terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Alice - Capítulo 7


ALICE

SÉTIMO CAPÍTULO

Cena 1/Shopping Village Mal/Interno/Manhã

Cena ao som da instrumental Incêndio – Cobras & Lagartos
ALICE – Se acalma, por favor!
BANDIDO – Cala a boca aí, novinha, o meu papo é com os polícia.
POLICIAL – Abaixa essa arma pra gente conversar!
BANDIDO – Eu conheço esse papinho de “abaixa a arma pra gente conversar” e não vou cair nessa! Já vi um parceiro meu morrer assim. Ele abaixou a arma pra bater um papo e vocês meteram a bala nele!
POLICIAL – Mas com você não vai ser assim!
BANDIDO – Quem garante? O negro já é descartado fácil, quando se torna bandido então...
POLICIAL – Não é bem assim!
BANDIDO – É assim sim e ponto final.
ALICE – Pensa na besteira que você vai fazer!
BANDIDO – Cala a boca, novinha. Já mandei calar a boca!
Alice sai de perto do bandido e vai pra perto dos policias.
BANDIDO – Quer saber? Chega! Eu cansei!
O bandido solta Estrela.
BANDIDO – Pode ir, novinha
Ele puxa o gatilho da arma e aponta para as costas de Estrela.
BANDIDO – (sussurro) Essa eu não vou deixar passar.
Ouve-se um barulho de tiro. Foco apenas na expressão de espanto de Estrela. Um clima de tensão toma conta do shopping.

Cena 2/Agência de Viagens/Sala do Presidente/Manhã
OLAVO – Você enlouqueceu ou o quê?
REBECA – Nunca estive tão lúcida, querido.
OLAVO – Eu não vou vender essa empresa!
REBECA – E por que não?
OLAVO – Rebeca, essa empresa é a minha vida!
REBECA – Mas sei muito bem que vocês passaram por uma crise horrorosa há dois anos. Chegaram perto de declarar falência!
OLAVO – Mas conseguimos nos reerguer e sair do vermelho. Isso não está óbvio o suficiente?
REBECA – Não subestime a minha inteligência, Olavinho.
OLAVO – Essa era a sua única proposta? Era isso o que você queria falar? Porque se for, pode sair da minha sala!
REBECA – Você já foi mais educado, Olavinho.
OLAVO – E você já foi menos insuportável. Saia daqui!
Rebeca pega sua bolsa e se levanta.
REBECA – Você ainda vai me vender essa empresa, Olavo. Ah, se vai!
OLAVO – Isso não vai acontecer nem nos seus melhores sonhos. Agora sai, vai! Vai embora!
Rebeca sai da sala de Olavo. Olavo senta-se em sua cadeira.
OLAVO – Louca!

Cena 3/Mansão Grimaldi/Quarto de Victoria/Manhã
Victoria está em frente ao espelho admirando uma joia que acabara de colocar no pescoço. A governanta entra correndo, assustada.
GOVERNANTA – Victoria, Victoria, me perdoe por entrar assim, mas é urgente!
VICTORIA – O que foi, querida? Aconteceu algo grave?
GOVERNANTA – É melhor a senhora ver com os seus próprios olhos!
A governanta pega o controle e liga a TV num noticiário.
REPÓRTER – Um assalto acaba de acontecer no shopping Village Mall, localizado na zona sul do Rio de Janeiro. Até onde se sabe, houve uma morte, ainda não informado de quem foi a vítima. Entre os reféns estavam Estrela Grimaldi, filha do poderoso empresário Olavo Grimaldi. Voltaremos em breve com mais informações.
A governanta desliga a TV e a câmera foca no rosto de Victoria.
VICTORIA – Manda tirar o meu carro. Eu vou pra esse shopping!

Cena 4/Agência de Modelos/Sala do Vice-Presidente/Externo/Manhã
Adriana corre para perto de Paloma e Renata.
ADRIANA – É comigo, Renata.
RENATA – O quê?
ADRIANA – Ela quer falar comigo! Não é, querida?
PALOMA – Eu quero falar com quem poderia me informar uma coisa.
ADRIANA – Essa função é a minha!
RENATA – Mas eu precisava falar com você, Adriana.
ADRIANA – Sinto muito, mas você tem visita.
RENATA – Visita?
Cristina se aproxima de Renata.
CRISTINA – Espero não estar te incomodando.
Os olhos de Renata reluzem ao ver Cristina.
RENATA – A sua visita é o que eu mais esperava! Vamos até a minha sala.
Renata pega Cristina pela mão e a leva para sua sala.
PALOMA – Quem é essa garota? Filha da dona Renata?
ADRIANA – Quem sabe... Mas enfim, o que você quer?
PALOMA – Eu li na revista que vocês estavam abrindo vagas para modelo e...
ADRIANA – Não!
PALOMA – O quê?
ADRIANA – Não adianta tentar. Você não vai conseguir!
PALOMA – Eu não tô entendendo!
ADRIANA – Você já se olhou no espelho, querida? Olha pra você! Pobre, mal trapilho. É até bonitinha, tem corpo, mas isso não basta. Pra ser dessa agência você tem que ter luxus! Ou melhor, luxo. E isso é uma coisa que todas as modelos têm, mas você não tem.
PALOMA – Mas...
ADRIANA – Chega! Não era isso o que você queria saber? Pois bem, já sabe. Pode sair! Sabe como usar um elevador, né? Não sei se a classe média rebaixada foi apresentada a isso.
Paloma, com lágrimas nos olhos, encara Adriana e em seguida vai embora.
ADRIANA – Isso vai mantê-la afastada!

Cena 5/Agência de Modelos/Sala do Presidente/Externo/Manhã
RENATA – Eu fico tão feliz por ter você por perto, querida.
CRISTINA – E por qual motivo você me chamou aqui? Por que pediu que eu viesse?
RENATA – Porque eu preciso te explicar o motivo pelo qual te abordei na rua daquela maneira.
CRISTINA – Olha se for por isso, não precisa explicar. Você é Renata Albuquerque! Dona de um verdadeiro império. Eu que deveria pedir desculpas por ter ocupado o seu tempo!
RENATA – (risos) Não, querida. Eu preciso te contar!
CRISTINA – Então me diga.
RENATA – Eu acho, tenho quase certeza que... Que... Eu não sei como falar!
CRISTINA – Diga! Eu ficando ansiosa!
RENATA – OK... Eu acho que você pode ser a minha filha!
Cristina fica surpresa e se levanta da cadeira.
CRISTINA – Eu... Eu... Sua filha?
RENATA – Sim. Mas eu não tenho certeza de nada disso!
CRISTINA – E por que você pensa isso?
RENATA – Você é muito parecida comigo quando era adolescente. Eu sei que isso pode parecer tolo, mas eu sinto dentro de mim que você pode sim ser a minha filha! Eu sinto!
CRISTINA – Isso tudo é muito louco. Eu cresci num orfanato, disseram que meus pais morreram e de repente eu descubro que posso ser filha de uma das maiores empresárias desse país! É tudo tão confuso!
RENATA – Eu imagino isso, mas não podia guardar mais isso pra mim.
CRISTINA – E como você me perdeu, digo, como perdeu a sua filha?
RENATA – Eu não perdi a minha filha, ela foi tirada de mim.
CRISTINA – Que horror! E como isso aconteceu?
RENATA – Eu tinha acabado de chegar ao Rio de Janeiro...
A conversa segue fora de áudio.

Cena 6/Shopping Village Mall/Externo/Tarde
Victoria estaciona o seu quarto perto do shopping e caminha até lá, passando pela enorme multidão de repórteres e curiosos que estão em frente ao edifício. Victoria tenta entrar no shopping, mas é impedida por policias.
VICTORIA – Me deixem passar, seus abutres! Eu preciso ver a minha filha!
POLICIAL – Sinto muito, senhora. Mas não podemos deixa-la passar!
VICTORIA – E como não? Eu sou Victoria Grimaldi, posso tudo!
POLICIAL – Acho melhor à senhora abaixar o seu tom e medir suas palavras. Eu posso prendê-la por desacato a autoridade!
VICTORIA – Então me prende, vai! Me coloca atrás das grades!
Nesse momento, Estevão chega perto de Victoria.
ESTEVÃO – Calma, sogrona. O estresse não é o melhor companheiro nessa situação!
VICTORIA – Mas é a minha filha que tá lá dentro, Estevão. A sua futura esposa!
ESTEVÃO – Eu sei, mas...
Nesse momento, funcionários do IML passam com uma caixa onde está o corpo de alguém.
VICTORIA – Estre... Estre... Estrela!
Victoria desmaia nos braços de Estevão. Estrela e Alice saem do shopping.
ESTRELA – Mãe?
Estrela corre para perto de Victoria. Alice caminha.
ESTRELA – O que aconteceu com ela?
ESTEVÃO – A Vic desmaiou antes que eu pudesse contar que consegui ligar pra você e saber que você estava bem, apesar do susto.
ALICE – E por que ela desmaiou?
ESTEVÃO – Quando passaram com a caixa do IML por aqui, ela pensou que tivesse sido você.
ESTRELA – E infelizmente poderia ter sido, se a Alice não me salvasse.
ESTEVÃO – Eu ainda não entendi como isso aconteceu.
ALICE – Eu matei o bandido! Passei por trás dele e consegui pegar a arma de um policial. Ele estava de costas e eu aproveitei pra mata-lo antes que ele matasse a Estrela.
ESTRELA – E isso foi levado como legitima defesa.
ESTEVÃO – Obrigado por ter salvado a vida do meu amor, Alice. Serei eternamente grata!
ALICE – Eu acredito que ela faria o mesmo por mim.

Cena 7/Passagem de tempo da tarde para a noite ao som de Sing – Ed Sheeran

Cena 8/Mansão Grimaldi/Sala/Noite
Victoria e Estrela entram na sala. Olavo está sentado em sua poltrona. Ao vê-las ele se levanta.
OLAVO – Eu fiquei tão preocupado quando soube do assalto. O medo de perder a Estrela foi maior do que tudo!
ESTRELA – Mas graças a Deus e a Alice eu estou salva.
VICTORIA – Se não fosse a Alice... Eu não quero nem pensar!
OLAVO – Vocês estão mais calmas agora?
VICTORIA – Bem mais.
ESTRELA – Ainda bem, né mami. A senhora chegou a desmaiar!
OLAVO – Desmaiar?
VICTORIA – Sim. Quando eu vi o pessoal passando com uma caixa do IML, pensei que fosse a minha filha... Perdi os sentidos e desmaiei!
ESTRELA – Bom, eu vou subir, tomar um banho e descansar. Depois eu desço pra jantar, ok?
OLAVO – Tudo bem.
VICTORIA – Tudo bem.
Estrela sobe as escadas. Olavo e Victoria sentam-se no sofá.
VICTORIA – A Rebeca já chegou?
OLAVO – Sim e por mim poderia ir embora.
VICTORIA – Mas por quê? O que ela aprontou dessa vez?
OLAVO – Ela quer comprar a agência de qualquer maneira.
VICTORIA – Canalha! Eu vou ter uma conversa muito séria com essa mulher amanhã mesmo!

Cena 9/Hotel Copacabana/Quarto 330/Noite
Adriana sai do elevador e caminha pelo corredor até chegar em frente ao quarto 330. Ela toca a campainha. Cristina abre.
CRISTINA – O que você tá fazendo aqui?
ADRIANA – Não me convida pra entrar?
Cristina faz sinal para Adriana, que entra. Em seguida ela fecha a porta.
CRISTINA – Fala logo, não tenho tempo para as suas ladainhas.
ADRIANA – Eu vim dizer que consegui afastar a moreninha da empresa.
CRISTINA – Isso é ótimo para os nossos planos!
ADRIANA – Agora basta você convencer a Renata de que você é filha dela e pronto. Nosso plano estará concluído!
CRISTINA – E como você pretende fazer isso?
ADRIANA – Forjando um exame de DNA! A Renata vai achar que você é a filha perdida dela e daí pra frente será um passo para colocar a mão na fortuna dela.
Foco no rosto de Adriana.

Toca One Last Time – Ariana Grande


FIM DE CAPÍTULO
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