segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Fixação - Capítulo 46
Cena 1/ Casa de Raimunda/ Externo/ Dia
LUANA (com o celular ao ouvido): Nós precisamos nos encontrar.
...
LUANA: Pode ser no galpão? Ótimo. A gente se vê lá mais tarde.
(Luana desliga o celular, sobe em cima da moto e parte)
Cena 2/ Mansão Bertolin/ Quarto de Luiza/ Interno/ Dia
(Felipe e Salete entram. Luiza está com Marquinhos no colo)
LUIZA: Dona Salete. Que bom ver a senhora.
FELIPE: Chamei a mamãe para ver o nosso filho.
LUIZA: Aqui está ele, dona Salete. O seu neto Marquinhos.
SALETE: Como ele é lindo. Posso pegar?
LUIZA: Claro.
(Luiza entrega Marquinhos para Salete)
SALETE: Quem escolheu o nome?
FELIPE: Foi a Luiza.
LUIZA: Eu adoro esse nome, dona Salete. Acho o nome mais lindo do mundo.
SALETE: Felipe, você lembra quando nós tivemos aquela conversa sobre filhos e você disse que queria que o seu primeiro filho se chamasse Marcos?
FELIPE: Lembro.
LUIZA: Nossa. Eu não sabia que o Felipe também gostava de Marcos.
SALETE: Pois ele gostava, sim. Parece que vocês dois tem muita coisa em comum mesmo.
(Salete entrega Marquinhos para Luiza)
SALETE: Bom, acho melhor eu ir. Dona Marta não quer que eu fique muito tempo aqui.
LUIZA: Por que, dona Salete?
FELIPE: Pode deixar que eu explico, mãe. Eu flagrei sua mãe humilhando a minha, Luiza. Dona Marta não queria que minha mãe subisse para ver o Marquinhos. Se não fosse eu interferindo na briga, acho que ela não estaria nem aqui.
LUIZA: Que horrível. Minha mãe não poderia ter feito isso. Mil desculpas, dona Salete. Mas, olhe, eu prometo que isso nunca mais irá acontecer. A senhora é avó do Marquinhos e tem o direito de vê-lo quando quiser. Eu irei conversar com minha mãe sobre isso, viu? Mas nunca mais se sinta coagida a não ver o seu neto. Pode vim a hora que quiser que o que aconteceu hoje não irá mais se repetir. Eu garanto.
Cena 3/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Marta está sentada. Salete e Felipe descem a escada)
FELIPE: Tchau, mãe. Pode vim quando quiser, viu?
SALETE: Certo, meu filho. Até mais, dona Marta.
MARTA: Que essa seja a última vez que eu tenha que te ver pisando na minha casa, Salete.
(Salete sai)
MARTA: Você é muito insolente, não é, garoto? Desde quando você me desautoriza dentro da minha casa?
FELIPE: Não seja por isso, dona Marta. Eu arranjo outro lugar para morar e levo sua filha e seu neto junto comigo.
MARTA: De jeito nenhum. Eles irão ficar.
FELIPE: Então, eu ficarei também. E isso significa que a senhora terá que aturar, sim, todas as vezes que minha mãe vier para visitar o meu filho.
(Felipe sobe a escada)
MARTA: Garoto insolente.
(A campainha toca e Marta atende.)
MARTA: O que você quer, garoto? Não tenho resto de comida para dar, não. Passa outra hora.
GAROTO: Eu não sou mendigo, não, dona Marta. Vim apenas entregar um envelope para a senhora. Com licença.
(O garoto entrega o envelope para Marta e sai. Ela fecha a porta e abre a correspondência. Marta fica chocada quando vê as fotos que mostram Caio e Ludmila transando na cama)
MARTA: Cachorro. O Caio e essa vadia de cabaré me pagam.
Cena 4/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Vera está sentada em sua cama. Mirna entra, com um telefone na mão)
MIRNA: Dona Vera.
