. Prosseguindo, quando o nosso filho nascer, a gente irá precisar de um lar. Um lar só nosso.
FELIPE: Correto.
LUIZA: Então, eu estive pensando em comprarmos uma casa.
FELIPE: Luiza, eu ainda não trabalho e também não tenho dinheiro para bancar uma casa.
LUIZA: Bom, e se você fosse morar na mansão, junto com a minha família?
FELIPE: Com a sua família?
LUIZA: Isso. O que você acha? Aceita morar na mansão?
Cena 9/ Rodoviária de Dourados/ Interno/ Noite
(Cíntia está na frente do ônibus, com malas no chão, ao seu redor. Vitor entra correndo, segurando várias malas nas duas mãos)
CÍNTIA: Ainda bem que você chegou. Por pouco, não perderia o ônibus.
VITOR: E você iria partir sem mim?
CÍNTIA: Meu bem, entre você e Oxford, eu prefiro mil vezes Oxford. Disso, você pode tirar suas conclusões.
VITOR: O que importa é que estou aqui e o ônibus ainda não saiu.
CÍNTIA: Nem acredito que estamos saindo de Dourados.
VITOR: E para sempre.
CÍNTIA: Para sempre?
VITOR: Claro. Cíntia, depois de concluirmos nossos estudos em Oxford, tenho certeza que irá chover oportunidades para continuarmos a ficar morando lá.
CÍNTIA: Você acha?
VITOR: Como eu disse, tenho certeza. Agora, vamos entrar.
(Vitor e Cíntia entram no ônibus)
Cena 10/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
(Lucrécio e Raimunda estão sentados no sofá)
LUCRÉCIO: Eu te amo tanto, Raimunda.
RAIMUNDA: Eu também. Às vezes, eu fico me perguntando como que eu tive coragem de acreditar que você tinha uma amante.
LUCRÉCIO: Não vamos falar sobre isso. Vamos falar sobre amor.
RAIMUNDA: Amor?
LUCRÉCIO: Raimunda, você quer casar comigo?
RAIMUNDA: Como?
LUCRÉCIO: Estou te pedindo em casamento. Você aceita?
RAIMUNDA: Nossa, Lucrécio, eu não esperava esse pedido. Você me pegou de surpresa.
LUCRÉCIO: O casamento do Tiago e da Luana me inspirou, me fez querer se casar também. Você aceita juntar as escovas de dente comigo, Raimunda?
RAIMUNDA: E você ainda pergunta? Quero sim, meu amor. Eu aceito me casar com você, Lucrécio.
(O casal se beija)
Cena 11/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
(Caio, Celso, Marta e Tiago estão sentados à mesa)
TIAGO: Eu acho melhor nós aproveitarmos esse jantar para discutir a situação da Luana nessa casa.
MARTA: Não tem o que discutir, Tiago. A Luana continua sendo a nossa cozinheira.
TIAGO: A senhora está louca?
CAIO: Tiago, não fale assim com a sua mãe.
MARTA: Louca por quê?
TIAGO: A Luana é minha esposa agora. Ela não continuará sendo cozinheira nenhuma.
CELSO: O Tiago tem razão, mãe. Não tem lógica a Luana continuar sendo cozinheira agora que ela já está casada com o Tiago.
MARTA: Não vá me dizer que a Luana agora é madame nessa mansão?
TIAGO: Madame soa exagerado demais. A Luana só não irá mais trabalhar como cozinheira.
CAIO: Marta, nosso filho está certo.
MARTA: Tudo bem. Eu tratarei de contratar uma nova cozinheira. Mas e você e a Luana? Pretendem continuar morando aqui depois de casados?
TIAGO: Qual é o problema? A mansão é enorme. Comporta muita gente.
(Luana entra e senta-se)
LUANA: Com licença. Desculpem o atraso.
MARTA: Com licença.
(Marta levanta-se)
CAIO: Vai aonde, Marta?
MARTA: Comer no quarto. Eu me recuso a sentar na mesma mesa que essa biscate.
(Luana levanta-se)
LUANA: Não precisa se incomodar, dona Marta. Eu janto em outro lugar. Com licença.
