quinta-feira, 26 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 37



ÚLTIMOS CAPÍTULOS

Cena 1/ Vila Prata/ Delegacia/ Cela Cassandra/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
BONAVANTE: Você se transformou em uma assassina, Cassandra. Essa é a verdade.
CASSANDRA: O senhor está enganado. Eu matei o padre Juscelino pra salvar o Joca das loucuras dele. Eu fiz um bem matando aquele homem.
BONAVANTE: Bem? Que bem? Nem o próprio Joca vê a situação dessa maneira, Cassandra. Uma coisa eu tenho que admitir: ele fez bem te jogando nessa cela de prisão.
CASSANDRA: Por que o senhor me odeia tanto a ponto de se sentir bem me vendo presa nesse lugar fedorento?
BONAVANTE: Você cometeu um crime, Cassandra. Agora tem que pagar por ele.
CASSANDRA: Um pai decente não deixaria a própria filha apodrecer na cadeia.
BONAVANTE: Eu sinto muito por não ser esse pai.
CASSANDRA: Se fosse a Carlota no meu lugar, o...
BONAVANTE: Não ouse pronunciar o nome da Carlota, Cassandra. Ela não é estrume pra sair da sua boca. Passar bem.
(Bonavante sai. Close no olhar furioso de Cassandra)

Cena 2/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Quarto Joca/ Interno/ Tarde
ARIANA: Que bom que deu tudo certo, Joca.
JOCA: Há essa hora, a Cassandra deve estar comendo o pão que o diabo amassou naquela delegacia.
ARIANA: Bom saber que fizemos a coisa certa, mesmo o padrinho não merecendo o nosso esforço em enquadrar a assassina dele.
JOCA: Tem razão, mas vamos virar essa página da nossa vida. Irei levar um lanchinho pra Carlota.
ARIANA: Certo, meu irmão.

Cena 3/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 15 do capítulo anterior)
LAURINDA: Com licença, Viriato.
VIRIATO: Eu já disse que você não sairá dessa casa, Laurinda. Não insista.
LAURINDA: Eu estou decidida a ir embora desse lugar que só me trouxe sofrimento. Não me faça ter a absurda atitude de passar por cima de você com um trator, Viriato.
VIRIATO: Charles, diga para a sua mãe que não há necessidade de ela sair dessa casa.
CHARLES: Eu e mamãe já tivemos várias conversas sobre isso e ela está irredutível.
LAURINDA: Eu vou embora dessa casa, você querendo ou não.
VIRIATO: CHEGA DESSA PALHAÇADA!
LAURINDA: Chega de você na minha vida, Viriato.
(Laurinda se aproxima da porta e Viriato pega no seu braço)
VIRIATO: Eu já disse que você não vai sair dessa casa. Não ouse me desafiar.
CHARLES: Para com isso, pai. O senhor não pode impedir a mamãe de dar continuidade à vida dela.
VIRIATO: É isso mesmo que você quer, Laurinda?
LAURINDA: Você ainda pergunta?
VIRIATO: Então vá. Mas nunca mais ponha os pés aqui. Eu sei que você se arrependerá disso em breve.
LAURINDA: Viriato, querido, eu prefiro viver debaixo da ponte à voltar para essa casa com você dentro. Vamos, Charles.
(Laurinda sai)
VIRIATO: Como você permitiu isso, Charles?
CHARLES: É a vontade dela, pai. E eu não a julgo por querer ir embora daqui. Em breve, eu também sairei e o senhor terá que conviver apenas consigo mesmo.
(Charles sai. Viriato pensativo)

Cena 4/ Vila Prata/ Delegacia/ Cela Cassandra/ Interno/ Tarde
(Cassandra anda de um lado para o outro, pensativa)
CASSANDRA (para si): Droga de vida. Eu não merecia estar aqui, não merecia. Eu tenho que sair desse muquifo o mais rápido possível. Mas como? Pense, Cassandra. Você é uma mulher inteligente, vai saber pensar em algo para sair desse lugar. Pense.

