Cena 1/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
ISADORA: Nesse caso, eu prefiro fazer essa conversa em um momento onde você não esteja presente, Luana.
LUANA: Obrigada pela parte que me toca, delegada Isadora.
ISADORA: Será que posso passar aqui amanhã, dona Raimunda?
RAIMUNDA: Claro, delegada. Apareça quando quiser. Ficarei feliz em ajuda.
ISADORA: Boa noite. Com licença.
(Isadora sai)
LUANA: Que delegada petulante, a senhora não achou, tia?
RAIMUNDA: Não. Achei-a bem decidida, determinada. Tomara mesmo que ela consiga pôr um fim nessa história.
LUANA: Um absurdo me enxergar como suspeita de ter matado a Amanda.
RAIMUNDA: Como eu já disse, a delegada deve ter os motivos dela para te ver assim , Luana. E quer saber de uma coisa? Até um tempo atrás, eu acreditava na sua inocência, mas agora, ainda mais depois dessa reviravolta, eu não sei mais de nada, Luana. Só espero que você realmente não esteja envolvida nesse assassinato.
LUANA: Claro que não estou envolvida, tia. Depois dessa desconfiança, não há motivos para eu continuar aqui. Eu vou embora. Até outra hora, tia. Boa noite.
(Luana sai. Um tempo depois, alguém bate na porta e Raimunda atende)
RAIMUNDA: Delegada Isadora? Mas a senhora acabou de sair, afirmando que voltaria amanhã.
ISADORA: Eu vi a Luana saindo daqui e mudei de idéia. Podemos começar a nossa conversa, dona Raimunda?
Cena 2/ Mansão Amorim/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
(Vera e Solano estão sentados à mesa, frente a frente)
SOLANO: O jantar estava ótimo, Vera.
VERA: Ai, que bom. Afinal, esse jantar é em sua homenagem.
SOLANO: Minha homenagem? Nada disso. Nossa homenagem. Esse jantar é a primeira coisa que estamos fazendo juntos. Portanto, ele é em nossa homenagem.
VERA: Quanta gentileza, Solano. Não vejo um homem ter um comportamento gentil há muito tempo.
SOLANO: Só tinha uma coisa que estava melhor do que o jantar.
VERA: Ah é? E o quê?
SOLANO: A sua companhia, Vera. Eu não sei o que aconteceu, mas desde quando nos esbarramos no supermercado, eu senti que tínhamos uma conexão. Você pode achar isso uma bobagem, mas é uma crença que eu tenho. Quando nossas mãos se tocaram, eu senti uma coisa tão boa, tão leve, como se nós já tínhamos nos conhecido, como se já tivéssemos tido uma história juntos.
VERA: Nunca tinha ouvido algo parecido como isso de ninguém.
SOLANO: Você merece, Vera. E sabe por quê? Porque você é uma mulher especial. Pessoas que transmitem sentimentos bons para as outras são pessoas especiais e você me transmitiu isso. Você me fez sentir vivo, Vera.
VERA: Estou adorando conhecer você, Solano.
SOLANO: Espero que não percamos o contato.
VERA: Se depender de mim, isso nunca acontecerá.
(Solano dá um sorriso e Vera revida)
Cena 3/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
RAIMUNDA: Bom, delegada Isadora, naquela noite, a Luana vestiu a fantasia aqui.
ISADORA: E do que ela estava fantasiada?
RAIMUNDA: Chapeuzinho Vermelho. Uma fantasia tão meiga para ela. Mas a Luana estava linda fantasiada daquela maneira. Só que houve algumas coisas que me deixaram com a pulga atrás da orelha.
ISADORA: Que coisas, dona Raimunda?
RAIMUNDA: A Luana foi armada para a festa de casamento do Tiago.
ISADORA: Armada? Espera aí. A senhora está dizendo que a Luana foi à festa de casamento da Amanda portando uma arma?
RAIMUNDA: Sim. Ela me disse que ia armada pelo fato de se prevenir, caso ela fosse assaltada durante o caminho.
ISADORA: É muita coincidência a Amanda ser morta a tiros na mesma noite em que a Luana resolve ir armada para a festa de casamento dela.
RAIMUNDA: E ainda tem mais coisa. A arma que a Luana levou era minha. Foi um amigo meu da feira que me presenteou. E foi justamente essa arma que a Luana portou para a festa que foi usada para matar a Amanda.
ISADORA: E ela deu alguma explicação para isso?