(Luana sai da mansão)
TIAGO: Aonde ela foi?
MARTA (sentando-se): Se você, que é o marido, não sabe, eu saberei?
Cena 12/ Galpão/ Interno/ Noite
(O galpão está iluminado com velas. Luana entra. Solano aparece atrás dela)
SOLANO: Ainda bem que você veio.
LUANA: Boa noite, meu amor.
(Luana e Solano se beijam)
SOLANO: Agora que você se casou, quanto tempo ainda nos resta para o golpe ser aplicado?
LUANA: Não pode ser agora. Eu preciso ganhar a confiança daquela família inteira para que ninguém desconfie que fui eu que apliquei o tal golpe.
SOLANO: O que adianta, Luana? O combinado não é roubar a família e depois fugir por aí?
LUANA: Sim, mas eu não quero que eles ponham a policia atrás da gente. E para nós não corrermos esse risco, o melhor a fazer é aplicar o golpe e ninguém desconfiar que foi a gente.
SOLANO: Certo. Você é quem manda.
LUANA: Deixei de ser cozinheira. Não disse que tudo daria certo? A partir de hoje, eu sou a senhora Luana Bertolin.
SOLANO: Então, venha comigo, senhora Luana Bertolin.
(Luana e Solano se beijam)
Cena 13/ Paisagens de Dourados/ Alternando entre Noite e Dia
(Toca Love me Again – John Newman)
NOVE MESES DEPOIS
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Tiago está sentado. Alguém bate na porta. Uma empregada entra na sala, abre a porta e depois sai. Uma mulher se aproxima de Tiago)
ISADORA: Com licença. Você é Tiago Bertolin?
TIAGO: Sou eu mesmo. E você? Quem é?
ISADORA: Prazer. Sou Isadora Magalhães, delegada de São Paulo. Fui enviada para Dourados para tratar sobre o assassinato de Amanda Amorim, sua ex-mulher.
(Luana desce a escada)
LUANA: Tiago, eu estou precisando... Ah, não sabia que estávamos com visitas.
TIAGO: Luana, essa é Isadora Magalhães.
ISADORA: Prazer. Sou delegada. Estou encarregada de cuidar do assassinato da Amanda.
LUANA: Sou Luana Bertolin, esposa do Tiago. Desculpe, mas acho que a senhora está enganada.
ISADORA: Eu, enganada?
TIAGO: Sim, delegada Isadora. O assassinato da Amanda já foi investigado e solucionado pela polícia local. O assassino foi preso e está cumprindo pena na penitenciária ainda hoje.
ISADORA: Acho que o delegado Andrade ainda não informou a vocês a reviravolta que teve o caso.
LUANA: Reviravolta?
ISADORA: Surgiu uma testemunha ocular do assassinato que afirma veemente que não foi Alexandre Bueno quem matou Amanda Amorim.
LUANA: Quem é essa testemunha ocular?
ISADORA: Não posso anunciar a identidade dessa pessoa. Ela está em sigilo.
LUANA: Isso é um absurdo. O assassino já foi encontrado e preso.
TIAGO: E porque precisaram chamar a senhora para resolver a reviravolta que houve no caso?
ISADORA: Parece que o delegado Andrade não quer mais se envolver nesse assassinato.
LUANA: Delegada Isadora, isso é um absurdo. Não existe testemunha ocular nenhuma. Isso tudo não passa de uma brincadeira.
ISADORA: Se for uma brincadeira, senhorita Luana, eu irei descobrir. Agora, eu afirmo uma coisa. Eu não farei como o delegado Andrade. Eu peguei esse caso para colocar o verdadeiro assassino de Amanda Amorim na cadeia. Se for provado que foi Alexandre Bueno quem a matou, ele continuará preso e pagando pelo crime que cometeu. Agora, se eu descobrir que o assassino é outra pessoa, eu juro que farei o real criminoso pagar. E ele, ou ela, irá se arrepender por ter matado uma pessoa na vida. Eu juro.
(Congela em Isadora. Toca Baiya – Delphic)
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