terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Fixação - Capítulo 47


Cena 1/ Casa de Lucrécio/ Sala/ Interno/ Noite
LUANA: Eu não estou pressionando ninguém. Estou, Lucrécio?
LUCRÉCIO: Não. Impressão sua, delegada Isadora.
LUANA: Eu não sei se você sabe, mas o Lucrécio é noivo da minha tia. Eu passei na casa dela, mas ela não estava, então decidi vim aqui saber se o Lucrécio tinha alguma informação dela, mas ele não tem nenhuma. Não é, Lucrécio?
LUCRÉCIO: É sim.
LUANA: Bom, estou indo. Boa noite. Até mais.
(Luana sai)
ISADORA: O que ela disse é verdade?
LUCRÉCIO: Não. A verdade é que a Luana descobriu que eu sou a testemunha ocular.
ISADORA: Mas como?
LUCRÉCIO: Eu não sei. Ela veio saber o que tinha visto de fato na noite em que a Amanda foi assassinada.
ISADORA: Estranho. Não sabia que a Luana estava tão interessada assim na morte da Amanda. Incrível como em todo o lugar que eu piso, tem o nome da Luana no meio. A cada dia que passa, eu fico mais certa que essa garota tem algum envolvimento na morte da Amanda.

Cena 2/ Hospital/ Quarto de Caio/ Interno/ Noite
CAIO: Tumor? Eu estou com um tumor perto do coração?
MARTA: Isso mesmo, Caio. Ainda bem que eu não precisei te castigar por essa segunda traição. A vida já se encarregou disso antes de mim.
CAIO: Você não vê que isso é sério, Marta?
MARTA: Eu não consigo bancar a mulher preocupada na sua frente, Caio. Não, depois da traição que você cometeu.

Cena 3/ Penitenciária/ Cela de Alexandre/ Interno/ Noite
(Alexandre e Tonhão estão dormindo. Tonhão acorda e chacoalha Alexandre)
TONHÃO: Alexandre, eu já estou indo.
ALEXANDRE: Boa sorte, irmão. Estarei aqui torcendo por você.
TONHÃO: Tem certeza que não quer vim comigo? Alexandre, que explicação você dará quando os guardas perceberem o meu sumiço?
ALEXANDRE: Deixa isso comigo, Tonhão. Agora, entra nesse buraco e vai.
TONHÃO: Até qualquer dia, então.
ALEXANDRE: Até.
(Alexandre e Tonhão se abraçam)
ALEXANDRE: Agora vai, antes que alguém perceba o movimento.
(Tonhão entra no buraco e rasteja pelo túnel. Alexandre cobre a abertura com um colchão e se deita)

Cena 4/ Pousada/ Quarto de Ludmila/ Interno/ Noite
LUDMILA: Sobre o quê você quer conversar comigo?
CELSO: Se você me deixar entrar, você irá saber qual é o tema da nossa conversa.
LUDMILA: Então, entre, por favor.
(Celso entra e Ludmila fecha a porta)
LUDMILA: E então? Que conversa é essa que você quer ter comigo?
CELSO: Ludmila, eu sei que você anda tendo um caso com o meu pai.
LUDMILA: E daí?
CELSO: Como e daí? Você não tem vergonha na cara? Ficar se prestando a esse papelzinho vulgar. De onde veio essa idéia maluca de seduzir o meu pai? Pelo que eu saiba, você nunca teve um interesse visível nele.
LUDMILA: Celso, eu compreendo que você tenha mil motivos para não gostar de mim, mas eu não sou obrigada a dar os mínimos detalhes da minha relação com seu pai para você.
CELSO: Em nenhum momento você pensou na minha mãe?
LUDMILA: Pensar na dona Marta? Que piada. A sua mãe me humilhou quando me enxotou da mansão.
CELSO: Então você resolveu seduzir o meu pai por vingança?
LUDMILA: Se for, qual é o problema?
CELSO: Você sabia que meu pai nesse momento está internado em um hospital, passando por uma bateria de exames?
LUDMILA: Ah é? Não me diga.
CELSO: E por culpa sua.
LUDMILA: Minha? O que é que eu tenho a ver com o fato do Caio estar internado, Celso? Poderia me explicar?
CELSO: Você enviou aquele envelope que contem fotos suas com meu pai em uma cama para a minha mãe. Ela confrontou meu pai e os dois acabaram tendo uma briga feia. No calor da discussão, ele passou mal e desmaiou. Caiu no chão feito uma jaca podre.
LUDMILA: E a culpa é minha? Eu, por acaso, estava apontando uma arma na cabeça do seu pai obrigando-o a desmaiar? Por favor, Celso. Nunca ouvi tanta asneira na minha vida.
CELSO: Eu só quero que você pare de interferir na vida da minha família.
LUDMILA: Terminou? Por que se tiver terminado, já pode ir embora daqui.
(Ludmila abre a porta)
CELSO: Com licença.
LUDMILA: Toda
(Celso sai e Ludmila fecha a porta)

Cena 5/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Luiza e Tiago estão sentados no sofá. Marta em pé)
LUIZA: Tumor? Meu pai está com um tumor?
MARTA: Sim. Um tumor perto do coração.
TIAGO: É câncer?
MARTA: Ninguém sabe ainda. A equipe médica estava preparando seu pai para fazer novos exames e poder identificar se o tal tumor é benigno ou maligno. Se for maligno, configura câncer.
LUIZA: Nunca pude imaginar meu pai nessa situação.
TIAGO: O Celso já sabe?
MARTA: Ainda não. Ele foi resolver uns problemas.

Cena 6/ Casa de Lucrécio/ Sala/ Interno/ Noite
ISADORA: Para todo caminho que eu resolvo seguir nessa investigação, eu sempre me deparo com algo envolvendo a Luana. É impressionante.
LUCRÉCIO: Você acha que ela deve ter culpa no cartório?
ISADORA: Com certeza. Algum envolvimento nessa teia a Luana deve ter.
LUCRÉCIO: Como eu devo agir agora que a Luana sabe que eu sou a testemunha ocular, delegada?
ISADORA: Você está se expondo demais, Lucrécio. Para a Luana ter descoberto que você é a testemunha ocular, ela deve ter encontrado alguma brecha. Acho melhor você ir à delegacia amanhã e fazer um depoimento formal sobre o que viu no cais na noite do assassinato da Amanda.
LUCRÉCIO: Tem razão. Já está mais do que na hora de eu soltar o que eu sei. Mas antes de oficializar meu testemunho, eu quero dar o meu depoimento primeiramente para o Tiago. Ele mais do que ninguém deve saber o que eu vi naquela noite.
ISADORA: Você tem certeza?
LUCRÉCIO: Sim. Antes de ir à delegacia, eu prefiro passar na mansão Bertolin.
ISADORA: Certo. Então, façamos o seguinte. Eu venho aqui amanhã te cedo, te levo para a mansão e depois te acompanho até à delegacia, ok? Acho mais seguro.
LUCRÉCIO: Ok.

Cena 7/ Galpão/ Interno/ Noite
LUANA: Fui até a casa do Lucrécio para arrancar alguma informação do que ele viu de fato na noite da morte de Amanda, mas a delegada Isadora chegou bem na hora.
SOLANO: Parece que essa delegada não dorme no ponto. Ela vai acabar descobrindo a verdade, Luana. Vamos sair dessa cidade enquanto há tempo. Rouba logo a família Bertolin e vamos dar no pé.
LUANA: Já disse que não, Solano. Eu só irei aplicar esse golpe quando eu estiver livre de suspeita. Já disse que não quero polícia atrás de mim.
SOLANO: Quer saber a verdade, Luana? A verdade é que você nunca irá conquistar a confiança de ninguém daquela família. Pelo menos da dona Marta, você não vai conseguir. Ela te odeia mais do que tudo nessa vida. Se alguém perceber algum desfalque no dinheiro da família, é óbvio que você será a primeira a ser acusada por ela. Portanto, essa idéia de conquistar confiança para depois aplicar golpe é estúpida.
LUANA: Eu sei. Mas o que adianta a gente roubar uma família, para depois se tornarmos dois perseguidos pela policia sem ter paz alguma de torrar esse dinheiro com medo de sermos presos a qualquer hora? Eu não quero surrupiar a fortuna dos Bertolin para, no final das contas, ter policia na minha cola.
SOLANO: Então, temos que arranjar outra idéia para que ninguém daquela família suspeite da gente quando o golpe for aplicado. E quanto ao meu pedido, Luana? Enquanto estivermos em Dourados, eu quero ascender financeiramente também. Quero usufruir de algum dinheiro como você faz com a grana do Tiago. Encontrou algum espaço para mim na família Bertolin?
LUANA: Não há espaço para você naquela família, Solano.
SOLANO: Tem que haver, Luana. Não agüento mais esse empreguinho de frentista.
LUANA: Mas não tem, Solano.
SOLANO: Você não matou a Amanda para poder ficar com o Tiago? Então. Mata o velhote do Caio. Assim, eu posso investir na dona Marta.
LUANA: Você está louco? Mesmo com o Caio morto, a Marta nunca se interessará por você. Afinal, ela desconfia da gente. Mas eu pensei em algo para você. Melhor, em alguém.
SOLANO: Em quem?
LUANA: Na dona Vera, irmã da Amanda. Ela é a vítima perfeita, Solano. Sem nenhum parente por perto e completamente frágil. Além, de ser podre de rica, claro. Por que você não investe na Vera?
SOLANO: Nunca pensei na Vera. Gostei, sabia?
LUANA: Você se sairia como um ótimo michê.

Cena 8/ Hospital/ Quarto de Caio/ Interno/ Noite
(Caio está deitado. Celso entra)
CELSO: Oi, pai. Como está o senhor?
CAIO: Celso, meu filho. Pensei que não viria me visitar.
CELSO: Estava visitando a Ludmila. Queria entender melhor o porquê desse caso entre vocês dois.
CAIO: Sua mãe já tratou de te envenenar contra mim?
CELSO: Ela não fez isso, pai. Mas ela está no direito dela de queimar seu filme. Traiu-a duas vezes, pai.
CAIO: Filho, eu estou angustiado demais para ficar falando sobre isso. Vamos falar sobre isso quando eu já estiver em casa. Isso, se houver tempo.
CELSO: Eu já soube do seu tumor. Os médicos já afirmaram alguma coisa?
CAIO: Ainda não. Celso, eu tenho um pedido para te fazer.
CELSO: Faça.
CAIO: Eu sinto que, por conta desse tumor, meu tempo de vida está limitado. Os médicos ainda não confirmaram isso, mas eu sinto. E, por causa disso, eu quero passar um tempinho com a Lara, conhecê-la melhor. Então, Celso, eu te peço para que você vá a São Paulo e chame a Lara para conviver um pouco comigo durante alguns dias.
CELSO: Pai, sinceramente falando, eu não sei se a Lara vai querer passar esse tempo com o senhor. O senhor sabe como foi o meu ultimo encontro com ela.
CAIO: Mas as coisas mudaram, Celso. Conte a ela a minha situação. Quem sabe ela se comove e resolva vim para cá. Pelo menos, tente.
CELSO: Tudo bem, pai. Eu vou.

Cena 9/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Tudo escuro. Luana entra e a luz se acende. Luana vê Tiago)
TIAGO: Isso é hora de uma mulher casada chegar em casa, Luana? Onde você estava?
LUANA: Meu amor, boa noite. Eu fico feliz em saber que você se preocupa comigo. Eu estava apenas passeando com o Solano. Não posso?
TIAGO: Poderia ter me avisado que pretendia chegar tarde.
LUANA: Para o seu governo, chegar em tarde não era minha pretensão. Mas a minha conversa com o Solano foi se prolongando e prolongando que demos conta do horário agora. Eu ainda o deixei na casa da tia Raimunda antes de voltar para cá.
TIAGO: Não precisa se utilizar dos mínimos detalhes para explicar as coisas, Luana. Vamos dormir.
(Tiago apaga a luz. Ele e Luana sobem a escada)

Cena 10/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Young And Beautiful – Lana Del Rey)

Cena 11/ Pousada/ Quarto de Ludmila/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta e Ludmila atende)
LUDMILA: Dona Marta?
MARTA: Cachorra ordinária
(Marta dá um tapa na cara de Ludmila)
LUDMILA: Mas que agressividade é essa?
MARTA: Isso é apenas um aviso para você nunca mais se meter comigo ou com a minha família.
LUDMILA: Está falando do caso que eu tenho com o seu marido? Soube que o Caio teve um infarto. Como ele está?
MARTA: Deixe de ser debochada, garota. Eu te aviso uma coisa, vagabunda da saia rodada: eu te trouxe para Dourados facilmente. Com essa mesma facilidade, eu posso fazer você voar para longe daqui, sua urubu biscateira. Então, toma cuidado comigo.
(Marta sai)

Cena 12/ Supermercado/ Interno/ Dia
(Solano vê Vera segurando umas sacolas. Ele se aproxima dela e esbarra na viúva propositalmente. As sacolas de Vera caem no chão)
SOLANO: Que desastrado eu sou.
(Solano se agacha e Vera também. Ao mesmo tempo, eles pegam na mesma sacola e suas mãos se tocam. Um olha para o outro gradualmente)

Cena 13/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Isadora e Lucrécio entram. Luana desce a escada)
LUANA: Lucrécio? Delegada Isadora? Que maravilha em vê-los.
LUCRÉCIO: O Tiago está?
ISADORA: Queremos falar com ele.
LUANA: Sobre o quê?
ISADORA: É um assunto particular, Luana. Será que você poderia chamá-lo?
LUANA: Não irei chamar o Tiago, enquanto vocês não me contarem que tipo de assunto desejam tratar com ele.
LUCRÉCIO: Isso não é da sua conta, garota.
LUANA: Quanta agressividade, doutor Lucrécio.
(Tiago desce a escada)
TIAGO: Lucrécio? Delegada Isadora? Aconteceu alguma coisa?
LUCRÉCIO: Eu e delegada Isadora queremos falar com você, Tiago.
LUANA: Isso mesmo, meu amor. Parece que é um assunto bastante importante que eles têm para tratar com você. Eu já ia chamá-lo, mas você se antecipou e apareceu.
TIAGO: Sobre o quê vocês querem falar comigo?
LUCRÉCIO: Tiago, eu quero contar a você o que eu vi naquele cais na noite da morte da Amanda.
ISADORA: É um assunto particular, Tiago. Apenas entre nós três.
LUCRÉCIO: Justamente.
ISADORA: E então, Luana? Será que você poderia nos dar licença?
(Congela em Luana. Toca Spiritual – Katy Perry)

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