RAIMUNDA: Sim. Ela disse que quando chegou na festa, escondeu esse revólver em um cantinho, mas parece que alguém viu e roubou.
ISADORA: Que, segundo ela, foi o assassino da Amanda quem roubou.
RAIMUNDA: Isso mesmo.
ISADORA: A Luana está me surpreendendo cada vez mais. Tem alguma coisa a mais que a senhora queira me contar, dona Raimunda?
RAIMUNDA: Tem sim, delegada. A Luana também levou para a festa uma sacola. Eu pedi para ver o conteúdo, mas ela não deixou. Mas, como a sacola era transparente, deu para perceber algo preto dentro dela. Como se fosse uma roupa preta.
ISADORA: Roupa preta?
(INÍCIO DE FLASHBACK – Capítulo 48/ Cena 13/ Delegacia/ Interno/ Dia)
ISADORA: Você viu as fantasias?
LUCRÉCIO: Sim. A mulher, que estava apontando a arma para a Amanda, estava usando uma fantasia bem justa, como eu falei lá no escritório da mansão. A fantasia dela era toda preta, que a cobria da cabeça aos pés. Era uma fantasia de mulher gato.
(FIM DE FLASHBACK)
ISADORA: É isso.
RAIMUNDA: É isso o quê, delegada Isadora?
ISADORA: Dona Raimunda, eu agradeço a sua disponibilidade em responder as minhas perguntas. Eu imploro que a senhora não comente a nossa conversa com ninguém. Ela é altamente sigilosa. Boa noite.
(Isadora sai)
Cena 4/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Noite
MARTA: Claro que eu estou surpresa em te ver. A última noticia que eu tive ao seu respeito era que você estava morando na Alemanha.
MAURA: E eu tenho certeza que você só ficou sabendo disso, porque o Alexandre, meu filho, contou. Como você permitiu que ele fosse preso, Marta?
MARTA: Maura, o Alexandre cometeu um crime. Ele assassinou uma mulher. As digitais dele foram encontradas na arma que matou a Amanda. Ele está pagando pelo o que fez.
MAURA: Meu filho é inocente. Eu o visitei na penitenciária hoje e ele afirmou veemente que não cometeu assassinato algum.
MARTA: Você nasceu para ser iludida pelo Alexandre, não é mesmo?
MAURA: Você, Marta, que sempre disse ser minha amiga, virou as costas para o meu filho no momento mais difícil da vida dele. Poderia ter pelo menos tido a decência de me ligar.
MARTA: E gastar o meu dinheiro com uma ligação internacional?
MAURA: Não é você que sempre esbanjou ter riqueza, luxo e fortuna? Mas agora que estou aqui, eu irei tirar o Alexandre da cadeia do meu jeito. Você sabe que eu sou juíza, que eu tenho recursos para fazer isso.
MARTA: Você não pode fazer isso, Maura. Pelo que eu saiba, você é juíza de acordo com as leis alemãs. No Brasil, as coisas mudam muito.
MAURA: Eu dou meu jeito, mas eu vou provar a inocência do Alexandre e tirar meu filho daquele presídio. Boa noite, Marta. Passar bem.
(Maura sai)
Cena 5/ Paisagens de São Paulo/ Noite
(Toca Baiya – Delphic)
Cena 6/ Trailer/ Interno/ Noite
LARA: Que assunto urgente é esse que você quer tanto me contar?
CELSO: Bom, é o seguinte. Lara, o nosso pai...
LARA: Nosso pai? Desculpa, Celso, mas não repita isso nunca mais. O Caio não é o meu pai. Aquela família não é a minha. Então, Celso, não há nada de “nosso” nessa vida.
CELSO: Lara, você tem que aceitar a realidade. O meu pai também é o seu pai. Nós somos irmãos.
LARA: Já disse que não, Celso. Eu quero esquecer você e tudo que lembre aquela família. Seu pai mentiu para gente, inventou histórias para que eu não descobrisse a verdade.
CELSO: Eu sei que ele errou, mas isso não vai fazer com que ele deixe de ser seu pai.
LARA: Isso quem decide sou eu. Agora, por favor, continue o que você ia me dizer.
CELSO: Lara, o meu pai está com um tumor próximo ao coração.
LARA: O quê? O Caio com um tumor?
CELSO: Justamente. E, por conta disso, ele acredita que o tempo de vida dele pode se limitar. Bom, a verdade é que meu pai quer passar um tempinho com você, para te conhecer melhor, te enxergar como filha dele, uma espécie de momento para recuperar o tempo perdido. Você aceita?
