sábado, 21 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 34



ÚLTIMAS SEMANAS

Cena 1/ Mansão Sabarah/ Frente/ Externo/ Tarde
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
CARLOTA: E então, Joca? Você me ajuda?
JOCA: Carlota, eu estou surpreso. Nunca poderia imaginar que seu pai fosse te obrigar a se casar com um homem que você não deseja.
CARLOTA: Muito menos eu, Joca.
JOCA: O que você precisa? Você pode ter certeza que eu irei te ajudar.
CARLOTA: Eu preciso de um lugar. Um lugar seguro onde eu possa ficar por um tempo.
JOCA: Eu tenho o lugar perfeito pra isso.
(Joca sobe no seu cavalo e ajuda Carlota a subir. Eles partem)

Cena 2/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 12 do capítulo anterior)
ARIANA: Sair com você?
VITORINO: Desculpe se estou sendo invasivo, mas...
ARIANA: Eu aceito, Vitorino.
VITORINO: Sério?
ARIANA: Por que não?
VITORINO: Eu passo aqui as oito, certo?
ARIANA: Certo. Estarei aguardando.
(Eles trocam olhares por um tempo. Vitorino sai e Ariana fecha a porta)

Cena 3/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Sala de consultas/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 11 do capítulo anterior)
LIDUÍNA: E então? A senhora previu alguma coisa em cima dessa moeda de ouro?
SORAYA: Er, hum, nossa, tudo está muito confuso.
LIDUÍNA: Como assim, mãe Soraya?
SORAYA: Er, eu estou vendo muita coisa ao mesmo tempo, não estou conseguindo organizar as previsões.
LIDUÍNA: Faça um esforço.
SORAYA: Impossível, minha querida. Eu preciso de um tempo para organizar tudo o que eu previ.
LIDUÍNA: Essa é a primeira vez que a senhora pede tempo para analisar alguma previsão.
SORAYA: Maria Rapariga, eu sou a vidente aqui e sei como as coisas funcionam. Amanhã, eu lhe dou uma resposta, certo?
LIDUÍNA: Se é assim, fazer o quê?
(Liduína encara Soraya)

Cena 4/ Mansão Bragança/ Suíte Laurinda e Viriato/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 13 do capítulo anterior)
VIRIATO: Desquite? Você quer o desquite?
LAURINDA: Exatamente.
VIRIATO: Eu entendo que você esteja furiosa comigo, mas pedir o desquite já é uma atitude irracional, Laurinda.
LAURINDA: Por quê? Eu não quero mais viver ao lado de um homem que não me ama, que não me respeita, que não me valoriza, que...
VIRIATO: CHEGA! Cansei do seu drama, Laurinda. Eu não vou te dar desquite nenhum. Eu não vou passar por essa humilhação, entendeu? Vê se esquece essa história de traição e vamos voltar à nossa vida como se nada tivesse acontecido. Volta pros teus crochês que é melhor.
(Viriato sai)
LAURINDA (para si): Se você acha que dessa vez eu irei abaixar a minha cabeça, você está redondamente enganado, Viriato. Aguarda que a tua hora vai chegar.

Cena 5/ Mansão Sabarah/ Frente/ Externo/ Tarde
(Cassandra surge)
CASSANDRA: Estranho, onde está o Joca? Ele marcou comigo aqui e até agora nada. Ele não teria coragem de me deixar plantada aqui esperando por ele. Ou teria?

Cena 6/ Paisagens da Mansão Sabarah/ Noite

Cena 7/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Clarissa e Bonavante sentados à mesa, frente a frente)
BONAVANTE; Estou um pouco surpreso com a sua visita, Clarissa. Aconteceu alguma coisa?
CLARISSA: Sim. O meu irmão Sávio viajou hoje para a capital e me pediu para que eu lhe avisasse.
BONAVANTE: E por quais motivos seu irmão fez essa viagem?
CLARISSA: Pra ser sincera, ele não me falou nada além de que iria viajar.
BONAVANTE: De qualquer forma, obrigado pelo aviso, Clarissa. Espero que seu irmão não demore tanto.
CLARISSA: Ele garantiu que voltaria o mais rápido possível.
BONAVANTE: Ótimo. Clarissa, mais uma coisa. Você sabe onde está a Carlota? Eu pensei que minha filha estivesse com você, mas agora vejo que não.
CLARISSA: Eu não sei onde a Carlota está, doutor Bonavante.
BONAVANTE: Obrigado, de qualquer forma.

