quarta-feira, 25 de março de 2015

Rainha do Mar - Capítulo 3



Cena 1/Ambulatório da empresa Stewart/Jardim/Externo/Noite

Recapitulação da cena do capítulo anterior. Gizela liga desesperadamente para Bênhur, a fim de dar uma bronca no amante. O casal de pilantras se encontram no jardim do ambulatório, aonde começam uma discussão feia, com direito a revólver e tudo.
GIZELA – Abaixa essa arma, Bênhur! Você não sabe o que ta fazendo!
BÊNHUR – Quem não sabe o que ta fazendo é você, sua vadia! Eu não pensei que as coisas chegariam no ponto que chegou. Você me disse que seria apenas um susto e nada mais.
GIZELA – Mas era pra ser somente um susto, meu amor. Afinal de contas esse era o nosso combinado, lembra? Acontece que as coisas fugiram do meu controle e deu no que deu!
Nesse momento, Bênhur, irritadíssimo, puxa a vilã pelo braço.
BÊNHUR – Escuta aqui, madame, se você não me der o que eu mereço em dinheiro vivo até amanhã a noite, a tua família vai ficar sabendo a vagabundinha e ordinária que você é. Entendeu?
GIZELA – Calma aí, cara! A gente ta junto nessa, poxa. Lembra de tudo que já passamos juntos. Não vamos morrer na praia. Esse é só o começo. Ninguém suspeitou de nada, a minha família ta lá, chorando, se lamentando. Todos pensam que foi um acidente técnico. E foi mesmo!
BÊNHUR – Tu acha que engana quem, madame? Eu preciso calar a boca do meu parceiro, que também fez parte do jogo sujo, ta lembrada?
Gizela, nesse momento, vai até o ouvido do amante e sussurra:
GIZELA – Ele a gente dá um jeito! E você sabe muito como...
A megera segura a arma de Bênhur, olhando para o amante.
BÊNHUR – A senhora não ta insinuando de...
GIZELA – E eu lá sou mulher de insinuar alguma coisa, rapaz? Eu não insinuo nada. Eu faço!
BÊNHUR – Você ta completamente louca, Gizela. Enlouqueceu de vez? Eu não sou assassino. Nunca matei ninguém na minha vida!
GIZELA – Pra tudo tem a sua primeira vez, meu querido. E quem disse que vai matar? Acidentes acontecem, não é mesmo? A gente pode dizer que foi um acidente de carro. Que tal?
BÊNHUR – Não sei não, hein? Isso ta me cheirando a treta... E das grandes!
GIZELA – A escolha é sua! Quer passar a vida sendo chantageado por essa gentinha? Por que é isso mesmo que ele vai fazer contigo se tu não pagar a grana que ele ta pedindo! Me escuta, cara, eu não tenho esse dinheirão todo agora, ainda mais depois desse acidente com a Paloma.. Me dá mais um tempo! Ouve bem, o melhor que a gente tem a fazer agora é tirar esse almofadinha do nosso caminho!
BÊNHUR – Ta bom, se você ta dizendo que a gente ta junto nessa eu acredito! E o que a gente faz com o camarada lá?
Corta pra próxima cena.

Cena 2/Ambulatório da empresa Stewart/Quarto de Paloma/Interno/Noite

Narciso vai até o quarto de Paloma saber notícias e estranha o comportamento de Gizela, que sai correndo do quarto, apressada.
NARCIZO – Aconteceu alguma coisa?
MÉDICO – Não senhor. Por aqui está tudo calmo! Dona Paloma já foi medicada e passa bem.
NARCIZO – Graças á Deus! Pensei que algum de ruim tivesse acontecido.
MÉDICO – Ela só sofreu algumas lesões, não passou disso.
NARCIZO – Nossa, que bom então! E eu posso ficar um pouco aqui com ela? A família dela está preocupada, querendo saber notícias.
MÉDICO – Claro, pode sim. Eu vou lá comunicá-los que está tudo bem enquanto o senhor faz companhia pra ela.
O médico sai, deixando Narcizo sozinho com Paloma.
NARCIZO – Paloma? Você ta me ouvindo?
Narcizo leva a mão até o rosto de Paloma, que acorda aos poucos.
PALOMA – Narcizo? Que lugar é esse?
NARCIZO – Calma, minha querida. Você está no ambulatório.
PALOMA – Ambulatório? Mas por que? O que aconteceu?
Paloma fica eufórica e se desespera, mas é acalmada por Narcizo.
NARCIZO – Calma, Paloma, calma! Eu vou te explicar tudo, mas preciso que você fique calma.
Corta pra próxima cena.

