quarta-feira, 30 de julho de 2014

Classe Social - Nono Capitulo


1º Cena – Zona Sul – Edifício Mares – Manhã

Carlos: Você não sabia não? O Roger é gay
Roger coloca a mão na cabeça.
Gustavo: GAY?
Roger:  CARLOS, SAI DAQUI!
Carlos: Ah, estava atrapalhando os pombinhos... Você não era tão agressivo comigo
Roger: Pelo menos me deve respeito por tudo que a gente passou.
Gustavo perplexo, observando a cena
Roger: Você entra na minha casa, fica me expondo e ainda exige respeito? SAI DAQUI!
Carlos: Ai Roger, você às vezes é um saco, meu amor.
Roger pega Carlos pela camisa
Roger: VOCÊ VAI SAIR POR BEM OU POR MAL?
Carlos: Me solta, seu grosso!
Carlos faz uma manobra brusca e consegue se soltar das mãos de Roger... Imediatamente vai até a porta
Carlos: Sabe de uma coisa? Vai se danar! Queria dá uma chance para o nosso amor... O nosso amor selvagem e platônico. Mas você não se importa. E nem ao menos liga mais pra mim. Lamentável!
Roger: VAZA!
Carlos sai.
Roger: Gustavo... Desculpa por tudo.
Gustavo ainda perplexo com toda aquela situação, olha para Roger, com desdém
Gustavo: Não precisa se desculpar... Então era esse o seu teatrinho?
Roger: Gustavo... Eu gosto de você de verdade, como amigo.
Gustavo: Gosta de mim como amigo? Eu sei muito bem o que você quer... Você é um louco! Uma bicha que vive as custas disso... E eu caí direitinho no seu joguinho de viado... No seu jogo de puta!
Roger chorando
Roger: Para!
Gustavo: Para? Você me fez ficar de cueca na sua casa, supostamente pra me seduzir no seu jogo de viadinho... Acabo descobrindo que você é um falso, mentiroso, cheio de máscaras... EU TE ODEIO, SUA BICHONA! TE ODEIO!
Gustavo sai em direção o quarto. Roger soluçando de tanto chorar
Roger: Gustavo... Eu não tenho culpa de ser assim. Eu nunca escolheria viver uma vida cheia de humilhações.
Gustavo, ainda no corredor se vira e olha para o rosto de Roger
Gustavo: Me faz um favor? Não fala mais comigo... Melhor! Não olha pra minha cara nunca mais... Eu vou pegar as minhas coisas e vou pra minha casa. Honre o seu gênero de macho uma vez na vida e jure que não vai mais me dirigir a palavra... Bichona!
Roger caí no choro e observa Gustavo sair, gélido como um iceberg
(Toca: Ride – Lana Del Rey)

CORTA PARA:
2º Cena – Zona Sul – Edifício Beira Mar – Manhã

Toda a família reunida, tomando café da manhã. Nina e Fábio ainda continuam rindo de Maitê
Maitê: Vocês ainda ficam rindo da minha cara? Eu não mereço isso... Saudades das épocas dos bons e belos valores familiares da sociedade. Onde tudo era separado: o preto do branco. O pobre do rico...
Nina: Pois é, mamãe. Mas os tempos são outros! Hoje todo mundo tem o direito de viver do jeito que quiser.
Maitê: Cala essa boca, garota! Gente como eu, que tem dinheiro e poder, pode muito bem mandar e desmandar em quem quiser! Você tá ficando louca?
Fábio: Maitê, não precisa falar assim com a Nina... Ela apenas quis ajudar essa mulher a resolver a situação com filho.
Nina: É incrível como eu sinto ainda mais nojo da senhora... Desculpa “mamãe”, mas você e nem ninguém são os centros do mundo!
Maitê vai até a porta
Maitê: Vou te mostrar que eu posso sim ser mais do que um Deus... Vou te mostrar que o dinheiro está acima desses seus valores medíocres e favelados.
Nina: A SENHORA É UM MONSTRO!
Nina parte pra cima da mãe, Fábio a segura
Maitê: Podem ficar tranquilos, família. Eu mesma vou resolver essa situação constrangedora!
Nina: PAI, ELA VAI...
Fábio: Filha, com certeza ela não vai ir muito longe... Deixa a louca da sua mãe se achar. Ela não pode fazer nada com ninguém!
Maitê dá um sorriso cínico e saí.
Nina: Se ela fizer alguma coisa com a Vera, pai...
Fábio: Filha, ela não vai fazer nada!
Close em Nina, preocupada

6º Cena – Zona Oeste – Casa de Luiza – Manhã

Jurema e Luiza estão sentadas na mesa, prontas para tomar o café da manhã
Luiza: A Carol demora tanto assim pra acordar?
Jurema: Demora? Isso ainda é muito pouco. As vezes que ela só vem acordar por volta de umas 18:00hrs.
Luiza: A senhora não impõe limites?
Jurema: Limites? O que é limites?
Luiza: Ai mãe...
Jurema: Fala menina! Limites é coisa de comer né? Coisa de gente fina, né não?! Nunca comi isso não, viu?
Close em Luiza, horrorizada
Luiza: Eu fiz o quadradinho de oito na cruz... SÓ PODE!