VERA: O que é, Mirna?
MIRNA: Tem uma pessoa querendo falar com a senhora pelo telefone.
VERA: Quem?
(Mirna entrega o telefone para Vera, que o leva ao ouvido)
VERA: Alô. Vitor? Meu filho, eu sinto tanta saudade de você. Nunca mais me ligou.
...
VERA: Como você quer que eu me acalme, Vitor? A última vez que você me telefonou foi há três meses. É normal que eu ficasse preocupada. Mas, mudando de assunto, como estão as coisas?
...
VERA: Você está voltando para Dourados? Mas por quê? O que aconteceu?
...
VERA: Ah sei. Acabou o dinheiro e agora vocês não tem mais como se sustentarem. Pelo menos, as passagens já estão compradas?
...
VERA: Menos mal. Pois venha, meu filho. Mas venha rápido, que eu estou morrendo de saudades. Tchau. Eu te amo.
(Vera desliga o telefone e o coloca em cima do criado mudo)
MIRNA: O Vitor está voltando para Dourados?
VERA: Isso mesmo. Ele e a Cíntia estão vindo para cá.
Cena 5/ Galpão/ Interno/ Dia
(Luana está passeando pelo galpão. Solano entra e a vilã percebe)
LUANA: Ainda bem que você já chegou. Pensei que não iria aparecer.
SOLANO: Eu tenho uma coisa séria para falar com você.
LUANA: Bom, mas antes de qualquer coisa, temos que decidir o que fazer com o Lucrécio. Como eu te falei, ele é a testemunha ocular. Ele que viu a Amanda ser assassinada. Nós temos que calar a boca daquele velhote, Solano.
SOLANO: Não podemos fazer isso com o Lucrécio agora.
LUANA: Como não? Solano, nós não sabemos se aquele coroca nos reconheceu quando viu a Amanda ser morta.
SOLANO: Justamente por isso que temos que ser pacientes, Luana. Antes de fazermos algo mais perigoso com ele, temos que saber o que ele viu de fato naquele cais no momento do assassinato da Amanda.
LUANA: Você tem razão. Bom, mas eu não vou conseguir ficar parada. Temos que descobrir isso o mais rápido possível. Vou tentar tirar alguma informação dele agora.
SOLANO: Espera. Eu quero te dizer uma coisa.
LUANA: Diga, mas não demore.
SOLANO: Luana, eu venho pensando sobre nós nesses últimos dias e cheguei a uma conclusão.
LUANA: Conclusão? Do que você está falando, Solano?
SOLANO: Nesses meses em que estamos em Dourados, você progrediu bastante. Começou como cozinheira e agora é uma das madames da família Bertolin, olhada com respeito pela população da cidade e ainda usufrui das fortunas e riquezas do Tiago. E eu, Luana? A única coisa que eu consegui foi um emprego chinfrim naquele posto de gasolina de quinta que você me arrumou. Não agüento mais feder a gasolina ou a diesel. Enquanto ficarmos na cidade, eu também quero ganhar uma garantia de riqueza. Eu quero um espaço na família Bertolin.
LUANA: Calma, Solano. Não sei por que você está tão sedento assim. Nós vamos ficar pouco tempo nessa cidade de merda. É só roubar a família e fugir.
SOLANO: E por que ainda não fizemos isso? Esse golpe era para ser aplicado no dia seguinte do seu casamento, mas já faz meses que você se casou e nada. Nada de golpe aplicado. Nada. E enquanto o tempo passa, você, de qualquer forma, está tendo acesso à grana daquela família e eu tendo que me contentar com esse emprego de frentista. Também quero ter acesso a dinheiro. Quero um espaço na família Bertolin. Estou decidido.
Cena 6/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Caio desce a escada e vê Marta)
CAIO: Aconteceu alguma coisa? A Francisca foi a quarto te chamar e depois você sumiu.
MARTA: Como você teve coragem de fazer isso comigo, Caio?