Cena 3/Ambulatório da empresa Stewart/Corredor/Interno/Noite

A família Buarque de Cerqueira fica na espera por notícias de Paloma. Todos aflitos!
REGINA – E esse médico que não chega, meu Deus?
EDUARDO – Calma, amor, aquele tal de Narcizo já foi ver se está tudo bem. Agora a gente tem que ter fé! Fé que a cunhadinha vai sair dessa!
CARLOS ALBERTO – Cadê as crianças? Desde que entramos aqui não vi mais a Duda, nem o Diogo com os irmãos.
AFRÔGENIO – O Diogo e as crianças foram brincar no jardim aqui do lado, meu sogro. É melhor pra eles se distraírem. Ambulatório não é coisa pra criança!
REGINA – Papai, o senhor acredita que possa ser um acidente mesmo?
CARLOS ALBERTO – Mas é claro que sim, minha filha! Que outra justificativa teria essa tragédia?
EDUARDO – Um atentado talvez. Ta cheio disso aí na TV, meu sogro. Talvez, os bandidos sabendo da pessoa poderosa que é a Paloma, trataram de fazer esse atentado.
REGINA – Não, acho que não. Atentado é uma coisa sem pé, nem cabeça! Então um seqüestro, pra tirar dinheiro. Quem teria motivos pra tirar a vida da minha irmã?
Nesse momento Frô, que observava a conversa em silêncio, se lembra da conversa que teve com a esposa minutos antes, aonde Gizela dizia claramente que preferia a irmã morta do que viva. O médico chega.
MÉDICO – Parentes da doutora Paloma?!
CARLOS ALBERTO – Somos nós mesmos, doutor. Eu sou o pai, a Regina a irmã e o Eduardo e o Frô os cunhados.
REGINA – E aí doutor? Como é que ta a minha irmã? Ela vai conseguir se salvar?
MÉDICO – A dona Paloma não sofre nenhum risco! Só sofreu algumas lesões que já estamos cuidando. Fora isso, está tudo bem com a paciente.
CARLOS ALBERTO – Graças a Deus, doutor! Graças a Deus! E quando a minha filha vai poder voltar pra casa?
MÉDICO – Se tudo ocorrer bem, amanhã mesmo ela já poderá voltar. Ela só precisa de descanso agora.
REGINA – E doutor, a gente pode fazer uma visitinha pra ela?
Corta pra próxima cena.

Cena 4/Ambulatório da empresa Stewart/Jardim/Externo/Noite

As crianças estão brincando no jardim, quando derrepente Duda começa a ouvir vozes e espia a conversa de sua tia Gizela e do comparsa, Bênhur.
DIOGO – Você não me pega!
BERNARDO – Ah não mano, eu não quero mais brigar dessa brincadeira não!
DIOGO – A bonequinha cansou, foi? Qual é? Vai querer brincar de Barbie?
CECÍLIA – Diogo, não fala assim do nosso irmão!
DIOGO – E você cala essa boca, projeto de Titanic!
Bernardo se isola em um canto, chorando. Diogo, neste momento, chuta a bola para um canteiro, no escuro. Duda vai pegar.
MARIA EDUARDA – Deixa que eu pego!
DIOGO – Vai lá priminha, mas não demora, hein!
Duda corre em busca da bola, quando se depara com a sua Gizela discutindo com o comparsa, Bênhur.