LARA: Celso, realmente é uma pena o que aconteceu com seu pai, mas eu decidi que nunca mais queria ter contato com você e com sua família. Eu sinto muito, mas eu não vou passar tempo nenhum com o Caio.
CELSO: Lara, eu entendo que você esteja chateada por conta de todas as mentiras que meu pai inventou para que você não descobrisse que ele era o seu pai, mas a situação agora é outra. Ele está com um tumor e, possivelmente, com pouco tempo de vida. Você não percebe que esse tempo que ele quer passar com você é uma forma de reparar o erro que ele cometeu contigo? Ele quer passar a te ver como filha. Você não acha isso importante?
LARA: Acho, mas eu acho que o tempo certo para que ele me reconhecesse como filha já passou. Infelizmente, ele acordou tarde demais para isso. Eu não vou para Dourados, Celso. Não vou.
CELSO: Você tem certeza?
LARA: Absoluta. Bom, acho que era só isso mesmo que você tinha que me falar, não é? Então, adeus. Espero que você nunca mais venha me importunar novamente, Celso. Eu quero esquecer você e sua família. Respeite a minha decisão.
(Lara sai)
CELSO: Lara, volta aqui. Lara.
Cena 7/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca I Dont Want To Be – Gavin DeGraw)
Cena 8/ Galpão/ Interno/ Dia
SOLANO: O que aconteceu para você me chamar tão cedo?
LUANA: Aconteceu uma tragédia, Solano. Estou muito preocupada.
SOLANO: O que houve?
LUANA: A delegada Isadora apareceu ontem na casa da tia Raimunda querendo esclarecimentos sobre o assassinato da Amanda. A sorte é que eu estava lá no momento em que ela chegou e, por isso, ela decidiu não conversar com minha tia na minha frente. Disse que ia passar na casa dela hoje.
SOLANO: E daí? Até onde eu sei, a dona Raimunda nem apareceu na festa de casamento do Tiago naquela noite. A dona Raimunda não tem nada a ver com a morte da Amanda.
LUANA: Será que você não percebe, Solano? Se a delegada Isadora apareceu na casa da tia Raimunda querendo informações sobre a morte da Amanda, é porque ela desconfia de um de nós dois.
SOLANO: E daí se a delegada desconfia? É como eu já disse. A sua tia não nem nada a ver com o assassinato da Amanda. O que ela poderia dizer para nos incriminar?
LUANA: A tia Raimunda sabe que eu fui armada para a festa de casamento da Amanda, sem falar que teve o incidente da sacola, em que ela pôde ver rapidamente o que estava dentro, que era minha fantasia de mulher gato.
SOLANO: Você acha que a dona Raimunda contaria esses incidentes para a delegada?
LUANA: Não sei. O que eu sei é que eu não quero arriscar. A gente precisa impedir que minha tia converse com aquela delegadazinha de araque.
SOLANO: E vamos fazer o quê para impedir?
LUANA: O que fazemos sempre. É com dor no coração que eu digo, mas tia Raimunda terá que ser morta.
SOLANO: Matar a dona Raimunda? Luana, como você consegue ser tão fria? É a sua tia.
LUANA: Se eu já tive coragem de matar minha própria mãe, porque não mataria minha tia? Ah, e tem mais uma coisa. Você que irá matá-la. Vou passar o resto do dia ocupada, resolvendo outras lambanças que possam nos colocar atrás das grades.
SOLANO: Luana, eu não vou ter coragem de fazer isso. Eu gosto da sua tia.
LUANA: Deixa de ser frouxo, Solano. Ou você mata minha tia ou a gente vai preso. O que você prefere? Acho que não é a segunda opção. Bom, já vou indo. Lembrando que quero receber a notícia da morte da minha tia ainda hoje. E pode matá-la do jeito que você achar melhor: esfaqueada, eletrocutada. Fica ao seu gosto.
SOLANO: Espera. E as fantasias?
LUANA: Você sabe que elas estão bem guardadas.
(Luana sai)
Cena 9/ Hospital/ Quarto de Caio/ Interno/ Dia
CAIO: A Maura está em Dourados?
MARTA: Sim. Disse que vai fazer o possível e o impossível para tirar o Alexandre da cadeia.
CAIO: Às vezes, eu penso que o Alexandre não seria capaz de cometer aquela barbaridade com a Amanda. Como foi mesmo essa reviravolta que ocorreu no caso?
