1º Cena – Zona Sul – Edifício Mares –
Manhã
Carlos: Você
não sabia não? O Roger é gay
Roger
coloca a mão na cabeça.
Gustavo: GAY?
Roger: CARLOS, SAI DAQUI!
Carlos: Ah,
estava atrapalhando os pombinhos... Você não era tão agressivo comigo
Roger: Pelo
menos me deve respeito por tudo que a gente passou.
Gustavo
perplexo, observando a cena
Roger: Você
entra na minha casa, fica me expondo e ainda exige respeito? SAI DAQUI!
Carlos: Ai
Roger, você às vezes é um saco, meu amor.
Roger pega
Carlos pela camisa
Roger: VOCÊ
VAI SAIR POR BEM OU POR MAL?
Carlos: Me
solta, seu grosso!
Carlos faz
uma manobra brusca e consegue se soltar das mãos de Roger... Imediatamente vai
até a porta
Carlos: Sabe
de uma coisa? Vai se danar! Queria dá uma chance para o nosso amor... O nosso
amor selvagem e platônico. Mas você não se importa. E nem ao menos liga mais
pra mim. Lamentável!
Roger: VAZA!
Carlos
sai.
Roger:
Gustavo... Desculpa por tudo.
Gustavo
ainda perplexo com toda aquela situação, olha para Roger, com desdém
Gustavo: Não
precisa se desculpar... Então era esse o seu teatrinho?
Roger:
Gustavo... Eu gosto de você de verdade, como amigo.
Gustavo:
Gosta de mim como amigo? Eu sei muito bem o que você quer... Você é um louco!
Uma bicha que vive as custas disso... E eu caí direitinho no seu joguinho de
viado... No seu jogo de puta!
Roger
chorando
Roger: Para!
Gustavo:
Para? Você me fez ficar de cueca na sua casa, supostamente pra me seduzir no
seu jogo de viadinho... Acabo descobrindo que você é um falso, mentiroso, cheio
de máscaras... EU TE ODEIO, SUA BICHONA! TE ODEIO!
Gustavo sai
em direção o quarto. Roger soluçando de tanto chorar
Roger:
Gustavo... Eu não tenho culpa de ser assim. Eu nunca escolheria viver uma vida
cheia de humilhações.
Gustavo,
ainda no corredor se vira e olha para o rosto de Roger
Gustavo: Me
faz um favor? Não fala mais comigo... Melhor! Não olha pra minha cara nunca
mais... Eu vou pegar as minhas coisas e vou pra minha casa. Honre o seu gênero
de macho uma vez na vida e jure que não vai mais me dirigir a palavra...
Bichona!
Roger caí
no choro e observa Gustavo sair, gélido como um iceberg
(Toca: Ride –
Lana Del Rey)
CORTA PARA:
2º Cena – Zona Sul – Edifício Beira
Mar – Manhã
Toda a
família reunida, tomando café da manhã. Nina e Fábio ainda continuam rindo de
Maitê
Maitê: Vocês
ainda ficam rindo da minha cara? Eu não mereço isso... Saudades das épocas dos
bons e belos valores familiares da sociedade. Onde tudo era separado: o preto
do branco. O pobre do rico...
Nina: Pois é,
mamãe. Mas os tempos são outros! Hoje todo mundo tem o direito de viver do
jeito que quiser.
Maitê: Cala
essa boca, garota! Gente como eu, que tem dinheiro e poder, pode muito bem
mandar e desmandar em quem quiser! Você tá ficando louca?
Fábio: Maitê,
não precisa falar assim com a Nina... Ela apenas quis ajudar essa mulher a
resolver a situação com filho.
Nina: É
incrível como eu sinto ainda mais nojo da senhora... Desculpa “mamãe”, mas você
e nem ninguém são os centros do mundo!
Maitê vai
até a porta
Maitê: Vou te
mostrar que eu posso sim ser mais do que um Deus... Vou te mostrar que o
dinheiro está acima desses seus valores medíocres e favelados.
Nina: A
SENHORA É UM MONSTRO!
Nina parte
pra cima da mãe, Fábio a segura
Maitê: Podem
ficar tranquilos, família. Eu mesma vou resolver essa situação constrangedora!
Nina: PAI,
ELA VAI...
Fábio: Filha,
com certeza ela não vai ir muito longe... Deixa a louca da sua mãe se achar.
Ela não pode fazer nada com ninguém!
Maitê dá
um sorriso cínico e saí.
Nina: Se ela
fizer alguma coisa com a Vera, pai...
Fábio: Filha,
ela não vai fazer nada!
Close em
Nina, preocupada
6º Cena – Zona Oeste – Casa de Luiza –
Manhã
Jurema e
Luiza estão sentadas na mesa, prontas para tomar o café da manhã
Luiza: A
Carol demora tanto assim pra acordar?
Jurema:
Demora? Isso ainda é muito pouco. As vezes que ela só vem acordar por volta de
umas 18:00hrs.
Luiza: A
senhora não impõe limites?
Jurema:
Limites? O que é limites?
Luiza: Ai
mãe...