Cena 5/Ambulatório da empresa Stewart/Jardim/Externo/Noite

Gizela tenta convencer Bênhur de se livrar de Evaldo. Aconteceu que a vilã não contava que Duda, sua sobrinha, estava observando tudo, bem de pertinho.
GIZELA – E aí cara, já decidiu o que fazer? Vai ficar do meu lado pra gente superar essa juntos ou vai colocar tudo a perder?
BÊNHUR – Tu ta maluca, mulher! Você ta mandando eu matar um cara! Eu tenho cara de assassino por acaso?
GIZELA – Que matar? Alguém falou em matar? Eu já falei que acidentes acontecem, meu querido. E também, no meio dessa tragédia toda... Vítimas podem surgir sempre. Ninguém vai desconfiar. É só fazer o trabalho sujo e ponto. Fim da história!
BÊNHUR – E quanto eu vou tirar dessa história ai?
GIZELA – Vai tirar a minha eterna cumplicidade e lealdade.
Gizela beija o amante e deixa a sobrinha de boca aberta, que corre, espantada.
BÊNHUR – Ouviu isso?
GIZELA – Tem alguém ai?!
Corta pra próxima cena.

Cena 6/Ambulatório da empresa Stewart/Quarto de Paloma/Interno/noite

Narcizo conta todo o ocorrido para Paloma, que fica chocada. A família Buarque de Cerqueira entra no quarto para saber notícias.
NARCIZO – E foi isso que aconteceu!
PALOMA – Nossa, Narcizo. Eu não me lembro de nada, mas pelo que você acabou de me contar, foi uma verdadeira tragédia!
NARCIZO – Mas pensa pelo lado positivo minha amiga... Você ta aí, inteira, sã e salva! O mais importante é a sua saúde, Paloma.
PALOMA – Todo trabalho de meses e meses pra que? Pra nada! Pra evaporarem... Ai meu Deus, por que tudo dá errado na minha vida? Por quê?
Narcizo, sensibilizado com a amiga, tenta consolá-la, abraçando-a.
NARCIZO – Ei, eu to aqui. Vou cuidar de você como nos velhos tempos, lembra?
PALOMA – E como poderia esquecer? Você era o meu melhor amigo. Tipo um irmão. Tinha coisas que eu contava só para você, nem pras minhas irmãs eu contava tudo.
NARCIZO – Então, confia em mim? Tudo vai dar certo. Você vai ver. Eu to aqui!
Nesse momento, Narcizo e Paloma trocam olhares apaixonados. O tão esperado beija estava prestes a acontecer... Se não fosse a entrada da família Buarque de Cerqueira no quarto de Paloma.
CARLOS ALBERTO – Tem alguma doentinha ai?
REGINA – Surpresa!
PALOMA – Ai, meu Deus! Tava faltando só vocês mesmo! Obrigada papai...
EDUARDO – E aí cunhadinha, ta melhor?
PALOMA – To melhor sim, cunhadinho. O susto já passou! Cadê as crianças? E a Gizela?
REGINA – As crianças ficaram no jardim aqui do lado. Achei melhor. Afinal aqui não é lugar pra crianças.
AFRÔGENIO – E a sua irmã foi dar uma volta. Ela passou o tempo todo com você, do seu lado.
PALOMA – A Gizela passou o tempo todo do meu lado?! Não gente, vocês não podem estar falando da mesma Gizela.
CARLOS ALBERTO – Sim, minha filha. Estamos falando da mesma pessoa sim. Sua irmã não desgrudou de você até saber que você estava bem.
PALOMA – É o fim dos tempos mesmo!
NARCIZO – Bom, tudo se resolveu. Graças a Deus amanhã mesmo você poderá voltar pra casa, Paloma.
PALOMA – Amém! É tão bom ver todo mundo reunido, junto. Não há nada mais importante que a família! Eu amo vocês!
Os personagens se abraçam, com excessão de Narcizo, que acompanha a cena de perto.
Corta pra próxima cena.

Cena 7/Rio de Janeiro/Manhã/Externo

Cena mostra imagens da cidade maravilhosa, focando no pôr-do-sol, Cristo Redentor, Leblon, Ipanema e Arpoador. Cena ao som de Burn – Ellie Goulding.