MARTA: O Tiago me explicou, mas não me lembro direito. Parece que surgiu uma testemunha ocular do crime.
(O médico entra)
MÉDICO: Com licença. Desculpe interromper a conversa do casal.
MARTA: Imagina, doutor.
MÉDICO: Bom, vim aqui explicar melhor para o Caio sobre aquela cirurgia de retirada do tumor que eu comentei com você, dona Marta.
CAIO: Cirurgia? Então, existe uma cirurgia para retirar esse tumor?
MARTA: Sim, Caio.
MÉDICO: O seu tumor é benigno, seu Caio.
MARTA: Já disse para o médico que ele pode marcar a data da cirurgia o mais rápido possível, mas ele falou que é você que deve dizer se concorda ou não com a realização dessa operação. Mas é claro que você concorda, não é, Caio?
CAIO: Não.
MARTA: Como não?
CAIO: Eu não quero passar por essa cirurgia.
MARTA: Mas por que, Caio?
CAIO: Por que não me sinto bem em pensar que terei que passar por uma cirurgia. Pelo menos, esse tumor não me faz sentir dores. Marta, você sabe que eu tenho trauma com operações. Estou decidido. Essa cirurgia eu não faço.
Cena 10/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Lucrécio e Raimunda estão sentados lado a lado)
LUCRÉCIO: A delegada Isadora veio te visitar ontem?
RAIMUNDA: Sim. E não se preocupe. Eu colaborei com a investigação. Disse a ela tudo o que eu notei de estranho na Luana naquela noite da morte da Amanda, como você me recomendou.
LUCRÉCIO: Fico feliz por isso.
RAIMUNDA: Já eu não posso dizer a mesma coisa, Lucrécio. É a minha sobrinha que está sendo suspeita de ter matado uma pessoa. Isso me entristece bastante.
LUCRÉCIO: Mudando um pouco de assunto, você já pensou a respeito de morar na minha casa?
RAIMUNDA: Pensei e eu aceito, mas tenho algumas condições.
LUCRÉCIO: Condições?
RAIMUNDA: Eu só me mudarei para sua casa depois do nosso casamento.
LUCRÉCIO: Só isso?
RAIMUNDA: Não, tem mais duas coisas. A primeira é de que o Solano continuará morando aqui, mesmo depois de eu ter me mudado. E a segunda é que eu não me desligarei dessa casa. Pretendo passar uns dias aqui. Será como se tivéssemos duas residências: esta casa e a sua casa. Tanto é que já me prontifiquei em fazer uma cópia da chave da minha casa para você.
(Raimunda entrega a cópia da chave para Lucrécio)
RAIMUNDA: Pronto. Acabaram as condições.
LUCRÉCIO: Ainda bem.
(Lucrécio e Raimunda se beijam)
Cena 11/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Dia
(Tiago está revirando seu guarda-roupa. Luana entra)
LUANA: Tiago? O que está acontecendo?
TIAGO: Estou procurando uma coisa. Tenho certeza que a coloquei no meu guarda-roupa.
LUANA: Nossa. Essa coisa deve ser muito importante mesmo para te deixar tão desesperado assim.
(Marta entra)
MARTA: Tiago, meu filho, será que podemos conversar em particular, longe de qualquer mau olhado?
LUANA: Isso foi uma indireta para mim, dona Marta?
MARTA: Interprete como quiser, biscate.
TIAGO: Mãe, eu não quero que trate a Luana dessa maneira. Quantas vezes eu terei que repetir isso?
MARTA: Eu só quero conversar com você, Tiago. Longe dessa mulherzinha que você chama de esposa.
TIAGO: Isso não será possível, mãe. Se quiser falar comigo, terá que falar na frente da Luana também.
MARTA: Só quero avisar que a mãe do Alexandre está na cidade.
TIAGO: A dona Maura?
MARTA: Essa mesma. Ela me disse que irá fazer de tudo para tirar o filhotinho da cadeia.
LUANA: E essa mulher é tão poderosa para fazer isso?
TIAGO: Ela é juíza. Portanto, ela conhece os recursos judiciais necessários para tirar alguém de um presídio.
MARTA: Disse também que irá provar a inocência do Alexandre a qualquer custo.
LUANA: Ela não deveria se preocupar quanto a isso. Acho que o Lucrécio e a delegada Isadora já estão se encarregando disso. Incrível como ela parece ter certeza de que o Alexandre é inocente.
TIAGO: Ela deve ter provas.
