quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Fixação - Capítulo 14



Cena 1/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Interno/ Noite – princípio de chuva
(Amanda e Alexandre continuam se beijando. Luana continua vendo a cena de forma sorridente e discreta)
LUANA: O Tiago precisa saber disso.
(Luana sai, deixando o casal aos beijos)


Cena 2/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Noite – princípio de chuva
(Tiago está deitado na cama, assistindo TV. Alguém bate na porta)
TIAGO: Entra.
(Luana abre a porta e entra)
LUANA: Tiago, eu não sei se você reparou, mas está começando a chover e eu acho que a chuva vai ser forte.
TIAGO: Reparei sim, Luana, mas algum problema referente a isso?
LUANA: No caso sim. Eu estava passando pelo jardim e acho que a chuva vai acabar infiltrando a grama.
TIAGO: Infiltrar a grama? Impossível, Luana. Nós temos uma lona que cobre o jardim.
LUANA: Mas eu acho que a lona está rasgada em um canto. Não seria melhor você ver o que pode fazer?
TIAGO: Certo. Irei ao jardim agora.
(Tiago sai. Luana o acompanha)


Cena 3/ Mansão Bertolin/ Quarto de Caio e Marta/ Interno/ Noite – Chovendo
(Marta está deitada na cama. Caio entra)
MARTA: Até que enfim o sumido resolveu chegar. Quem você pensa que é para chegar a essa hora da noite, hein?
CAIO: Calma Marta. Eu estava no cais conversando com o Lucrécio. Já soube que ele voltou de viagem?
MARTA: Estava mesmo com o Lucrécio, Caio? Olha que eu vou perguntar para ele se isso é verdade.
CAIO: Marta, para com essa paranóia, por favor. Eu não estava te traindo, meu amor. Eu nunca te traí.
MARTA: Não sei. Essa sua chegada tardia em casa é muito suspeita para o meu gosto. Vou investigar, Caio. Eu vou investigar. Não tenho vocação para ser corna.
(Caio tenta beijar a esposa, mas Marta se esquiva)


Cena 4/ Cidade Floral/ Carro de Celso/ Interno/ Noite – Chovendo(Celso para o seu carro na frente de uma pousada)
LARA: Onde estamos?
CELSO: Em Floral. É melhor pararmos por aqui.
LARA: Mas por quê?
CELSO: Lara, você não está vendo o toró que está caindo em cima da gente? É muito perigoso dirigir durante uma noite chuvosa.
LARA: Você tem razão. Eu estou muito ansiosa para chegarmos a Dourados. Quero ter notícias do meu pai.
CELSO: Calma. Vai dar tudo certo. Agora, o que temos a fazer é parar por aqui e passar a noite nessa pousada, porque, pelo visto, essa chuva não parar tão cedo.


Cena 5/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Interno/ Noite – Chovendo
(Amanda empurra Alexandre)
AMANDA: Para com isso. Para.
ALEXANDRE: Confessa que você estava gostando.
AMANDA: Eu odiei. Alexandre, você tem que ser realista. Eu não te amo. Eu amo o Tiago e eu nunca, nunca irei largá-lo para ficar com você.
ALEXANDRE: Quem tem que ser realista é você. Por que você não consegue assumir os seus sentimentos? Amanda, eu nunca vou desistir de você, nunca irei deixar de te provar que eu sou o homem certo para você. Desde aquela noite...
AMANDA: Aquela noite foi um erro. O maior erro que eu cometi na minha vida. Eu já disse mais de mil vezes que aquilo só aconteceu porque eu estava frágil, carente, eu tinha acabado de ter uma briga séria com o Tiago.
ALEXANDRE: A forma como você se entregou a mim não é a mesma coisa quando uma mulher qualquer, sem sentimento nenhum, se entrega a um homem.
AMANDA: Isso é ridículo.
ALEXANDRE: Essa é a verdade, Amanda. O que falta é você enxergar, assumir que me ama.
(Tiago entra e se aproxima de Amanda e Alexandre. Luana está atrás de Tiago, acompanhando seus passos. Amanda percebe a presença de Tiago e despista-o)
AMANDA: Pela milésima vez, não precisa me agradecer, Alexandre. Eu sei que eu fiz a coisa certa em te escolher como o padrinho do meu casamento, apesar de todas as circunstâncias.
TIAGO: Amanda. Alexandre. Vocês estão aí?
AMANDA: Amor, eu acabei de chegar. Vim te ver e contar que a Vera já está em casa.
TIAGO: Que maravilha, meu amor. Muito feliz por isso.
ALEXANDRE: Algum problema, Tiago?
TIAGO: Nenhum. A Luana que me veio dizer que a lona poderia estar rasgada, mas pela olhada que eu dei aqui, para mim, ela está ótima e bem conservada. Vocês sentiram algum pingo da chuva.
ALEXANDRE: Chuva? Nossa, eu nem percebi que estava chovendo.
LUANA: Quem sabe por que o senhor estava se ocupando com outras coisas, não é, doutor Alexandre?
(Luana encara Alexandre)
AMANDA: Bom, se nós não sentirmos nada da chuva, isso é um bom sinal.
ALEXANDRE: Só prova que a Luana estava enganada sobre a lona.
LUANA: Perdão, Tiago. Eu achava mesmo que havia visto algum rasgo na lona. Eu sou uma idiota.
TIAGO: Não se culpe por nada, Luana. Eu entendo que você só queria preservar o jardim. Eu confio em você.
(Alexandre continua a encarar Luana, que revida o encare)