Corta para:

Cena 8/Complexo do Alemão/Bordel La Conga/Manhã/Interno

Madame Berthê acorda cedo para abrir a bordel La Conga. As meninas, ainda dormindo, são acordadas pela madame que não dorme em serviço.
MADAME BERTHÊ – Bora acordar, minha gente! Bora acordar por que hoje a pegada é cedo!
ELAINE – Minha Nossa Senhora! Mas que horas são?
PENÉLOPE VALENTINA – Ai, cruzes! Que sol enorme ta fazendo lá fora. Desse jeito fica difícil manter a minha pele de pêssego, né?
MADAME BERTHÊ – Que pele de pêssego o que! Bora acordar, cambada de encosto! Hoje é dia de apresentação e eu quero as minhas meninas bem dispostas.
ELAINE – Ih! A madame viu um passarinho azul foi?
MADAME BERTHÊ – Ainda não garota, mas daqui a pouco que vai ver alguma coisa aqui é você, e não é passarinho azul, visse? Anda, anda! Bora levantar!
PENÉLOPE VALENTINA – A madame ta precisando é de um homem, isso sim!
ELAINE – Um homem não! O homem! Ou a senhora pensa que eu não sei que tu nunca esqueceu aquele lá do passado? O todo poderoso que agora é milionário.
MADAME BERTHÊ – Toma vergonha nessa cara, Elaine Cristina! Eu lá tenho cara de me envolver com homem? Homem só dá trabalho, minha gente.
PENÉLOPE VALENTINA – Mas é eles que colocam dinheiro na nossa mesa, né?
ELAINE – Por causa dos nossos esforços!
MADAME BERTHÊ – Por causa da minha fama! Isso sim! Eu que fiz vocês! Vocês são as minhas obras! Agora chega de papo de passado, de não sei mais o que e borá trabalhar. Eu quero essa casa limpinha por que hoje à noite nós teremos visita.
ELAINE – Hm, e a gente pode saber quem é?
MADAME BERTHÊ – Surpresa!
Corta pra próxima cena.

Cena 9/Mansão Buarque de Cerqueira/Sala principal/Manhã/Interno

Todos da família Buarque de Cerqueira reunidos para mais um café-da-manhã. A família comemora a saúde de Paloma.
CARLOS ALBERTO – Eu proponho um brinde pela saúde da minha Paloma!
TODOS – Viva!
PALOMA – Eu queria agradecer vocês por todo o apoio, mas deixar claro que estou muito aborrecida com o que aconteceu e envergonhada também.
REGINA – Que isso, minha irmã! Como você poderia imaginar que aconteceria aquela tragédia?
CARLOS ALBERTO – Minha filha, você não teve culpa nada. Por favor, esqueça isso!
PALOMA – Deve ter sido alguma falha técnica. O erro foi meu sim!
AFRÔGENIO – Para com isso Paloma, você não teve culpa de nada. Você é uma vítima, isso sim!
EDUARDO – Cunhadinha, o importante é que você ta aqui, com a gente, sã e salva, vendendo saúde!
CECÍLIA – Isso mesmo, titia, que bom que a senhora se salvou.
BERNARDO – É tia, agora ta tudo bem.
DIOGO – Cambada de gente chata.
PALOMA – Ai meus amores, a titia também ama vocês, viu? Bom, ok! Chega de falar de tristeza, não é mesmo? Por onde anda a Gizela e a Duda?
AFRÔGENIO – Gizela deve ta descendo... Ah, olha ela aí!
Frô aponta para a esposa que está descendo as escadas.
Corta pra próxima cena.

Cena 10/Mansão Buarque de Cerqueira/Sala principal/Manhã/Interno

Gizela esta descendo as escadas para tomar café-da-manhã com a sua família, quando derrepente é surpreendida por Duda.
MARIA EDUARDA – Titia!
GIZELA – Bom dia minha querida. Vamos descer para tomar o café-da-manhã?
MARIA EDUARDA – Claro tia, mas antes eu queria saber quem era o senhor que a senhora estava chamando de meu amor ontem á noite.
A vilã fica sem reação, sem entender nada. Por isso questiona a sobrinha.
GIZELA – Senhor? Mas que senhor, meu anjo?
MARIA EDUARDA – O motorista da nossa casa, tia Gizela. Eu ouvi quando a senhora chamou ele de amor ontem a noite.
A megera, possessa, não acredita no que acabara de ouvir. Câmera congela na face de Gizela, surpresa com a pergunta da sobrinha.


Fim de capítulo
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