Classe Social - Capitulo Dezesseis

1º Cena – Edifício Beira Mar – Apartamento de Maitê – Fim da tarde

Nina: Você é louca, pirada, você vai se acabar só, sem ninguém, porque ninguém gosta de você. TODOS TE ODEIAM.

Maitê: E eu vou matar aquele seu namorado de merda.

Nina: VAGABUNDA!

Nina mete a mão na cara de Maitê.

Um silencio toma conta do ambiente, Maitê coloca a mão no rosto e parece não acreditar naquilo.

Maitê: Você me bateu? Você bateu na sua mãe?

Nina: Ai meu Deus, eu não queria fazer isso.

Maitê encara Nina com ódio

Maitê: Sai daqui, agora, some da minha vida e esquece que um dia você teve mãe.

Nina: Mas...

Maitê: SAAAAAAAAAAAAAI DAQUI

Nina começa a chorar

Nina: Mãe, não era minha intenção.

Maitê empurra Nina

Maitê: Some daqui, desaparece daqui, saia da minha vida...

Nina sai chorando e Maitê bate a porta do apartamento.

2º Cena – Condomínio Fechado – Casa do Pedro – Quarto - Noite

Vitória, Miller e Sergio entra no quarto e encontra Pedro arrumando uma mochila.

Vitória: Pedro, você vai viajar?

Pedro se assusta

Pedro: Você quer me matar, sua louca?

Miller: Pra que essa mochila?

Pedro: Não interessa!

Sérgio: Sinto cheiro de armação...

Pedro: Por acaso me chamo Sérgio?

Vitória: Anda logo Pedro, a gente te conhece, pra onde você vai?

Pedro: Eu vou salvar a Lara!

Eles ficam surpresos

Miller: O que? Você ficou maluco?

Vitória: A gente custou pra te tirar daquele buraco e você ta dizendo que vai voltar pra lá?

Pedro: Sim, vou. Não foi a Lara que salvou a minha vida? Então, eu tenho que salvar ela daquele bandido.

Sérgio: Mas aquele bandido é o namorado dela.

Pedro: Ex-namorado!

Vitória: Pedro, não interessa, aquele rapaz é perigoso, por pouco ele não te mata.

Pedro: Eu sei, eu tenho tudo armado já.

Miller: Mas a tia Flávia disse que a Lara tinha tomado um tiro, até o tio Roberto confirmou.

Pedro: Mas eu sinto que ela está viva.

Sérgio: Cara, você está se metendo eu uma roubada das grandes.

Vitória: Logo você que há semanas atrás era taxado de aborrecente, agora decidiu virar o herói do mundo?

Pedro: Olha aqui galera, nada que vocês falarem, vai me fazer mudar de ideia. Eu vou atrás da Lara e ponto, ela estando viva ou morta. Eu só peço a vocês que mantenham esse segredo para meus pais.

Miller: Tá né.

Vitória: Pensa direito garoto, você pode estar entrando num mato sem cachorro.

Pedro: Eu sei o que faço.

3º Cena – Delegacia de Policia – Área interna – Noite

Nina entra na delegacia e vai ao encontro de Beto que estava a sua espera.

Beto: Meu amor, você demorou.

Eles se abraçam, mas Beto percebe algo de estranho.

Beto: Você tava chorando?

Nina: Não, claro que não, foi um cisco que caiu no meu olho.

Beto: Mas e aí, o que sua mãe disse?

Nina: Eu tentei fazer com que ela retirasse o boletim, mas acabamos brigando e ela ficou com mais raiva ainda.

Beto: Nossa, Nina, e agora? O que nós vamos fazer?

Nina: Calma, fica calmo meu amor, amanhã cedo eu vou falar com o meu pai, ele vai nos ajudar, vamos tirar a Vera da cadeia e tudo vai voltar ao normal.

Beto: Eu tenho que arrumar um emprego, a gente não pode viver nessa situação.