Cena 5/ Paisagens de Vila Prata/ Noite

Cena 6/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Frente/ Externo/ Noite
(Vitorino está fechando o comércio. Ariana se aproxima dele)
ARIANA: Oi, Vitorino.
VITORINO: Boa noite, Ariana, tudo bem?
ARIANA: Vitorino, eu estava pensando aqui. Você aceitaria jantar comigo?
VITORINO: Hoje?
ARIANA: Sim. Aceita?
(Ariana encara Vitorino)

Cena 7/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto hóspedes/ Interno/ Noite
(Marcílio, segurando as malas de Laurinda, entra. Laurinda aparece no quarto logo atrás)
MARCÍLIO: Aqui será seu quarto.
LAURINDA: Muito obrigada, Marcílio. Eu não tenho nem como agradecer.
MARCÍLIO: Não precisa, Laurinda. Nós estamos fazendo isso de coração.
LAURINDA: Mesmo assim, agradecer nunca é demais.
MARCÍLIO: Em breve o jantar será servido. Fique à vontade.
LAURINDA: Marcílio.
MARCÍLIO: Sim?
LAURINDA: Você é maravilhoso.
MARCÍLIO: Eu digo o mesmo de você, Laurinda.
LAURINDA: Graças a você, eu pude abrir os olhos em relação ao Viriato. Eu me sinto, inclusive, bem melhor de ter saído daquela casa, da companhia dele. senão fosse você, ainda hoje, talvez, eu estaria fazendo conjecturas a respeito dos casos de traição do Viriato.
MARCÍLIO: Imagina, Laurinda. Só te ajudei porque eu gosto de você. Eu quero te ver bem, feliz, sorrindo. Acredite.
LAURINDA: E você me faz bem e feliz.
(Laurinda beija Marcílio)
LAURINDA: Mais uma vez, obrigada.

Cena 8/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Viriato está sentado em uma poltrona, tomando um vinho. Charles entra)
VIRIATO: Onde você deixou sua mãe?
CHARLES: Ela me pediu para que eu não lhe revelasse onde ela está morando agora.
VIRIATO: Por quê? Ela acha que eu irei importuná-la? A Laurinda é mesmo muito pretensiosa.
CHARLES: Com licença.
(Charles sobe alguns degraus da escada e pára. Ele vira-se para Viriato)
CHARLES: Pai, a mamãe não é a única que está fora dessa casa, né?
VIRIATO: Do que você está falando?
CHARLES: Do Osório. Não o vi hoje.
VIRIATO: Osório pediu demissão... Para sempre.

Cena 9/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Cassilda sentada em uma cadeira, visivelmente aflita. Bonavante entra)
CASSILDA: Onde está a Cassandra? Não veio com o senhor?
BONAVANTE: Você acha mesmo que eu iria pagar a fiança daquela assassina?
CASSILDA: O senhor a deixou presa?
BONAVANTE: Cassilda, a Cassandra cometeu um crime. Ela precisa pagar por ele.
CASSILDA: O senhor tem razão. Bom, pai, mudando um pouco de assunto, o que o senhor queria conversar comigo ontem à noite?
BONAVANTE: É um assunto tão delicado, Cassilda, que não sei por onde começar.
CASSILDA: Comece pelo começo, oras.
BONAVANTE: Você não é filha do Viriato, Cassilda. Ele inventou essa história apenas para me atingir.
CASSILDA: O senhor está falando sério?
(Cassilda abraça Bonavante)
CASSILDA: Eu sabia, pai. Eu estou muito feliz.
BONAVANTE: Pelo menos um suspiro de felicidade nessa maré de sofrimento. De qualquer forma, eu me lembrei que tenho contas a acertar com um certo alguém.
CASSILDA: O senhor está falando do Viriato?
BONAVANTE: Exatamente. Ele vai me pagar por ter inventado essa história.
(Bonavante sai)

Cena 10/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Dorotéia/ Interno/ Noite
(Dorotéia está andando de um lado para o outro. Marcílio entra)
DOROTÉIA: Acomodou a Laurinda?
MARCÍLIO: Sim.
DOROTÉIA: Ótimo. Marcílio, eu estava aqui pensando. Por que não trazemos aquelas maletas que contém várias moedas de ouro para cá?
MARCÍLIO: A senhora está louca? Vai que alguém vê essas maletas aqui.
DOROTÉIA: Eu ficaria mais tranqüila.
MARCÍLIO: Elas estão muito bem guardadas naquela cabana.
DOROTÉIA: Quem garante? Vai que alguém encontre aquela cabana e veja as maletas escondidas lá.
MARCÍLIO: Eu acho aqui mais arriscado.
DOROTÉIA: Já eu não e é exatamente por isso que nós as traremos para cá, você querendo ou não.
(Dorotéia encara Marcílio)

