1936
Cena 1/ Paisagens de Vila Prata/ Manhã
(Toca Afterlife – Arcade Fire)
Cena 2/ Mansão Sabarah/ Quarto de Bonavante/ Interno/ Manhã
(Afterlife continua a tocar. Bonavante acorda assustado e a música para)
Cena 3/ Mansão Sabarah/ Corredor/ Interno/ Manhã
(Carlota caminha pelo corredor, quando é interceptada por Alzira)
ALZIRA: Dona Carlota, seu pai está lhe chamando no gabinete dele.
CARLOTA: Obrigada por avisar, Alzira.
ALZIRA: Com licença.
(Alzira sai, seguida por Carlota, que se dirige ao gabinete)
Cena 4/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Carlota entra e encontra Bonavante sentado. Ele se levanta e abraça a filha. Ambos se sentam)
CARLOTA: Alzira me avisou que o senhor estava me chamando. Aconteceu alguma coisa?
BONAVANTE: O de sempre.
CARLOTA: Mais um sonho ruim com a mamãe, pai?
BONAVANTE: Mas dessa vez foi pior, filha.
Cena 5/ Flashback – 1931/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Estão Bonavante e Madalena em pé, discutindo)
BONAVANTE: Eu não vou permitir que você vá à casa do Viriato sozinha, Madalena. Eu me preocupo com você, meu amor.
MADALENA: Bonavante, não precisa se preocupar. O fato de aquele monstro ter ameaçado a vida das nossas três filhas é a gota d’água. Alguém tem que dar um basta nisso.
BONAVANTE: E por que você quer se voluntariar para essa missão de risco?
MADALENA: Por que é só a mim que o Viriato irá escutar e, de preferência, se eu estiver sozinha.
BONAVANTE: Eu tenho medo que ele faça algo contra você, Madalena. Não irei me sentir bem sabendo que estou te permitindo a adentrar na toca do inimigo.
MADALENA: Já disse que não precisa se preocupar, meu amor. Vai dar tudo certo. Aquele nojento do Viriato não terá a audácia de tocar uma unha em mim. Bom, te amo.
(Madalena beija Bonavante)
BONAVANTE: Também te amo.
(Madalena sai)
(Toca Afterlife – Arcade Fire)
Cena 2/ Mansão Sabarah/ Quarto de Bonavante/ Interno/ Manhã
(Afterlife continua a tocar. Bonavante acorda assustado e a música para)
Cena 3/ Mansão Sabarah/ Corredor/ Interno/ Manhã
(Carlota caminha pelo corredor, quando é interceptada por Alzira)
ALZIRA: Dona Carlota, seu pai está lhe chamando no gabinete dele.
CARLOTA: Obrigada por avisar, Alzira.
ALZIRA: Com licença.
(Alzira sai, seguida por Carlota, que se dirige ao gabinete)
Cena 4/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Carlota entra e encontra Bonavante sentado. Ele se levanta e abraça a filha. Ambos se sentam)
CARLOTA: Alzira me avisou que o senhor estava me chamando. Aconteceu alguma coisa?
BONAVANTE: O de sempre.
CARLOTA: Mais um sonho ruim com a mamãe, pai?
BONAVANTE: Mas dessa vez foi pior, filha.
Cena 5/ Flashback – 1931/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Estão Bonavante e Madalena em pé, discutindo)
BONAVANTE: Eu não vou permitir que você vá à casa do Viriato sozinha, Madalena. Eu me preocupo com você, meu amor.
MADALENA: Bonavante, não precisa se preocupar. O fato de aquele monstro ter ameaçado a vida das nossas três filhas é a gota d’água. Alguém tem que dar um basta nisso.
BONAVANTE: E por que você quer se voluntariar para essa missão de risco?
MADALENA: Por que é só a mim que o Viriato irá escutar e, de preferência, se eu estiver sozinha.
BONAVANTE: Eu tenho medo que ele faça algo contra você, Madalena. Não irei me sentir bem sabendo que estou te permitindo a adentrar na toca do inimigo.
MADALENA: Já disse que não precisa se preocupar, meu amor. Vai dar tudo certo. Aquele nojento do Viriato não terá a audácia de tocar uma unha em mim. Bom, te amo.
(Madalena beija Bonavante)
BONAVANTE: Também te amo.
(Madalena sai)
HORAS DEPOIS
(Bonavante sentado na poltrona. Simão chega e ele se levanta)
BONAVANTE: E então? Fez o que eu pedi? Seguiu minha esposa até a mansão do Viriato?
SIMÃO: Fiz sim, doutor Bonavante. E não trago boas notícias.
BONAVANTE: Como assim?
SIMÃO: Eu sinto muito. Não tive como evitar.
BONAVANTE: O que você ta querendo dizer com isso, infeliz?
SIMÃO: O celeiro da propriedade do doutor Viriato pegou fogo. Um corpo carbonizado foi encontrado.
BONAVANTE: Você não ta querendo me dizer que...
SIMÃO: Dona Madalena morreu.
Cena 6/ Fim do Flashback – 1936/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante e Carlota sentados frente a frente)
CARLOTA: O senhor tem que superar a morte da mamãe, pai.
BONAVANTE: Eu não consigo, Carlota. Sua mãe foi meu bem mais precioso.
CARLOTA: Mas ela se foi.
BONAVANTE: Por culpa daquele verme do Viriato.
CARLOTA: Ficar alimentando ódio por alguém não faz bem. E esse Viriato nem mora mais aqui. Erga sua cabeça e continue a viver sua vida.
BONAVANTE: Só você para me aliviar com suas palavras calmas, minha filha. É por isso que você é a minha predileta, Carlota. É a única que se preocupa comigo, que tem tempo para ouvir meus problemas, meus desabafos.
CARLOTA: Pode deixar dessa história de eu ser sua predileta.
BONAVANTE: Mas não estou falando nenhuma mentira.
CARLOTA: Pai, eu não gosto disso. O senhor deve amar suas três filhas de maneira igual. Isso que é o certo. Sem falar que eu tenho medo que uma das minhas irmãs ouça isso e fique chateada. O senhor me promete que vai parar com isso?
BONAVANTE: Farei um esforço.
CARLOTA: Bom, agora irei à missa. Prometi uns donativos para a paróquia do padre Juscelino.
BONAVANTE: Você é tão parecida com sua mãe, Carlota. Olho pra você e imediatamente Madalena me vem à memória. Acho que é por isso que eu te amo mais do que as outras. Por você me lembrar perfeitamente sua mãe, por você carregar a mesma pureza, bondade e doçura que ela tinha.
CARLOTA: Fico honrada por isso, papai.
BONAVANTE: Se ainda estou vivo, é por sua causa.
CARLOTA: Não só minha como por causa da Cassilda e da Cassandra também, né?
BONAVANTE (cochichando): Mais por você.
(Ele ri e Carlota também. Pai e filha se abraçam.)
CARLOTA: Bom, agora estou indo. Ainda irei passar na casa da Clarissa. Fica bem, pai.
(Carlota sai)
Cena 7/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Cassilda e Carlota/ Interno/ Manhã
(Cassilda está sentada em sua cama. Cassandra entra, furiosa)
CASSANDRA: Ódio.
CASSILDA: O que houve para você chegar bufando, Cassandra?
CASSANDRA: Acabei de ouvir uma conversa entre papai e Carlota. Nunca senti tanto nojo. Você acredita que ele deixou bem claro que a Carlota é a filha preferida dele, que a Carlota é a que mais se parece com a mamãe? Nojo.
CASSILDA: Por que você se importa tanto com isso?
CASSANDRA: Por que eu faço tudo para agradar o papai, para que ele me note, para ganhar o mínimo de afeto que a Carlota ganha dele, mas nada adianta porque ele só sabe observar a nossa irmãzinha caçula, porque ela é a única que importa para ele. E eu sinceramente não entendo esse seu posicionamento inerte, Cassilda.
CASSILDA: Porque isso é algo que não interfere na minha vida. Minha relação com o papai sempre foi boa.
CASSANDRA: Porque você também teve o seu tempo de ser a predileta do papai. 4 anos da sua vida você foi a princesinha da casa, todos os mimos se voltavam para você. Mas eu nasci e aí, 1 ano depois do meu nascimento, nasceu a caçulinha adorada, que, a partir de então, foi o brilho desse lar, a ganhadora de todo o carinho do mundo. Eu nunca tive essa fase de mimação, de ser a preferida, como você já teve e a Carlota está tendo desde o dia que nasceu. Por isso que essa situação não te importa, não te interfere em nada. Eu sempre fui a rejeitada, a excluída da família.
CASSILDA: Não é bem assim, Cassandra.
CASSANDRA: E é como, hein? O papai coloca a Carlota no mais alto patamar, enquanto a gente é jogada pra escanteio. Mas chega disso, CHEGA! Eu vou minar a relação do papai com a Carlota, eu vou fazer ele se desapontar amargamente com ela e, quando isso acontecer, eu irei consolá-lo, serei finalmente notada, me tornarei a preferida dele, ocuparei o patamar que hoje é da Carlota. Custe o que custar.
Cena 8/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Alguém bate na porta. Clarissa atende e abraça Carlota ao vê-la)
CLARISSA: Carlota, minha amiga.
CARLOTA: Tudo bem?
CLARISSA: Não. Mamãe está no quarto, de cama.
CARLOTA: O que houve?
CLARISSA: Outra crise de tosse. Estou muito preocupada com o que possa ser, Carlota.
CARLOTA: Calma, amiga, não deve ser nada demais. Você já chamou o Dr. Pessoa para consultá-la?
CLARISSA: Sim, claro. Ele está com ela no quarto.
CARLOTA: Dona Eva é uma mulher forte, brava, resistente. Tenho certeza que não será uma mera tosse que irá derrubá-la. Confie em mim.
CLARISSA: Tomara.
CARLOTA: Bom, eu vim aqui para te chamar para ir à missa, mas pelo visto, acho melhor você ficar em casa, com sua mãe.
CLARISSA: É isso mesmo que irei fazer. Obrigada pela visita, mesmo assim.
CARLOTA: Qualquer novidade sobre a dona Eva, me avise. Estou à disposição.
CLARISSA: Eu sei, amiga. Até mais.
CARLOTA: Até.
(Carlota sai)
Cena 9/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante sentado. Simão entra)
SIMÃO: Me chamou, dr. Bonavante?
BONAVANTE: Sim, Simão. Estou precisando da sua ajuda.
SIMÃO: O que o senhor quer que eu faça?
BONAVANTE: Eu quero que você verifique se a propriedade de Viriato Bragança está mesmo à venda. Você pode fazer isso pra mim?
SIMÃO: Claro. Estou às ordens. Com licença.
(Simão sai)
BONAVANTE (para si): Esse desgraçado do Viriato irá me pagar por todo mal que causou à minha família, principalmente a morte da Madalena.
Cena 10/ Vila Prata/ Igreja/ Interno/ Manhã
(Pessoas saindo da igreja, acabaram de assistir à missa do padre Juscelino. Este no altar, conversando com Carlota, que lhe entrega duas sacolas)
CARLOTA: Aqui estão os donativos que lhe prometi, padre.
JUSCELINO: Obrigado, minha filha. Não sei nem como agradecer.
CARLOTA: Imagina, não precisa.
JUSCELINO: Sua ajuda é de muita valia para o desenvolvimento da nossa paróquia.
CARLOTA: E isso me deixa muito feliz. Qualquer coisa que estiver precisando, pode falar comigo, que terei o maior prazer em ajudar.
JUSCELINO: Sua mãe também ajudava muito nossa igreja. Você é uma menina de ouro, Carlota.
CARLOTA: Obrigada, padre.
Cena 11/ Vila Prata/ Rua/ Manhã
(Carlota sai da igreja. Ela caminha alguns metros, quando é interceptada por Joca)
JOCA: Perdida na vila?
CARLOTA: Joca. Quer me matar de susto?
JOCA: E ver a mulher da minha vida partir? Jamais.
(Joca se aproxima para lhe dar um beijo, mas ela se esquiva)
CARLOTA: Aqui não, Joca. Algum conhecido pode ver. Esqueceu que nosso namoro é às escondidas?
JOCA: Claro que não, mas é porque eu não resisto ao te ver, Carlota. Eu te amo.
CARLOTA: Eu também te amo, meu amor. Mas só podemos assumir nosso relacionamento quando tivermos ultrapassado todos os nossos obstáculos.
JOCA: Falando nisso, o padrinho está me pressionando cada vez mais a assumir a paróquia e não sei como dizer para ele que não quero ser padre.
CARLOTA: Joca, você não pode fazer algo que não te deixa feliz.
JOCA: Eu sei disso, Carlota. Mas eu me sinto em uma dívida com padrinho. Ele me criou e criou minha irmã desde quando nossos pais morreram. Às vezes, eu penso que aceitar a ser o próximo padre é o pagamento que ele espera que eu faça para quitar essa dívida, esses anos de criação.
CARLOTA: Padre Juscelino é um homem bom. Ele não se importará se você não quiser ser padre.
JOCA: Mas ele me treinou pra assumir a igreja, Carlota. A vida toda. E o pior que ninguém dessa vila tem interesse em vestir a batina. Se alguém tivesse, talvez as coisas ficariam mais fáceis para mim.
Cena 12/ Vila Prata/ Casa Chester/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Marcílio deitado no sofá. Elizeu na frente do sofá, olhando incrédulo para o filho)
ELIZEU: O Marcílio. Ele será o próximo padre de Vila Prata.
MARCÍLIO: O quê? O senhor só pode estar louco. Eu não vou ser padre coisa nenhuma.
ELIZEU: Alguma coisa você vai ter que ser na vida, Marcílio. Ou você acha que vai ser sustentado por mim e pela sua mãe até o fim dos tempos? Por que você não se espelha no Vitorino e na Liduína e não sai por aí atrás de emprego?
MARCÍLIO: Eu não nasci pra trabalhar, ta ouvindo? Eu sei que a vida me reserva algo muito melhor.
ELIZEU: Com você deitado nesse sofá? Eu duvido. Olha aqui, garoto, é melhor você arranjar um trabalho, por que, senão eu irei falar com o padre Juscelino para ele te treinar na paróquia.
MARCÍLIO: O senhor não ousaria.
ELIZEU: Duvida?
MARCÍLIO: Por que o senhor implica tanto comigo, pai? Com os meus irmãos o senhor não pega no pé.
ELIZEU: Não pego porque eles não são preguiçosos iguais a você.
MARCÍLIO: Em vez de se preocupar comigo, deveria estar preocupado com o fato de todo mundo da vila estar falando mal da Liduína. É Maria Rapariga aqui, Maria Rapariga acolá.
ELIZEU: Chame sua irmã de Maria Rapariga e eu te dou uma surra na frente da vila inteira.
(Dorotéia entra)
DOROTÉIA: Vocês ainda continuam com essa briga estúpida?
ELIZEU: Estúpida? Você deveria estar aqui, me dando apoio, tentando convencer seu filho a levantar esse rabo do sofá e procurar algum emprego. Olha aqui, Marcílio, eu estou cansando de você, viu? Ou você arranja um trabalho ou eu te ponho pra fora da minha casa.
(Elizeu sai)
MARCÍLIO: Ele não teria coragem de me expulsar daqui, teria?
DOROTÉIA (aproximando-se do filho e sentando-se ao seu lado no sofá): Não se preocupe com seu pai, filho. Com o Elizeu eu me entendo. Ele não te obrigará a fazer algo que você não quer fazer.
MARCÍLIO: O que seria de mim sem a senhora, mãe?
(Marcílio e Dorotéia se abraçam)
Cena 13/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Interno/ Manhã
(Vitorino e Geraldo em pé, analisando as reformas do comércio – paredes, tintura, cerâmica dos pisos...)
VITORINO: Tudo está perfeito, seu Geraldo.
GERALDO: Para você, é Geraldo, Vitorino. Nada de formalidades.
VITORINO: O comércio já tem data de inauguração?
GERALDO: Estou pensando para a próxima semana.
VITORINO: Seu Ger, eu quero dizer, Geraldo, o senhor pensa em contratar algum ajudante para lhe ajudar no comércio?
GERALDO: Penso sim, Vitorino. Inclusive, vejo nesse momento o rapaz perfeito para ocupar esse cargo.
VITORINO: Eu?
GERALDO: Exatamente. Vitorino, quando eu cheguei nessa vila, você foi um dos únicos que se prontificou a me adaptar na rotina daqui. Sou muito grato a você e não vejo melhor forma de demonstrar essa gratidão te oferecendo esse emprego. Você aceita?
VITORINO: Claro que sim, Geraldo. Muito obrigado mesmo.
Cena 14/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Externo/ Manhã
(Liduína na frente da tenda)
LIDUÍNA (batendo palmas): SORAYA, Ô SORAYA!
(Soraya abre a porta de sua tenda e aparece, ficando frente a frente com Liduína)
SORAYA: O que foi, Maria Rapariga? Será que uma pessoa não pode ter um contato espiritual em paz?
LIDUÍNA: Tenho uma consulta com você agora.
SORAYA: Consulta? Você só pode estar louca, querida. Hoje é sexta feira, não marco consulta com ninguém às sextas-feiras. Se até Deus descansou no sétimo dia, será que eu não posso?
LIDUÍNA: Mas Deus descansou no domingo, não na sexta. Além disso, sempre pensei que a senhora fosse ateia.
SORAYA: Olha aqui, minha querida, eu sou Soraya Hannah, a vidente das videntes, detentora do poder sobrenatural, trago a pessoa amada em cinco segundos e conheço mais de quarenta simpatias pra derrubar as inimigas, então, por isso mesmo, eu posso escolher o dia que eu quiser pra descansar, ok?
LIDUÍNA: Mas Soraya...
SORAYA: Mãe Soraya.
LIDUÍNA: Mãe Soraya, já é a terceira vez que a senhora cancela uma consulta comigo. Eu quero saber o que o futuro me reserva.
SORAYA: Minha querida, todo mundo dessa vila te chama de Maria Rapariga. Não se precisa nem de bola de cristal pra perceber que isso já significa muito para o seu futuro.
LIDUÍNA: Como assim, Mãe Soraya?
SORAYA: Isso foi só uma amostra grátis. Falo mais amanhã, com pagamento a vista. Agora, preciso voltar para o meu contato espiritual.
LIDUÍNA: Contato espiritual?
SORAYA: Sim, querida. Você acha que meus poderes vêm de onde? Do seu miolo que não é. Toda semana, eu escolho um dia pra conversar com os espíritos, para que eles reforcem meus dons. Entendeu?
LIDUÍNA: Sim, eu entendi. Me desculpe por tê-la interrompido, Mãe Soraya.
SORAYA: Agora, você já pode ir.
LIDUÍNA: Com licença.
(Liduína sai e Soraya volta para o interior de sua tenda)
LIDUÍNA (caminhando): Que grossa.
Cena 15/ Vila Prata/ Praça/ Interno/ Manhã
(Joca e Carlota sentados em um banco)
CARLOTA: Amei conversar com você, meu amor. Mas agora eu preciso ir.
JOCA: Eu te levo pra casa.
CARLOTA: De jeito nenhum, Joca. E se meu pai nos flagrar?
JOCA: Carlota, eu sei que eu não faço parte dos padrões estipulados pelo seu pai de pretendente adequado, mas você precisa assumir nosso relacionamento. Ou você pretende namorar às escondidas para sempre?
CARLOTA: Então tome coragem e enfrente seu padrinho, dizendo para ele que você não tem nenhuma pretensão de se tornar o próximo padre de Vila Prata.
JOCA: Eu pretendo fazer isso, mas preciso pensar qual é a melhor forma de contar as minhas vontades para meu padrinho.
CARLOTA: Eu também pretendo assumir nosso namoro para a minha família, mas tem que ser em um momento oportuno.
JOCA: Eu sei, eu entendo.
(Eles dão um selinho rápido)
JOCA: Posso te deixar em casa?
CARLOTA: Tudo bem, Joca. Mas nada de me beijar, hein? Alguém pode ver.
JOCA: Fique tranqüila. Não colocarei nossa relação em risco.
(Eles se entreolham apaixonados)
Cena 16/ Paisagens de Vila Prata/ Tarde
(Toca I Wanna Be Yours – Arctic Monkeys)
Cena 17/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Tarde
(Bonavante olha suas terras pela janela. Ele segura um copo de uísque. Toma um gole. Simão entra)
SIMÃO: Dr. Bonavante.
BONAVANTE: E então, Simão? Descobriu algo? A propriedade do Viriato está mesmo à venda?
SIMÃO: Está. Tem uma placa de venda estirada na frente da mansão dele.
BONAVANTE: Ótimo. Eu vou comprar a propriedade dele, Simão. E você irá me ajudar a fazer isso.
SIMÃO: Mas como, Dr. Bonavante?
BONAVANTE: Eu não posso intermediar o processo de compra e venda, porque se o Viriato souber que ele está fazendo negócio comigo, ele vai desistir da venda. E é aí que você entra. Você será meu testa de ferro, Simão.
Cena 18/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Clarissa andando de um lado para o outro. Dr. Pessoa aparece)
CLARISSA: Dr. Pessoa, até que enfim. E então? O senhor conseguiu descobrir o que a minha mãe tem?
DR. PESSOA: Sim, Clarissa, eu descobri.
CLARISSA: E o que ela tem?
DR. PESSOA: Tuberculose.
CLARISSA: O quê?
Cena 19/ Mansão Sabarah/ Fachada/ Externo/ Tarde
(Joca e Carlota, montados em um cavalo, param na frente da mansão. Joca desce do cavalo primeiro e ajuda Carlota a descer)
JOCA: Está entregue, milady.
CARLOTA: Eu te amo, sabia?
JOCA: Eu também.
(Joca não resiste e beija Carlota. Cassandra abre a porta e vê o casal aos beijos, que não percebe a presença da vilã e continua a beijar. Close em Cassandra.)
FIM DO CAPÍTULO (Toca Elastic Heart – Sia)
(Bonavante sentado na poltrona. Simão chega e ele se levanta)
BONAVANTE: E então? Fez o que eu pedi? Seguiu minha esposa até a mansão do Viriato?
SIMÃO: Fiz sim, doutor Bonavante. E não trago boas notícias.
BONAVANTE: Como assim?
SIMÃO: Eu sinto muito. Não tive como evitar.
BONAVANTE: O que você ta querendo dizer com isso, infeliz?
SIMÃO: O celeiro da propriedade do doutor Viriato pegou fogo. Um corpo carbonizado foi encontrado.
BONAVANTE: Você não ta querendo me dizer que...
SIMÃO: Dona Madalena morreu.
Cena 6/ Fim do Flashback – 1936/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante e Carlota sentados frente a frente)
CARLOTA: O senhor tem que superar a morte da mamãe, pai.
BONAVANTE: Eu não consigo, Carlota. Sua mãe foi meu bem mais precioso.
CARLOTA: Mas ela se foi.
BONAVANTE: Por culpa daquele verme do Viriato.
CARLOTA: Ficar alimentando ódio por alguém não faz bem. E esse Viriato nem mora mais aqui. Erga sua cabeça e continue a viver sua vida.
BONAVANTE: Só você para me aliviar com suas palavras calmas, minha filha. É por isso que você é a minha predileta, Carlota. É a única que se preocupa comigo, que tem tempo para ouvir meus problemas, meus desabafos.
CARLOTA: Pode deixar dessa história de eu ser sua predileta.
BONAVANTE: Mas não estou falando nenhuma mentira.
CARLOTA: Pai, eu não gosto disso. O senhor deve amar suas três filhas de maneira igual. Isso que é o certo. Sem falar que eu tenho medo que uma das minhas irmãs ouça isso e fique chateada. O senhor me promete que vai parar com isso?
BONAVANTE: Farei um esforço.
CARLOTA: Bom, agora irei à missa. Prometi uns donativos para a paróquia do padre Juscelino.
BONAVANTE: Você é tão parecida com sua mãe, Carlota. Olho pra você e imediatamente Madalena me vem à memória. Acho que é por isso que eu te amo mais do que as outras. Por você me lembrar perfeitamente sua mãe, por você carregar a mesma pureza, bondade e doçura que ela tinha.
CARLOTA: Fico honrada por isso, papai.
BONAVANTE: Se ainda estou vivo, é por sua causa.
CARLOTA: Não só minha como por causa da Cassilda e da Cassandra também, né?
BONAVANTE (cochichando): Mais por você.
(Ele ri e Carlota também. Pai e filha se abraçam.)
CARLOTA: Bom, agora estou indo. Ainda irei passar na casa da Clarissa. Fica bem, pai.
(Carlota sai)
Cena 7/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Cassilda e Carlota/ Interno/ Manhã
(Cassilda está sentada em sua cama. Cassandra entra, furiosa)
CASSANDRA: Ódio.
CASSILDA: O que houve para você chegar bufando, Cassandra?
CASSANDRA: Acabei de ouvir uma conversa entre papai e Carlota. Nunca senti tanto nojo. Você acredita que ele deixou bem claro que a Carlota é a filha preferida dele, que a Carlota é a que mais se parece com a mamãe? Nojo.
CASSILDA: Por que você se importa tanto com isso?
CASSANDRA: Por que eu faço tudo para agradar o papai, para que ele me note, para ganhar o mínimo de afeto que a Carlota ganha dele, mas nada adianta porque ele só sabe observar a nossa irmãzinha caçula, porque ela é a única que importa para ele. E eu sinceramente não entendo esse seu posicionamento inerte, Cassilda.
CASSILDA: Porque isso é algo que não interfere na minha vida. Minha relação com o papai sempre foi boa.
CASSANDRA: Porque você também teve o seu tempo de ser a predileta do papai. 4 anos da sua vida você foi a princesinha da casa, todos os mimos se voltavam para você. Mas eu nasci e aí, 1 ano depois do meu nascimento, nasceu a caçulinha adorada, que, a partir de então, foi o brilho desse lar, a ganhadora de todo o carinho do mundo. Eu nunca tive essa fase de mimação, de ser a preferida, como você já teve e a Carlota está tendo desde o dia que nasceu. Por isso que essa situação não te importa, não te interfere em nada. Eu sempre fui a rejeitada, a excluída da família.
CASSILDA: Não é bem assim, Cassandra.
CASSANDRA: E é como, hein? O papai coloca a Carlota no mais alto patamar, enquanto a gente é jogada pra escanteio. Mas chega disso, CHEGA! Eu vou minar a relação do papai com a Carlota, eu vou fazer ele se desapontar amargamente com ela e, quando isso acontecer, eu irei consolá-lo, serei finalmente notada, me tornarei a preferida dele, ocuparei o patamar que hoje é da Carlota. Custe o que custar.
Cena 8/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Alguém bate na porta. Clarissa atende e abraça Carlota ao vê-la)
CLARISSA: Carlota, minha amiga.
CARLOTA: Tudo bem?
CLARISSA: Não. Mamãe está no quarto, de cama.
CARLOTA: O que houve?
CLARISSA: Outra crise de tosse. Estou muito preocupada com o que possa ser, Carlota.
CARLOTA: Calma, amiga, não deve ser nada demais. Você já chamou o Dr. Pessoa para consultá-la?
CLARISSA: Sim, claro. Ele está com ela no quarto.
CARLOTA: Dona Eva é uma mulher forte, brava, resistente. Tenho certeza que não será uma mera tosse que irá derrubá-la. Confie em mim.
CLARISSA: Tomara.
CARLOTA: Bom, eu vim aqui para te chamar para ir à missa, mas pelo visto, acho melhor você ficar em casa, com sua mãe.
CLARISSA: É isso mesmo que irei fazer. Obrigada pela visita, mesmo assim.
CARLOTA: Qualquer novidade sobre a dona Eva, me avise. Estou à disposição.
CLARISSA: Eu sei, amiga. Até mais.
CARLOTA: Até.
(Carlota sai)
Cena 9/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante sentado. Simão entra)
SIMÃO: Me chamou, dr. Bonavante?
BONAVANTE: Sim, Simão. Estou precisando da sua ajuda.
SIMÃO: O que o senhor quer que eu faça?
BONAVANTE: Eu quero que você verifique se a propriedade de Viriato Bragança está mesmo à venda. Você pode fazer isso pra mim?
SIMÃO: Claro. Estou às ordens. Com licença.
(Simão sai)
BONAVANTE (para si): Esse desgraçado do Viriato irá me pagar por todo mal que causou à minha família, principalmente a morte da Madalena.
Cena 10/ Vila Prata/ Igreja/ Interno/ Manhã
(Pessoas saindo da igreja, acabaram de assistir à missa do padre Juscelino. Este no altar, conversando com Carlota, que lhe entrega duas sacolas)
CARLOTA: Aqui estão os donativos que lhe prometi, padre.
JUSCELINO: Obrigado, minha filha. Não sei nem como agradecer.
CARLOTA: Imagina, não precisa.
JUSCELINO: Sua ajuda é de muita valia para o desenvolvimento da nossa paróquia.
CARLOTA: E isso me deixa muito feliz. Qualquer coisa que estiver precisando, pode falar comigo, que terei o maior prazer em ajudar.
JUSCELINO: Sua mãe também ajudava muito nossa igreja. Você é uma menina de ouro, Carlota.
CARLOTA: Obrigada, padre.
Cena 11/ Vila Prata/ Rua/ Manhã
(Carlota sai da igreja. Ela caminha alguns metros, quando é interceptada por Joca)
JOCA: Perdida na vila?
CARLOTA: Joca. Quer me matar de susto?
JOCA: E ver a mulher da minha vida partir? Jamais.
(Joca se aproxima para lhe dar um beijo, mas ela se esquiva)
CARLOTA: Aqui não, Joca. Algum conhecido pode ver. Esqueceu que nosso namoro é às escondidas?
JOCA: Claro que não, mas é porque eu não resisto ao te ver, Carlota. Eu te amo.
CARLOTA: Eu também te amo, meu amor. Mas só podemos assumir nosso relacionamento quando tivermos ultrapassado todos os nossos obstáculos.
JOCA: Falando nisso, o padrinho está me pressionando cada vez mais a assumir a paróquia e não sei como dizer para ele que não quero ser padre.
CARLOTA: Joca, você não pode fazer algo que não te deixa feliz.
JOCA: Eu sei disso, Carlota. Mas eu me sinto em uma dívida com padrinho. Ele me criou e criou minha irmã desde quando nossos pais morreram. Às vezes, eu penso que aceitar a ser o próximo padre é o pagamento que ele espera que eu faça para quitar essa dívida, esses anos de criação.
CARLOTA: Padre Juscelino é um homem bom. Ele não se importará se você não quiser ser padre.
JOCA: Mas ele me treinou pra assumir a igreja, Carlota. A vida toda. E o pior que ninguém dessa vila tem interesse em vestir a batina. Se alguém tivesse, talvez as coisas ficariam mais fáceis para mim.
Cena 12/ Vila Prata/ Casa Chester/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Marcílio deitado no sofá. Elizeu na frente do sofá, olhando incrédulo para o filho)
ELIZEU: O Marcílio. Ele será o próximo padre de Vila Prata.
MARCÍLIO: O quê? O senhor só pode estar louco. Eu não vou ser padre coisa nenhuma.
ELIZEU: Alguma coisa você vai ter que ser na vida, Marcílio. Ou você acha que vai ser sustentado por mim e pela sua mãe até o fim dos tempos? Por que você não se espelha no Vitorino e na Liduína e não sai por aí atrás de emprego?
MARCÍLIO: Eu não nasci pra trabalhar, ta ouvindo? Eu sei que a vida me reserva algo muito melhor.
ELIZEU: Com você deitado nesse sofá? Eu duvido. Olha aqui, garoto, é melhor você arranjar um trabalho, por que, senão eu irei falar com o padre Juscelino para ele te treinar na paróquia.
MARCÍLIO: O senhor não ousaria.
ELIZEU: Duvida?
MARCÍLIO: Por que o senhor implica tanto comigo, pai? Com os meus irmãos o senhor não pega no pé.
ELIZEU: Não pego porque eles não são preguiçosos iguais a você.
MARCÍLIO: Em vez de se preocupar comigo, deveria estar preocupado com o fato de todo mundo da vila estar falando mal da Liduína. É Maria Rapariga aqui, Maria Rapariga acolá.
ELIZEU: Chame sua irmã de Maria Rapariga e eu te dou uma surra na frente da vila inteira.
(Dorotéia entra)
DOROTÉIA: Vocês ainda continuam com essa briga estúpida?
ELIZEU: Estúpida? Você deveria estar aqui, me dando apoio, tentando convencer seu filho a levantar esse rabo do sofá e procurar algum emprego. Olha aqui, Marcílio, eu estou cansando de você, viu? Ou você arranja um trabalho ou eu te ponho pra fora da minha casa.
(Elizeu sai)
MARCÍLIO: Ele não teria coragem de me expulsar daqui, teria?
DOROTÉIA (aproximando-se do filho e sentando-se ao seu lado no sofá): Não se preocupe com seu pai, filho. Com o Elizeu eu me entendo. Ele não te obrigará a fazer algo que você não quer fazer.
MARCÍLIO: O que seria de mim sem a senhora, mãe?
(Marcílio e Dorotéia se abraçam)
Cena 13/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Interno/ Manhã
(Vitorino e Geraldo em pé, analisando as reformas do comércio – paredes, tintura, cerâmica dos pisos...)
VITORINO: Tudo está perfeito, seu Geraldo.
GERALDO: Para você, é Geraldo, Vitorino. Nada de formalidades.
VITORINO: O comércio já tem data de inauguração?
GERALDO: Estou pensando para a próxima semana.
VITORINO: Seu Ger, eu quero dizer, Geraldo, o senhor pensa em contratar algum ajudante para lhe ajudar no comércio?
GERALDO: Penso sim, Vitorino. Inclusive, vejo nesse momento o rapaz perfeito para ocupar esse cargo.
VITORINO: Eu?
GERALDO: Exatamente. Vitorino, quando eu cheguei nessa vila, você foi um dos únicos que se prontificou a me adaptar na rotina daqui. Sou muito grato a você e não vejo melhor forma de demonstrar essa gratidão te oferecendo esse emprego. Você aceita?
VITORINO: Claro que sim, Geraldo. Muito obrigado mesmo.
Cena 14/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Externo/ Manhã
(Liduína na frente da tenda)
LIDUÍNA (batendo palmas): SORAYA, Ô SORAYA!
(Soraya abre a porta de sua tenda e aparece, ficando frente a frente com Liduína)
SORAYA: O que foi, Maria Rapariga? Será que uma pessoa não pode ter um contato espiritual em paz?
LIDUÍNA: Tenho uma consulta com você agora.
SORAYA: Consulta? Você só pode estar louca, querida. Hoje é sexta feira, não marco consulta com ninguém às sextas-feiras. Se até Deus descansou no sétimo dia, será que eu não posso?
LIDUÍNA: Mas Deus descansou no domingo, não na sexta. Além disso, sempre pensei que a senhora fosse ateia.
SORAYA: Olha aqui, minha querida, eu sou Soraya Hannah, a vidente das videntes, detentora do poder sobrenatural, trago a pessoa amada em cinco segundos e conheço mais de quarenta simpatias pra derrubar as inimigas, então, por isso mesmo, eu posso escolher o dia que eu quiser pra descansar, ok?
LIDUÍNA: Mas Soraya...
SORAYA: Mãe Soraya.
LIDUÍNA: Mãe Soraya, já é a terceira vez que a senhora cancela uma consulta comigo. Eu quero saber o que o futuro me reserva.
SORAYA: Minha querida, todo mundo dessa vila te chama de Maria Rapariga. Não se precisa nem de bola de cristal pra perceber que isso já significa muito para o seu futuro.
LIDUÍNA: Como assim, Mãe Soraya?
SORAYA: Isso foi só uma amostra grátis. Falo mais amanhã, com pagamento a vista. Agora, preciso voltar para o meu contato espiritual.
LIDUÍNA: Contato espiritual?
SORAYA: Sim, querida. Você acha que meus poderes vêm de onde? Do seu miolo que não é. Toda semana, eu escolho um dia pra conversar com os espíritos, para que eles reforcem meus dons. Entendeu?
LIDUÍNA: Sim, eu entendi. Me desculpe por tê-la interrompido, Mãe Soraya.
SORAYA: Agora, você já pode ir.
LIDUÍNA: Com licença.
(Liduína sai e Soraya volta para o interior de sua tenda)
LIDUÍNA (caminhando): Que grossa.
Cena 15/ Vila Prata/ Praça/ Interno/ Manhã
(Joca e Carlota sentados em um banco)
CARLOTA: Amei conversar com você, meu amor. Mas agora eu preciso ir.
JOCA: Eu te levo pra casa.
CARLOTA: De jeito nenhum, Joca. E se meu pai nos flagrar?
JOCA: Carlota, eu sei que eu não faço parte dos padrões estipulados pelo seu pai de pretendente adequado, mas você precisa assumir nosso relacionamento. Ou você pretende namorar às escondidas para sempre?
CARLOTA: Então tome coragem e enfrente seu padrinho, dizendo para ele que você não tem nenhuma pretensão de se tornar o próximo padre de Vila Prata.
JOCA: Eu pretendo fazer isso, mas preciso pensar qual é a melhor forma de contar as minhas vontades para meu padrinho.
CARLOTA: Eu também pretendo assumir nosso namoro para a minha família, mas tem que ser em um momento oportuno.
JOCA: Eu sei, eu entendo.
(Eles dão um selinho rápido)
JOCA: Posso te deixar em casa?
CARLOTA: Tudo bem, Joca. Mas nada de me beijar, hein? Alguém pode ver.
JOCA: Fique tranqüila. Não colocarei nossa relação em risco.
(Eles se entreolham apaixonados)
Cena 16/ Paisagens de Vila Prata/ Tarde
(Toca I Wanna Be Yours – Arctic Monkeys)
Cena 17/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Tarde
(Bonavante olha suas terras pela janela. Ele segura um copo de uísque. Toma um gole. Simão entra)
SIMÃO: Dr. Bonavante.
BONAVANTE: E então, Simão? Descobriu algo? A propriedade do Viriato está mesmo à venda?
SIMÃO: Está. Tem uma placa de venda estirada na frente da mansão dele.
BONAVANTE: Ótimo. Eu vou comprar a propriedade dele, Simão. E você irá me ajudar a fazer isso.
SIMÃO: Mas como, Dr. Bonavante?
BONAVANTE: Eu não posso intermediar o processo de compra e venda, porque se o Viriato souber que ele está fazendo negócio comigo, ele vai desistir da venda. E é aí que você entra. Você será meu testa de ferro, Simão.
Cena 18/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Clarissa andando de um lado para o outro. Dr. Pessoa aparece)
CLARISSA: Dr. Pessoa, até que enfim. E então? O senhor conseguiu descobrir o que a minha mãe tem?
DR. PESSOA: Sim, Clarissa, eu descobri.
CLARISSA: E o que ela tem?
DR. PESSOA: Tuberculose.
CLARISSA: O quê?
Cena 19/ Mansão Sabarah/ Fachada/ Externo/ Tarde
(Joca e Carlota, montados em um cavalo, param na frente da mansão. Joca desce do cavalo primeiro e ajuda Carlota a descer)
JOCA: Está entregue, milady.
CARLOTA: Eu te amo, sabia?
JOCA: Eu também.
(Joca não resiste e beija Carlota. Cassandra abre a porta e vê o casal aos beijos, que não percebe a presença da vilã e continua a beijar. Close em Cassandra.)
FIM DO CAPÍTULO (Toca Elastic Heart – Sia)









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