segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Alice - Capítulo 11


ALICE

CAPÍTULO 11

Cena 1/Agência de Viagens/Sala Presidencial/Tarde
ALICE – Não, não, querida.
JOANA – E o que você estava fazendo mexendo na minha bolsa?
ALICE – Eu? Mexendo na sua bolsa?
JOANA – Não, o Gasparzinho.
ALICE – Pergunte para ele.
Joana segura Alice pelo braço.
JOANA – Eu não sou idiota, garota. Aposto que você queria colocar alguma coisa na minha bolsa pra me incriminar, não é?
ALICE – Talvez tenha sido. Para pegar alguma coisa aí é que não foi! Nota-se pelas suas roupas o quão brega e cafona você é.
JOANA – Ah, vai baixar o nível, querida?
ALICE – Não, claro que não. Até porque eu sempre estou por cima!
JOANA – Cuidado! Quanto maior a altura, maior a queda.
Joana solta o braço de Alice.
JOANA – Agora passa daqui, vai. Passa!
Alice encara Joana e sai.

Cena 2/Mansão Grimaldi/Sala de Estar/Tarde
Bárbara e Victoria estão sentadas no sofá, tomando chá e conversando.
BÁRBARA – A vida de nossos filhos tem sido bem turbulenta, não?
VICTORIA – E como! Primeiro um atropelamento, depois assalto e agora essa gravidez.
BÁRBARA – Melhor do que qualquer novela! (risos)
VICTORIA – E você e o Fernando?
BÁRBARA – O que tem nós dois?
VICTORIA – Como vocês estão?
BÁRBARA – Bem, muito bem! Fernando continua sendo o mesmo homem que eu conheci há anos atrás.
VICTORIA – Mas não teve nenhuma mudancinha?
BÁRBARA – Sim, mas para melhor. E o Olavo?
VICTORIA – Continua sendo o mesmo marido atencioso, carinhoso... Um ótimo marido e um pai de família melhor ainda. Sabe conciliar trabalho e lazer, entende?
BÁRBARA – Entendo.
VICTORIA – E como o Fernando reagiu a gravidez da Estrela?
BÁRBARA – Está super feliz em saber que vai ser vovô!
VICTORIA – Eu também fiquei muito feliz quando recebi essa notícia.
BÁRBARA – Todos nós ficamos!
Estrela entra na sala.
ESTRELA – Estão falando sobre mim?
VICTORIA – Não necessariamente sobre você, querida. Mas sobre a sua gravidez!
ESTRELA – E eu posso me intrometer nesse assunto?
VICTORIA – Não só pode como deve.
Victoria faz sinal para Estrela sentar perto dela e de Bárbara.
BÁRBARA – Você já pensou em nomes para o bebê?
ESTRELA – Ainda não. Acho que é cedo demais para isso! Temos muito tempo pela frente.
BÁRBARA – Você tem razão... Eu estou eufórica com essa gravidez. Talvez mais eufórica que você mesma! (risos)
ESTRELA – Todos nós estamos, Barb. O Estevão está em polvorosa! Todos os dias ele pergunta como está a minha barriga, quantos centrimetros cresceu.
BÁRBARA – Dá pra perceber nos olhos de vocês que essa gravidez veio em boa hora!
ESTRELA – Em ótima hora! Ser mãe é a melhor sensação do mundo. E olha que eu ainda não dei a luz! (risos)
VICTORIA – É sim a melhor sensação, meu amor. Ver a criança dando os primeiros passos, a primeira palavra é uma sensação deliciosa!
BÁRBARA – E pode contar comigo pra cuidar do bebê, viu?
ESTRELA – Vou me lembrar disso e cobrar se precisar da sua ajuda, ok? (risos)
BÁRBARA – Pode cobrar!
Bárbara, Estrela e Victoria riem.

Cena 3/Restaurante La Fiduccia/Mesa de Adriana/Tarde
ADRIANA – A Paloma o quê?
CRISTINA – Isso mesmo, Adriana. Ela tá trabalhando no Copacabana!
ADRIANA – Isso é pior do que eu pensava.
CRISTINA – E agora?
ADRIANA – Você vai ter que se livrar dela.
CRISTINA – Me livrar dela?
ADRIANA – Sim. Ou ela vai atrapalhar os nossos planos!
CRISTINA – Mas em que sentindo você diz que eu tenho que me livrar dela?
ADRIANA – No que você achar melhor.
CRISTINA – Você está falando em matar?
ADRIANA – Se for necessário...
CRISTINA – Não! Isso não!
ADRIANA – E por que não?
CRISTINA – Porque não sou uma assassina!
ADRIANA – Mas é frouxa!
CRISTINA – Frouxa? Por favor, Adriana. Você está colocando uma vida em jogo!
ADRIANA – Mas se a gente não se livrar dessa garota, a vida que estará em jogo é a nossa.
CRISTINA – Mesmo assim acho isso tudo uma loucura.
ADRIANA – Pois pense bem nisso porque esse ato de loucura pode nos livrar de perder tudo o que estamos prestes a conquistar.
Cristina encara Adriana.