Nina: Você vai arrumar, eu sei, mas não agora. Precisamos ir pra casa, tomar um bom banho e descansar, é isso.

Beto: Tudo bem.

4º Cena – Edifício Beira Mar – Apartamento de Maitê – Noite

Campainha toca e Maitê corre pra atender. Ela abre e é Flávia.

Maitê: Amiga

Ela abraça Flávia chorando

Flávia: Eu vim assim que você me ligou. O que houve?

Maitê: Eu quero morrer

Flávia: Não, você não quer. Maitê, anda logo, me diz: Foi algo com o Fábio?

Maitê: A Nina...

Flávia: O que tem a Nina?

Maitê: Ela me bateu, a minha filha, me bateu.

Flávia: Meu Deus, como assim ela te bateu?

Maitê: Eu denunciei a sogra que ela tanto ama. Aquela mulherzinha folgada.

Flávia: Mas o que ela fez?

Maitê: Roubou um relógio meu valiosíssimo.

Flávia: A Nina está se misturando com esse tipo de gente?

Maitê: Sim

Flávia: Saudades de quando ela e o Pedro namoravam

Maitê: O pior é que essa ladra é acostumada, uma favelada mãe de dois filhos ridículos. A Vera me paga!

Flávia estranha.

Flávia: Favelada? Vera? Por acaso essa “ladra” é a Verá Lúcia?

Maitê: Você conhece ela?

Flávia: Uma que o filho trabalha vendendo hot dog?

Maitê: Trabalhava, essa mesmo!

Flávia: Mas que vagabunda, ela te roubou também?!

Maitê: Então quer dizer que...

Flávia: Sim, ela roubou o cofre do Roberto, e o pior: Ele culpou o meu Pedrinho por causa disso.

Maitê muda a expressão e dá um largo sorriso.

Maitê: Flávia de Deus, você vai ter que me ajudar. Liga pra policia e faz mais uma denuncia dessa vaca, quanto mais denuncia, mas tempo essa mocreia vai passar atrás das grades.

Flávia: Vou fazer isso agora mesmo.

Flávia pega o telefone e disca uns números. Maitê olha pra câmera e sorrir.

5º Cena – Edifício Mares – Zona Oeste – Apartamento de Roger – Noite

Campainha toca e Roger atende, é Gustavo.

Roger: O que você está fazendo aqui?

Gustavo: Não vai me convidar pra entrar?

Roger: Lógico, entra.

Gustavo entra e Roger fecha a porta.

Roger: Entrou? Agora fala!

Gustavo: Eu reconheço que fui grosso com você na biblioteca, por isso que vim até aqui lhe pedir desculpa.

Roger: Ta desculpado, pode embora.

Gustavo: Roger!

Roger: Gustavo, você me acha com cara de que? De palhaço? Você tem horas que me odeia, horas que parece me amar, você é louco?

Gustavo: Eu já te pedi desculpas.

Roger: Desculpas não resolve problemas...

Gustavo: EU TENHO MEDO CARALHO!

Roger fica sem entender.

Roger: Medo do que?

Gustavo: Não sei, acho melhor ir embora...

Roger: Não, agora você fica!

Eles se encaram.

Gustavo: Quando você viaja?

Roger: Amanhã

Gustavo: Quando surgiu essa viajem?

Roger: O Carlos me avisou ontem.

Gustavo: E aí você aceita e vai embora assim, do nada?

Roger: Eu acho que você não lembra, mas a vida é minha e eu faço dela o que bem quiser, ok?

Gustavo: Mas e as pessoas que gostam de você?

Roger: Quais pessoas que gostam de mim? Eu sou sozinho nessa porra do Rio de Janeiro desde que cheguei aqui. O Carlos foi o único que me ajudou e agora ele conseguiu um emprego que vai me ajudar bastante, pena que é tão longe.

Gustavo: Mas e a faculdade?

Roger: Eu vou transferir a minha matricula.

Gustavo: Mesmo assim, isso não está certo.

Roger: E o que é certo, Gustavo? Ficar aqui e perder a oportunidade da minha vida, isso que é certo?

Gustavo: Não! O CERTO É VOCÊ FICAR AQUI, AO LADO DE QUEM GOSTA DE VOCÊ DE VERDADE, PORRA.

Roger para, fica em silencio. Ele analisa as palavras de Gustavo.

Roger: Falando assim, até parece que você...

Gustavo: Roger, fica, por favor, eu não ia aguentar ficar longe de você. Eu nunca te disse isso mas eu te a... eu te a...

Roger fica esperançoso.

Roger: Vai, fala, você o que?

Gustavo: Eu... eu...

Carlos abre a porta e flagra Roger e Gustavo. Eles se encaram.

6º Cena – Zona Oeste – Casa de Luiza – Noite

Luiza chega na sala vestida para sair.

Jurema: Vai sair filha?

Luiza: Não, vou ficar aqui olhando pra essa sua cara enrugada.

Carol: Tu vai no show de quem?

Luiza: Quem te disse que vou para algum show? Eu vou em um encontro.

Carol: Com Fátima Bernardes?

Luiza: Garota, você não cansa de ser retardada não?

Jurema: Fala direito com a sua irmã, Luiza.

Luiza: Ela me irrita.

Carol: Luiza, quando você vai me levar pro show do bonde das maravilhas?

Luiza: Você deve ta brincando com a minha cara, só pode.

Jurema: É o sonho da sua irmã.

Carol: Sim, é o meu sonho, me leva.

Luiza: Eu nunca vou te levar pra lugar nenhum, NUNCA!

Carol: Sua grossa!

Luiza: Sua burra.

Jurema: Chega vocês duas. Luiza, vai embora pro seu encontro. Carol, quando der, eu te levo nesse show aí que tu quer ir.

Luiza: Tu? Num baile funk? MUHHAHAHAHAHHAHAHAHA ganhei minha noite.

7º Cena – Edifício Mares – Zona Oeste – Apartamento de Roger – Noite

Carlos estranha a presença de Gustavo no apartamento de Roger.

Carlos: O que ele está fazendo aqui?

Gustavo: Só você pode visitar ele?

Carlos: Pelo o que eu sabia vocês não se falavam...

Gustavo: Não falávamos, mas estamos nos falando.

Carlos: Eu não sou cego.

Roger: Meninos, vocês não vão brigar agora, né?

Carlos: Ele já sabe?

Gustavo: Que vocês vão viajar? Quer dizer, você né, porque ele fica.

Carlos estranha

Carlos: Como assim fica?

Roger: Não tenho nada decidido ainda.

Carlos: Mas ontem você me confirmou isso.

Gustavo: Mas ele mudou de ideia, pronto, fácil assim.

Roger: Gustavo!

Carlos: Roger, é verdade o que ele está falando?

Roger fica dividido entre os dois, não sabe se renova sua vida com Carlos ou se aventura na conversa de Gustavo.

Gustavo: Fala, Roger!

Carlos: Eu estou esperando a resposta, fala.

Roger: Eu... eu... eu vou pra Bahia.

Roger olha com pena para Gustavo, que vai dando passos para atrás decepcionado com a resposta.

Roger: Gustavo...

Gustavo: Roger, tudo bem, eu já entendi.

Gustavo sai chorando.

8º Cena – Imagens do Rio de Janeiro – Dia seguinte

(Cenas ao som de: País Tropical – Ivete Sangalo)

9º Cena – Condomínio Fechado – Casa de Pedro – Corredor – Manhã

Flávia tinha acabado de acordar quando sai no corredor e passa em frente o quarto de Pedro. A porta está meio aberta e ela resolve empurrar para falar com o filho. Ao abrir a porta, ela se assusta com algo que ver e grita.

Flávia: AHHHHHHHHHHHHHHHH

Congela em Flávia gritando.

(Gancho ao Som: Instrumental Suspense)