Jurema: Fala
menina! Limites é coisa de comer né? Coisa de gente fina, né não?! Nunca comi
isso não, viu?
Close em
Luiza, horrorizada
Luiza: Eu fiz
o quadradinho de oito na cruz... SÓ PODE!
4º Cena – Zona Sul – Edifício Beira
mar – Apartamento – Manhã
Família
toda reunida, comendo o café da manhã. Gustavo chega em casa, não olha pra
ninguém, não dá sequer um bom dia, vai direto para o quarto
Vera grita
com ele
Vera:
GUSTAVO! Vem comer com a gente! O que aconteceu com esse menino, meu Deus?
Beto:
Gustavo?
Vera: Sim meu
filho, seu irmão...
Beto: Ah...
Meu irmão...
A
campainha toca
Vera: Beto,
esconde os pratos pra ninguém ver que a gente tá comendo!
Beto: Mas por
que, mãe?
Vera: Na
nossa situação... Todo grão de comida é lucro! Anda!
Beto vai
escondendo os pratos. Vera vai atender a porta. Maitê vai entrando no
apartamento
Maitê: Então
é aqui que a classe C está impregnada não é? Nada mal pra gente do nível de
vocês.
Vera: Você de
novo, sua dondoca ridícula? O que você veio fazer aqui?
Maitê
retira os óculos escuros
Maitê: Mas
vou te contar, hein? Hoje em dia ninguém pode dar liberdade pra pobre não...
Quando se dá liberdade, eles sempre ganham alguma regalia. No final, terminam
como vocês. Da favela para a zona sul, que evolução!
Vera: Cala
essa sua boca ridícula! Eu sempre dei duro para criar os meus filhos! Não é
porque eu tô morando num apartamento de luxo que vou dar satisfações pra você!
Maitê: Qual
foi o golpe da vez?
Vera: É O
QUE?
Maitê: Vamos,
pode falar.
Vera: EU VOU
TE BATER!
Beto corre
pra segurar a mãe. Maitê aponta para o rosto de Vera, dando um sorriso
Maitê: Além
de pobre, é pistoleira... Não vou mais perder meu precioso tempo com você.
Maitê
coloca os óculos
Maitê: Toma
cuidado... Gente como você pode desaparecer num instante! É um perigo!
Maitê,
finalmente, vai embora
Vera:
MALDITA!
Close em
Vera chorando e logo após limpando as lágrimas
Vera: Meu
filho, eu tenho que pegar no batente agora! Tô com uma dívida enorme... Tenho
que ralar!
Beto sorri
e limpa as lágrimas da mãe
Beto: Liga
não mãe!
Os dois se
abraçam e logo em seguida Vera vai para o emprego
5º Cena – Zona Sul – Condomínio
Fechado – Casa de Pedro – Manhã
Vera já
está com avental e tudo mais. Flávia entra e dá de cara com a sua empregada na
cozinha
Flávia: MAS
QUE OUSADIA É ESSA? SUA LADRA!
Vera: Oi? O
que aconteceu dona Flávia?
Flávia: Mas é
uma cara de pau mesmo... Além de ladra, é cínica!
Close no
rosto de Vera, assustada
CORTA PARA:
6º Cena – Faculdade Estácio de Sá –
Área externa – Manhã
Todo mundo
se direcionando as suas salas. Roger vai entrando na sala e olha diretamente
para Gustavo. O mesmo vai até Gustavo, pra tentar se explicar novamente.
Roger:
Gustavo, a gente ainda não conversou direito sobre tudo aquilo...
Gustavo:
QUALÉ, SUA BICHA? VAI FICAR ME PERSEGUINDO AGORA?! ESQUECEU O QUE EU FALEI?!
Roger: Calma
cara...
Gustavo
segura Roger pela gola, aproveita que não tem ninguém na sala fora os dois, e o
encosta na parede.
Gustavo:
CALMA?
Roger: Você
tá me machucando Gustavo, ME LARGA!
Gustavo: Mas
é uma bichinha sensível mesmo...
Gustavo
vai encostando a boca no ouvido de Roger, desesperado com a situação
Gustavo:
...Bichona...
Gustavo
olha nos olhos de Roger e vai tentando beijar a sua boca. Roger esquiva e acaba
dando um chute em Gustavo.
Roger: O QUE
É ISSO GUSTAVO? PIROU?
Gustavo: Não
é isso que você gosta?
Roger: CALA A
BOCA GUSTAVO! VOCÊ TÁ ME OFEDENDO!
O resto do
pessoal entra na sala. Gustavo olha nos olhos de Roger, ferozmente, e fala
baixinho
Gustavo: Ou
dá ou desce!
Roger: Eu
nunca fui tão humilhado na minha vida! Nunca faria isso com você, seu
preconceituoso! Cadê o meu amigo de antes? Cadê o meu Gustavo?
Gustavo
(gritando ainda mais alto): ENTÃO VAI PARA O INFERNO, SUA BICHA! QUERO MAIS É
QUE VOCÊ SE FODA!
O pessoal
se assusta e olha em direção a Roger, totalmente amedrontado e desorientado.
Congela
em Roger assustado
(Gancho ao som: Ride – Lana Del Rey)
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