Cena 4/Agência de Modelos/Sala Presidencial/Tarde
Renata está revisando uns papéis quando Marcos bate na porta e entra.
RENATA – Oi, meu amor.
MARCOS – Vim saber como você está.
RENATA – Como você pode ver, com muito serviço.
MARCOS – E que tal deixar esse serviço de lado?
RENATA – Pra quê?
MARCOS – Pra gente sair, almoçar.
RENATA – Ai, perdão Marcos, mas eu já pedi o almoço. Sinto muito mas hoje não posso sair do escritório para nada! Me perdoe, de verdade.
MARCOS – Você tem se dedicado muito ao trabalho, meu amor. Precisa descansar um pouco de tudo isso!
RENATA – Eu sei, mas essa rotina é a que eu encaro há anos. Estou acostumada!
MARCOS – Você nunca pensou em se afastar da presidência?
RENATA – Não, essa hipótese nunca passou pela minha cabeça. Mas por quê?
MARCOS – Por nada, amor. Apenas para descansar mesmo! Você se mata de trabalhar e mal pode aproveitar a sua vida.
RENATA – Eu juro que vou dedicar mais tempo para você, ok? Mas agora realmente não posso, por mais que eu queira.
MARCOS – Eu te entendo, meu amor. Por isso que essa empresa é o que é! Você a comanda com mãos de ferro e eu admiro isso.
RENATA – Obrigada.
MARCOS – E quanto a você se dedicar mais a mim, acho bom isso acontecer mesmo, viu? Em três meses nos casaremos.
RENATA – Tudo tem seu tempo e eu juro pelo que há de mais sagrado que quando nos casarmos, irei dedicar todo tempo do mundo a você.
MARCOS – Bom, não quero te atrapalhar mais. Vou almoçar no restaurante que fica aqui perto! Vai querer alguma coisa?
RENATA – Não! Nada. Obrigada e bom almoço!
MARCOS – Pra você também.
Marcos sai da sala e fecha a porta.
MARCOS – Você vai sair da presidência querendo ou não!

Cena 5/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Tarde
Carmen bate na porta. Madalena abre.
MADALENA – Carmen, querida.
CARMEN – Vim te fazer um convite!
MADALENA – Entre, vamos conversar.
CARMEN – Não! Serei breve.
MADALENA – E o que você quer?
CARMEN – Quero convidá-la para ir ao cinema amanhã.
MADALENA – Cinema? Amanhã?
CARMEN – Sim! Vamos!
MADALENA – E quem mais vai?
CARMEN – A Patrícia.
MADALENA – Eu não sei...
CARMEN – Ah, para com isso. Você passa o dia todo cuidando dessa casa, não sai dessa vila pra nada! Vamos, Mad. Vai ser legal!
MADALENA – Tá bom, eu vou.
Carmen vibra de felicidade.
CARMEN – Eu passo aqui pra te buscar, ok?
MADALENA – Certo. E que horas iremos ao cinema?
CARMEN – Pela tarde.
MADALENA – Tudo bem.
CARMEN – Agora com licença que eu tenho coisas a fazer.
Carmen sai. Madalena ri.

Cena 6/Fazenda A Fortaleza/Sala/Tarde
Afonso está sentado em sua poltrona assistindo televisão. Melissa desce as escadas e senta-se no sofá.
MELISSA – Querido.
AFONSO – Diga.
MELISSA – Eu estava pensando em uma coisa.
AFONSO – No que, meu amor?
MELISSA – Nós ficamos muito nessa fazenda, não acha?
AFONSO – E por que não deveriamos ficar? Aqui é a nossa casa.
MELISSA – Eu sei, meu amor, mas eu estou dizendo que a gente quase não sai daqui.
AFONSO – E o que você quer insinuar com isso?
MELISSA – Que tal se nós fôssemos fazer uma visita surpresa para a Victoria?
AFONSO – Você não acha que seria mal educado chegar a casa dela de surpresa?
MELISSA – Não, não acho. Ela adoraria! E assim nós sairíamos um pouco dessa fazenda.
AFONSO – Se você acha... Mansão Grimaldi, aí vamos nós!
Melissa sorri.