CAIO: Do que você está falando, Marta?
(Marta joga as fotos na cara de Caio)
CAIO: O que é isso?
MARTA: Fotos. Fotos que me enviaram. Fotos que mostram você e a Ludmila juntos numa cama. Por que você fez isso, Caio?
CAIO: Marta, não é isso que você está pensando.
MARTA: Eu não estou pensando. Eu vi, Caio. Vi por meio dessas imagens. Você jurou que nunca mais iria me trair. Eu não nasci para ser corna. Não tenho vocação para carregar chifres na cabeça. Mas dessa vez, chega. Eu já perdoei uma traição sua. Não vou cometer o mesmo erro novamente. Não tem mais casamento, Caio. Chega. Acabou.
CAIO: Marta, nós precisamos, ai.
(Caio põe a mão no peito)
CAIO: Precisamos conversar.
MARTA: Não temos mais nada para conversar, Caio. Eu me decidi. Não tem mais casamento. Se você não sair dessa casa, eu mesma saio, mas viver sob o mesmo teto ao seu lado, não dá.
CAIO: Marta, venha, ai meu coração, venha aqui.
MARTA: Eu não vou cair no seu joguinho, Caio. Ficar fingindo dor para chamar minha atenção.
CAIO: Eu estou falando sério, Marta. Meu coração está doendo. É como se fosse uma pontada. Ai, está doendo muito. Ai.
(Caio desmaia. Marta se aproxima dele)
MARTA: Caio, acorde. Fala comigo. Caio. Caio.
(Celso desce a escada)
CELSO: Mãe, o que aconteceu com o meu pai?
MARTA: Nós estávamos discutindo e ele caiu de repente no chão. Chama uma ambulância, Celso. Nós precisamos levar seu pai imediatamente para um hospital.
Cena 7/ Penitenciária/ Cela de Alexandre/ Interno/ Dia
TONHÃO: Vou fugir hoje a noite, enquanto a guarda for menor.
ALEXANDRE: Boa sorte, meu amigo.
TONHÃO: Você tem certeza que não quer mais fugir? Alexandre, isso de você sair daqui de cara limpa pode demorar bastante. Será que você não irá se arrepender dessa oportunidade?
ALEXANDRE: Estou decidido, Tonhão. Eu recebi essa chance de sair desse inferno sem dever nada a polícia. Não desperdiçarei essa chance. E tem outra. Esse túnel que nós cavamos não vai desaparecer quando você sair daqui. Eu irei esconder esse buraco de todo mundo dessa penitenciária. Se eu me arrepender, eu poderei fugir a qualquer a momento.
Cena 8/ Hospital/ Sala de espera/ Interno/ Dia
(Marta e Celso estão sentados nas cadeiras)
CELSO: Será que meu pai irá ficar bem?
MARTA: Creio que sim. Vaso ruim não quebra assim tão fácil, não é?
CELSO: A senhora disse que estava discutindo com o papai, antes de ele desmaiar. Estavam brigando por quê?
MARTA: Seu pai me traiu, Celso.
CELSO: Como? Mas ele não havia jurado que nunca mais iria trair a senhora depois do caso que ele teve com a Andressa, mãe da Lara?
MARTA: Ele mentiu para mim, Celso. Seu pai não vale nada. Nada. E adivinha com quem ele está tendo um caso?
CELSO: Quem?
MARTA: Com a Ludmila. Aquela vadia ordinária, em vez de te reconquistar, foi seduzir o meu marido. Aquela macaca me paga.
Cena 9/ Delegacia/ Interno/ Dia
(Isadora entra)
ISADORA: Bom dia, Andrade.
ANDRADE: Bom dia. Preparada para mais um dia de trabalho?
ISADORA: Preparadíssima. Sabe que essa investigação está fervilhando os meus ânimos? Nunca me entreguei tanto em um caso como esse.