MARTA: Também tenho notícias do seu pai, Tiago. O tumor que ele tem é benigno e pode ser retirado por meio de uma cirurgia, mas o Caio se recusou a passar pela operação.
TIAGO: Mas por que ele fez isso?
MARTA: Disse que tem trauma de cirurgias, mas essa explicação chinfrim não me convenceu.
(Marta sai)
Cena 12/ Mansão Amorim/ Sala/ Interno/ Dia
MIRNA: Aqui está o café que a senhora pedi, dona Vera.
(Mirna entrega uma xícara de café para Vera)
VERA: Mirna, eu posso te pedir uma opinião?
MIRNA: Claro, dona Vera. Fique a vontade.
VERA: O que você achou do Solano, o rapaz que veio jantar comigo ontem a noite?
MIRNA: Ele é um moço bem apessoado, dona Vera. Um homem bonito, cavalheiro, educado, respeitador e que deu a entender que gostou muito da senhora.
VERA: Você achou mesmo que ele gostou de mim?
MIRNA: Claro. Me pareceu que ele estava interessado na senhora.
VERA: Que idéia, Mirna. Eu sou uma mulher muito mais velha que o Solano. Obviamente que ele não se interessaria por mim.
MIRNA: Na minha sincera opinião, parece que ele não se importa muito com a idade. Dona Vera, desculpe a indelicadeza, mas a senhora passou por tantas coisas ruins recentemente. Está na hora de se dar um pouco mais de vida.
VERA: O que você quer dizer com isso?
MIRNA: Vá viver, dona Vera. Se esse rapaz estiver mesmo apaixonado pela senhora, não se importe com possíveis comentários dessa gente. Invista nessa paixão. A senhora merece se sentir amada. A senhora merece ser feliz.
Cena 13/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Solano entra e Raimunda percebe)
RAIMUNDA: Solano, ainda bem que você chegou. Estou querendo mesmo falar com você.
SOLANO: Aconteceu alguma coisa?
RAIMUNDA: Eu queria conversar com você. Sente-se, por favor.
(Solano e Raimunda se sentam)
SOLANO: Seu tom de voz está me preocupando, dona Raimunda.
RAIMUNDA: Solano, eu vou deixar essa casa.
SOLANO: Como?
RAIMUNDA: Você sabe que eu e Lucrécio iremos nos casar em breve. Devido a isso, após o casamento, eu irei morar na casa dele. Então, essa casa vai ficar somente para você. Bem, somente entre aspas, porque terá dias que eu virei para passar um tempo contigo.
SOLANO: Não sabia que a senhora confiava tanto em mim a ponto de me deixar sua casa, dona Raimunda.
RAIMUNDA: Solano, às vezes eu pude não ter demonstrado da maneira correta, mas eu gosto de você. Acho você um rapaz coerente, possuidor de bons sentimentos. A única coisa que me incomoda é essa devoção exagerada que você tem pela Luana, como se a sua vida dependesse da dela.
SOLANO: Nossa, dona Raimunda, a senhora é uma mulher muito especial para mim também. Tão especial que eu queria levá-la para um local ainda hoje.
RAIMUNDA: Local?
SOLANO: Eu quero mostrar o por do sol para a senhora, dona Raimunda. Como uma forma de agradecimento por esse carinho. Vamos?
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
MARTA: Não entendo porque ele recusou a cirurgia, Francisca. Que homem é esse que prefere viver com um tumor dele, sabendo que pode se curar desse mal?
FRANCISCA: Nossa, dona Marta. Eu fico até comovida com esse amor todo que a senhora sente pelo seu Caio.
MARTA: Amor? Eu não amo o Caio, Francisco.
FRANCISCA: Como não ama? Se não amasse, não estaria se preocupando com o estado de saúde dele, não estava querendo que ele se recuperasse desse tumor.
MARTA: Mas eu preciso que ele fique curado para o meu acerto de contas, Francisca. Preciso do Caio vivo para que ele me pague pela traição que cometeu. Eu não quero que esse tumor acabe com o Caio, porque eu mesma quero ter o prazer de acabar com ele.
Cena 15/ Praça/ Interno/ Dia
(Luiza está passeando com Marquinhos. O bebê se encontra no carrinho. Ludmila se aproxima de Luiza)
LUDMILA: Luiza.
LUIZA: Olá Ludmila.
LUDMILA: Seu filho é tão lindo.
LUIZA: Obrigada
LUDMILA: Deve ser difícil criar de um bebê, não é verdade?
