Classe Social - Capitulo Vinte e Cinco

1º Cena – Galpão Abandonado – Área interna – Tarde

Gustavo faz ruídos e gestos com a cabeça tentando avisar algo, Beto vira-se e fica de cara ao cano de um revolver, Kleber acabou com o clima harmônico.

Kleber: Então temos um herói aqui? Pena que não vai viver pra contar história.

Eles se encaram.

Beto: Quem é você?

Kleber: Sou o cara que irá te mandar pro inferno.

Beto: Calma cara, não faz nada sem pensar antes. Se eu e o Gustavo não sairmos vivos daqui, você nunca vai ter aquelas crianças de volta.

Kleber: Cadê as crianças?

Beto: Elas... Estão no carro, lá fora.

Kleber: Você está mentindo. Eu acabei de chegar e não vi carro nenhum.

Beto: Cara, tudo bem, as crianças não estão aqui, mas eu vou trazer elas pra você.

Kleber: Já vi que você quer tentar me enrolar, acho melhor acabar logo com essa palhaçada.

Ele estende a arma em direção a Beto, o qual fecha os olhos. Ainda de olhos fechado, ele clama por sua vida.

Beto: Calma cara, vamos conversar, não faz besteira, por favor.

Um forte barulho ecoa. Beto se assusta e abre os olhos. Na sua frente, Nina, assustada, segura um pedaço de madeira e Kleber desmaia em sua frente. Beto sente-se aliviado.

Beto: Nina?

Nina: Vamos sair daqui agora! Me ajuda a desamarrar o Gustavo.

Rapidamente, eles liberam Gustavo da cadeira, o qual levanta aliviado.

Gustavo: Eu achei que ele ia matar você, Beto.

Nina: Se eu não chego e acerto ele na cabeça, com certeza o Beto iria entrar pelo cano.

Beto: Galera, a gente tem que sair daqui, depois conversamos.

Gustavo: Calma! Antes tenho que fazer uma coisa.

Ele se aproxima de Kleber desmaiado no chão.

Gustavo: BABACA!

Gustavo acerta o rosto de Kleber com um chute e a boca dele sangra. Logo após ele cospe sobre o olho do bandido.

Gustavo: Pronto! Agora podemos ir.

Em passos largos, Nina, Beto e Gustavo saem do local.

2º Cena – Bahia – Hotel porto da Barra – Tarde

Carlos sai do banheiro enrolado no roupão. O efeito do álcool passa e resta apenas um mal estar. Ele encara a decisão de Roger.

Roger: PRA MIM CHEGA!

Carlos: O que você está falando?

Roger: Não estou aqui pra aturar seus comportamentos infantis, eu não nasci pra isso, não quero isso pra minha vida.

Carlos: Diz isso porque bebi?

Roger: Não Carlos, digo isso porque desde que cheguei aqui, você vem mostrando ser aquele Carlos de quando éramos namorados lá no Rio, um Carlos ciumento e problemático.

Carlos: Você está exagerando.

Roger: Não, não estou. Em uma semana você conseguiu me colocar em má situação no emprego, quase me agrediu fisicamente, porque verbalmente seria até covardia citar. Você se mostrou mandão e autoritário e, agora, pra acabar de melhorar, ainda bebe e me chama de desgraçado. Eu não tenho porque aceitar isso. Por muito menos, eu deixei no Rio uma pessoa que me ama.

Carlos: MAS EU TE AMO!

Roger: MAS NÃO PARECE!

Carlos: O que você quer? Ir embora, é isso? Se for, não se preocupe em inventar histórias, pode falar, sou macho suficiente pra ouvir o que sai da sua boca.

Roger: É ISSO! EU QUERO IR EMBORA. Quero voltar pra minha casa, pra minha cidade, lugar o qual não deveria ter saído. E vou fazer isso o mais rápido possível.

Carlos: (chorando) VOCÊ NÃO PRESTA!

Roger: Eu presto sim, você que não é capaz de perceber isso. Que pena.

3º Cena – Arena do show – Área Interna – Tarde

Carol quica até o chão, curtindo ao som de bonde das maravilhas. A arena está lotada e Jurema assustada com a festa. Um garoto chega nela.

Garoto: Aí tia, ta sozinha?

Jurema: Não, to com minha filha.

Garoto: Ah, to ligado. E a breja, ta servida?

Jurema: O que?

Garoto: Cerveja tia, conhece não?

Jurema: Claro que eu conheço, ta me chamando de burra garoto? E eu não bebo.

Garoto: Magina tia, to ligado que a senhora é vida loka. Inclusive tava ali fitando a senhora, to doidão aqui, será que não rola nada não?

Jurema: Como é que é? Ô MENINO VOCÊ ME RESPEITE, EU TENHO IDADE PRA SER SUA MÃE SEU PERVERTIDO. E VIDA BROCA É SUA MADRINHA

Garoto: É vida loka, broca esta você, sua velha.

Jurema: Velha? Você me chamou de velha?

Garoto: É, chamei sim, e aí?

Jurema: E aí que eu vou dar uma sapatada na sua cara.

Jurema tira o salto plataforma e sai correndo atrás do garoto. Carol ver e vai atrás, o auê chama atenção de todos na festa.

Jurema: VOLTA AQUI DESGRAÇADO, VOLTA QUE VOU TE MOSTRA QUEM É A VIDA BROCA, VIDA LOKA, VIDA SOLTA, SEI LÁ O QUE...

Carol: Mãe, olha o vexame...

Ela percebe a confusão que criou

Jurema: O QUE É? TÃO OLHANDO O QUE? VÃO FILMAR SUA VÓ TRANSANDO, SEUS SEBOSOS. EU HEIN... PALHAÇADA!

Carol: Mãe, eu to morta de vergonha.

Jurema: VAMO EMBORA CAROL, PRA MIM JÁ DEU ESSE LUGAR.

Carol: Mas mãe, ela nem cantou aquecimento das maravilhas.

Jurema: VOCÊ QUER AQUECIMENTO PRA QUE? ESSE SEU FOGO NO RABO JÁ AQUECE A TORCIDA DO FLAMENGO. VAMOS EMBORA DAQUI, AGORA!

Ela sai puxando Carol pelo braço.

Corta Para:

4º Cena – Avenida Brasil – Semáforo – Tarde

Nina estaciona no semáforo.

Beto: Parece que agora estamos livres daqueles bandidos.

Nina: Não sei não, algo me diz que eles não vão deixar barato.

Beto: O mais importante é que conseguimos tirar o Gustavo de lá.

Gustavo: Mas e agora?

Nina: Temos que proteger as crianças mais do que nunca.

Beto: E nos proteger também, pois a qualquer momento eles podem atacar.

Gustavo olha para o lado e se assusta.

Gustavo: AI MEU DEUS...

Nina: O que foi?

Gustavo: O carro do lado, olha... Aquele é o Jorjão, o cara que me sequestrou.

Beto: E agora? Eles acharam a gente.

Nina: Segura firme meninos, quero ver eles me pegarem.

O sinal abre e Nina arranca em alta velocidade. Começa uma perseguição na Avenida Brasil.

5º Cena – Copacabana Palace – Apartamento de Fábio - Tarde

Fábio abre a porta do apartamento e Maitê entra.

Fábio: Então, a que devo a honra da visita?

Maitê: Vim te parabenizar.

Fábio: Não me lembro de estar aniversariando hoje.

Maitê: Mas vai ser papai, por isso, eis aqui os meus parabéns.

Fábio: Então é isso, você já sabe...

Maitê: Por que? Não era pra eu saber? Ai, desculpa, estraguei a surpresa.

Fábio: Sem ceninha Maitê, eu sei que você não ficou nada feliz com a noticia.

Maitê: Como assim? Você estar extremamente equivocado... Ou achas que ainda sofro pela sua traição.

Fábio: Não, não foi isso que eu quis dizer. Só sei que é normal isso, nenhuma ex-mulher ficaria contente em saber que seu ex-marido será papai.

Maitê: Por favor, nunca mais se refira a mim como “Ex-mulher”. Perante a lei, você ainda é o meu marido.

Fábio: Tudo bem Maitê, entendi.

Maitê: Eu quero fazer questão de bancar o enxoval da criança.

Fábio: Eu agradeço o incentivo, mas não posso concordar.

Maitê: Como não? Que desfeita!

Fábio: Não é desfeita, eu apenas quero acompanhar cada passo, assim como fizemos com a Nina. Agradeço se der algum presente, mas um enxoval é muita coisa, além de ser o meu papel.

Maitê: Ta, eu entendo. Mas quero que saiba que quando a criança nascer, darei o mais belos dos presentes que ele poderá ganhar. Ah, eu faço questão...

Fábio: Desde já agradeço.

Maitê: Você vai ter muito que agradecer mesmo...

Eles se encaram.