ANDRADE: Posso tomar isso como um bom sinal?
ISADORA: Deve.
ANDRADE: E já conseguiu descobrir alguma coisa?
ISADORA: Nada concreto, mas tem uma coisa muito estranha que eu reparei. Em todo o caminho que eu sigo, sempre me deparo com o nome da Luana Bertolin no meio.
ANDRADE: Você suspeita dela?
ISADORA: Suspeito. Para ser mais sincera, ela é minha suspeita número um, delegado Andrade. Tem algo de muito estranho naquela garota e nada me tira da cabeça de que ela pode estar envolvida na morte da Amanda.
Cena 10/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Ships – Umbrellas)
Cena 11/ Pousada/ Quarto de Ludmila/ Interno/ Noite
(Ludmila está deitada na cama, lendo um livro. Alguém bate na porta)
LUDMILA: Um instante.
(Ludmila se levanta da cama e atende)
LUDMILA: Celso?
CELSO: Será que nós podemos conversar?
Cena 12/ Hospital/ Sala de espera/ Interno/ Noite
(Marta está sentada. Um médico se aproxima dela)
MÉDICO: Marta Bertolin?
(Marta levanta-se)
MARTA: Sou eu. Como está o meu marido, doutor?
MÉDICO: Foram feitos todos os exames necessários no seu Caio Bertolin.
MARTA: Mas o senhor já tem o resultado desses exames em mãos?
MÉDICO: Sim. Em um deles, foi detectado um tumor próximo ao coração do seu Caio.
MARTA: Tumor?
MÉDICO: Isso. Ainda não sei se é benigno ou maligno. Mas, não se preocupe, dona Marta. Eu e minha equipe iremos fazer de tudo para salvar a vida do seu marido.
MARTA: Qualquer informação, me avise, doutor.
MÉDICO: Claro.
(O médico sai)
Cena 13/ Casa de Lucrécio/ Sala/ Interno/ Noite
(A campainha toca. Lucrécio atende)
LUCRÉCIO: Luana?
LUANA: Olá, Lucrécio. Não vai me convidar para entrar?
LUCRÉCIO: Claro. Entre.
(Luana entra e Lucrécio fecha a porta)
LUCRÉCIO: Algum problema? Você nunca foi de aparecer na minha casa. Estou estranhando essa visita.
LUANA: Lucrécio, eu serei bem objetiva. Você é uma pessoa de quem eu gosto muito. Além de ser noivo da minha tia, é também melhor amigo da família do meu marido. Eu espero que você também tenha uma consideração por mim.
LUCRÉCIO: Claro que tenho, Luana. Mas por que você está me fazendo essa pergunta?
LUANA: Lucrécio, eu fiquei sabendo que você assistiu a Amanda ser assassinada.
LUCRÉCIO: Como você soube disso?
LUANA: Isso não importa. O que interessa é que eu quero saber o que de fato você viu naquela noite. Você conseguiu reconhecer o rosto da pessoa que matou a Amanda?
LUCRÉCIO: Eu sinto muito, Luana, mas não posso te contar isso. Agora, por favor, se é só isso, você poderia sair da minha casa?
LUANA: Está me expulsando, Lucrécio?
LUCRÉCIO: Pense o que quiser, Luana.
LUANA: Lucrécio, eu pensei que você me tinha como uma amiga de confiança. Por que não conta para mim o que você viu naquela noite?
LUCRÉCIO: Eu já disse que não posso, Luana. Não insista, por favor.
LUANA: Insistirei até a morte, se for necessário, mas eu só saio daqui quando você me contar o que viu de fato naquele cais.
(Isadora entra na sala)
ISADORA: Luana?
LUANA: Delegada Isadora?
ISADORA: O que você está fazendo aqui, Luana? Por acaso, você está pressionando o seu Lucrécio Dantas a falar algo que ele se recusa a dizer?
(Congela em Luana. Toca Radioactive – Imagine Dragons)
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