Cena 8/ Vila Prata/ Igreja/ Interno/ Noite
(Joca e Carlota entram)
JOCA: Essa igreja será o seu esconderijo, se você quiser, claro.
CARLOTA: Claro que eu quero, Joca. Muito obrigada pela sua ajuda.
JOCA: Desde que o padrinho morreu, a igreja não está funcionando, para a infelicidade das beatas.
(Joca e Carlota riem)
JOCA: Claro que elas já se organizaram para lutarem pelo retorno das atividades da igreja, mas sem padre, isso fica um pouco difícil. Enfim, o que eu quero dizer é que você estará segura aqui, pelo menos por enquanto.
CARLOTA: E eu reforço o meu agradecimento.
JOCA: Bom, quanto à comida, não se preocupe, que eu lhe trarei todos os dias.
CARLOTA: E eu agradeço. Nossa, Joca, vendo você me ajudar dessa forma, eu me sinto mal, sabia? Semanas atrás a Ariana veio me pedir auxílio para que eu a ajudasse a te tirar da bebedeira e eu recusei. Por culpa dessa recusa, a Cassandra foi lá e acabou te levando pra cama.
JOCA: Não se culpe pelo que aconteceu, Carlota. Eu entendo o fato de você ter recusado me ajudar. Você apenas queria me proteger, afinal se o seu pai descobrisse que você estava mantendo contato comigo, iria sobrar pra mim.
CARLOTA: Exatamente.
JOCA: E o que aconteceu entre mim e a Cassandra foi um erro. Um erro que ela irá pagar caro por ter cometido.
CARLOTA: Joca, está aí uma coisa que eu não entendo. Você sabe que a Cassandra matou o seu padrinho, além de outras atrocidades que ela fez com você, como o estupro, e mesmo assim, você marcou um encontro com ela. Por quê?
JOCA: Pra esclarecer, o encontro que eu marquei com a Cassandra não era amoroso. Aquilo era uma emboscada pra sua irmã, Carlota. Para desmascará-la.
CARLOTA: Não acredito. E eu estraguei tudo quando fui te pedir ajuda.
JOCA: Mas eu não posso dizer que não estou feliz por estar te ajudando.
CARLOTA: Joca, eu serei eternamente grata. Eu não podia sacrificar a minha felicidade, se casar com um homem que eu não amo. Você está me salvando dessa enrascada. E, por favor, não desista de desmascarar a Cassandra. Ela precisa pagar pelos crimes que cometeu.

Cena 9/ Vila Prata/ Restaurante/ Interno/ Noite
(Ariana e Vitorino sentados a mesa, frente a frente. Percebe-se que eles passaram parte do momento, calados)
ARIANA: Er... Eu lamento muito pelo que aconteceu com o seu pai.
VITORINO: E eu lamento pelo que ocorreu com o seu padrinho.
ARIANA: Bom, essa não foi uma maneira muito boa de iniciar uma conversa.
VITORINO: Concordo.
ARIANA: Como estão indo as coisas no comércio do seu Geraldo?
VITORINO: Tudo ótimo.
ARIANA: Ah, que bom. Sabe, estou começando a achar que nós tínhamos mais assuntos para serem discutidos na época da escola.
VITORINO: Também acho. Nunca pensei que fosse tão difícil estar num encontro.
ARIANA: É verdade. Eu nunca fui convidada para um encontro antes. Acho que por causa disso eu acabei fantasiando coisa demais. Eu sou muito romântica, sabe?
VITORINO: Eu pude perceber pelo seu jeito doce, meigo.
ARIANA: Você é muito gentil, Vitorino.
VITORINO: Bom, o que está achando da comida?
ARIANA: Ótima. Esse é meu prato preferido, sabia? Qual é o seu?
(A conversa segue fora de áudio)

Cena 10/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Quarto Nuno/ Interno/ Noite
(Nuno deitado. Geraldo entra)
GERALDO: Nuno? Pensei que você estivesse com a Clarissa.
NUNO: Tirei essa noite pra ficar em casa.
GERALDO: Ótimo, assim eu aproveito para anunciar logo que amanhã viajarei para a capital.
NUNO: O quê? Como assim?
GERALDO: O comércio apresentou alguns problemas em relação ao estoque e preciso solucioná-los o mais rápido possível.
NUNO: Que tipos de problemas?
GERALDO: Falta de produtos para vender. A distribuidora atrasou a entrega dos produtos e agora eu tenho que ir lá para pessoalmente para entender o que está acontecendo. Eu deixarei o comércio sobe a responsabilidade do Vitorino e você fica responsável pela casa, certo?
NUNO: Certo, pai. Fique tranqüilo, ok? Vai dar tudo certo.

Cena 11/ Mansão Bragança/ Quarto Charles/ Interno/ Noite
(Laurinda e Charles sentados na cama do último, lado a lado)
CHARLES: Deixa-me ver se entendi direito. A senhora vai sair de casa, é isso?
LAURINDA: Exatamente, filho.
CHARLES: A senhora tem certeza disso, mãe? Se a senhora sair dessa casa, a senhora irá morar aonde?
LAURINDA: Saber onde irei morar é o de menos, Charles. Eu não posso mais dividir esse teto com o seu pai depois do que ele me fez. Como ele não irá me dar o desquite, eu terei que apelar para essa atitude.
CHARLES: Não faça isso, mãe.
LAURINDA: Eu já me decidi, Charles. Mas antes eu ainda preciso resolver um assunto pendente.
CHARLES: Que assunto?
LAURINDA: Você lembra quando eu disse que iria me vingar do Viriato? Pois então, a vingança começou.
(Laurinda encara Charles)

Cena 12/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra e Cassilda/ Interno/ Noite
(Cassilda arrumando seu guarda roupa. Cassandra entra, furiosa)
CASSANDRA: Droga, droga. Maldição.
CASSILDA: Mas o que é isso, Cassandra? Posso saber o motivo dessa fúria?
CASSANDRA: Você pergunta como se realmente você se importasse com isso.
CASSILDA: Se eu estou perguntando, é porque eu me importo.
CASSANDRA: Você sabia que o Joca marcou um encontro comigo? O problema é que ele não apareceu. Aquele desgraçado me deixou plantada.
CASSILDA: Talvez assim você perceba que o Joca não te ama, que ele não se importa com você.
CASSANDRA: Mas algo me diz que tem dedo da Carlota nessa história. Eu falei para ela sobre o meu encontro. Ah, claro. Aquela desgraçada fez alguma coisa para impedir o meu encontro de acontecer. Mas aquela vadia me paga.
(Cassandra sai, esbaforida. Cassilda vai logo atrás dela)

Cena 13/ Mansão Sabarah/ Quarto Carlota/ Interno/ Noite
(Cassandra entra. Cassilda vem logo atrás)
CASSANDRA: Carlota, Carlota. Cadê você, sua desgraçada? Eu vou... Mas o que é isso? Por que o quarto está vazio desse jeito? Cadê o travesseiro, o cobertor, os objetos que ficavam em cima da penteadeira?
CASSILDA: Ai meu Deus, eu não acredito que a Carlota fez mesmo isso.
(Cassilda abre o guarda roupa de Carlota e se choca ao ver o móvel vazio)
CASSANDRA: Do que você está falando? Por acaso, isso tem a ver com o fato de a Carlota ter feito algumas malas hoje mais cedo?
CASSILDA: Você viu a Carlota fazendo as malas?
CASSANDRA: Vi. Foi exatamente na hora em que eu contei pra ela sobre o meu encontro com o Joca.
CASSILDA: Então ela realmente fez o que planejou.
CASSANDRA: Do que você está falando, Cassilda? Abre logo essa matraca.
CASSILDA: A Carlota fugiu, sua mula. Você é tão burra a ponto de não ter percebido isso?
CASSANDRA: O quê?
(Cassandra encara Cassilda)

Cena 14/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Frente/ Externo/ Noite
(Vitorino e Ariana surgem)
VITORINO: Está entregue.
ARIANA: Obrigada, Vitorino. Eu adorei o nosso encontro.
VITORINO: Você está falando sério?
ARIANA: Claro. O início foi um pouco estranho, mas depois tudo ficou maravilhoso. Você é uma ótima companhia.
VITORINO: Eu digo o mesmo de você, Ariana.
ARIANA: Bom, boa noite.
VITORINO: Ariana, espera.
(Vitorino beija Ariana)

Cena 15/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Bonavante sentado à mesa. Alzira entra)
ALZIRA: Com licença, doutor Bonavante. A dona Laurinda deseja falar com o senhor. Mando entrar?
BONAVANTE: A Laurinda? Claro.
ALZIRA: Com licença.
(Alzira sai. Laurinda entra)
LAURINDA: Boa noite, Bonavante. Confesso que fiquei surpresa com a sua autorização da minha visita.
BONAVANTE: Boa noite, Laurinda. Apesar de você ser esposa do Viriato, eu sei que você é uma boa pessoa. Quero dizer, eu penso que você seja.
LAURINDA: Você está enganado, Bonavante. Uma pessoa que passou anos ao lado de um canalha como o Viriato não pode ser uma boa pessoa.
BONAVANTE: Canalha? Problemas no paraíso, Laurinda?
LAURINDA: Inferno, você quer dizer. Bonavante, a verdade é que eu estou pretendendo me separar do Viriato.
BONAVANTE: Posso saber por quê?
LAURINDA: Eu o vi na cama com a minha governanta. Mas isso não vem ao caso. O que importa mesmo, Bonavante, é que eu quero ver o Viriato pagar por todos os crimes ardilosos e artimanhas nojentas que ele cometeu e que eu, por amor, acabei acobertando. Eu quero vingança.
BONAVANTE: Bom saber.
LAURINDA: Bonavante, é bom que você já esteja sentado, porque eu trouxe revelações bombásticas para você. Preparado para ouvi-las?
(Laurinda encara Bonavante. Congela em Bonavante)

FIM DO CAPÍTULO

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