6º Cena – Edifício Beira Mar – Apartamento de Vera – Tarde.

Vera, Lara e Pedro se preocupa com a falta de informação.

Lara: Eles não avisam... Meu medo é do Kleber fazer algum mal a eles.

Vera: Eu também já estou preocupada. Será que esse Kleber aprisionou os três?

Pedro: Não, o Beto é esperto e eu confio nele, tenho certeza que ele arrumou um jeito de tirar o Gustavo de lá e logo vão chegar.

Vera: Ainda tem a Nina, meu Deus. Se algo acontecer a ela, nem sei como avisar a mãe dela.

Pedro: Dona Vera, vamos manter pensamento positivo, eu sei que é difícil, mas nós precisamos mais que nunca.

Lara: Verdade, vamos orar.

Corta Para:

7º Cena – Avenida Brasil – Perseguição na estrada – Carro de Nina – Tarde

Gustavo: Galera, eles estão alcançando a gente.

Nina: Mas não vão conseguir

Beto: Amor, acelera esse carro pelo amor de Deus.

Nina: Estou correndo o máximo... Precisamos passar por algum modulo policial, precisamos atrair a atenção da policia. Não vou conseguir fugir por muito tempo.

Gustavo: QUE DROGA! TAVA TUDO DANDO CERTO.

Beto: Sem desespero agora, temos que manter a calma.

Nina: Gustavo, sem drama, não me desconcentra.

Gustavo: Drama? Então deixa o Jorjão se aproximar, aí sim você vai ver o que é drama. Nós vamos morrer, ele vai acabar com um de cada vez.

Tensão no ar.

8º Cena – Lanchonete Qualquer – Fim da Tarde

Jurema: [...] Todo aquele alvoroço me deu fome...

Carol: Ainda não me conformo de ter saído antes da hora.

Jurema: Aquele lugar é demais pra mim Carol, onda já se viu aquele garoto me chamar de vida broca.

Carol: É vida loka mãe.

Jurema: Dá no mesmo!

Noticia de ultima hora da TV da lanchonete.

“Uma senhora aparentando 50 anos de idade, se envolveu em uma confusão na arena do show da banda carioca bonde das maravilhosas. Segundo pessoas do local, tudo começou quando ela partiu pra cima de um garoto que a chamou de vida loka”

Carol: Mãe, é a senhora!

Jurema: AI MEU DEUS... Eu to dentro da tv.

“A confusão no local da festa foi tão grande, que curiosos que gravaram toda a briga postaram na internet e, em menos de três horas, o vídeo conseguiu meio milhão de visualizações...”

Jurema: Como é que é? Eu to na internet?

Carol: Mãe, a senhora ta famosa!

Jurema: Oi?

Uma menina se aproxima

Menina: Oi, a senhora não é a moça do vida broca?

Carol: Sim, é ela sim, você viu o vídeo?

Menina: Vi sim e está muito engraçado. Você poderia me dar um autografo?

Jurema: Auto o que?

A menina grita.

Menina: GENTE, OLHA A MULHER DO VIDA BROCA AQUI

Varias pessoas entram na lanchonete e assediam Jurema em busca de autógrafos. Ela fica sem entender nada.

9º Cena - Avenida Brasil – Perseguição na estrada – Carro de Nina – Fim da Tarde

Gustavo: Nina corre, pelo amor de Deus.

Um tiro ecoa

Beto: Eles estão atirando

Nina: Ai meu Deus, eles vão destruir o meu carro.

Um dos tiros acerta o vidro traseiro e ele se quebra.

Gustavo: A GENTE VAI MORRER!

Beto: NINA, ACELERA.

Gustavo: CORRE!!!

Ela perde a cabeça

Nina: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

A roda passa pelo buraco e Nina perde a direção. O carro roda na pista e acerta a mureta de proteção. O airbag aciona.

Corta Para:

10º Cena – Avenida Brasil – Fim da Tarde

Jorjão estaciona o carro próximo à batida e desce junto com os seus capangas. Eles caminham em direção o carro que sai bastante fumaça. Ao chegar no carro, eles olham tudo e se assustam.

Jorjão: NÃO PODE SER!

Congela na cara de espanto de Jorjão

(Gancho ao som: Magic – Coldplay)

NESTA SEGUNDA, VOCÊ NÃO PODE PERDER AS EMOÇÕES DA ULTIMA SEMANA DE CLASSE SOCIAL. MUITA AÇÃO E SUSPENSE ESPERAM POR VOCÊ.