Cena 6/ Casa de Raimunda/ Quarto de Solano/ Interno/ Noite – Chovendo
(Solano está com o telefone ao ouvido)
SOLANO: Suco envenenado, Luana? E ela tomou?
...
SOLANO: Nossa, quanto azar.
(No corredor, Raimunda caminha pelo local. Ela ouve a voz de Solano e espicha o ouvido na porta do quarto dele. No quarto, Solano continua a falar.)
SOLANO: E qual vai ser o seu próximo ato? Não pode falar? Por quê? Certo, hoje a noite a gente se encontra naquele lugar de sempre. Estou com saudades. Até mais tarde, Luana.
(Solano desliga o telefone, coloca-o em cima do criado mudo e se joga na cama. No corredor, Raimunda se afasta da porta e volta a caminhar pelo local, preocupada.)
RAIMUNDA: O Solano estava falando com a Luana com tanta intimidade. Ele falava com a Luana como se eles fossem algo mais do que primos. Estranho.


Cena 7/ Cidade Floral/ Pousada/ Quarto de Lara e Celso/ Interno/ Noite – Chovendo
(Lara e Celso entram)
LARA: Não acredito que ficamos no mesmo quarto.
CELSO: E olha lá: só tem uma cama.
LARA: Ah não. Celso, eu não vou dormir com você. A gente não tem essa intimidade.
CELSO: Claro. Você está coberta de razão. Eu até aceitaria dormir em outro lugar, se tivesse outro lugar.
LARA: Dorme no chão.
CELSO: Chão? Lara, eu passei a estrada toda dirigindo e isso não é muito confortável. Pelo menos na hora de dormir, eu mereço o mínimo de conforto.
LARA: Está bem. Mas nada de tentar me seduzir, hein?
CELSO: Sou um cavalheiro. Acredite.


Cena 8/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Noite – Chovendo
(Vera, apática, está sentada na cadeira de balanço. Amanda entra)
AMANDA: Verinha. Você está bem?
(Vera não responde)
AMANDA: Tomou os seus remédios na hora certa? Eles são importantes para o seu tratamento, lembra?
(Vera, mais uma vez, não responde)
AMANDA: Não quer falar, não é? Tudo bem, eu vou deixar você sozinha, pensando na sua vida. Fica bem.
(Amanda dá um beijo na testa de Vera e vai em direção à porta. Quando abre a porta, Vera começa a chorar. Amanda se volta para irmã, ficando perto dela)
AMANDA: Verinha. Você está chorando. O que houve?
VERA: Minha vida. Olha a minha vida.
AMANDA: Sua vida é maravilhosa, Vera.
VERA: Minha vida é uma merda. Não precisa mentir para me deixar melhor.
AMANDA: Nunca mais diga isso, Vera. É normal as pessoas passarem por certas provações, obstáculos. Você é uma mulher forte, minha irmã. Tenho certeza que vai conseguir se sair bem nesse tratamento. Seja forte, Vera.
VERA: Fica perto de mim essa noite.
AMANDA: Fico. É claro que eu fico.
(Amanda abraça Vera, que chora no ombro da irmã)
AMANDA: Calma. Vai dar certo. Calma


Cena 9/ Motel/ Interno/ Noite – Chovendo
SOLANO: Como o Tiago te liberou nessa chuva?
LUANA: Dessa vez, eu disse a verdade. Falei que você tinha me ligado para que eu te ajudasse a arrumar um emprego nessa cidade. Contei que você ia me pedir dicas para qual emprego seguir e para quem pedir uma chance.
SOLANO: E ele acreditou?
LUANA: Claro. O Tiago é um banana.
SOLANO: Percebi. Agora me conta aquela história do suco envenenado.
LUANA: Coloquei veneno em um suco que a Amanda havia me pedido e ofereci a ela, mas o Alexandre, o melhor amigo do Tiago, estragou tudo. Depois disso, ele ainda veio me confrontar, dizendo que me viu colocar uma substância duvidosa na bebida da sonsa da Amanda.
SOLANO: E como você reagiu?
LUANA: Disse que ele estava me ofendendo e banquei a desentendida. Além da múmia escaravelhizada da Marta, ainda tenho que agüentar o fanfarrão do Alexandre. É mole?
SOLANO: Mas você disse que conseguiu descobrir algo que poderia te beneficiar a tirar a Amanda do seu caminho.
LUANA: Descobri que a Amanda tem um caso com o Alexandre. Imagina a cara do Tiago quando ele souber que a própria noiva o trai com o melhor amigo. Eu ainda tentei montar um flagra, mas o casalzinho secreto foi mais rápido.
SOLANO: Luana, você se lembra do que você me prometeu no ano passado?
LUANA: Eu prometi algo no ano passado?
SOLANO: Prometeu. Você prometeu que nunca mais iria usar a morte como método para solucionar um problema.
LUANA: Não me lembro dessa promessa. Mas se eu a fiz, sinto muito, vou ter que quebrar. Eu vou matar a Amanda.
SOLANO: Não acredito nisso.
LUANA: Que comportamento humanitário é esse, Solano? Só matando a Amanda para eu garantir que ela nunca mais vá importunar a concretização do nosso golpe.
SOLANO: É sério, Luana. Isso é inacreditável. Então é isso que você pretende fazer? Dar para a Luana o mesmo fim que você deu para a sua própria mãe? Matando –a?
(Congela em Luana. Toca Pumped Up Kicks – Foster the People)









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