LUIZA: É um pouco cansativo, mas bastante prazeroso.
LUDMILA: Você não pensa em ter uma babá?
LUIZA: Ainda não pensei sobre isso, Ludmila. Mas por que a pergunta?
LUDMILA: Ah, porque, se você estiver precisando de babá, eu estarei a disposição.
LUIZA: Como é? Você está se oferecendo para ser babá do meu filho, Ludmila?
Cena 16/ Penitenciária/ Cela de Alexandre/ Interno/ Dia
(Alexandre está deitado na cama. INÍCIO DE FLASHBACK – PS: cena não foi ao ar anteriormente – Sala de visita/ Interno/ Dia)
ALEXANDRE: Mãe.
MAURA: Filho
(Maura e Alexandre se abraçam)
...
ALEXANDRE: Eu sou inocente, mãe.
MAURA: Eu confio em você, Alexandre. E eu vou te ajudar a provar sua inocência, meu filho.
(Maura dá um sorriso para Alexandre, que revida – FIM DE FLASHBACK)
ALEXANDRE (para si): Que bom que você veio, mãe.
(Três guarda se aproxima da cela e bate na grade)
GUARDA 1: Ei rapaz.
ALEXANDRE: O que houve?
GUARDA 1: Eu e minha equipe vamos revistar sua cela. Ordem da diretoria.
ALEXANDRE: Revistar a cela? Mas por quê?
GUARDA 1: Para ver se encontramos algo relacionado à fuga do Tonhão.
(O guarda 1 abre o portão da cela e ele, juntamente com os outros dois guardas, entra)
Cena 17/ Hospital/ Quarto de Caio/ Interno/ Dia
(Caio está deitado. Celso entra)
CAIO: Celso? Já de volta? Conversou com a Lara?
CELSO: Conversei.
CAIO: E ela?
CELSO: Ela se recusou a vim, pai.
HORAS DEPOIS
Cena 18/ Desfiladeiro das Pedras/ Interno/ Tarde
(Raimunda e Solano estão no alto do desfiladeiro)
SOLANO: A senhora já veio aqui antes?
RAIMUNDA: Nunca. Sempre tive essa vontade, mas nunca ninguém me convidou. Você está realizando um grande desejo meu, Solano.
SOLANO: Fico feliz por isso, dona Raimunda. Não é linda essa paisagem? Daqui do alto dá para ver Dourados inteira.
RAIMUNDA: Verdade. Consigo ver minha casa daqui.
SOLANO: Dona Raimunda, eu sinto muito.
RAIMUNDA: Sente pelo quê, Solano?
SOLANO: Por tê-la desapontado em algum momento. Eu quero que a senhora saiba que eu gosto da senhora, mas há coisas na vida que nos obrigam a fazer certas escolhas.
RAIMUNDA: Por que você está falando isso?
SOLANO: Eu não trouxe a senhora aqui apenas para presenciar esse lindo por do sol. Há outro motivo.
RAIMUNDA: Do que você está falando, Solano?
SOLANO: A senhora sempre criticou a minha relação com a Luana. Dizia que eu nunca tive vontade própria. Mas a senhora falava isso porque nunca entendeu o que eu tinha de verdade com sua sobrinha.
RAIMUNDA: Solano, eu não estou entendendo. Pare com essa enrolação. Se você tem algo a me falar, diga agora, sem enrolar.
SOLANO: Eu não queria fazer isso, mas eu tenho que fazer. Ou é a senhora ou sou eu.
(Raimunda pega na gola da camisa de Solano)
RAIMUNDA: Do que você está falando?
SOLANO: Eu tenho que matar a senhora.
(Raimunda larga a gola da camisa de Solano)
RAIMUNDA: O quê?
SOLANO: Eu não queria fazer isso, mas a Luana me obrigou. Na verdade, não foi nem a Luana em si. A vida ela nos obriga a se comportar de certa maneira.
RAIMUNDA: Por que você tem que me matar?
SOLANO: A senhora sabe de muita coisa.
RAIMUNDA: Que coisa eu sei? Que coisa?
(pausa)
RAIMUNDA: A morte da Amanda. Foram vocês? Vocês mataram a Amanda?
SOLANO: Adeus, dona Raimunda. Fique com Deus.
(Solano empurra Raimunda do alto do desfiladeiro. Raimunda rola o penhasco e cai lá embaixo)
(Congela em Solano. Toca Radioactive – Imagine Dragons)
0 comentários:
Postar um comentário