ANOITECE

Cena 7/Hotel Miramar/Suíte Presidencial/Noite
Marcos e Adriana estão deitados na cama, acabaram de transar. Ela com a cabeça no peito dele.
ADRIANA – A Cristina ta com medo.
MARCOS – Medo? De quê?
ADRIANA – De se livrar da Paloma.
MARCOS – Mais hora ou menos hora ela vai ter que fazer isso!
ADRIANA – Ela sabe disso.
MARCOS – E por que não age logo? A Paloma está muito próxima da Renata e isso seria péssimo.
ADRIANA – Quanto a isso fique tranquilo, a Renata jamais desconfiaria que a filha perdida dela está trabalhando como empregada em um hotel.
MARCOS – Mas pra elas se aproximarem e a Renata descobrir é um pulo.
ADRIANA – Por isso mesmo quero que a Cristina se livre da Paloma o quanto antes. Essa garota ainda vai atrapalhar os nossos planos, eu sinto!
MARCOS – Não, ela não vai.
ADRIANA – E como você afirma isso com tanta certeza?
MARCOS – Porque se a Cristina não se livrar da Paloma, eu mesmo me livro!

Cena 8/Copacabana Palace/Recepção/Noite
Cristina se aproxima do balcão e uma recepcionista a atende.
RECEPCIONISTA – Deseja alguma coisa, Cristina?
CRISTINA – Sim.
RECEPCIONISTA – Diga-me para ver se posso te ajudar.
CRISTINA – Onde a nova empregada está?
RECEPCIONISTA – A Paloma?
CRISTINA – Sim, ela mesma.
RECEPCIONISTA – No andar acima do seu. Ela está terminando uma faxina lá em cima!
CRISTINA – Mas esse andar não está interditado?
RECEPCIONISTA – Estava. Eles vão resolver o problema no elevador e colocar um novo lá, mas para isso precisam que alguém limpe a bagunça antes.
CRISTINA – E escalaram a Paloma para isso?
RECEPCIONISTA – Exatamente.
CRISTINA – Interessante...

Cena 9/Copacabana Palace/Último andar/Noite
Paloma está terminando a faxina, ela com fone de ouvido ouvindo musica. Cristina a observa. O espaço do elevador está vazio, dando direto para o fosso.
CRISTINA – Ocasião perfeita. Hoje eu me livro de você, Paloma!

Cena 10/Agência de Viagens/Garagem/Noite
Não há mais ninguém na empresa. A garagem está vazia, somente um carro estacionado, o de Joana. Ela desce do elevador e caminha até ele, mas ao colocar a mão na maçaneta do carro é puxada pelo cabelo por alguém. Este alguém é Alice, que coloca uma faca no pescoço de Joana.
JOANA – Alice?
ALICE – Guardou bem o meu nome, não?
JOANA – Por favor, pensa no que você vai fazer!
ALICE – Já pensei e repensei.
JOANA – Por favor, Alice.
ALICE – Eu disse para mim mesma que ia conquistar o cargo de secretária do Olavo, você apareceu e impediu meus planos.
JOANA – Eu tive um imprevisto, mas consegui resolvê-lo! Eu ia voltar mais cedo ou mais tarde.
ALICE – Guarde sua ladainha para quando eu pedir, o que não é o caso.
JOANA – Eu dou o que você quiser! Quer esse carro? Pode levar! A chave está no meu bolso. Pega ele e foge!
ALICE – Eu não quero isso. Eu quero mais!
JOANA – O que você quer? Dinheiro? Eu posso dar? Quanto?
ALICE – A quantia que eu quero você não poderia dar porque não passa de uma reles secretária. Eu quero toda a fortuna dos Grimaldi, eu quero a vida da Estrela, eu quero o Estevão, eu quero tudo! Eu quero o que eu mereço!
JOANA – Sabe o que você merece? Uma temporada em um sanatório. Você é louca, Alice! LOUCA!
ALICE – NÃO! LOUCA NÃO!
Alice passa a faca no pescoço de Joana, que cai morta. A câmera foca apenas na expressão de pânico de Alice, com a mão que segura à faca manchada de sangue, tal como o objeto. A câmera volta a focar no rosto de Alice, que agora sorri.
ALICE – Louca, não! Louca não!


FIM DE CAPÍTULO
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