quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Alice - Capítulo 8


ALICE

OITAVO CAPÍTULO

Cena 1/Hotel Copacabana/Quarto 330/Noite
CRISTINA – E você acha que isso vai dar certo?
ADRIANA – Certo? Vai dar certíssimo! Se tudo sair conforme o meu planejado, a Renata vai ficar na miséria muito em breve.
CRISTINA – E você acha isso justo?
ADRIANA – Não vai me dizer que você sente pena dela?
CRISTINA – Não, não é bem isso. É que a Renata é uma pessoa do bem, que tá lutando pra encontrar a filha que ela perdeu anos atrás! Você acha justo deixa-la na miséria e ainda mais sem saber quem é a verdadeira filha?
ADRIANA – Acho. E por que não? Nessa vida todos nós já sofremos.
CRISTINA – Mas ela ainda sofre por essa perda!
ADRIANA – Eu não estou te entendendo.
CRISTINA – Eu sou realista! Ela não merece sofrer mais!
ADRIANA – Não adianta recuar agora que foi dada a largada. Se você voltar atrás, vai cair tão baixo, mas tão baixo, que o inferno vai ser pouco perto do seu sofrimento! Não tem mais como desistir. Você está do meu lado e do meu lado que você vai ficar até o último minuto! Entendeu?
Cristina faz que sim com a cabeça.
ADRIANA – Espero que isso sirva pra você refletir.
Adriana vai embora. Cristina fecha a porta.
CRISTINA – Com quem será que eu fui me meter, hein?

Cena 2/Hotel Copacabana/Garagem/Noite
Adriana acabara de sair do elevador que dá na garagem. Ela caminha em direção a seu carro. O carro de Renata, que está acompanhada de Marcos, entra na garagem do hotel. Renata avista Adriana.
RENATA – (sussurro) O que será que ela tá fazendo aqui?
MARCOS – O que você disse?
RENATA – A Adriana!
MARCOS – O que tem a Adriana?
RENATA – Ela estava aqui no hotel!
MARCOS – (surpreso) A ADRIANA? AQUI?
RENATA – Sim, querido. Mas por que a surpresa?
MARCOS – Me surpreendi porque mesmo que a Adriana receba um salário polpudo, ela não teria condições de sequer passar uma noite aqui.
RENATA – Talvez ela tenha vindo com um namorado.
MARCOS – A Adriana com um namorado? Por favor, Renata!
RENATA – E por que não? Ela é jovem, bonita, solteira. Tá com a bola toda!
MARCOS – Ela só vive para o trabalho. Jamais se envolveria com outros homens!
RENATA – E você se importaria se ela se envolvesse?
MARCOS – Que pergunta é essa, Renata?
RENATA – É que você ficou tão preocupado quando eu disse que ela poderia estar aqui com um namorado que eu pensei que você se importaria caso ela namorasse.
MARCOS – Claro que não me importaria! A vida é dela! Desde que isso não atrapalhe o desempenho dela na empresa, pouco me importo com a vida amorosa da Adriana. Se ela se envolvesse até com outra mulher eu não me importaria, desde que ela continuasse desempenhando bem a função dela dentro da empresa.
RENATA – Que radical, senhor Marcos. (risos)
MARCOS – Agora vamos logo pro quarto porque eu não vim a esse hotel pra ficar discutindo sobre a vida pessoal de uma funcionária em plena garagem. (sussurrando no ouvido de Renata) Vim aqui pra fazer outras coisas!
RENATA – O senhor é quem manda.
Renata arranca com o carro e estaciona em uma vaga. Eles saem do carro, entram no elevador e sobem para o hotel.

Cena 3/Mansão Guimarães/Sala/Noite
Estevão está sentado em uma poltrona. No sofá, abraçados, estão Bárbara e Fernando.
BÁRBARA – Que coisa horrível esse assalto, né filho?
ESTEVÃO – Só de pensar que eu poderia perder a Estrela dessa maneira fico arrepiado.
FERNANDO – Mas graças a Deus tudo se saiu bem!
ESTEVÃO – Graças a Deus e a Alice!
BÁRBARA – Ela foi bem corajosa, não?
ESTEVÃO – Muito!
FERNANDO – Me explica essa história direito, filho. Como a Alice salvou a Estrela?
ESTEVÃO – Pelo que Alice nos disse, o policial não queria atirar no tal bandido, mas se ele não fizesse isso, a Estrela seria morta porque o bandido a soltou e apontou uma arma pra ela.
BÁRBARA – E quando a Alice entra nessa história?
ESTEVÃO – Ela foi mais ágil, pegou a arma do policial e atirou no bandido. Um tiro fatal! Ele morreu na hora!
FERNANDO – E ela não pode ser indiciada por isso?
ESTEVÃO – Não pelo que eu sei. Foi dado como legítima defesa!
BÁRBARA – Isso é mais instigante que qualquer série de ação!

Cena 4/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Sala/Noite
Alice levanta-se. Madalena está sentada no sofá.
ALICE – Claro que é mentira, mãe!
MADALENA – Então você não matou o tal bandido?
ALICE – Não! Eu não matei!
MADALENA – Então todos precisam saber disso.
ALICE – E quem disse que eu quero contar?
MADALENA – Alice, desde pequena eu te criei ensinando que mentir é feio!
ALICE – Mas quem disse que eu menti?
MADALENA – Não?
ALICE – Claro que não!
MADALENA – Então me conta essa história.
ALICE – O caso desse policial que matou o tal bandido foi o primeiro realmente sério e perigoso. Ele estava com medo de algo dar errado e eu apenas o incentivei a atira no marginal! Eu disse que tudo ficaria bem e se ele não atirasse, aí algo ruim aconteceria.
MADALENA – E por que você saiu como heroína e não ele, que salvou a vida da Estrela?
ALICE – Porque fui em que o incentivou a matar o bandidinho, fui eu quem mandou ele atirar no marginalzinho, fui eu quem salvou a vida da Estrela, fui em que merecia ganhar os créditos e sair como heroína, fui em quem arriscou a própria vida pra salvar aquela garota, fui eu!
MADALENA – Você não merecia isso.
ALICE – E o que eu merecia, mãe? A morte? É isso o que eu merecia?
Cena ao som da instrumental Suspense – Império.
MADALENA – Claro que não, minha filha.
ALICE – Então me diga! Me diga o que eu merecia! Quer saber? CHEGA DESSE ASSUNTO! CHEGA!
Alice sai da sala e vai pro quarto.
MADALENA – Você não poderia ter feito isso, minha filha. Não poderia!

Cena 5/Vila do Sossego/Quarto de Alice/Noite
Alice entra no quarto quebrando tudo que vê pela frente. E em seguida grita.
Cena ao som da instrumental Tema de Mistério - Império
ALICE – EU NÃO ADMITO SER CONTRARIADA! EU NÃO ADMITO!
Alice quebra mais coisas em seu quarto.
ALICE – Se minha mãe acha que eu ia sair dessa história com as mãos abanando, ela que se engana! Eu não nasci pra não ser creditada por um grande feito. Eu não nasci! Eu não nasci! Eu não nasci!
Em seguida, ela deita em um canto da cama e repete várias vezes a mesma coisa, com um ar de loucura.
ALICE – Eu não nasci! Eu não nasci! Eu não nasci! Eu não nasci! Eu não nasci!

Cena 6/Vila do Sossego/Casa de Carmen/Noite
Madalena bate várias vezes na porta. Carmen abre. Madalena, chorando, abraça Carmen, que fica sem entender o que está acontecendo.
Cena ao som da instrumental Tristeza – A vida da Gente
MADALENA – Aconteceu de novo, Carmen! Aconteceu!
CARMEN – O que, querida?
MADALENA – A Alice... Ela surtou de novo!
CARMEN – Não! Não pode ser! Ela não pode ter essas crises de novo.
MADALENA – Eu tenho medo do que pode acontecer!
CARMEN – Você tem medo de que ela repita o mesmo que fez no passado?
MADALENA – Sim! É o que eu mais temo! Foi horrível ter que passar por aquilo. Não quero sofrer de novo! Não mais uma vez!
Madalena abraça Carmen mais forte ainda e chora.
CARMEN – Tudo vai se resolver, amiga. Tudo vai!

Cena 7/Passagem de tempo da noite para o dia ao som da instrumental Segredos e Brigas – Por Amor

Cena 8/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Sala de Jantar/Manhã
Madalena está sentada, tomando café. Alice entra na sala.
ALICE – Mãe?
MADALENA – Bom dia, Alice.
ALICE – Eu posso te pedir uma coisa?
MADALENA – Diga.
ALICE – Me perdoa?
MADALENA – Por quê?
ALICE – Pelo surto de ontem.
MADALENA – Olha querida...
ALICE – Não diga nada! Só o que eu pedi! Me perdoa?
MADALENA – É claro que eu te perdoo, querida. Mas você tem que ter mais controle sobre os seus sentimentos!
ALICE – Eu sei que deveria mas não consigo! De repente eu perco o controle de tudo e quando vejo já cometi uma besteira.
MADALENA – Como a que você cometeu anos atrás, não é?
ALICE – Não me lembre disso! Eu me martirizo por ter feito isso todos os dias!
MADALENA – Mas agora é vida que segue. Não tem mais volta! O jeito é focar no futuro e esquecer esse passado horroroso, por mais difícil que seja.
ALICE – Eu te juro que vou me controlar ao máximo! Eu juro!
Alice dá um abraço aperto em Madalena, que deixa algumas lágrimas caírem de seus olhos.

Cena 9/Mansão Grimaldi/Quarto de Estrela/Manhã
Estrela está em frente à penteadeira. Ela acabara de pentear seu cabelo. A governanta bate na porta e, após autorização de Estrela, entra no quarto.
ESTRELA – Diga, querida.
GOVERNANTA – Eu só vim avisar que o café da manhã está na mesa.
ESTRELA – Já vou descer. Pode ir!
GOVERNANTA – Com licença.
A governanta sai do quarto. Estrela sente uma leve tontura e senta-se a cama.
ESTRELA – Que estranho!
Estrela se levanta e sai do quarto.

Cena 10/Mansão Grimaldi/Corredor/Manhã
Estrela, ainda um pouco tonta, caminha pelo corredor, trançando as pernas.
ESTRELA – O que tá acontecendo comigo, hein?
Estrela chega à escada e se desequilibra, rolando escada a baixo. A ruiva chega ao chão, desmaiada.

Toca The Heart Wants What It Wants – Selena Gomez


FIM DE CAPÍTULO
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