4º Cena – Zona Sul – Edifício Beira mar – Apartamento – Manhã

Família toda reunida, comendo o café da manhã. Gustavo chega em casa, não olha pra ninguém, não dá sequer um bom dia, vai direto para o quarto
Vera grita com ele
Vera: GUSTAVO! Vem comer com a gente! O que aconteceu com esse menino, meu Deus?
Beto: Gustavo?
Vera: Sim meu filho, seu irmão...
Beto: Ah... Meu irmão...
A campainha toca
Vera: Beto, esconde os pratos pra ninguém ver que a gente tá comendo!
Beto: Mas por que, mãe?
Vera: Na nossa situação... Todo grão de comida é lucro! Anda!
Beto vai escondendo os pratos. Vera vai atender a porta. Maitê vai entrando no apartamento
Maitê: Então é aqui que a classe C está impregnada não é? Nada mal pra gente do nível de vocês.
Vera: Você de novo, sua dondoca ridícula? O que você veio fazer aqui?
Maitê retira os óculos escuros
Maitê: Mas vou te contar, hein? Hoje em dia ninguém pode dar liberdade pra pobre não... Quando se dá liberdade, eles sempre ganham alguma regalia. No final, terminam como vocês. Da favela para a zona sul, que evolução!
Vera: Cala essa sua boca ridícula! Eu sempre dei duro para criar os meus filhos! Não é porque eu tô morando num apartamento de luxo que vou dar satisfações pra você!
Maitê: Qual foi o golpe da vez?
Vera: É O QUE?
Maitê: Vamos, pode falar.
Vera: EU VOU TE BATER!
Beto corre pra segurar a mãe. Maitê aponta para o rosto de Vera, dando um sorriso
Maitê: Além de pobre, é pistoleira... Não vou mais perder meu precioso tempo com você.
Maitê coloca os óculos
Maitê: Toma cuidado... Gente como você pode desaparecer num instante! É um perigo!
Maitê, finalmente, vai embora
Vera: MALDITA!
Close em Vera chorando e logo após limpando as lágrimas
Vera: Meu filho, eu tenho que pegar no batente agora! Tô com uma dívida enorme... Tenho que ralar!
Beto sorri e limpa as lágrimas da mãe
Beto: Liga não mãe!
Os dois se abraçam e logo em seguida Vera vai para o emprego

5º Cena – Zona Sul – Condomínio Fechado – Casa de Pedro – Manhã

Vera já está com avental e tudo mais. Flávia entra e dá de cara com a sua empregada na cozinha
Flávia: MAS QUE OUSADIA É ESSA? SUA LADRA!
Vera: Oi? O que aconteceu dona Flávia?
Flávia: Mas é uma cara de pau mesmo... Além de ladra, é cínica!
Close no rosto de Vera, assustada

CORTA PARA:
6º Cena – Faculdade Estácio de Sá – Área externa – Manhã

Todo mundo se direcionando as suas salas. Roger vai entrando na sala e olha diretamente para Gustavo. O mesmo vai até Gustavo, pra tentar se explicar novamente.
Roger: Gustavo, a gente ainda não conversou direito sobre tudo aquilo...
Gustavo: QUALÉ, SUA BICHA? VAI FICAR ME PERSEGUINDO AGORA?! ESQUECEU O QUE EU FALEI?!
Roger: Calma cara...
Gustavo segura Roger pela gola, aproveita que não tem ninguém na sala fora os dois, e o encosta na parede.
Gustavo: CALMA?
Roger: Você tá me machucando Gustavo, ME LARGA!
Gustavo: Mas é uma bichinha sensível mesmo...
Gustavo vai encostando a boca no ouvido de Roger, desesperado com a situação
Gustavo: ...Bichona...
Gustavo olha nos olhos de Roger e vai tentando beijar a sua boca. Roger esquiva e acaba dando um chute em Gustavo.
Roger: O QUE É ISSO GUSTAVO? PIROU?
Gustavo: Não é isso que você gosta?
Roger: CALA A BOCA GUSTAVO! VOCÊ TÁ ME OFEDENDO!
O resto do pessoal entra na sala. Gustavo olha nos olhos de Roger, ferozmente, e fala baixinho
Gustavo: Ou dá ou desce!
Roger: Eu nunca fui tão humilhado na minha vida! Nunca faria isso com você, seu preconceituoso! Cadê o meu amigo de antes? Cadê o meu Gustavo?
Gustavo (gritando ainda mais alto): ENTÃO VAI PARA O INFERNO, SUA BICHA! QUERO MAIS É QUE VOCÊ SE FODA!
O pessoal se assusta e olha em direção a Roger, totalmente amedrontado e desorientado.

Congela em Roger assustado

(Gancho ao som: Ride – Lana Del Rey)
Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário