Cena 1/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
BONAVANTE: Isso não é verdade.
VIRIATO: Não se iluda, Bonavante. Você passou todos esses anos cuidando de uma garota que é minha filha. Pena que Madalena não está viva para confirmar isso.
(Bonavante levanta-se e parte para cima de Viriato, segurando no colarinho de sua camisa)
BONAVANTE: Nunca mais vomite uma mentira dessas, seu infeliz. A Cassilda é minha filha. Não se meta com a minha filha, Viriato, se você não quiser parar em uma vala com a boca coberta de formigas.
(Bonavante solta Viriato)
VIRIATO: A verdade dói, Bonavante. A partir de hoje, toda vez que você encostar a cabeça no travesseiro, terá que se conformar com essa situação.
BONAVANTE: Fora daqui, seu desgraçado. FORA.
VIRIATO: Até mais ver.
(Viriato sai, rindo. Bonavante volta a sentar em sua poltrona, visivelmente abalado)
Cena 2/ Mansão Sabarah/ Pasto/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da cena 16 do capítulo anterior)
JOCA: E então? Você me perdoa?
CARLOTA: Não precisa pedir perdão, Joca. O fato de você ter descoberto a tempo sobre o caráter da Cassandra já me deixa satisfeita.
JOCA: Eu nunca deveria ter desconfiado da sua palavra.
CARLOTA: O que importa é que você abriu seus olhos para a verdade.
JOCA: Posso te acompanhar até a casa da Clarissa?
CARLOTA: Claro.
(Joca e Carlota caminham em direção à entrada da fazenda)
Cena 3/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Frente/ Externo/ Noite
(Continuação imediata da cena 15 do capítulo anterior)
GERALDO: Filho? Eu acho que você está enganado. Eu não tenho filhos.
NUNO: Eu esperava ouvir isso, mas sinto lhe informar que o senhor está errado.
GERALDO: Como?
NUNO: Eu lhe explico melhor. Não vai me convidar para entrar?
(Nuno encara Geraldo)
Cena 4/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Nuno sentado em uma poltrona. Geraldo surge e lhe entrega uma xícara de café preto. Geraldo senta-se em uma poltrona, ficando frente a frente com Nuno)
NUNO: Obrigado pelo café.
GERALDO: Agora você pode me explicar que história é essa de ser meu filho.
NUNO: Eu imagino o quanto você deve estar assustado.
GERALDO: Realmente eu nunca poderia imaginar que um jovem na batesse na minha porta dizendo ser meu filho.
NUNO: Eu sou filho de Lígia Pires. Você se lembra dela?
GERALDO: Lígia foi minha primeira esposa.
NUNO: E você a abandonou justamente no momento em que ela descobriu a gravidez.
GERALDO: Ela nunca me disse que tinha engravidado, nunca entrou em contato comigo desde o dia em que saí de casa.
NUNO: Como ela iria entrar em contato se você se tornou um nômade depois de tê-la abandonado? Ela me criou sozinho, mas nunca escondeu de mim a identidade do meu pai.
GERALDO: E onde ela está?
NUNO: Numa cova qualquer. Pegou peste bubônica e não resistiu. A verdade é que desde o dia em que ela morreu, eu prometi a mim mesmo que encontraria e meu pai e, finalmente, esse dia chegou.
GERALDO: Como você me achou?
NUNO: Eu sou advogado, tenho diversos contatos, tenho acesso fácil aos registros da prefeitura de qualquer lugar, menos dessa vila, claro, que não tem nenhum prefeito. Eu te achei por pura coincidência. Eu tenho uma cliente que mora nessa vila e quando estava vindo para cá, soube que aqui morava um Geraldo. Resolvi te investigar e descobri que era você quem sempre procurei.
GERALDO: Nuno, se eu soubesse que Lígia estava grávida, eu nunca a teria abandonado.
NUNO: Não precisa se explicar. Minha mãe sempre me disse que você não nasceu para viver preso a alguém, apesar de ter fincado seus pés aqui.
GERALDO: Deixe-me recompensá-lo por esses anos de procura e ausência paterna. Fique aqui.
NUNO: Ficarei.
Cena 5/ Mansão Bovary/ Frente/ Externo/ Noite
(Joca e Carlota param em frente à portaria da mansão Bovary)
JOCA: Chegamos.
CARLOTA: Obrigada pela companhia, Joca.
JOCA: Foi bom conversar com você, Carlota. Essa caminhada me fez lembrar os nossos velhos tempos de namorados. Eu sinto saudades de você. Eu ainda te amo.
CARLOTA: Joca...
JOCA: Carlota, não há mais sentido de permanecermos separados. Vamos enfrentar os obstáculos que surgiram no nosso caminho e assumir o nosso amor. Eu quero ficar com você.
CARLOTA: Eu te amo, sabia? Sempre te amei.
JOCA: Vamos reatar o nosso namoro?
CARLOTA: É tudo o que eu mais quero.
(Joca e Carlota se beijam)
CARLOTA: Eu juro para você que criarei coragem para assumir nosso relacionamento para o papai.
JOCA: E eu para o padrinho.
(O casal se beija mais uma vez)
JOCA: Você tem certeza que ainda quer conversar com a Clarissa? Vamos recuperar o tempo perdido.
CARLOTA: Tudo bem, amanhã pela manhã venho conversar com ela.
(Joca e Carlota caminham pela estrada, aos beijos e felizes)
Cena 6/ Mansão Bragança/ Quarto Charles/ Interno/ Noite
(Quarto escuro. Charles entra. Laurinda acende o abajur)
LAURINDA: Boa noite, filho.
CHARLES: Que susto, mãe. A senhora quer me matar do coração?
LAURINDA: Desculpe, não foi a minha intenção. Apenas quero saber como foi o seu encontro com a moça por quem você está apaixonado.
CHARLES: Foi ótimo, mãe. Eu a pedi em namoro e ela aceitou.
LAURINDA: Agora que ela é oficialmente sua namorada, desejo conhecê-la ainda mais.
CHARLES: A senhora terá que esperar mais um pouco. Ainda é muito cedo para apresentá-la para a família. Agora estou morrendo de sono, mãe. Se a senhora não se importa...
LAURINDA: Eu sei quem é a sua namorada, filho. Cassilda Sabarah, filha do maior inimigo do seu pai.
CHARLES: Como a senhora descobriu?
LAURINDA: Isso é o que menos importa. Charles, você tem noção do que está fazendo? Se o seu pai descobrir que você está namorando essa menina, ele irá surtar. Você e a Cassilda podem sair feridos nessa rivalidade que há entre o Viriato e o Bonavante.
CHARLES: Eu amo a Cassilda e ela me ama, mãe. Nada nem ninguém irá nos separar.
LAURINDA: Charles, você sabe que eu nunca interferi nos seus relacionamentos, mas esse que você firmou com a Cassilda é perigoso demais. Eu me preocupo com você... e com a filha do Bonavante também.
CHARLES: Eu não vou terminar com ela por causa do papai, mãe. Eu espero que a senhora apóie qualquer decisão a que eu venha tomar.
LAURINDA: Você sabe que eu sempre irei apoiar, Charles. Mas filho, a Cassilda pelo menos sabe que você é filho do Viriato? Você contou isso a ela?
CHARLES: Ela saberá disso na hora certa.
LAURINDA: Ai meu Deus. Eu espero que você saiba mesmo o que está fazendo. Eu não quero te ver sofrer, Charles.
(Laurinda abraça Charles)
Cena 7/ Mansão Bragança/ Quarto Gertrude/ Interno/ Noite
(Gertrude e Viriato deitados na cama da governanta)
GERTRUDE: Você veio passar a noite aqui novamente?
VIRIATO: Qual é o problema?
(Viriato a beija)
GERTRUDE: Doutor Viriato, a dona Laurinda já está desconfiada que o senhor tem uma amante.
VIRIATO: Não se preocupe, Gertrude. Ela nunca desconfiará de você. Hoje, eu só quero celebrar. Fiz uma revelação que deve estar tirando o sono do Bonavante.
GERTRUDE: E eu posso saber qual é?
VIRIATO: A única coisa que pode saber é como me satisfazer.
(Viriato beija Gertrude violentamente)
Cena 8/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Carlota entra e se depara com Cassandra no alto da escada, observando-a. Cassandra desce a escada e se aproxima de Carlota)
CASSANDRA: Você já soube que o Joca me pediu para que eu ficasse longe dele?
CARLOTA: Uma pena... Para você
CASSANDRA: Eu sei que tem dedo seu por trás dessa história.
CARLOTA: Para sua informação, eu e o Joca voltamos.
CASSANDRA: Como?
CARLOTA: Agora vai lá ao gabinete do papai e conte tudo para ele. Você não imagina a ajuda que estará me fazendo.
(Carlota sobe as escadas)
CASSANDRA (para si): Eu vou fazer melhor, queridinha. Eu vou acabar com você.
Cena 9/ Paisagens da Propriedade Sabarah/ Manhã
Cena 10/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Manhã
(Bonavante sentado à mesa, indisposto. Cassandra entra)
CASSANDRA: Posso falar com o senhor?
BONAVANTE: O que você quer, Cassandra?
CASSANDRA: Quanta grosseria, pai. E que cara de sono, hein? Não dormiu muito bem?
BONAVANTE: Diga logo o que você quer e me deixe paz.
CASSANDRA: Eu só vim passar um recado da Carlota. Ela quer vê-lo no pasto daqui a trinta minutos.
BONAVANTE: No pasto? E por que ela não veio até aqui?
CASSANDRA: Pergunte para ela quando for encontrá-la. Com licença.
(Cassandra sai, com um sorriso cínico)
Cena 11/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Alguém bate na porta. Clarissa atende)
CLARISSA: Carlota?
CARLOTA: Posso entrar?
CLARISSA: Eu não quero falar com você. Vai embora.
(Clarissa tenta fechar a porta, mas Carlota consegue entrar)
CARLOTA: Precisamos conversar.
CLARISSA: O que você quer?
CARLOTA: Clarissa, eu sei o quanto você está magoada comigo, mas eu tive motivos para não te contar a verdade.
CLARISSA: Você é uma falsa, Carlota.
CARLOTA: Não, Clarissa. Essa história da maternidade é algo que deve ser resolvida entre você e a Marilda. Eu não poderia me meter.
CLARISSA: Era sua obrigação me contar, mas nada disso mais importa.
CARLOTA: Isso significa que podemos voltar a ser amigas?
CLARISSA: Isso significa que eu não te quero mais na minha vida, Carlota. Você foi uma traidora e gente desse tipo eu quero distância. Fora da minha casa.
CARLOTA: Você ainda continua muito abalada por tudo o que está acontecendo. Eu entendo.
CLARISSA: Sai daqui, Carlota.
CARLOTA: A Marilda quer conversar com você.
CLARISSA: Que se dane a Marilda, que se dane você, que se dane todo o mundo. Agora me deixa em paz. Some daqui.
CARLOTA: Tudo bem.
(Carlota sai, com os olhos marejados. Clarissa chora.)
Cena 12/ Mansão Bragança/ Cozinha/ Interno/ Manhã
(Gertrude e Laurinda sentadas à mesa)
GERTRUDE: O doutor Viriato não dormiu com a senhora ontem?
LAURINDA: Não. Cada dia que passa, fico mais convicta de que ele está me traindo. E para ele poder passar todas as noites com ela, é porque a vagabunda vive próxima de mim.
GERTRUDE: A senhora desconfia de alguém?
LAURINDA: Não, Gertrude. Mas eu preciso que você me ajude a descobrir quem é essa vadia. Você me ajuda?
(Laurinda encara Gertrude)
Cena 13/ Mansão Sabarah/ Pasto/ Interno/ Manhã
(Joca caminha pelo pasto. Cassandra o intercepta)
CASSANDRA: Bom dia.
JOCA: Eu pensei que tinha sido bem claro quando disse para você ficar longe de mim.
CASSANDRA: Eu soube que você e a Carlota voltaram a namorar.
JOCA: Sim, nós reatamos e dessa vez nenhuma ameaça sua irá estragar nossa relação. Eu e a Carlota estamos decididos a enfrentar o que for preciso para vivermos o nosso amor.
CASSANDRA: Bonitas palavras de se ouvir, mas eu quero que você saiba que eu não sou a vilã dessa história, Joca.
JOCA: Pelo que eu já pude perceber, Cassandra, você é maldosa o bastante para eu te querer longe da minha vida.
CASSANDRA: Será mesmo, Joca? Algo me diz que você não quer totalmente isso.
(Cassandra beija Joca. Bonavante surge e vê a cena)
BONAVANTE: Mas o que é isso?
(Cassandra e Joca param de se beijar. Bonavante os encara. Close em Cassandra)
FIM DO CAPÍTULO
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