Cena 11/ Vila Prata/ Restaurante/ Interno/ Noite
(Ariana e Vitorino sentados à mesa)
ARIANA (rindo): Essa foi ótima, Vitorino. Com certeza, foi muito pior do que o mico que eu paguei naquele dia na cantina da escola, derrubando suco pra tudo quanto é lado.
VITORINO: Bons tempos aqueles da escola. Não tínhamos preocupação com nada.
ARIANA: A não ser para tirar nota boa e passar de ano.
VITORINO (rindo): Verdade.
(Pausa. Vitorino e Ariana trocam olhares por um tempo)
VITORINO: Sair com você é ótimo, Ariana.
ARIANA: Eu também gosto muito da sua companhia, Vitorino.
VITORINO: Você é uma menina especial.
ARIANA: E você é um rapaz encantador.
(Vitorino e Ariana se beijam. Um beijo apaixonado.)
ARIANA: Vitorino, você aceita namorar comigo?
(Ariana encara Vitorino)

Cena 12/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Sávio entra, acompanhado de Marilda)
MARILDA: Estou muito nervosa. Não sei se a Clarissa ficará feliz em me ver.
SÁVIO: Depois que ela descobrir que você ficou rica, eu tenho certeza que ela te aceitará como mãe. CLARISSA, EU CHEGUEI.
(Clarissa surge na sala)
CLARISSA: Até que enfim, meu...
(Clarissa vê Marilda e fica atônita. Elas se encaram)

Cena 13/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Viriato a continuar sentado na poltrona tomando um bom vinho. Bonavante entra, furioso)
BONAVANTE: Canalha.
VIRIATO: Bonavante, meu querido amigo, boa noite. Aceita me acompanhar nesse vinho?
BONAVANTE (levantando Viriato da poltrona e o pegando pelo colarinho): Você não vale nada. Como você ousou envolver a Cassilda nesse ódio que você sente por mim?
VIRIATO: Pensei que o ódio era mútuo.
BONAVANTE: E é mútuo, mas isso não te dava o direito de envolver outras pessoas nessa nossa rivalidade. Canalha.
VIRIATO: Vai querer me dar lição de moral, Bonavante? Você seqüestrou e torturou meu capataz e agora vem me dar bronca porque eu envolvi outras pessoas na rivalidade que temos?
BONAVANTE: O Osório é seu capanga.
VIRIATO: Era, porque agora ele deve estar servindo como comida de urubu.
BONAVANTE (largando o colarinho de Viriato): Você o matou?
VIRIATO: Não interessa. O que importa é que você deveria me agradecer de joelhos, porque, com essa mentira de a Cassilda ser minha filha, eu a afastei do meu filho Charles.
BONAVANTE: E o que o seu filho tem a ver com a minha filha?
VIRIATO: Ah, então você não sabe? Eles eram namorados, bobinho. Nossos filhos eram namorados.
BONAVANTE: O quê?
VIRIATO: Como sempre, você é o último a saber, não é? Foi assim com a morte da Madalena e agora está sendo com o relacionamento dos nossos filhos.
BONAVANTE: Vagabundo.
(Bonavante dá um soco em Viriato, que não cai no chão, porque se apóia no braço da poltrona)
VIRIATO: Desgraçado, como você ousa invadir a minha casa e ainda me dar um soco?
BONAVANTE: Cala a boca.
(Bonavante dá outro soco em Viriato, que dessa vez cai no chão)
BONAVANTE (levantando Viriato pelo colarinho): Seja homem e levante. Eu vou acabar com a tua raça, Viriato, e será agora mesmo.
(Bonavante envolve suas mãos no pescoço de Viriato e começa a enforcá-lo)
VIRIATO (falando com dificuldade): Você está me sufocando.
BONAVANTE: Essa é a intenção.
(Bonavante sufoca Viriato com mais força. Close alternado entre os dois. Congela em Viriato)

FIM DO CAPÍTULO

Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário